"A Presidente Dilma Rousseff divulgou uma nota onde afirma que ficou “evidenciado que o motivo das tentativas de violação e de espionagem (dos Estados Unidos sobre a Petrobras) não é a segurança ou o combate ao terrorismo, mas interesses econômicos e estratégicos” e diz que o Governo brasileiro tomará “todas as medidas para proteger o país, o governo e suas empresas”.
Reproduzo a nota ao final do post, mas prefiro atrever-me a traduzir o que a Presidente quis deixar claro: o campo de Libra ficará sob controle majoritário da Petrobras e as empresas dos países que participam do “poll” de espionagem liderado pela National Security Agency dos EUA não farão parte do consórcio ao qual será entregue a exploração da maior das reservas de nosso pré-sal.
Mas como eu posso afirmar isso, se haverá um leilão, um processo licitatório cujo resultado, em tese, não se pode prever?
Por uma simples razão, este leilão tem caracterìsticas totalmente diferentes dos leilões que nos acostumamos a ver, nascidos na era FHC.
Não é o lance do “bônus de exploração” que o definirá.
Este é fixo: R$ 15 bilhões.
É uma espécie de “habilitação” para participar da disputa.
O que decidirá é a parcela do petróleo que o vencedor oferecerá ao Estado brasileiro.
E a Petrobras está pronta para “entrar rachando” nisso, com uma oferta que nenhuma multi poderá fazer, até porque não vão se interessar por algo que, por lei, não poderá controlar fisicamente e tentar, com isso, “compensar” o “sobrepreço” representado por uma parcela robustíssima do óleo entregue ao Governo.
Quando a Presidenta diz que o Governo tomará todas as providências para proteger “suas empresas”, o que quer dizer é que o Governo brasileiro tratará a Petrobras, neste leilão, como trataria de si mesmo.
Há espaços legais para isso, que vão desde a lei da partilha do petróleo estabelecer “um mínimo” de 30% para a Petrobras – e mínimo já diz tudo – até operações “casadas” entre o Tesouro – ou o BNDES – com nossa petroleira para que ela disponha de folga financeira para assumir os ônus iniciais da exploração, que levará vários anos até fazer a área entrar em produção economicamente compensadora.
E tudo sob o constrangedor silêncio dos urubus, que não terão coragem de dar mais que pios, diante da afronta à Nação que foi este episódio de espionagem comercial do governo americano, funcionando como agente de suas multinacionais.
O adiamento da outorga da exploração do campo de Libra, jóia da coroa do pré-sal, se podia antes ter a justificativa de esperar que a Petrobras conseguisse equacionar os gargalos provocados pelo imenso desafio de desenvolver imensas áreas já sob sua responsabilidade, agora passou a ser interesse apenas de grupos que preferem ver o caso “esfriar” para que, depois, as empresas beneficiadas pelo furto de informações possam voltar a se apresentar de “cara limpa” e “competitividade” renovada.
Estão, neste momento, com o estigma do crime estampada em suas testas. Os seus “boards”, neste momento, discutem se não vão se apresentar ao leilão, e deixar com isso patente que foram pegos com a boca na botija ou se participam para “cumprir tabela”.
Seus simpatizantes aqui, como o nefasto Adriano Pires, sempre escalado pela Globo para defender as multis no petróleo brasileiro, já reclamava na Globonews, hoje, da “xenofobia” provocada por “este erro” do governo americano. Vejam só: espionar é “erro”, defender o Brasil da espionagem é “xenofobia”.
O fato é que ele e todos os entreguistas estão gaguejando.
Quando a gente está apanhando, ensinava o célebre e folclórico tecnico Neném Prancha, “arrecua os arfi para evitar a catastre”.
Mas quando o jogo vira, talvez ele dissesse: “avança o centrefor pra compretá o massacre”.
PS. Para os não-velhinhos feito eu, “arfi” eram os alf, os laterais. “Centrefor”, ou center forward, era o centroavante."
Fonte: Tijolaço
A nota da Presidência
Mais uma vez, vieram a público informações de que estamos sendo alvo de mais uma tentativa de violação de nossas comunicações e de nossos dados pela Agência Nacional de Segurança dos EUA. Inicialmente, as denúncias disseram respeito ao governo, às embaixadas e aos cidadãos – inclusive a essa Presidência. Agora, o alvo das tentativas, segundo as denúncias, é a Petrobras, maior empresa brasileira. Sem dúvida, a Petrobras não representa ameaça à segurança de qualquer país. Representa, sim, um dos maiores ativos de petróleo do mundo e um patrimônio do povo brasileiro.
Assim, se confirmados os fatos veiculados pela imprensa, fica evidenciado que o motivo das tentativas de violação e de espionagem não é a segurança ou o combate ao terrorismo, mas interesses econômicos e estratégicos.
