Leandro Karnal é historiador, professor, escritor, filósofo, etc.
Não posso dizer que concordo com cem por cento do que ele fala, mas isso é o natural, não é mesmo?
Mas também não posso deixar de reconhecer que é um dos maiores pensadores brasileiros da atualidade.
Selecionei três pequenos trechos de uma recente palestra que ele fez sobre a peça "Hamlet" de Shakespeare.
Calma, não desistam porque citei esse tema difícil.
Ao tomar como base Hamlet ele fala - entre outras coisas - da "necessidade" do Facebook, do conceito de felicidade, da corrupção no Brasil, do medo que temos da morte e de tantos outros temas atuais.
Se tiverem oportunidade assistam no You Tube a palestra inteira.
Mas enquanto isso, deem uma olhada nesses três videos.
Tenho certeza que vão gostar (mas podem até não concordar...).
Sustentabilidade Planetária, Politica, Educação, Musica, Cultura, Arte e Etica.
28 de agosto de 2015
21 de agosto de 2015
Rio das Ostras Jazz & Blues Festival 2015
E não poderia de deixar de postar aqui que começou ontem (e vai até domingo) um dos maiores festivais do país e que já consta na lista dos melhores do mundo quando o assunto é Jazz e Blues.
É o Rio das Ostras Jazz & Blues Festival, edição 2015!
Ano passado foi transmitido ao vivo pelo G1. Não sei se este ano vão repetir a dose, mas vale a pena conferir (inclusive também em canal do You Tube), caso não possa estar presente lá.
Compareci a todas as primeiras 12 edições. Nesta 13ª, devido à leve problema de saúde, não estarei lá. Tudo bem, outros virão.
É o Rio das Ostras Jazz & Blues Festival, edição 2015!
Ano passado foi transmitido ao vivo pelo G1. Não sei se este ano vão repetir a dose, mas vale a pena conferir (inclusive também em canal do You Tube), caso não possa estar presente lá.
Compareci a todas as primeiras 12 edições. Nesta 13ª, devido à leve problema de saúde, não estarei lá. Tudo bem, outros virão.
17 de agosto de 2015
Mauro Santayana: O PT, o Facebook e as mortes de Lula e Dilma
O PT, O FACEBOOK, E AS MORTES DE LULA E DE DILMA
"O Instituto Lula pediu ao Facebook que retire da rede a página em que centenas de usuários de direita e extrema direita pedem a morte do ex-presidente da República, na qual aparece também, em um comentário, a mórbida, macabra, montagem acima (Nota deste blog: optamos por não reproduzir a montagem que mostra Dilma em um caixão), mas nenhuma atitude foi tomada pela empresa até agora.
Como quase sempre ocorre do ponto de vista da comunicação, e de sua própria defesa, a assessoria de Lula errou estrategicamente e errou feio.
Páginas como essa, e a da comunidade MORTE À DILMA, que também está no ar, não devem ser eliminadas, até mesmo porque as mesmas ameaças continuarão a ser replicadas em outros lugares, ad aeternum.
É preciso que elas continuem acessíveis, para que possam ser imediatamente identificados - basta fazer um print - pelos advogados de Lula e da Presidente da República, os indivíduos que estão ameaçando sua vida e sua integridade física, para que sejam denunciados, um por um, e judicialmente interpelados, processados e responsabilizados pela justiça.
Se isso tivesse sido feito, desde o início, nos últimos anos, com base em uma atitude de tolerância zero - (ver O PT, O PSDB E A ARTE DE CEVAR OS URUBUS) - a cada ataque, insulto, calúnia recebidos, como fazem aliás outros homens públicos e partidos - nem Lula, nem Dilma nem o PT estariam na situação em que se encontram do ponto de vista da opinião pública.
Quem cala, consente.
Seja qual for sua situação ou posição ideológica, quem é injustamente citado ou ameaçado na internet precisa aprender que na rede a responsabilidade direta e primária é a individual, de quem está fazendo a ameaça ou publicando caluniando terceiros, mesmo que sites e portais, ou redes como o Facebook possam eventualmente também ser processados, mais tarde, por permitir esse tipo de ação ou iniciativa."
Por Mauro Santayana
16 de agosto de 2015
Jânio de Freitas (na Folha de São Paulo): a tentativa incansável - e antidemocrática - de derrubar o resultado eleitoral
As manifestações estão sendo bem menores do que o pretendido, mesmo que "as redes sociais amplifiquem e a mídia quintuplique" (vejam abaixo).
Janio de Freitas: O que está em jogo não é um mandato, mas a própria democracia que vinha se construindo
"“Isso é democracia”. Não é, não. Um dos componentes essenciais e inflexíveis da democracia é o respeito às regras que a instituem. As regras existem no Brasil, precisas e claras na Constituição, mas o respeito é negado onde e por quem mais deveria fortalecê-las. O que está sob ataque não é mandato algum, são as regras da democracia e, portanto, a própria democracia que se vinha construindo.
Não há disfarce capaz de encobrir o propósito difundido por falsos democratas instalados no Congresso e em meios de comunicação: reverter a decisão eleitoral para a Presidência sem respeitar as exigências e regras para tanto fixadas pela Constituição e pela democracia. Há mais de nove meses, a cada dia surge novo pretexto em busca de uma brecha –no Congresso, em um dos diferentes tribunais, nas ruas– na qual enfim prospere o intuito de derrubar o resultado eleitoral.
O regime democrático é tratado na Constituição como “cláusula pétrea”, que se pretende com solidez granítica. O que não significa ser impossível transgredi-lo. Mas significa que quem o faça ou tente fazê-lo comete crime. E quem o comete criminoso é de fato, haja ou não a condenação que assim o defina. Tal é a condição que muitos ostentam e outros tantos elaboram para si.
A pregação de parlamentares identificáveis como um núcleo de agitação e provocação atenta contra a democracia. A excitação de hostilidades que esses parlamentares propagam pelo país é indução de animosidade antidemocrática –sem que isso suscite reação alguma, o que é, por si mesmo, indício da precária condição da democracia e da Constituição.
O que se passa hoje na Câmara, como método e objetivos da atividade, não é próprio de Congresso de regime democrático. Em muitos sentidos, restaura a Câmara controlada e subserviente da ditadura. Em outros aspectos, assume presunções autoritárias, de típico teor antidemocrático, ao ameaçar até aprovações do Senado de punitivas suspensões da sua tramitação.
