9 de julho de 2014

Sete motivos para agradecer à Alemanha pela goleada

Um pouco de piada, cinismo e verdade no artigo publicado na Rede Brasil Atual.
Foi terrível, um vexame. Uma vergonha inesquecível e irreparável. Mas há motivos para o Brasil agradecer à Alemanha.
Por Nicolau

Alemanha comemora
"A festa hoje é deles, mas a gente ainda tem alguma coisinha para comemorar
É cínica a lista que vem a seguir. Mas, além do humor, é preciso outros recursos para lidar com a frustração e a tristeza de ter tomado uma surra homérica, histórica, implacável. Perder de 7 x 1 é ruim. Ver os adversários marcarem 6 x 0 sem comemorar o sexto tento é humilhante. É ser tratado como time pequeno.
Mas perdermos. O revés sem precedentes nem paralelos redime muita gente, aumenta a média de gols, força o futebol brasileiro a mudar... Há aspectos positivos.
Todo mundo aqui preferiria um 1 x 0 honesto. Mas já que apanhamos de chinela...
1) Barbosa é inocente
Que o goleiro da seleção brasileira na primeira copa realizada no Brasil, a de 1950, foi bode expiatório do Maracanazzo, quase todo mundo sabe. Mas os 7 x 1 foram a pior derrota da história do futebol brasileiro. Disparadamente. Não foi na final, foi nas semifinais. Mas foi a maior goleada em copas e igualou-se à pior goleada fora de copas (6 x 0 imposto pelo Uruguai em 1920). O culpado pela derrota mais dura e marcante do Brasil em copas não é Barbosa porque a mais terrível e dolorosa derrota brasileira não é mais a da Copa de 1950. Outros algozes de desclassificações, como Toninho Cerezzo, em 1982, Carlos, em 1986, também estão todos isentos.
2) Mudar tudo é inevitável
Treinadores brasileiros não conseguem aproveitar o potencial individual dos talentos que ainda existem -- em quantidades menores do que no passado, mas ainda em volume relevante. A organização da CBF, a forma como a preparação para a copa é feita, a formação de atletas... É hora de mudar tudo no âmbito do futebol. Isso é uma constatação inegável.
3) Felipão e Parreira nunca mais pisam no banco da seleção
Luiz Felipe Scolari deixou o Palmeiras, rebaixado em 2012, para assumir a seleção. É um técnico ultrapassado taticamente. Carlos Alberto Parreira vai na mesma linha. Eles não voltam a comandar a seleção. Isso é positivo. O time alemão é bom e mostrou consistência. Mas, diante de uma Argélia e de uma Gana montadas para pará-los, foram parados. Contra o Brasil, só Joachim Löw se preocupou em aproveitar as falhas na formação defensiva do Brasil. A comissão técnica brasileira parece não ter feito o mesmo. Olhar o adversário e adaptar o estilo de jogo a isso é o mínimo.
4) Nunca mais o Brasil vai depender tanto de um craque só
Apostar todas as fichas em um único talento (Neymar) não funciona para uma seleção como o Brasil. É necessário ter um mínimo de consistência tática para compensar a técnica que já não é tão abundante. Sem ter alternativas de criação de jogadas e de cadenciamento do jogo não dá.
5) Não haverá Maracanazo
Foi um Mineiraço, é verdade. Mas não se repetiu a história. Porque a história só se repete como farsa. Aliás, já tem gente sentindo saudades do Maracanazo.
6) Zúñiga não precisa ser linchado
O autor da entrada violenta que tirou Neymar da Copa não é o responsável pela eliminação do Brasil. Porque um massacre de 7 x 1 não é fruto da ausência de um jogador (ou dois, considerando a suspensão de Thiago Silva). É culpa da falta de tudo. E de méritos do adversário.
7) 2014 já é a segunda copa com mais gols marcados da história
Na fase de grupos, era uma pujança de gols marcados. Goleadas, viradas... Nas oitavas, uma magreza, com placares apertados, o maior número de prorrogações da história desta etapa e três decisões por pênaltis. Nas quartas, ainda pior, uma média de gols de 1,25 por jogo. Os oito assinalados em apenas uma partida da semifinal representam mais do que os feitos nas quatro partidas das quartas. O total subiu para 167 e a média de gols por jogo alcançou 2,74. Em números absolutos, a Copa no Brasil passou a de 2002 e só precisa de mais quatro gols para igualar a marca de 1998. Valeu, Alemanha, por quebrar esse galho para o Brasil.
Bônus: Contrapartida do Brasil
Para deixar o placar em 7 x 1, incluímos aqui um bônus daquilo que o Brasil proporcionou para a Alemanha. Miroslav Klose ultrapassou Ronaldo, Fenômeno, em uma partida contra o Brasil e no Brasil. Ele quebrou o recorde de partidas vitoriosas em copas, antes de Cafu. Fez do time de Joachim Löw o melhor ataque disparado da competição. E por aí vai.
Não tem de quê."

