5 de fevereiro de 2013

Aécio Como Alternativa de Direita: Análise de sua pregação sobre a posição da Petrobras no ranking sul-americano

Reproduzimos artigo do site Minas Sem Censura, analisando intervenção do Senador Aécio Neves sobre artigo do Financial Times.

Petrobras ou Petrobrax tucana

"Nosso “aparte” semanal ao senador Neves incide sobre sua pregação quase religiosa do fracasso do Brasil sob a presidência de Lula e Dilma.
Desta vez ele escreve sobre a perda de posição da Petrobrás, de maior petrolífera da América Latina para a colombiana Ecopetrol. Sua fonte é uma matéria do Financial Times, uma das fontes mais “respeitadas no mundo, na área financeira”, segundo ele.
A partir dessa informação, ele agrega, como argumento de autoridade e doutrina para a gestão pública e estatal, a análise feita por um obscuro “Instituto Acende Brasil”, em texto intitulado "Gestão Estatal: Despolitização e Meritocracia", para o setor elétrico.
Vamos aos pedaços.
Em primeiro lugar, o citado artigo do Financial Times traz muito mais informações do que aquela pinçada pelo senador tucano. O índice usado para o artigo do jornal inglês foi a capitalização da Ecopetrol em 2012. Mas, no próprio texto vem a relativização do resultado, tanto por especialistas, quanto por gestores da estatal colombiana. Aliás, a matéria informa também que a Ecopetrol é 80% estatal. Detalhe omitido pelo discurso apologético ao gerencialismo privado. Algumas informações são relevantes para entender a atipicidade do crescimento da empresa colombiana, segundo o próprio jornal britânico:
a) o mercado de ações na Colômbia é muito pequeno e a Ecopetrol tornou-se uma espécie de porto seguro para todos os tipos de investidores do país;
b) os fundos de pensão colombianos sofrem forte restrição estatal, para especular no estrangeiro e, portanto, convergem seus recursos para a Ecopetrol, como forma de valorização de seu patrimônio;
c) fortes aportes estatais desde 2007 garantiram um regular fluxo de investimentos na empresa;
d)  há consultores que desconfiam de sobrevalorização contábil de setores da própria empresa.
Finalmente, o próprio presidente da Ecopetrol, Javiér Gutiérrez, é comedido e não comemora o novo ranqueamento: "Não se pode realmente comparar, porque a Petrobrás é um gigante em muitas frentes. (…) A capitalização de mercado é simplesmente um reflexo da confiança que o mercado tem na Colômbia, em geral, e em particular a Ecopetrol, mas o mercado tem altos e baixos."
Ou seja, Aécio pinçou uma informação de um texto, omitiu todo o resto e sustentou sua análise pessimista sobre a Petrobrás, baseado somente em suas posições ideológicas privatistas.
Ora, a Ecopetrol é exatamente o exemplo inverso do que ele defende: é mais “estatal” que a Petrobrás, opera num mercado de ações fraco (atraindo investimentos como um refúgio) e se beneficia com fundos de pensão daquele país, fortemente constrangidos a nela investir.
Tais “detalhes” não poderiam ser omitidos na análise de quem pretende ser presidente do Brasil. Seria desonestidade intelectual, se não conhecêssemos a superficialidade com que o senador trata esses temas. Leia abaixo a matéria original do Financial Times com os dados ignorados pelo senador.
Em segundo lugar, o tal “Acende Brasil” é uma instituição que expressa as opiniões e interesses dos acionistas privados nas estatais elétricas. Logo, seu discurso sobre meritocracia tem um olhar para os dividendos a serem pagos aos grandes acionistas e não à qualidade e economicidade dos serviços prestados ao povo.
Conclusão: Aécio até se esforça para se credenciar como alternativa da direita privatista e neoliberal do país; mas, convenhamos, com o seu “Control C, Control V” seletivo fica cada vez mais difícil, até para as tais elites dessa direita, acreditar na aposta de que ele possa liderar algum projeto de oposição."

2 comentários:

Anônimo disse...

Agradecemos pela inserção do artigo do Minas Sem Censura.

Alguns esclarecimentos:

“Minas, são muitas. Porém, poucos são aqueles que conhecem as mil faces das Gerais.” (Guimarães Rosa)



"O Movimento Minas Sem Censura é composto por deputados estaduais do PCdoB, PMDB e PT. São 23, num total de 77 na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. São dois deputados do PCdoB, 8 do PMDB e 11 do PT.