Afinal, um dos focos da corrupção é arrombado. Os procuradores e juízes do caso receberam tarefa de importância extraordinária. Mas não é garantido que estejam plenamente respeitados nessa tarefa os limites das regras democráticas. À parte condutas funcionais que não cabe considerar neste sobrevoo do momento do país, é notória no grupo, e dele difundida, uma incitação a ânimos não condizentes com investigações e justiça na democracia. Pôr-se como salvadores da pátria, a partir dos quais “o Brasil agora será outro”, não é só um equívoco da ingenuidade. É uma ameaça, senão já algumas práticas, de poderes e atitudes exacerbados que fogem às regras.
Um exemplo que recebeu tolerância incompatível com sua importância: difundir informações inverídicas e sensacionalistas à imprensa, e ao país, “para estimular mais informantes” –como feito e dito por um procurador–, não é ético nem democrático. É autopermissão abusiva. E incitação a ânimos públicos que já recebem das realidades circundantes o bastante para serem exaltados.
O espírito antidemocrático não é alheio nem ao Supremo Tribunal Federal. É nele que um juiz pode impedir a conclusão de um julgamento tão significativo como o financiamento das eleições dos governantes e congressistas. Ou seja, dos que determinam os destinos do país e de seus mais de 200 milhões habitantes. Se alguém achar que é deboche, não vale a pena contestar. Mas convém lembrar que é uma evidência perfeita da prepotência primária, apenas ilusoriamente culta, que sobreviveu muito bem à ruína do seu sistema escravocrata.
Movimentos de ocupações urbanas e rurais são acusados de violar a democracia. É engano. Ilegais, sim, mas não são democráticos nem antidemocráticos. Sequer estão incluídos na democracia, desprovidos que são, todos os padecentes de grandes desigualdades econômicas sociais, de meios democráticos para obter os direitos que a Constituição lhes destina.
E os jornais, a TV, as revistas, o rádio –na verdade, os jornalistas que os fazem– nesse país que concebe a democracia como uma bola, tanto a ser chutada sempre, como a oferecer grandes e efêmeras euforias? Agradeço à sogra de um jogador de futebol, Rosangela Lyra, que me dispensa de alguns desagrados. Disse ela, à Folha, das pequenas e iradas manifestações que organiza pela derrubada do resultado da eleição presidencial: “As redes sociais amplificam e a mídia quintuplica”. Entregou. Delação de dar inveja aos gatunos da Petrobras.
“Isso é democracia” como slogan de antidemocracia só indica que o Brasil ainda não é ou já não é democracia."
Fonte: Folha de São Paulo e Viomundo
Janio de Freitas: O que está em jogo não é um mandato, mas a própria democracia que vinha se construindo
"“Isso é democracia”. Não é, não. Um dos componentes essenciais e inflexíveis da democracia é o respeito às regras que a instituem. As regras existem no Brasil, precisas e claras na Constituição, mas o respeito é negado onde e por quem mais deveria fortalecê-las. O que está sob ataque não é mandato algum, são as regras da democracia e, portanto, a própria democracia que se vinha construindo.
Não há disfarce capaz de encobrir o propósito difundido por falsos democratas instalados no Congresso e em meios de comunicação: reverter a decisão eleitoral para a Presidência sem respeitar as exigências e regras para tanto fixadas pela Constituição e pela democracia. Há mais de nove meses, a cada dia surge novo pretexto em busca de uma brecha –no Congresso, em um dos diferentes tribunais, nas ruas– na qual enfim prospere o intuito de derrubar o resultado eleitoral.
O regime democrático é tratado na Constituição como “cláusula pétrea”, que se pretende com solidez granítica. O que não significa ser impossível transgredi-lo. Mas significa que quem o faça ou tente fazê-lo comete crime. E quem o comete criminoso é de fato, haja ou não a condenação que assim o defina. Tal é a condição que muitos ostentam e outros tantos elaboram para si.
A pregação de parlamentares identificáveis como um núcleo de agitação e provocação atenta contra a democracia. A excitação de hostilidades que esses parlamentares propagam pelo país é indução de animosidade antidemocrática –sem que isso suscite reação alguma, o que é, por si mesmo, indício da precária condição da democracia e da Constituição.
O que se passa hoje na Câmara, como método e objetivos da atividade, não é próprio de Congresso de regime democrático. Em muitos sentidos, restaura a Câmara controlada e subserviente da ditadura. Em outros aspectos, assume presunções autoritárias, de típico teor antidemocrático, ao ameaçar até aprovações do Senado de punitivas suspensões da sua tramitação.
Afinal, um dos focos da corrupção é arrombado. Os procuradores e juízes do caso receberam tarefa de importância extraordinária. Mas não é garantido que estejam plenamente respeitados nessa tarefa os limites das regras democráticas. À parte condutas funcionais que não cabe considerar neste sobrevoo do momento do país, é notória no grupo, e dele difundida, uma incitação a ânimos não condizentes com investigações e justiça na democracia. Pôr-se como salvadores da pátria, a partir dos quais “o Brasil agora será outro”, não é só um equívoco da ingenuidade. É uma ameaça, senão já algumas práticas, de poderes e atitudes exacerbados que fogem às regras.
Um exemplo que recebeu tolerância incompatível com sua importância: difundir informações inverídicas e sensacionalistas à imprensa, e ao país, “para estimular mais informantes” –como feito e dito por um procurador–, não é ético nem democrático. É autopermissão abusiva. E incitação a ânimos públicos que já recebem das realidades circundantes o bastante para serem exaltados.
O espírito antidemocrático não é alheio nem ao Supremo Tribunal Federal. É nele que um juiz pode impedir a conclusão de um julgamento tão significativo como o financiamento das eleições dos governantes e congressistas. Ou seja, dos que determinam os destinos do país e de seus mais de 200 milhões habitantes. Se alguém achar que é deboche, não vale a pena contestar. Mas convém lembrar que é uma evidência perfeita da prepotência primária, apenas ilusoriamente culta, que sobreviveu muito bem à ruína do seu sistema escravocrata.
Movimentos de ocupações urbanas e rurais são acusados de violar a democracia. É engano. Ilegais, sim, mas não são democráticos nem antidemocráticos. Sequer estão incluídos na democracia, desprovidos que são, todos os padecentes de grandes desigualdades econômicas sociais, de meios democráticos para obter os direitos que a Constituição lhes destina.
E os jornais, a TV, as revistas, o rádio –na verdade, os jornalistas que os fazem– nesse país que concebe a democracia como uma bola, tanto a ser chutada sempre, como a oferecer grandes e efêmeras euforias? Agradeço à sogra de um jogador de futebol, Rosangela Lyra, que me dispensa de alguns desagrados. Disse ela, à Folha, das pequenas e iradas manifestações que organiza pela derrubada do resultado da eleição presidencial: “As redes sociais amplificam e a mídia quintuplica”. Entregou. Delação de dar inveja aos gatunos da Petrobras.
