1 de fevereiro de 2013

Discos de Vinil: Baratos da Ribeiro e Modern Sound - Fim e Recomeço de uma Era


Nesse mês de janeiro de 2013, que acaba de chegar ao fim, finalmente fui ao 'sebo' Baratos da Ribeiro na Rua Barata Ribeiro em Copacabana.
A loja não é muito grande e o forte são livros (muita coisa boa) mas há também discos de vinil novos e usados e também CDs.
Nas últimas terças de cada mês há um evento noturno de audições e leituras dentro da loja.
Apesar de comprar alguns LPs (Marcos Ariel, Andy Narrel e o primeiro do IRA!, todos em ótimo estado) acho que o que eu queria era matar as saudades dos tempos em que uma das minhas maiores fontes de prazer era procurar nas prateleiras os discos que queria. Eram centenas de lojas... E tudo acabou.
Good times.
Mas vejo que aos poucos este mercado está retornando pois vi LPs na Livraria da Travessa filiais do Shopping Leblon e Barra Shopping, bem como alguma coisa na FNAC e Saraiva.
Por causa do assunto me lembrei destes dois posts que fiz no final de 2010 e início de 2011 sobre o fim de uma era: o fechamento da super-loja Modern Sound.
Reproduzo abaixo.


Modern Sound:O Fim de Uma Era?
Em post na noite de quinta-feira coloquei videos de dois grupos musicais: o italiano Banco Del Mutuo Soccorso e o americano Mannheim Steamroller.
A primeira é uma das grandes bandas de Rock Progressivo da Itália (entre milhares de outras originadas no início da década de 1970).
A outra é bem conhecida (pelos iniciados) graças a série de álbuns denominada "Fresh Aire", uma mistura de rock, música barroca, new age, trilha sonora, etc. É na verdade um projeto do músico, compositor e maestro Chip Davis.
Mas porque escolhi essas duas e fiz menção a uma loja de discos?
Bem a história é longa, mas vou resumir.
Em fins dos anos 70, início dos anos 80, costumava frequentar lojas de discos no Rio em busca de LPs de rock (e MPB também) mais baratos.
Ficava um dia inteiro rodando lojas no centro e conseguia comprar dezenas de títulos a preços baratíssimos.
Isso além dos que comprava na Caiana Discos, do amigo Paulo André, onde tinha "conta" e comprava LPs "a prestação". Rs.
E tinha as lojas especializadas em Rock Progressivo e Jazz.
Dentre todas, uma se destacava pelo acervo de dar água na boca: a Modern Sound.
E ela está lá até hoje, mais de 40 anos depois de sua criação: na Rua Barata Ribeiro, em Copacabana, com seus milhares de títulos importados de todos os estilos, além dos nacionais (sobretudo produções independentes).
Não dava para comprar muitos discos vindos da Europa e EUA. Os LPs de vinil importados eram caríssimos.
Os primeiros que comprei lá foram exatamente dois dessas duas bandas: "Come In Un'ultima Cena" do Banco e "Fresh Aire IV" do M.S. Faz tempo...
De lá pra cá a loja cresceu, se modernizou, mas manteve o charme. Aliás, até melhorou.
Fazia muito tempo que eu não ia na loja.
Em julho último chamei o meu filho (tão fanático por música quanto eu) e lhe falei: “vou te mostrar o que é uma loja de discos de verdade”, coisa rara hoje, em tempos de download e compras via Internet.
Cheguei lá e fiquei surpreso.
A loja está maior e com um charme a mais: trata-se de um bar e restaurante, Alegro Bistrô, que funciona dentro da loja e tem um piano ao cair da tarde, apresentações à noite e lançamentos musicais ao vivo todas as segundas e terças. Um paraíso.
Quando estive lá ia ter o lançamento de um disco do Hildon (lembram dele? "Na Rua na Chuva na Fazenda", "As Dores do Mundo", "Na Sombra de Uma Árvore"), mas estava lotado, não havia mais mesas disponíveis.
Pois prometi que quando retornasse para uma temporada um pouco maior em Copacabana (no caso, agora em janeiro) voltaria ao Allegro Bistrô para tomar uma boa cerveja importada e ouvir boa música ao vivo.
Ia. Não vou mais. Perdi.
Depois de 44 anos a Modern Sound vai fechar as portas.
Dívidas gerados pelo capenga mercado atual.
Cai um símbolo para os amantes da boa música.
A Modern Sound era um ícone aparentemente eterno. Não era. Assim como nós não somos.
Dá uma nostalgia...
Tempos e sensações que se foram para sempre junto com todas essas lojas que estão sumindo uma a uma.
Não vou ter a oportunidade de conhecer o Allegro Bistrô e muitas gerações, amantes de música, que virão não saberão o que é uma grande loja de discos.
Ainda bem que levei meu filho lá. Parece que estava adivinhando...