Por isso, o governo brasileiro está empenhado em obter esclarecimentos do governo norte-americano sobre todas as violações eventualmente praticadas, bem como em exigir medidas concretas que afastem em definitivo a possibilidade de espionagem ofensiva aos direitos humanos, a nossa soberania e aos nossos interesses econômicos.
Tais tentativas de violação e espionagem de dados e informações são incompatíveis com a convivência democrática entre países amigos, sendo manifestamente ilegítimas. De nossa parte, tomaremos todas as medidas para proteger o país, o governo e suas empresas.
Dilma Rousseff
Presidenta da República Federativa do Brasil
Por: Fernando Brito
2 comentários:
Três hipóteses de reação da presidente aos acontecimentos recentes:
Hipótese 1 – Para o bem estar social do brasileiro, não é tão importante entrar neste jogo de confronto. A questão da soberania é primordial, mas o mundo hoje é um barril de pólvora. Quando milhares morrem diariamente no Oriente Médio, vamos trazer para nós a discórdia e o confronto?
O Brasil é um país de tradição não bélica. Não podemos tomar medidas drásticas contra os Estados Unidos, pois, afinal de contas, em que isto nos ajudaria neste momento? Vamos dar um crédito de confiança e esperar um pedido formal de desculpas.
Tenho a garantia do presidente Obama de que ele cuidará pessoalmente de saber o que aconteceu e nos comunicará o resultado das averiguações.
O importante é que a taxa de desemprego está baixa, a inflação está controlada, o câmbio, que andou assustando, voltou à normalidade, e os fundamentos macroeconômicos estão firmes. O PAC está caminhando. Os investimentos em infraestrutura ocorrerão com as concessões previstas.
Isto criará um ambiente de negócios positivo no país. Também, as instituições democráticas estão funcionando, apesar de alguns percalços existirem.
Hipótese 2 – Este caso da espionagem dos Estados Unidos é seriíssimo e incompreensível. No entanto, sou uma governante responsável por 200 milhões de pessoas e não posso ter reações emocionais.
Nossa correlação de forças, principalmente a militar, sugere reserva não amistosa. Entretanto, propostas surgidas, como o cancelamento do leilão de Libra e da compra de caças junto à empresa norte-americana, devem ser tomadas, até porque as concorrências foram contaminadas.
Este ato norte-americano servirá para repensarmos toda nossa segurança e soberania nacional, e o posicionamento futuro no xadrez geopolítico mundial.
É irrelevante um pedido formal de desculpas, até porque o ato é indesculpável. Enfim, repercussões no curto prazo serão só a suspensão das concorrências corrompidas. No médio prazo, devemos ter uma atuação mais soberana, buscando alianças de interesse para a nossa sociedade.
Hipótese 3 – O Brasil é um aliado estratégico dos Estados Unidos. O ocorrido não é o suficiente para arroubos nacionalistas, que irão comprometer a aliança histórica com nosso vizinho do norte.
É claro que os Estados Unidos, visados como são, precisam se precaver, buscando se antecipar a ações terroristas. Vamos suplantar este momento de dificuldade, que é a coisa mais inteligente que se pode fazer.
Recebi a informação do presidente Obama que houve excesso do pessoal de segurança deles e isto, em hipótese alguma, acontecerá de novo com o Brasil. Ele reconheceu que foi criado um sistema que fugiu ao controle do próprio presidente dos Estados Unidos.
Ou seja, considero esta declaração como um pedido formal de desculpas. É bom lembrar que pedidos formais de desculpas são difíceis para qualquer país do mundo fazer.
Não vou cancelar nenhum leilão ou compra internacional programada. Nossas empresas estão juntas em diversos empreendimentos, aliás, a contribuição das empresas deste país para nosso desenvolvimento é inegável. E precisamos continuar crescendo, sem abrir mão de qualquer contribuição, ainda mais sendo ela decisiva.
http://www.viomundo.com.br/denuncias/paulo-metri-somos-capachos-subalternos.html
Paulo Moreira Leite: adiar Libra é fazer o jogo contra o Brasil
11 de setembro de 2013 | 11:46
As coisas vão ficando claras e espero, sinceramente, que as pessoas que – como eu – defendem e desejam o monopólio estatal sobre o petróleo entendam que as regras podem não ser exatamente as que desejamos. Mas é com elas que conseguimos tirar a exploração do petróleo dos contratos de concessão ruinosos de Fernando Henrique Cardoso e fortalecer a Petrobras.
Petróleo não é apenas dinheiro, é poder. E, para isso, temos de aproveitar a oportunidade de consolidar o novo formato de partilha, que vai garantir para o Brasil não apenas Libra, mas muito mais petróleo que ainda não está descoberto, embora dele já se saiba.
Porque foi nessa mudança de modelo, feita por Lula e Dilma, que a oposição entreguista dançou.
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