“Isso é democracia” como slogan de antidemocracia só indica que o Brasil ainda não é ou já não é democracia."
Fonte: Folha de São Paulo e Viomundo
14 de agosto de 2015
O Domingo e o Impeachment
Charge do Laerte |
Acontece que, de uma semana para cá, as coisas andaram esfriando para os paneleiros de plantão da Zona Sul e Higienópolis.
Sinais da FIESP, FIRJAN, Globo, Movimentos Sociais, Senado, STF, etc. começaram a colocar água na fervura.
O que aconteceu? Porque a mídia mudou o tom?
Dezenas de teses vem surgindo:
- A queda de Dilma já são favas contadas e a mídia já fez a sua parte, então se descola do movimento para não ser acusada mais uma vez de golpista.
- O encontro de Dilma com Obama foi a pá de cal. Obama avisou que um golpe agora iria atrasar o progresso do Brasil e da região por no mínimo 30 anos, devido à convulsões sociais. Obama não quer isso aqui na América do Sul.
- Os empresários mandaram baixar a bola porque vai sobrar pra todo mundo se Dilma cair, inclusive para eles.
- Senadores do PT avisaram para Globo mudar o tom, já que não iam controlar o que pode acontecer com a derrocada de Dilma e Lula.
- Globo preocupada com avanço das outras mídias propõe trégua, antes que a coisa complique mais.
- PSDB dividido entre alimentar o golpe ou apenas tentar fritar Dilma até 2018. Brigas pesadas entre Serra, Alckmin, FHC e Aécio.
- O impedimento de Dilma está por demais ligado ao Cunha e ninguém está querendo ficar do lado dele nesta altura do campeonato.
E por aí vai. Tem muito mais. Aguardemos domingo. Mas com certeza muitos irados estão ficando mais calmos, depois da "Nova Ordem Global", se é que me entendem. Interessante isso, né?!
Selecionei três artigos sobre o "instigante" tema, que reproduzo a seguir.
Dez razões que sepultam o golpe
Por Gisele Cittadino e Rogerio Dultra dos Santos, no blog Democracia e Conjuntura.
"A situação política no país assemelha-se a um intrincado jogo, cujas peças movem-se em várias direções sem que tenhamos, a priori, a capacidade de bem calcular os efeitos de cada um desses movimentos. Entretanto, existem em alguns deles fortes sinais do início do fim do frenesi golpista.
Há, hoje, a possibilidade de que a ameaça de impeachment tenha sido antes uma estratégia para o enfraquecimento do governo do que uma intenção concreta de ruptura institucional. Noves fora as tresloucadas pretensões presidenciais de Aécio Neves e sua trupe senatorial.
Vejamos as jogadas lançadas no tabuleiro nos últimos dias.
Elas indicam no geral que a instabilidade econômica causada pelo golpismo encontrou resistências acentuadas.
São pelo menos 10 as razões pelas quais se pode antever que o país não tem mais o clima para o malfadado e radical impeachment de agosto:
1) O crime de Cunha.
Eduardo Cunha conseguiu aprovar açodadamente as contas dos governos de Itamar Franco, FHC e Lula no plenário da Câmara dos Deputados.
Aparentemente limpou a pauta para votar – e talvez rejeitar – as contas do primeiro mandato de Dilma Rousseff, não sem antes criar novas despesas públicas.
Romero Jucá informa que o Senado Federal não será pautado pelos “delírios” que chegam da Câmara.
A verdade por trás desta notícia é que Eduardo Cunha levou diretamente à Câmara contas que, segundo o art. 166, §1 da Constituição, deveriam passar pela Comissão Mista antes de seguir em frente. Ou seja: ele cometeu uma grave violação do ordenamento constitucional e pode ser diretamente responsabilizado por isto;
2) O inimigo de Cunha.
Na noite da quinta-feira, dia 06, Dilma decidiu reconduzir o Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, para um novo mandato de dois anos. Janot é o personagem contra quem Cunha declarou guerra. Janot recebeu uma votação expressiva no Ministério Público Federal e terá condição de colocar freio na caça às bruxas dos procuradores mais afoitos.
Mais. Janot tem o poder de denunciar o Presidente da Câmara dos Deputados ao STF – inclusive pela quebra de procedimento na votação das contas públicas (vide razão (1)).
A recondução de Janot, em tempo recorde, indica uma composição política central na contenção do golpe.
Como Dilma precisa da aprovação política do Presidente do Senado para o novo mandato de Janot acontecer politicamente sem atritos, isto significa de fato que Renan o aprovou. Numa reunião com Dilma nesta semana, Renan afirmou ter intenção de não atrasar a sabatina no Senado;
3) O parceiro de Dilma.
Renan Calheiros participa de um jantar “secreto” na casa de Tasso Jereissati, cujo objetivo é o de discutir a possibilidade do impeachment de Dilma, mas registra no Senado o compromisso, permitindo que o jantar se tornasse conhecido por todos.
Ao vazar publicamente a reunião dos golpistas para a qual foi convidado, Renan acenou para o governo que não é golpista. Tese confirmada pela movimentação descrita na razão (2).
Renan irá lutar pela aprovação das contas de Dilma Rousseff. Um movimento nesta direção foi a Senadora Rose Freitas (PMDB-ES) solicitar ao STF a anulação do ato de Eduardo Cunha de colocar as contas dos Ex-Presidentes na Câmara.
Base de Renan no Senado, Rose argumenta que a competência para a avaliação contábil é do Congresso Nacional e suspende a discussão das contas de Dilma por tempo indeterminado. O golpe por aí também não prospera;
4) O tarefeiro de Dilma.
A fala do Temer, chamando a oposição para a conciliação, parece ter sido mesmo articulada com o planalto, vide a fala do Mercadante (esta irritou a militância pelo tom entreguista, mas foi fundamental para indicar a parceria com o Temer). Jaques Wagner também defendeu o Vice-Presidente.
Temer chamou o apoio da FIESP, que chamou a FIRJAN. Ambas representam os interesses da indústria no país.
Divulgam uma nota pública que é, ao mesmo tempo, um resposta positiva ao pedido de Temer e uma crítica à irresponsabilidade de Eduardo Cunha que, para livrar-se da prisão, trabalha no sentido de inviabilizar a economia do país;
5) O “Ex”-Golpismo da mídia.