3 comentários:

Marcos Oliveira disse...

Foi só um jogo (?)
Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

O sétimo gol nem havia balançado as redes brasileiras quando começaram a chegar certas postagens nas redes sociais - e até comentários neste blog - comemorando a derrota acachapante do Brasil em campo. Era como se os gols fossem nossos.

Um desses comentários dizia que, para cada gol na Seleção, Dilma estaria perdendo um ponto nas pesquisas. Outro, xingava a presidente e perguntava de que adiantou gastar tanto dinheiro para organizar a Copa – como se só ganhar em campo importasse, ao organizar evento desse porte.

O fato é que, devido à dimensão da derrota para a Alemanha, não se abate sobre o país apenas o sentimento de tristeza que seria normal ante uma derrota esperável como por 2 a 1 ou 1 a 0. O que se abateu sobre o Brasil foi sentimento de vergonha.

Ora, é só um jogo, dirão. Pode ser, espero que seja. Para mim, é. Não ficamos mais ricos nem mais pobres do que ficaríamos se ganhássemos. Ficamos mais ricos porque o evento foi realizado aqui, mas o resultado do jogo não gera lucro ou prejuízo financeiro.

Em termos de imagem, ganhamos. Organizamos tudo direitinho. A festa está sendo linda e sei que saberemos perder e, assim, continuaremos recebendo bem os povos que aqui estão defendendo o direito deles de vencer o campeonato.

Resta saber se este povo saberá administrar racionalmente sentimento dessa magnitude.

Muitos dizem que “é claro que o povo saberá separar as coisas”, mas dizer isso é tão precipitado quanto dizer o contrário. Sobre esse quesito, não faço previsões.

Ao ler isso, você se lembra do sentimento que o tomou ao ver aquela derrota. Isso se chama mal-estar e é com isso que a oposição e a mídia contam. Acham que essa sensação que atingiu até o mais otimista e o mais confiante nos rumos do país irá ajudá-las a eleger Aécio Neves.

Esse sentimento difuso deixaria a população mal-humorada, que descontaria a raiva no governo que trouxe a Copa para cá – ou quase isso – e a organizou. Ou seja, o povo votaria em Aécio Neves por raiva de Dilma.

Seremos tão burros? Entenderemos que perdemos um jogo, não a nossa honra, as nossas riquezas, a nossa cultura ou tomaremos decisão tão importante para nossas vidas com base em um sentimento humano, compreensível, mas ilusório, porque nada mudou em nossas vidas?

É difícil dizer. As massas, em comoção, não são racionais.

Votar em A ou B por conta da derrota ou da vitória no futebol é uma irracionalidade, mas há uma parte do povo que, independentemente de renda ou instrução, age como criança. Isso sem falar que não entende a Democracia…

*****

Sobre o jogo – aquele jogo

É uma tristeza. Aqueles rapazes entraram em parafuso. Tudo que aconteceu ao longo dos últimos meses – protestos, fuzilaria da mídia, arbitragens tendenciosas e, para culminar, o desfalque de dois jogadores que a equipe considerava importantes – os desestruturou completamente.

Não foi normal, aquilo. Poderia ter sido uma derrota como qualquer outra, mas o que se viu foi, literalmente, pânico. Sem experiência em Copas, aqueles moços viraram crianças assustadas ante a responsabilidade que lhes foi posta nos ombros.

Uma equipe mais experiente, mesmo sem grandes nomes da atualidade, talvez tivesse perdido, mas não perderia por um placar como aquele. Ou perderia. Talvez os alemães sejam tudo isso… Ainda veremos, pois a Copa continua.

E a vida, também.

Marcos Oliveira disse...

Do Diário do Centro do mundo, por Paulo Nogueira:

Sobre o artigo do Financial Times que diz que o Brasil ganhou a Copa

Um artigo do Financial Times circula nestes dias pela internet. O título é: “O Brasil já ganhou a Copa”.

Ao contrário de textos do FT críticos à política econômica do governo, este não é objeto de exaustiva repercussão na mídia e seus comentaristas.

Regra número 1: a mídia repercute apenas notícias negativas, numa seleção minuciosa que não admite exceções.

