12 de janeiro de 2013

Almas Perfumadas: O Aroma Interior

Da série "Retrospectivas".  
Como falei de um perfume no post anterior me lembrei deste.
Trata-se de post relativamente recente (publicado ano passado), mas como foi muito comentado por amigos leitores elogiando o texto reproduzido, repetimos o mesmo para reflexão a respeito: até que ponto exalamos um perfume vindo da alma para deleite dos que nos rodeiam?

Quase sempre por trás de ações perniciosas realizadas no planeta, países, comunidades, etc. existe um grande vilão.
É só olhar a história. Antiga e atual.
Verdade que nem sempre os "vilões" que aparecem estão sozinhos ou se formaram do nada.
Tem sempre interesses escusos nacionais e internacionais envolvidos.
Mas não desejo falar desses vilões e sim lembrar que se existem trevas, a luz também aparece.
E na figura de pessoas especiais que fizeram e fazem a diferença positiva neste mundo.
Também neste caso poderíamos citar diversos nomes.
Este tema entrou em pauta porque ouvi hoje uma antiga música do grupo mineiro-carioca 14 Bis, do disco "A Idade da Luz", de 1983.
Trata-se da canção "Adoráveis Criaturas". Um dos versos canta:

"Seres luminosos brilham mais aonde é preciso de luz
 A cada nova era aqui na Terra a coisa se reconduz
São adoráveis criaturas 
Surgindo do inesperado
Deixando esse louco planeta
 
Inteiramente mudado".
Trazendo essa visão planetária para um ângulo mais pessoal, pergunto a vocês: quem nunca encontrou na vida uma dessas pessoas especiais, sempre de bom-humor, com uma visão positiva da vida, distribuindo otimismo e uma espécie de bem-estar que encontramos ao estar ao lado delas? Na família, nas escolas por onde passamos, no trabalho, na vizinhança, em qualquer época da vida.
São "seres luminosos" que além de possuir luz própria, iluminam caminhos de outras pessoas, muitas vezes nem se dando conta disso. São "almas perfumadas".
É verdade que pessoas assim também são alvos mais fáceis do "vampirismo" alheio, mas isso é outra história.
Fechando essa idéia que começou com os versos da música do 14 Bis, vejam esse belo texto denominado exatamente "Almas Perfumadas" que traduz com belas palavras de prosa-poética o que tentei dizer aqui.
Trata-se de texto já bem reproduzido pela Internet afora e quase sempre creditado ao grande Carlos Drummond de Andrade. No entanto, uma pesquisa mais apurada me indicou que a verdadeira autora chama-se Ana Cláudia Saldanha Jácomo, jornalista, e ela escreveu como uma homenagem para avó, conforme descrito no último parágrafo.
Que tentemos ser ao longo de nossa vida, pelo menos um pouquinho, uma "adorável criatura" e transmitir, mesmo que de forma discreta, um pouco de luz e um suave perfume vindo da alma para os que nos rodeiam.

Almas perfumadas
Ana Cláudia Saldanha Jácomo
"Tem gente que tem cheiro de passarinho quando canta. De sol quando acorda. De flor quando ri. Ao lado delas, a gente se sente no balanço de uma rede que dança gostoso numa tarde grande, sem relógio e sem agenda. Ao lado delas, a gente se sente comendo pipoca na praça. Lambuzando o queixo de sorvete. Melando os dedos com algodão doce da cor mais doce que tem pra escolher. O tempo é outro. E a vida fica com a cara que ela tem de verdade, mas que a gente desaprende de ver.

Tem gente que tem cheiro de colo de Deus. De banho de mar quando a água é quente e o céu é azul. Ao lado delas, a gente sabe que os anjos existem e que alguns são invisíveis. Ao lado delas, a gente se sente chegando em casa e trocando o salto pelo chinelo. Sonhando a maior tolice do mundo com o gozo de quem não liga pra isso. Ao lado delas,pode ser abril, mas parece manhã de Natal do tempo em que a gente acordava e encontrava o presente do Papai Noel.
Tem gente que tem cheiro das estrelas que Deus acendeu no céu e daquelas que conseguimos acender na Terra. Ao lado delas, a gente não acha que o amor é possível, a gente tem certeza. Ao lado delas, a gente se sente visitando um lugar feito de alegria. Recebendo um buquê de carinhos. Abraçando um filhote de urso panda. Tocando com os olhos os olhos da paz. Ao lado delas, saboreamos a delícia do toque suave que sua presença sopra no nosso coração.
Tem gente que tem cheiro de cafuné sem pressa. Do brinquedo que a gente não largava. Do acalanto que o silêncio canta. De passeio no jardim. Ao lado delas, a gente percebe que a sensualidade é um perfume que vem de dentro e que a atração que realmente nos move não passa só pelo corpo. Corre em outras veias. Pulsa em outro lugar. Ao lado delas, a gente lembra que no instante em que rimos Deus está dançando conosco de rostinho colado. E a gente ri grande que nem menino arteiro.
Costumo dizer que algumas almas são perfumadas, porque acredito que os sentimentos também têm cheiro e tocam todas as coisas com os seus dedos de energia. Minha avó era alguém assim. Ela perfumou muitas vidas com sua luz e suas cores. A minha, foi uma delas. E o perfume era tão gostoso, tão branco, tão delicado, que ela mudou de frasco, mas ele continua vivo no coração de tudo o que ela amou. E tudo o que eu amar vai encontrar, de alguma forma, os vestígios desse perfume de Deus, que, numa temporada, se vestiu de Edith, para me falar de amor."
Fonte: Releituras

Um comentário:

Anônimo disse...

MARAVILHOSO! SÓ QUE É CADA VEZ MAIS DIFICIL ACHAR ALMAS PERFUMADAS.