A Globo entendeu o recado da Indústria brasileira e o recado do Renan e no editorial desta sexta 07 fritou Eduardo Cunha em definitivo.
Este, junto com Collor (que chamou Janot de FDP), deverá ser processado pela PGR em 3, 2, 1…
A degola de EC foi, portanto, sacramentada oficialmente e passada em cartório.
Eduardo Cunha – uma ponta solta golpista – deverá ser “fuzilado” pela PGR (Janot), a despeito dos seus encontros com Merval Pereira na sede do Jornal O Globo.
Isto não significa que a Globo está de bem com o PT ou que desistiu de derrubar a Dilma. Apenas que foi freada por forças maiores. Pelo menos, no momento;
6) O malogro das panelas.
O “panelaço” foi um ridículo fiasco, com cara de iogurte estragado. Com o Alkmin fora do golpe, somente a banda podre do PSDB concorrerá ao dia 16 (leia-se Aécio, Aloysio Nunes e Serra – a segunda ponta solta do golpismo).
Esta parcela do PSDB desespera-se e assume uma postura histriônica, pedindo, também em nota pública, a convocação de novas eleições.
A Globo provavelmente fará uma cobertura mais discreta das eventuais manifestações (se fizer estardalhaço, o objetivo geral não será golpe, mas sangramento do governo);
7) O novo Ministério e a Oposição Judicial.
O novo ministério de Dilma terá, provavelmente, nomes de peso.
Um deles seria o Senador Roberto Requião (PMDB-PR), homem forte no Paraná da “Operação Lava-Jato”.
Outro ministro pode ser Ciro Gomes (PROS-CE), que recentemente se lançou candidato a presidente.
Talvez até o próprio Lula fosse ministeriável. Lula ganharia holofotes gratuitos, iniciaria sua campanha numa posição qualificada (especialmente na Defesa ou nas Relações Exteriores) e, com foro privilegiado, escaparia da sanha fascista da República do Paraná, ficando submetido exclusivamente ao STF.
A antecipação da campanha de 2018, entretanto, é um peso para se levar em consideração. Estar no governo Dilma, já combalido, pode prejudicar mais que ajudar o pré-candidato com maior envergadura.
De qualquer sorte, este movimento de grandes forças políticas em direção a ministérios estratégicos, como a Casa Civil, inclusive, pode colocar a “Operação Lava-Jato” em marcha lenta, já que seu teto terá sido José Dirceu. Mais uma vez;
8) O controle da malta.
O PMDB, com a provável dança de cadeiras nos ministérios, acalmará a sanha do baixo clero na Câmara.
As prebendas serão redistribuídas e os deputados órfãos de Eduardo Cunha voltarão a votar no cabresto, controlados em sua maioria pelos líderes governistas, como sempre fizeram;
9) A divulgação do recado.
A Rede Globo de televisão dá um destaque absolutamente inédito a Dilma Rousseff e de forma positiva, permitindo que um vídeo com a fala da Presidente seja transmitido por longos segundos no JN e no Jornal da Globo.
As organizações Globo indicam que entenderam o recado do mercado e retiram a agenda golpista da programação;
10) Ao fim e ao cabo, é a economia.
A economia dá sinais de recuperação. O natal de 2015 será gordo. E a Petrobras passará de 1.000.000 de barris por dia apesar do mimimi da oposição.
A Dilma poderá até fritar, mas o golpe, por enquanto, não prospera."
Onde foram parar os valentes jornalistas da Globo que defendiam o impeachment?
Por Paulo Nogueira no Diário do Centro do Mundo em 12/08/2015
"Uma coisa eu preciso reconhecer na família Marinho: ela sabe dar ordens.
Nisso, é bem diferente da família Civita, que não consegue pedir um café para o mordomo.
Nem bem João Roberto Marinho disse aos senadores do PT que transmitiria a seus editores o que ouvira deles, o noticiário da Globo mudou consideravelmente.
Em todas as mídias.
O que João ouviu é o que todos já sabiam: que a cobertura da Globo vinha sendo escandalosamente enviesada contra o governo.
João prometeu aos senadores que iria avisá-los do diagnóstico prontamente.
Presumo, pelo que conheço da Globo, que ele mandou um email sintético, que é seu estilo, aos integrantes do Conedit, o Conselho Editorial.
Acabou.
No Jornal Nacional da sexta-feira passada, um milagre: a dupla aparição de Dilma e Lula em reportagens diferentes.
Há quanto tempo o JN não abria espaço duplo para coisas do PT? Uma eternidade.
Os jornalistas da Globo sabem que o preço da visibilidade é a submissão.
Ou o papismo.
Na biografia de Bial sobre Roberto Marinho, um episódio revelador é narrado.
O jornalista Evandro de Andrade estava conversando com Roberto Marinho sobre a possibilidade de chefiar o Globo.
Evandro, numa carta, garantiu a RM que era “papista”. O papa falou, acabou: passemos para o próximo assunto.
Imagine, apenas a título de especulação, que Ali Kamel se insurgisse e continuasse a acelerar enquanto os patrões pedem que se freie.
Quantas horas até ele ser removido? E alguém trataria de espalhar, nos corredores do poder na Globo, que Kamel foi vitimado pelo Ibope. Pegou, afinal, o Jornal Nacional com mais que o dobro da audiência atual.
Mas isso não vai acontecer, porque Kamel é papista. Você não faz carreira na Globo se não for.
A Globo freando, as demais empresas jornalísticas fizeram o mesmo, excetuada a Abril com a Veja.
Para a Veja, não há mais recuo possível. O estrago por anos de jornalismo criminoso é de tal monta que simplesmente não existe um caminho de volta.
Os atuais leitores – analfabetos políticos de classe média – debandariam. E os antigos jamais retornariam.
A Folha e o UOL, da família Frias, parecem ter também desistido de atear fogo. Todos os dias, na home do UOL, o blogueiro Josias de Souza decretava o fim do governo.
Procurei Josias hoje, na home, e não encontrei. Fui a seu blog, e encontrei um tom que nada tem a ver com a gritaria dos últimos meses.
A coragem dos colunistas e comentaristas da grande mídia vai até o exíguo limite de uma ordem patronal.
No Facebook, Eric Bretas, diretor de mídias digitais da Globo, disse que o editorial da Globo provava que jornalistas e donos não têm a mesma opinião.
Respondi que respeitaria os aloprados da Globo se eles, diante das novas instruções de JRM, continuassem a fazer o que vinham fazendo.
Claro que isso não aconteceu.
Certamente os papistas da Globo encontraram, como sempre, vários motivos para pensar exatamente igual aos donos."
