Hoje - não sei bem porque - me lembrei de uma poesia da Cecília Meireles.
A princípio destinada à crianças por sua simplicidade, pode trazer algumas releituras adultas acerca de opções que fazemos ao longo da vida.
Mas eu iria além, na maioria das vezes nem são opções, são fatos, acontecimentos inesperados ou simplesmente mudanças que vão acontecendo e transformando as nossas rotinas, as nossas opiniões e a nossa visão do que é a vida. Se é que algum dia teremos essa visão.
Quem sobe nos ares não fica no chão, quem fica no chão não sobe nos ares.
De repente estou doente. No outro dia viajando. E passo a me preocupar com a saúde e valorizar viagens. E um respeitado autor me diz que querer estar viajando sempre é porque se está buscando em algum lugar algo que não se consegue achar dentro de si: o bem estar. Seria uma versão mais chique do comprar aquela última versão da TV de LED, do carro mais bonito ou daquela decoração da casa com objetos assinados por artistas mais valorizado$ do mercado. Esse autor se preocupa com sua saúde? Gosta de viajar? O que será que ele gosta de comprar para se satisfazer? CDs, roupas, objetos decorativos? Ou é um monge budista?
Cecília Meireles |
De repente tenho que cuidar de um doente da família e os planos explodem. Ou, abandono o parente para que outro cuide e sigo na minha merecida zona de conforto.
Trabalho até mais tarde para não deixar nada pendente para amanhã ou me desligo e busco a minha "liberdade, ainda que à tardinha"?
As contas não fecham. Eu me estresso e busco soluções que parecem não existir. Por outro lado posso achar que isso é problema de quem está esperando receber as minhas dívidas e vou para a praia tomar uma cerveja, me endividando um pouco mais. Ou para a serra, tomar um bom vinho. Vinho caro ou barato?
É uma grande pena que não se possa estar ao mesmo tempo em dois lugares!
E vou fazer atividade física para cuidar da saúde e distendo o músculo da panturrilha. E ganho tempo assistindo aquela série maravilhosa de uma vez só. E perco tempo assistindo aquela série maravilhosa de uma vez só. E o ano passa rápido. Que bom, já estamos chegando em dezembro! E o ano passa rápido. Meu Deus, não vi este ano passar, o que eu fiz até agora?
Não sei se brinco, não sei se estudo, se saio correndo ou fico tranquilo.
E sigo pensando, me desgastando, tentando entender a vida, às opções e as ocorrências inesperadas. E tento fazer planos. Ou não. "Deixa a vida me levar, vida leva eu".
Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo . . . e vivo escolhendo o dia inteiro!
Mas não consegui entender ainda qual é melhor: se é isto ou aquilo.
4 comentários:
Aameeei! Maravilhoso!!! Bjs.
Ou isso ou aquilo? Ou esta ou aquela opção. Crossroads. A vida é uma dúvida.
Adorei, Marcos! Estas questões existenciais sempre teremos! Nas escolhas que fazemos na vida, acho que não podemos menosprezar nem o bom senso e nem a intuição, e de vez em quando deixar a vida nos levar. Parabéns!! Obrigada!!!
Obrigado pelos comentários, caras amigas.
Tem razão Fátima, temos que tentar - de alguma forma - usar as três opções...
Bjs.
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