Perfume - Parte 1

Comemorando os (agora mais de) 50.000 acessos no Blog, preparamos um post especial dividido em três partes. Espero que se interessem pelo tema.
O livro "O Perfume" (1985) do alemão Patrick Süskind (já adaptado para o cinema e disponível em DVD) conta a singular história de um perfumista no século XVIII em Paris que busca a todo custo o perfume perfeito. Acho que já comentamos de passagem aqui no blog.
Trata-se de uma obra impactante pois é um drama de suspense com caráter psicológico e acontecimentos inusitados (é melhor não contar detalhes).
Basta dizer que uma de suas fontes de inspiração são as obras de análise psicanalítica de Sigmund Freud. Recomendo.
Mas o que motivou escrever breves linhas sobre o tema "perfume" foi uma propaganda comercial que vi na TV.
Como sabem, nesta época de Natal pipocam, mais do que em qualquer outra época do ano, anúncios conclamando ao consumo desenfreado.
Mas isso é tema para outro post. A verdade é que as empresas capricham.
A propaganda era do Boticário. Resumo: Um senhor coloca perfume nos reservatórios de um daqueles aviões utilizados para espalhar produtos químicos em plantações.
A seguir o avião decola e passa a espalhar a essência no ar, nuvens se formam e o perfume retorna à terra através da chuva. As pessoas ficam encantadas com o perfume da chuva. Fim. Muito boa.
Explora o lado emocional do perfume. Nos tempos atuais é normal que as pessoas de forma automática valorizem mais o sentido da visão. A imagem é tudo. Os outros sentidos ficaram meio que relegados a um segundo plano. Até também por conta da tecnologia: consigo colocar aqui no blog imagens (visão) e sons (audição), mas nada em relação a experiências com tato, olfato e paladar. A não ser descrições.
No entanto pesquisas indicam que um sabor, uma música, um perfume podem permanecer na memória por décadas, muito mais que uma imagem.
Em um post do mês passado disse que os sabores de três frutas me lembravam a infância. Da mesma forma, uma canção ou um cheiro agradável pode ser associado a momentos importantes e inesquecíveis da vida. Daí a importância de um perfume que vai além de um simples ato de convívio social - estar perfumado(a) - ou de auto-estima.
Voltando ao aspecto comercial, O Boticário, junto com a Natura, são as empresas que mais investem no Brasil em uma industria de perfumaria de melhor qualidade, com planos de exportação.
É um ramo comercial que movimenta bilhões de dólares no mundo todo. Mas o Brasil ainda está muito longe da França (disparado o maior mercado exportador) e de outros países como EUA, Itália, Alemanha e Inglaterra.
Aliás até bem pouco tempo era normal dizer que perfume mesmo só existia um tipo, o francês. Mas os outros países citados, sobretudo EUA, tem avançado muito com excelentes resultados.
Por outro lado, os números econômicos alcançados pelo Brasil, com crescimento do PIB acima dos 6%, tendem a atrair investidores também nessa área.
A primeira grande industria de perfumaria e cosméticos a anunciar implantação de uma unidade fabril em nosso país é a L'Occitane, uma das maiores da França. Detalhe: vai ser a primeira unidade fora daquele país.
Lembrando que perfumaria abrange também, além dos perfumes propriamente ditos, outros itens como sabonetes, loções, shampoos e mesmo artigos de beleza, como maquiagem.
Bem, apesar desse breve texto, não sou um especialista em indústria de perfumes, mas gosto do tema.
Sobretudo duas questões: como são criados os perfumes e se existem analistas dos mesmos que os traduziriam em palavras para o grande público.
Tema para parte 3 deste assunto. A parte 2 vocês vão ver daqui a pouco.
Mas eu não poderia encerrar sem comentar sobre a questão instintiva: aromas, perfumes, remetem ao impulso da sensualidade. É óbvio que todos sabem disso. E o maior sucesso dessa indústria é exatamente esse. Com isso voltamos ao primeiro parágrafo (sobre o livro).
Mais legal que o livro e filme citados, é um outro filme que figura na lista dos melhores de todos os tempos de muita gente e que explora de uma forma indireta o nosso tema. Trata-se de "Perfume de Mulher" (1992) com o fantástico Al Pacino que ganhou o Oscar com essa atuação: "Em busca de realizar um antigo sonho antes de morrer, um militar cego (Al Pacino) contrata um jovem e inexperiente estudante (Chris O'Donnell) para ajudá-lo a passar um fim de semana inesquecível em Nova Iorque".
A seguir talvez a cena mais admirável do filme: o diálogo do velho militar cego com o jovem acompanhante, a ótima abordagem da bela no restaurante e a dança de tango ("Por una cabeza", de Carlos Gardel e Alfredo Le Pera).