O protesto de domingo morreu antes de nascer
Por Paulo Nogueira
"O protesto de domingo morreu, tecnicamente, antes de nascer.
A causa mortis foi a NOG, a Nova Ordem da Globo, aquela que tira formalmente o apoio ao golpe.
A Globo nunca entra num jogo se pode perder. Ela apoiou os golpistas de 64 porque a vitória era certa, garantida pelos militares e pelos americanos.
Agora, não. Ficou claro, depois de oito meses de desestabilização, que um golpe conflagraria o país, e os resultados para ela, Globo, poderiam ser catastróficos.
Tudo isso posto, significa que os idiotas úteis que vestiam camisas da CBF e iam para as ruas pedir a cabeça de Dilma se transformaram em idiotas inúteis.
Como foram artificialmente erguidos e promovidos, agora serão devolvidos a seu devido lugar.
Como esquecer o protesto de fevereiro, quando a Globo News anunciava a todo instante o número brutalmente mentiroso de participantes passado pela polícia de Alckmin?
Aquela era, aspas, e pausa para gargalhadas, a “festa da família brasileira”.
Um diretor da Globo chegou a convocar publicamente, no Facebook, as pessoas a irem para a rua para derrubar Dilma e seus 54 milhões de votos. (Um dos argumentos desse diretor era uma denúncia que ele lera, logo onde, na Veja, a maior fábrica de infâmias e mentiras da história da imprensa brasileira.)
Novas circunstâncias, nova cobertura.
Os protestos tenderão a ser coisa de lunáticos, gente como Lobão, Kim Kataguiri, Reinaldo Azevedo, Batman do Leblon, Bolsonaro e, à distância, Olavo de Carvalho.
Será o retorno à razão.
Você quer trocar o governo? A cada quatro anos há eleições exatamente para isso.
Democracia é assim.
Tirar um presidente eleito antes disso com base em uma centena de pretextos que se superam em cinismo e desonestidade é coisa de República das Bananas.
A revista America’s Quartely, que reflete o pensamento da elite de Washington, colocou isso exemplarmente num artigo poucos dias atrás.
Um golpe devolveria o Brasil a um triste passado em que a vontade do povo era atropelada.
E acabaria com a ideia, abraçada pelo mundo civilizado, de que emergiu no país, depois dos militares, um “novo respeito” pelas urnas.
A AQ falou também o óbvio. Caso vingue um impeachment absurdo e forçado como este, todo presidente brasileiro, daqui por diante, governará sob a sombra sinistra de ser removido a qualquer momento a despeito de vencer as eleições.
Quem quer isso?
Nem a Globo, depois de enxergar a realidade.
Só os analfabetos políticos que irão às ruas neste domingo, vestidos em seu uniforme da corrompidíssima CBF.
Para eles, o holofote se foi, e sem isso não são rigorosamente nada senão, repito, idiotas inúteis."
13 de agosto de 2015
7 de agosto de 2015
Musa da Semana: Ronda Rousey
- Minha amiga, você já viu a lutadora, campeã de MMA, Ronda Rousey?
- O quê? MMA? Eu não vejo isso. Esporte masculino violento.
- É, mas as mulheres já são 40% nas academias especializadas.
- Ah, é? Devem estar querendo aprender a se defender dos homens então.
- Que é isso. Também não é assim...
- Independente disso essas mulheres que disputam essas lutas devem ser bem masculinizadas, com corpo feio e mal educadas.
- Olha o preconceito amiga. É verdade que tem esses bate-bocas antes das lutas. Isso faz parte do marketing.
- Essa Ronda deve ser horrível e por ser americana não deve nem ter ouvido falar no Brasil.
- Também está enganada nessa, caríssima amiga. A Ronda adora os lutadores brasileiros, adora o Brasil e a nossa caipirinha. E tem sido muito simpática com os fãs por aqui, apesar de ter ganho da brasileira que a desafiou. Já foi no Maracanã, no Corcovado, etc. Está de férias aqui.
- Mas não quero nem ver. Odeio mulher de corpo musculoso.
- Hummm... Melhor olhar essas fotos...
- O quê? MMA? Eu não vejo isso. Esporte masculino violento.
- É, mas as mulheres já são 40% nas academias especializadas.
- Ah, é? Devem estar querendo aprender a se defender dos homens então.
- Que é isso. Também não é assim...
- Independente disso essas mulheres que disputam essas lutas devem ser bem masculinizadas, com corpo feio e mal educadas.
- Olha o preconceito amiga. É verdade que tem esses bate-bocas antes das lutas. Isso faz parte do marketing.
- Essa Ronda deve ser horrível e por ser americana não deve nem ter ouvido falar no Brasil.
- Também está enganada nessa, caríssima amiga. A Ronda adora os lutadores brasileiros, adora o Brasil e a nossa caipirinha. E tem sido muito simpática com os fãs por aqui, apesar de ter ganho da brasileira que a desafiou. Já foi no Maracanã, no Corcovado, etc. Está de férias aqui.
- Mas não quero nem ver. Odeio mulher de corpo musculoso.
- Hummm... Melhor olhar essas fotos...
6 de agosto de 2015
4 de agosto de 2015
A política hoje
Como disse em post anterior, minha gastrite está me obrigando a me afastar de temas políticos, depois de tanta luta a favor da distribuição de renda via ideias político/sociais.
O quadro atual de ditadura midiática via estado fundamentalista judiciário me soa como uma tragicomédia que periga levar todas as conquistas sociais à rodo. Triste fim se assim for.
“Até o final do ano, tentarão prender o Lula”: um depoimento exclusivo!
por Rodrigo Vianna
"A frase que dá título a esse texto não foi dita por um militante petista desvairado. Nem por um jornalista (como esse que escreve) afeito a teorias da conspiração.
Saiu da boca de um advogado paulistano, bem-sucedido, com sólida formação acadêmica (é também professor de Direito), sócio de um escritório na região da avenida Paulista.
Detalhe: ele votou em Aécio no ano passado, mas não disse a frase em tom de “comemoração”, mas de alerta.
A conversa aconteceu num encontro social privado, há alguns dias, antes portanto da prisão de José Dirceu. O advogado, a quem conheço há mais de 30 anos, tem na sua carteira de clientes alguns empreiteiros. Um deles está em prisão domiciliar, por causa da Lava-Jato, e algumas semanas atrás foi obrigado a depor algemado em Curitiba – como forma de pressão.