O artigo do FT sublinhava o que já é de amplo conhecimento: a Copa foi um triunfo.

A extraordinária surpresa se deveu menos aos fatos, em si, e mais à campanha feroz movida pela imprensa.

Num dos momentos apoteóticos dessa campanha, Jabor disse que o Brasil mostraria sua incompetência em organizar um evento de tal magnitude.

Mesmo jornalistas de outra natureza que não a de Jabor se deixaram contaminar pelo sentimento apocalíptico. Poucas semanas antes da estreia do Brasil, depois de visitar o Itaquerão num jogo do Corinthians, Juca Kfouri previu, na ESPN, o caos.

O FT falou naquilo que todos sabem: os brasileiros são um povo encantador. O francês rosna para você. O inglês ignora você. O brasileiro sorri e dá um tapa nas suas costas.

Para os jornalistas estrangeiros, e os turistas, cobrir a Copa nas cidades com praias foi uma experiência única. “A Copa tem que ser sempre no Brasil” foi uma frase várias vezes repetida.

Também para os jogadores estrangeiros o Brasil foi, em geral, uma festa. Viralizou um vídeo em que futebolistas alemães torciam num hotel, ao lado de brasileiros, na disputa de pênaltis entre Brasil e Chile.

O ganho em termos de imagem para o Brasil é inestimável. A “publicidade” gratuita que a mídia internacional deu ao país com seus textos e vídeos não tem preço.

Não é que o Brasil tenha passado por uma metamorfose súbita na Copa. É que a mídia, já faz um bom tempo, retrata um país que não existe.

É a Banânia, uma terra da qual devemos todos nos envergonhar. Segundo a mídia, somos corruptos, somos infames, somos linchadores, somos violentos, somos canalhas, somos ignorantes.

Falta alguma coisa? Ah, sim: somos feios.

O Brasil monstruoso da mídia não é, evidentemente, uma obra do acaso. O objetivo é convencer os incautos de que, com outra administração, viraremos um paraíso, mais ou menos como o Brasil que a Globo mostrava na ditadura militar.

Ou, tirados os exageros, como o Brasil sob a ótica dos jornalistas, turistas e jogadores estrangeiros que vieram para a Copa.

O país tem desafios monumentais para se tornar uma sociedade avançada, é certo. Os extremos de opulência e miséria ainda são intoleráveis, a despeito da redução da desigualdade verificada nos últimos anos.

Um “choque de igualdade” tem que percorrer o país.

Mas não somos a Banânia da mídia.

Melhor: a Banânia está representada apenas numa área. Na própria imprensa. A mídia brasileira é, em si, a Banânia que, ardilosamente, ela finge que o Brasil é.

http://www.diariodocentrodomundo.com.br/sobre-o-artigo-do-financial-times-que-diz-que-o-brasil-ja-ganhou-a-copa/

Marcos Oliveira disse...

Da RBA:
“Respeite a Amarelinha”, pede atacante alemão Podolski

Revelação da Copa de 2006, jogador da seleção germânica afirma em seu Instagram: "nossos heróis que nos inspiraram são todos daqui"

O atacante alemão Lukas Podolski deu mais uma mostra da simpatia de sua seleção, que tem chamado a atenção desde a chegada dos germânicos ao Brasil. em sua conta no Instagram, o jogador revelação da Copa de 2006 pediu respeito à seleção brasileira.

"Respeite a AMARELINHA com sua história e tradição, o mundo de futebol deve muito ao futebol brasileiro, que é e sempre será o país do futebol", disse Podolski. "A vitória é consequência do trabalho, viemos determinados, todos nós crescemos vendo o Brasil jogar, nossos heróis que nos inspiraram são todos daqui".

O atleta ainda fez referência às "brigas e confusões" feitas após a derrota da seleção, dizendo que, após o Mundial, "tudo voltará ao normal". "Muita paz e amor para esse povo maravilhoso, um povo humilde, trabalhador e honesto, um país que aprendi a amar". Junto à mensagem, Podolski divulgou as hashtags #ForçaBrasil #LevanteACabeça #BrasilÉTradição #RespeiteASeleção #JogaBonito #Futebol #BrasilTeAmo.

Pelo Facebook, a página oficial da seleção alemã também publicou uma mensagem sobre a semifinal de ontem. "Caros Brasileiros. Primeiramente gostaríamos de agradecer pelo carinho que estamos sendo recebidos por todas as pessoas em cada momento da nossa estadia no Brasil. Fora isto desde 2006 sabemos como é doloroso perder uma semi-final no próprio país. Desejamos tudo de bom e o melhor para o futuro para vocês", disseram.