7 de janeiro de 2013

Implacável Metamorfose

Conforme prometemos em dezembro, continuamos nesta primeira quinzena de janeiro fazendo uma mini-retrospectiva do blog, postando outra vez alguns textos publicados ao longo dos últimos quatro anos.
É 'mini' porque temos atualmente mais de 3.500 posts em arquivo!
O texto de hoje foi escrito pelo Luiz Felipe em junho de 2009.
Percebam como está atual.
Mudam alguns atores ou nuances dos tipos de problemas mas as questões sem resolução continuam as mesmas.


Uma breve idéia do tempo
Por Luiz Felipe Muniz (Advogado / Ambientalista)
Quando os assuntos do dia-a-dia se sucedem num furor incapaz de ser acompanhado pelas mentes medianas mais antenadas – hummm!! –, sem dúvida, são os sinais indeléveis de um tempo em mutação radical, rasgando as histórias pessoais e coletivas, fazendo de cada um de nós os seus protagonistas mais talentosos ou as vítimas mais ingênuas do agora!

Não creio que teríamos pensado num sertão nordestino farto em águas torrenciais em tão pouco espaço de tempo! As inundações e a destruição por lá só não são maiores do que em Santa Catarina, porque a nossa mídia não privilegia o que ocorre com os pobres brasileiros mais ao norte. Tomaram alguma medida somente após o rompimento catastrófico de uma barragem – construída para reserva de água doce em terras ressequidas pela aridez histórica –, que matou gente e animais e que exterminou vilas e comunidades inteiras ao longo de mais de 100 km de uma língua d’água em pleno leito trincado!

A seqüência de eventos fora do que poderíamos classificar como normais é fabulosa. Somente para ficar num exemplo do clima recente do continente Americano, registramos que desde os magníficos e destruidores furacões Katrina e Wilma em agosto e setembro de 2005, e a seca impensada, logo após, na Bacia do Amazonas, que muitos estudiosos dizem que “o futuro já chegou e há algo fora de ordem”.

Mas os fatos não dão trégua. Na área sócio-econômica os índices de desemprego na Europa são recordes, nos EUA os ícones do capitalismo americano desabam a cada dia, registrando por último a GM e o Citigroup como despejados do índice Dow Jones e estatizados pelo governo de Obama. Enquanto isso, no Brasil uma revolução oculta está em curso, tanto na área social como na área econômica, deixando boa parte das elites políticas – tradicionais e dominantes – enlouquecida com este Brasil menos colônia, mais democrático, menos manipulado, mais transparente, menos omisso, mais justo, menos mídia de massa, mais Internet e mais dono do seu nariz!

Em recente publicação, Kofi Annan (ex-Secretário-geral da ONU), lança um alerta sobre os milhares de mortos anuais, diretamente relacionados com as mudanças climáticas, traçando um cenário de evidentes potencialidades de ocorrência para os próximos anos. Quando interligamos informações como esta com as sucessões de fatos trágicos da atualidade, não fica difícil “lincar” a complexa questão ambiental, que está por trás de boa parte dos acontecimentos atuais.

As empresas, os governos e a sociedade em geral já sabem que não há como crescer exponencialmente rumo ao infinito, como afirmavam os modelos insustentáveis do neocapitalismo. Sabem também que será preciso um esforço descomunal para surgir um novo “modus” de ser e de estar neste planeta, daí a enorme mutação em jogo...

Os nossos modelos de desenvolvimento e os nossos modelos de pensamento estão atrelados a valores absolutos com itens pouco mutáveis, exatamente num planeta agora, em franca transformação metamorfósica. Será inevitável! Ou nos adaptamos ou seremos eliminados do processo! O que não podemos mais é desprezar o tempo que corre contra todos nós. As urgências na adaptação são evidentes e muitos já sentem na pele os seus efeitos.

Até na última triste tragédia aérea com o avião da Air France, há fortes sinais de que a indústria da aviação mundial está agora diante do primeiro grande evento trágico resultante de fenômenos atmosféricos incomuns, na mesma seqüência e proporção das tormentas pluviométricas que atingem o nordeste brasileiro – e que atingiram o sudeste recentemente –, ou seja, as mudanças climáticas fazem as suas primeiras vítimas fatais na aviação comercial internacional!

Eu penso que ainda teremos grandes surpresas com esta veloz metamorfose inevitável. Por todo o canto do mundo ações já estão, e deverão continuar, emergindo na busca de novos caminhos, mas é bom que se diga: o tempo urge e não será fácil para ninguém!

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito bom!