Trata-se um Movimento de oposição programática ao governo tucano.

Os tucanos inauguraram em 2003 em Minas um modo de governar que vai de encontro a várias conquistas civilizatórias básicas, como o exercício do debate e do contraditório, o pleno funcionamento de instituições que deveriam ser autônomas (justiça, legislativo, tribunal de contas, ministério público etc), o respeito às manifestações e críticas de movimentos sociais organizados.


O nome do Movimento, “Minas Sem Censura”, representa a síntese daquilo a que se propõe essa aliança de partidos: queremos que Minas respire liberdade. Hoje, o “pensamento único” se impõe em nosso estado, em função de um projeto pessoal de poder. Minas é vista pelo principal chefe tucano como um trampolim para seu objetivo de chegar à presidência da República.

Para isso se impõe um tipo de censura, que não aparece como fruto de decreto ou decisão formal. Mas, no conteúdo de práticas que constrangem juízes, procuradores, promotores, conselheiros, movimentos sociais, veículos e profissionais de imprensa, intelectuais, acadêmicos e pesquisadores etc. Vive-se aqui um atípico estado de exceção.

Tudo isso para transparecer ao Brasil e ao Mundo uma falsa unidade em torno do cacique tucano. A depender dele, nosso estado teria apenas uma face: a sua.

Nesse sentido, o MSC, além de suas prerrogativa e atribuições parlamentares, tem uma preocupação essencial de se relacionar com a sociedade civil democrática e progressista, com os movimentos sociais organizados, com a intelectualidade, enfim, com todos que sabem, com Guimarães Rosa, que Minas são muitas."

http://www.minassemcensura.com.br/conteudo.php?LISTA=menu&MENU=11

Anônimo disse...

ALTAMIRO BORGES:

Aécio Neves rola ladeira abaixo

O senador Aécio Neves precisa tomar mais cuidado com os títulos dos seus artigos semanais na Folha. “Ladeira abaixo” é o título do seu texto desta segunda-feira, o que pode gerar várias brincadeiras com a sua cambaleante candidatura presidencial pelo trôpego PSDB. O alvo do mineiro, desta vez, foi a Petrobras. Depois do forte desgaste sofrido com a sua insana cruzada contra a redução das contas de luz, ele agora resolveu atacar a estatal de petróleo. Mas qual a moral do grão-tucano para falar da Petrobras?

Segundo Aécio Neves, a estatal atravessa uma profunda crise e perdeu o posto de maior empresa do setor na América Latina para a colombiana Ecopetrol por causa do seu aparelhamento e da péssima gestão. Ele insinua que a direção da Petrobras é “inepta” por ser composta por “dirigentes nomeados pela sua lealdade aos governantes, desconsiderando-se as qualificações requeridas ao cargo”. Afirma ainda que a empresa sofre “com o uso político”. O objetivo do texto, evidente, é montar o seu palanque eleitoral para 2014.

Sem defender abertamente a privataria de FHC, Aécio Neves segue os conselhos do seu “mentor”, assume a carranca neoliberal e sataniza as estatais – e não apenas a Petrobras. Para ele, o governo Dilma trata estas empresas “como se fossem patrimônio do PT”. Para piorar, alerta, o governo ainda estatiza. “Levantamento divulgado ano passado mostra que o PT criou mais estatais que todos os governos pós-militares. Parafraseando um dilema de outrora, a saúva do aparelhamento partidário pode acabar com o Brasil”.

Aécio não tem moral para falar na “saúva do aparelhamento partidário que pode acabar com o Brasil” – já que foram os tucanos que aparelharam as estatais, num show de fisiologismo, e que destruíram o país. Basta lembrar que FHC nomeou como chefão da Agência Nacional de Petróleo (ANP) o seu ex-genro, David Zylbersztajn, e que este sujeito quase afundou a estatal – a trágica cena do acidente na plataforma P-36, em março de 2001, ainda está na memória dos brasileiros.

O plano do PSDB, atestado em vários documentos, era privatizar a estatal. Zylbersztajn até gastou fortunas numa agência de publicidade para mudar seu nome para Petrobrax. Aécio Neves quer retomar esta loucura privatista. Desta forma, a sua cambaleante candidatura é que rolará ladeira abaixo. E haja ressaca!

http://altamiroborges.blogspot.com.br/2013/02/aecio-neves-rola-ladeira-abaixo.html