“Um homem de quase 60 anos, franzino, que não oferece nenhum risco físico às autoridades, foi obrigado a depor algemado durante várias horas, sob alegação de ameaça à segurança do delegado“, contou.
Prisões sem provas, pressões físicas e psicológicas. A Lava-Jato transita num fio da navalha muito perigoso. Já sabemos disso. Mas é impressionante ouvir quem acompanha o desenrolar dos fatos ali, bem ao lado dos investigados e dos algozes da PF e do Judiciário.
Experiente operador do Direito, minha fonte está impressionada com o grau de truculência de delegados, procuradores e do juiz Sérgio Moro. Perguntei a ele (com veia sempre “conspiratória”) quem seria a cabeça pensante a traçar o roteiro da Lava-Jato: “Moro me parece frágil, mal preparado, tropeçando nas palavras nas inquirições…”, eu disse.
E o advogado: “não se engane, ele pode não ser brilhante ao falar, mas o cérebro é ele. Moro se acha imbuído de uma santa missão, e vai seguir em frente, nem que pra isso tenha que destruir metade da República. Ele é uma personalidade perigosa para a democracia”.
Todos advogados que trabalham na Lava-Jato estão assustados. Mas quase todos (e agora a avaliação é minha) temem enfrentar abertamente Sergio Moro. O juiz de primeira instância – com suas soturnas camisas pretas (ôpa, Itália dos anos 20 e 30!) acompanhadas de gravatas também escuras – virou uma espécie de intocável. Montou uma operação que – mais do que respeitada – é temida por todos que atuam no Judiciário.
“É uma espécie de estado islâmico judicial, onde tudo é permitido; afinal há um objetivo final que é sagrado: combater a corrupção”.
Algumas delações premiadas já chegam prontas, feito matéria da “Veja”: primeiro o editor escreve, depois o repórter acha alguma coisa que corrobore a tese. “Eles trazem a delação e dizem ao preso: você assume isso aqui? Sabemos que você sabe, fica mais fácil pra você”.
Mas o que explicaria essa voracidade, voltada não contra todos os corruptos, mas contra o governo (PMDB e PT são os alvos, com o PSDB poupado)? Não haveria uma operação tucana, uma conexão com a mídia?
“Pode haver alianças, mas são circunstanciais. Moro é bem tratado pela Globo, e faz o jogo. Mas não pense que a Globo ou o PSDB controlam cada passo dele e de todos envolvidos na operação”, foram as palavras do advogado, entre um gole e outro de vinho.
Minha fonte, que votou em Aécio sob o argumento pragmático de que “o Brasil e a Dilma não vão aguentar o que vem por aí na Lava-Jato; se o Aécio ganhar, isso tudo estará pacificado” (foi essa, mais ou menos, a frase dele em outubro de 2014, quando nos reunimos num jantar a poucos dias do segundo turno), está convicto de que a guerra santa promovida por Moro tem um alvo: o ex-presidente Lula.
“O Lula ainda não é a bola da vez, mas é a cabeça que os meninos de Curitiba querem sangrando numa bandeja”, disse o advogado. Segundo ele, muitos réus foram indagados nas últimas semanas sobre o que sabiam do “peixe grande”.
A conversa que narro nesse post aconteceu durante um encontro com 6 ou 8 pessoas, em São Paulo. Um dos presentes, que não é advogado, indagou: “então, caminhamos para uma grave crise institucional?
“Não”, respondeu o advogado. “Não caminhamos. Já estamos em plena crise”.
E a prisão de Lula então é inevitável, dada a inação do PT e do governo?
“Avaliação política eu deixo por sua conta” [o advogado disfarça, mas é também um arguto observador político]. “O o que posso dizer é na seara jurídica: posso apostar com você que até o fim do ano vão tentar prendê-lo; vai depender da postura do STJ e do STF nos HCs pendentes”.
Ou seja: Moro precisa ter certeza que não vai passar vergonha, mandando prender Lula, mas tendo sua decisão revogada em 24 horas, num tribunal superior.
“Quais seriam os próximos passos, antes do Lula?”
“Aí não é informação, mas especulação minha e de vários advogados que atuam na Lava-Jato. Não é segredo. Vão tentar prender o Dirceu ou o Palocci, primeiro, nas próximas semanas. Depois vem o Lula.”
Reparem, leitores. A conversa com esse advogado ocorreu na segunda quinzena de julho.
O penúltimo passo foi dado. Dirceu está preso.
Não há mais teoria conspiratória, pois.
Lembremos que Vargas, em 1954, estava na iminência de ser preso pela República do Galeão, e por isso tomou a medida extrema em 24 de agosto.
Espero que não caminhemos para o mesmo desfecho. Politicamente, Vargas salvou o trabalhismo com um tiro no peito. Foi o suicídio que salvou seu campo politico.
Dilma, até aqui, com sua inação, de certa forma faz o caminho inverso. Preserva-se pessoalmente, mas leva todo o campo político do lulismo e do trabalhismo para um suicídio político.
E Lula? A reação não pode mais levar semanas, ou meses. Acordos “pelo alto” (com a banca e a elite emprersarial) não vão adiantar. Vargas era estancieiro, e foi pro cadafalso. Por que poupariam o metalúrgico nordestino?
Moro não vai parar. Ele é o estado islâmico judicial.
O advogado, minha fonte, fala que tentarão a prisão de Lula “até o fim do ano”. Minha impressão é de que o relógio se acelerou.
Em 2015, o agosto terrível da política pode cair em agosto mesmo. Mas também pode cair em setembro ou outubro. Até lá, teremos um desfecho."
Xico Sá, Duvivier e a patrulha de direita
Por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:
"Xico Sá está apanhando nas redes sociais por um haicai (“viver é estouro/ sou mais Zé Dirceu/ q o tal do Mouro”) e alguns tuítes (“Não, não, nao, ñ me incomoda q o Psdb seja inimputável, o q me deixa puto é e q a justiça brasileira só veja um lado”, por exemplo).
Gregório Duvivier é chamado de esquerda caviar, comunista e petralha. No ano passado, chegou a ser agredido verbalmente num restaurante no Leblon. Um sujeito falou que ele deveria estar almoçando no bandejão, “já que gosta tanto de pobre”.
Jô Soares é um vendido e um cachorro que senta, deita e rola para Dilma. Uma manhã acordou com uma pichação pedindo sua cabeça no asfalto em frente a seu apartamento em Higienópolis.
Marieta Severo, ao discordar do discurso catastrofista invariavelmente pedestre de Faustão, foi acusada de viver às custas da Lei Rouanet.
Eu sou comunista. Você é comunista. Sua mãe, sua irmã e seu tio são comunistas.
