30 de junho de 2011

Informação, ter ou não ter?!

Ter mais informação é inquietante

Por Roberto Savio*

Roma, Itália, junho/2011 – Tempos atrás, estávamos convencidos de que, quanto mais informação tínhamos, mais conscientes éramos como cidadãos e mais capazes de fazer escolhas bem informadas. Hoje, quanto mais informação temos, mais dúvidas surgem. No fim, em lugar de nos sentirmos mais seguros, nos sentimos mais incertos.
1392 300x219 Ter mais informação é inquietanteQuero dar alguns exemplos. Não sei quantos recordam que Julian Assange declarou, pouco antes de ser preso pela polícia, que o Wikileaks distribuiria uma documentação completa sobre como um importante banco norte-americano cometera práticas fraudulentas que o levaram à beira da falência, da qual se salvou graças às contribuições estatais. O governo dos Estados Unidos está para concluir seu segundo plano de salvação para os bancos, após o de US$ 750 bilhões da administração Bush. Calcula-se que no mundo foram investidos US$ 2,3 trilhões para salvar o sistema financeiro.
Passaram-se meses, e nada mais se soube sobre este assunto. Certamente, é muito mais prejudicial para os governos uma documentação sobre a responsabilidade do sistema financeiro de uma crise que afetou centenas de milhões de pessoas em todo o mundo (há 40 milhões de novos pobres, segundo a OIT), do que as revelações dos comentários das embaixadas norte-americanas. E nos perguntamos: o que aconteceu com isto?
Agora sabemos muito sobre as práticas fraudulentas e totalmente antiprofissionais que levaram à crise do sistema financeiro. Tanto isto é verdade, que vários bancos pagaram penalidades importantes para evitar processos criminais, que com toda certeza perderiam. Entretanto, nos tradicionais bônus de final de ano o pessoal dos grandes bancos norte-americanos dividiu a módica quantia de US$ 20 bilhões, como se nada tivesse acontecido.
Quando um sistema comete atos ilícitos, que levam à miséria uma parte da humanidade, e forçam uma corrida suicida dos países ricos para combater o déficit fiscal (e não o déficit social), supõe-se que a justiça castigará os responsáveis. Mas, até hoje, quantos funcionários de Wall Street foram incriminados? Um. Repetimos. Exatamente um. Trata-se do jovem francês Fabrice Tourrè, um quadro menor da Goldman Sachs, que pagou multa de US$ 550 milhões para evitar um processo. Tourrè é acusado de “ter criado um fraudulento sistema de venda de hipotecas”. O jovem trabalhava em um setor da Goldman Sachs sob comando de Jonathan Egon, o criador da fraude. A defesa de Tourrè demonstrou que ele era um dos menos importantes em uma equipe de 15 pessoas. O banco o transferiu no ano passado para Londres, onde não quer dar declarações e goza de férias pagas. Não é inevitável perguntar que lógica tem esta história?

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