Modern Sound: The End
Terminou, no último dia de 2010, 40 anos de história da mega-loja de discos Modern Sound.
Na próxima quarta-feira, dia 05 de janeiro, vai acontecer um leilão de todos os itens ainda disponíveis na loja: livros de música, LPs, CDs e DVDs.
O lance mínimo por item é de R$ 5,00.
Termina de forma melancólica o último grande ícone comercial de música do Rio.
Há possibilidade da reabertura - em Copacabana mesmo - de uma pequena loja com o mesmo nome.
Mas vai ser outra coisa.
A verdadeira Modern Sound acabou para sempre. Não sobreviveu às novas tecnologias e preços.
Para salvá-la, só se existisse de verdade um Banco Del Mutuo Soccorso...


2 comentários:

Jefferson disse...

Marquinho, excelente post, principalmente pela lembrança da saudosa Modern Sound e de tantas outras lojas de discos que acabaram. A Baratos da Ribeiro que eu ainda não conheço é uma das representantes do renascimento das lojas de discos, mesmo sendo um sebo. Você sabe dizer se eles vendem pela Internet?
Ah! É claro que me lembrei também do seu grande e também saudoso jornal Metamúsica!
Um abraço!

Marcos Oliveira disse...

Agradecemos seu comentário, Jefferson.
A Baratos da Ribeiro vende pela Internet através de um portal chamado Prefiro Vinil que trabalha com diversos sebos. Mas tem lojas que trabalham também com LPs novos (180 gr). Os preços variam entre R$ 5,00 e R$500,00, ou mais, dependendo da raridade, estado e procura pelos colecionadores. Tem de todos os estilos. Mas é bom você se cadastrar para ficar recebendo mensagens com as novidades que chegam e desaparecem logo. O endereço é www.prefirovinil.com.br

Sobre o Metamúsica citado por você, tantos anos depois (mais de 12 anos) de ter parado de fazer ainda tem gente procurando as edições, o que me surpreende. Veja a nota que recebi esta semana (não vou citar o leitor):

"Marcos,

Fiquei imensamente feliz por sua presteza em tentar conseguir o primeiro volume para mim.
Há muito tempo, busco essa edição aqui em Recife, mas nunca consegui lograr êxito.
Um amigo até tentou ajudar, procurando entre os exemplares do acervo dele, mas só encontrou um: o dele!
Os meus exemplares são guardados com muito zelo e cuidado. Na verdade, têm um valor inestimável para mim e até mais do que muitos discos que tenho de minha coleção progressiva que não é pequena. Você criou um objeto de desejo, Marcos! Acredite!

Sentimos uma falta quase que insuportável daquelas edições que degustávamos, a cada estação, enquanto ouvíamos os discos indicados por elas até então desconhecidos. Matérias incríveis e dicas fantásticas de discos inimagináveis! Conheci muito material com o fanzine. Aproveito para lhe agradecer por todos os momentos prazerosos que a suas publicações me proporcionaram.

Também ganhei o dia em saber que posso ter esperanças de finalmente completar a minha coleção e conseguir desfrutar do tão desejado volume 1. Edição que descobri haver em seu conteúdo, através das outras publicações (sempre me angustiava quando lia qualquer referência a este número, simplesmente por não tê-lo), entre tantas outras coisas, uma matéria fantástica sobre o Museo Rosenbach (progressivo italiano é de que mais gosto - eu não poderia ter sobrenome diferente) e outra falando do progressivo japonês!. Soberbo!"