A patrulha ideológica direitista é um fenômeno crescente no Brasil. O mesmo pessoal que vê a ditadura bolivariana debaixo da cama - a mesma ditadura bolivariana que, segundo uma lógica sinistra, manda prender Dirceu, do mesmo partido da ditadura bolivariana - não admite que qualquer pessoa desvie do pensamento único.
Se o sujeito não comunga da mesma visão de mundo, só pode ser por dinheiro, fora o desvio de conduta. Jamais por ideologia ou simpatia a outra causa.
Um dos que mais apontaram o dedo para os “inimigos”, recentemente, foi o dono do blog tucano Implicante, de um certo Gravataí Merengue, pseudônimo idiota de Fernando Gouvea. Gouvea recebia, no final das contas, 70 mil reais por mês do governo Alckmin para fazer esse papel.
Gente como Lobão adora reclamar que seus colegas são “paumolengas” por não embarcarem em sua cavalgada antipetista. Seus seguidores repetem a cantilena. Ora, por que deveriam? É obrigatório? Segundo quem?
De acordo com essas milícias, é crime ser de esquerda, especialmente se o cidadão ganha mais de dois salários mínimos - embora a Constituição assegure o direito de qualquer um crer no que quiser.
Por trás disso, há uma inversão de valores formidável. O artista, ou jornalista, ou engenheiro espacial que bate no governo é corajoso. Ora, vivemos num lugar onde um policial federal se orgulha publicamente de praticar tiro ao alvo com uma foto de Dilma e nada acontece - para ficar em apenas em um caso de “republicanismo”.
Liberdade de pensamento é algo proibitivo para quem vive nessa ilusão monomaníaca. O ex-comediante Danilo Gentili se diz indignado com o fato de seus pares não terem feito piadas com a declaração de Dilma sobre a mandioca (eis um tipo de humor refinado).
Ele, sim, se considera destemido. Agora, tirar um sarro de seu patrão Silvio Santos, nem pensar. Os Simpsons tripudiam com Murdoch, o dono da Fox, há anos.
Um clássico do horror e da ficção científica que serve para ilustrar esse momento é “Invasores de Corpos”. Numa cidade californiana, alienígenas criam clones de humanos, totalmente desprovidos de emoções. Ninguém move uma palha, até a situação ficar insustentável.
Don Siegel, o diretor da versão original, de 1965, fez uma alegoria da caça às bruxas do senador Joseph McCarthy e da omissão da sociedade diante de seus métodos totalitários. “Eu vi acontecer lentamente, ao invés de tudo de uma vez”, diz o herói, o médico Miles Bennel.
O neomacartismo vagabundo brasileiro viceja mais rápido do que se esperava."
O quadro atual de ditadura midiática via estado fundamentalista judiciário me soa como uma tragicomédia que periga levar todas as conquistas sociais à rodo. Triste fim se assim for.
“Até o final do ano, tentarão prender o Lula”: um depoimento exclusivo!
por Rodrigo Vianna
"A frase que dá título a esse texto não foi dita por um militante petista desvairado. Nem por um jornalista (como esse que escreve) afeito a teorias da conspiração.
Saiu da boca de um advogado paulistano, bem-sucedido, com sólida formação acadêmica (é também professor de Direito), sócio de um escritório na região da avenida Paulista.
Detalhe: ele votou em Aécio no ano passado, mas não disse a frase em tom de “comemoração”, mas de alerta.
A conversa aconteceu num encontro social privado, há alguns dias, antes portanto da prisão de José Dirceu. O advogado, a quem conheço há mais de 30 anos, tem na sua carteira de clientes alguns empreiteiros. Um deles está em prisão domiciliar, por causa da Lava-Jato, e algumas semanas atrás foi obrigado a depor algemado em Curitiba – como forma de pressão.
“Um homem de quase 60 anos, franzino, que não oferece nenhum risco físico às autoridades, foi obrigado a depor algemado durante várias horas, sob alegação de ameaça à segurança do delegado“, contou.
Prisões sem provas, pressões físicas e psicológicas. A Lava-Jato transita num fio da navalha muito perigoso. Já sabemos disso. Mas é impressionante ouvir quem acompanha o desenrolar dos fatos ali, bem ao lado dos investigados e dos algozes da PF e do Judiciário.
Experiente operador do Direito, minha fonte está impressionada com o grau de truculência de delegados, procuradores e do juiz Sérgio Moro. Perguntei a ele (com veia sempre “conspiratória”) quem seria a cabeça pensante a traçar o roteiro da Lava-Jato: “Moro me parece frágil, mal preparado, tropeçando nas palavras nas inquirições…”, eu disse.
E o advogado: “não se engane, ele pode não ser brilhante ao falar, mas o cérebro é ele. Moro se acha imbuído de uma santa missão, e vai seguir em frente, nem que pra isso tenha que destruir metade da República. Ele é uma personalidade perigosa para a democracia”.
Todos advogados que trabalham na Lava-Jato estão assustados. Mas quase todos (e agora a avaliação é minha) temem enfrentar abertamente Sergio Moro. O juiz de primeira instância – com suas soturnas camisas pretas (ôpa, Itália dos anos 20 e 30!) acompanhadas de gravatas também escuras – virou uma espécie de intocável. Montou uma operação que – mais do que respeitada – é temida por todos que atuam no Judiciário.
“É uma espécie de estado islâmico judicial, onde tudo é permitido; afinal há um objetivo final que é sagrado: combater a corrupção”.
Algumas delações premiadas já chegam prontas, feito matéria da “Veja”: primeiro o editor escreve, depois o repórter acha alguma coisa que corrobore a tese. “Eles trazem a delação e dizem ao preso: você assume isso aqui? Sabemos que você sabe, fica mais fácil pra você”.
Mas o que explicaria essa voracidade, voltada não contra todos os corruptos, mas contra o governo (PMDB e PT são os alvos, com o PSDB poupado)? Não haveria uma operação tucana, uma conexão com a mídia?
“Pode haver alianças, mas são circunstanciais. Moro é bem tratado pela Globo, e faz o jogo. Mas não pense que a Globo ou o PSDB controlam cada passo dele e de todos envolvidos na operação”, foram as palavras do advogado, entre um gole e outro de vinho.
Minha fonte, que votou em Aécio sob o argumento pragmático de que “o Brasil e a Dilma não vão aguentar o que vem por aí na Lava-Jato; se o Aécio ganhar, isso tudo estará pacificado” (foi essa, mais ou menos, a frase dele em outubro de 2014, quando nos reunimos num jantar a poucos dias do segundo turno), está convicto de que a guerra santa promovida por Moro tem um alvo: o ex-presidente Lula.
“O Lula ainda não é a bola da vez, mas é a cabeça que os meninos de Curitiba querem sangrando numa bandeja”, disse o advogado. Segundo ele, muitos réus foram indagados nas últimas semanas sobre o que sabiam do “peixe grande”.
A conversa que narro nesse post aconteceu durante um encontro com 6 ou 8 pessoas, em São Paulo. Um dos presentes, que não é advogado, indagou: “então, caminhamos para uma grave crise institucional?
“Não”, respondeu o advogado. “Não caminhamos. Já estamos em plena crise”.
E a prisão de Lula então é inevitável, dada a inação do PT e do governo?
“Avaliação política eu deixo por sua conta” [o advogado disfarça, mas é também um arguto observador político]. “O o que posso dizer é na seara jurídica: posso apostar com você que até o fim do ano vão tentar prendê-lo; vai depender da postura do STJ e do STF nos HCs pendentes”.
Ou seja: Moro precisa ter certeza que não vai passar vergonha, mandando prender Lula, mas tendo sua decisão revogada em 24 horas, num tribunal superior.
“Quais seriam os próximos passos, antes do Lula?”
“Aí não é informação, mas especulação minha e de vários advogados que atuam na Lava-Jato. Não é segredo. Vão tentar prender o Dirceu ou o Palocci, primeiro, nas próximas semanas. Depois vem o Lula.”
Reparem, leitores. A conversa com esse advogado ocorreu na segunda quinzena de julho.
O penúltimo passo foi dado. Dirceu está preso.
Não há mais teoria conspiratória, pois.
Lembremos que Vargas, em 1954, estava na iminência de ser preso pela República do Galeão, e por isso tomou a medida extrema em 24 de agosto.
Espero que não caminhemos para o mesmo desfecho. Politicamente, Vargas salvou o trabalhismo com um tiro no peito. Foi o suicídio que salvou seu campo politico.
Dilma, até aqui, com sua inação, de certa forma faz o caminho inverso. Preserva-se pessoalmente, mas leva todo o campo político do lulismo e do trabalhismo para um suicídio político.
E Lula? A reação não pode mais levar semanas, ou meses. Acordos “pelo alto” (com a banca e a elite emprersarial) não vão adiantar. Vargas era estancieiro, e foi pro cadafalso. Por que poupariam o metalúrgico nordestino?
Moro não vai parar. Ele é o estado islâmico judicial.
O advogado, minha fonte, fala que tentarão a prisão de Lula “até o fim do ano”. Minha impressão é de que o relógio se acelerou.
Em 2015, o agosto terrível da política pode cair em agosto mesmo. Mas também pode cair em setembro ou outubro. Até lá, teremos um desfecho."
Xico Sá, Duvivier e a patrulha de direita
Por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:
"Xico Sá está apanhando nas redes sociais por um haicai (“viver é estouro/ sou mais Zé Dirceu/ q o tal do Mouro”) e alguns tuítes (“Não, não, nao, ñ me incomoda q o Psdb seja inimputável, o q me deixa puto é e q a justiça brasileira só veja um lado”, por exemplo).
Gregório Duvivier é chamado de esquerda caviar, comunista e petralha. No ano passado, chegou a ser agredido verbalmente num restaurante no Leblon. Um sujeito falou que ele deveria estar almoçando no bandejão, “já que gosta tanto de pobre”.
Jô Soares é um vendido e um cachorro que senta, deita e rola para Dilma. Uma manhã acordou com uma pichação pedindo sua cabeça no asfalto em frente a seu apartamento em Higienópolis.
Marieta Severo, ao discordar do discurso catastrofista invariavelmente pedestre de Faustão, foi acusada de viver às custas da Lei Rouanet.
Eu sou comunista. Você é comunista. Sua mãe, sua irmã e seu tio são comunistas.
A patrulha ideológica direitista é um fenômeno crescente no Brasil. O mesmo pessoal que vê a ditadura bolivariana debaixo da cama - a mesma ditadura bolivariana que, segundo uma lógica sinistra, manda prender Dirceu, do mesmo partido da ditadura bolivariana - não admite que qualquer pessoa desvie do pensamento único.
Se o sujeito não comunga da mesma visão de mundo, só pode ser por dinheiro, fora o desvio de conduta. Jamais por ideologia ou simpatia a outra causa.
Um dos que mais apontaram o dedo para os “inimigos”, recentemente, foi o dono do blog tucano Implicante, de um certo Gravataí Merengue, pseudônimo idiota de Fernando Gouvea. Gouvea recebia, no final das contas, 70 mil reais por mês do governo Alckmin para fazer esse papel.
Gente como Lobão adora reclamar que seus colegas são “paumolengas” por não embarcarem em sua cavalgada antipetista. Seus seguidores repetem a cantilena. Ora, por que deveriam? É obrigatório? Segundo quem?
De acordo com essas milícias, é crime ser de esquerda, especialmente se o cidadão ganha mais de dois salários mínimos - embora a Constituição assegure o direito de qualquer um crer no que quiser.
Por trás disso, há uma inversão de valores formidável. O artista, ou jornalista, ou engenheiro espacial que bate no governo é corajoso. Ora, vivemos num lugar onde um policial federal se orgulha publicamente de praticar tiro ao alvo com uma foto de Dilma e nada acontece - para ficar em apenas em um caso de “republicanismo”.
Liberdade de pensamento é algo proibitivo para quem vive nessa ilusão monomaníaca. O ex-comediante Danilo Gentili se diz indignado com o fato de seus pares não terem feito piadas com a declaração de Dilma sobre a mandioca (eis um tipo de humor refinado).
Ele, sim, se considera destemido. Agora, tirar um sarro de seu patrão Silvio Santos, nem pensar. Os Simpsons tripudiam com Murdoch, o dono da Fox, há anos.
Um clássico do horror e da ficção científica que serve para ilustrar esse momento é “Invasores de Corpos”. Numa cidade californiana, alienígenas criam clones de humanos, totalmente desprovidos de emoções. Ninguém move uma palha, até a situação ficar insustentável.
Don Siegel, o diretor da versão original, de 1965, fez uma alegoria da caça às bruxas do senador Joseph McCarthy e da omissão da sociedade diante de seus métodos totalitários. “Eu vi acontecer lentamente, ao invés de tudo de uma vez”, diz o herói, o médico Miles Bennel.
O neomacartismo vagabundo brasileiro viceja mais rápido do que se esperava."
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