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27 de janeiro de 2013
Razões Para Ser Bonita
Chove lá fora e aqui, tá tanto frio...
Essa é do Lobão. Não está frio, mas chove muito neste instante. Por causa disso mudei os planos de pegar uma deliciosa praia e estou retornando ao blog. É verdade que tem muitos filmes e documentários gravados aguardando na fila e alguns livros sendo lidos simultaneamente, mas o esforço ontem do Luiz Felipe de postar algo no blog (mesmo com tantas demandas) me fez dar uma olhadinha com carinho neste nosso espaço. Bem, é sempre um prazer.
Sobre os livros, comentarei oportunamente até porque não terminei ainda. Mas adianto que os três não são a trilogia "Cinquenta Tons de Cinza", que continua no topo na lista de Best Sellers. Nem comprei. Talvez esteja aguardando outras cores e seus diversos tons... azul, verde, amarelo, vermelho... Mas o dia está cinzento, conectado portanto com a citada obra.
Multidisciplinar, nosso blog pouco comentou em sua história sobre peças de teatro. Vale lembrar incursões do Luiz Felipe sobre o tema, como em "A Alma Imoral" com a Clarice Niskier.
A pouca abordagem do assunto deve-se ao fato do mesmo não ser ainda devidamente popularizado, seja em termos de divulgação para o grande público bem como por questões econômicas e culturais.
Aí é bom lembrar da iniciativa do Governo Federal ao criar a Bolsa Cultura que pode significar uma mudança neste quadro.
Mas o fato é que, depois de longo e tenebroso inverno (verão?), assistimos na semana passada à peça "Razões para ser bonita" e o post é para recomendá-la. Trata-se de adaptação de Suzane Garcia da obra original de Neil LaBute. Uma comédia dramática que vai mostrando através da relação de amizade de dois casais de trabalhadores como há um exagero na valorização da beleza física e na preocupação com o que os outros estão pensando acerca de nós, em época de Facebook, Twitter e Instagram.
É a terceira parte de uma trilogia do famoso dramaturgo americano e que foi sucesso na Broadway.
Com os ótimos Ingrid Guimarães, Marcelo Faria (filho de Reginaldo Faria e primo de Ingrid), Gustavo Machado e Aline Fanju. Direção de João Fonseca.
"A história sobre a relação entre quatro amigos mostra quanto o padrão de beleza "em voga" pode fazer sofrer e provocar angústias. Todos na peça, de alguma forma, estão presos ao modelo que valoriza o poder da beleza e da juventude.
A comédia aborda criticamente a importância das "embalagens" no mundo contemporâneo, fala do excesso de julgamentos que fazemos dos indivíduos à nossa volta e demonstra o quanto o padrão de beleza vigente pode conduzir não só o cotidiano, como também influenciar decisões importantes nas vidas das pessoas.
'O Neil Labute é um autor que faz uma comédia diferente, uma comédia ácida, já tinha visto outras montagens dele, de outros textos dele. E eu acho que esse assunto beleza, aparência é um assunto muito atual com o qual a gente se identifica. Então achei que era hora', contou Ingrid."A peça vai continuar em cartaz no Teatro dos Quatro, Shopping da Gávea, até o final de fevereiro e depois poderá fazer um circuito nacional. Tomara.
Fica a dica de lazer e cultura do blog neste domingo lusco-fusco.
P.S.1: A foto abaixo tem a ver de forma indireta com a peça: minha filha registrou-a no domingo passado, por volta das 18 horas no caminho para a Gávea. Uma imagem de verão (nublado) da cidade maravilhosa.
P.S.2: Não dá para escrever um post hoje sem registrar a tragédia na casa noturna do Rio Grande do Sul. Fatos assim são anunciados: estamos sujeitos em transportes coletivos, cinemas, teatros, restaurantes, estádios... qualquer ambiente confinado.
Leis mais rígidas municipais e estaduais ou ao menos fiscalizações para cumprir as que já existem são indispensáveis. Seguranças preparados, briefing de segurança, saídas de emergência e rotas de fugas bem sinalizadas etc. são as únicas formas de evitar fatos tão tristes.
A registrar as lágrimas da Presidente Dilma, que demonstrou com sua emoção o sentimento de todos os brasileiros.
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2 comentários:
Marcos, veja a crítica da temida Barbara Heliodora sobre esta peça.
Acomédia clássica tem base na ideia de que pelo riso se pode corrigir comportamentos que se afastam do natural e do bom senso, e Neil Labute, com “Razões para ser bonita”, critica o delirante culto à beleza buscada como se fosse vara de condão para a felicidade. Se o riso de Labute é muito alegre, ele é também muitas vezes cruel, e “Razões para ser bonita” com isso expõe muito bem o que quer denunciar, e a tradução/adaptação de Susana Garcia soa viva e espontânea.
Pondo em cena o relacionamento de dois casais, não é só da busca da aparência que Labute fala; as duas mulheres e os dois homens são contrastantes sob vários aspectos, com o culto do corpo dos homens escravos da academia, o machismo, o culto da beleza e o destino biológico da mulher se entrosando em uma trama bem armada. Uma série de cenas curtas é entremeada por pequenos monólogos críticos de reflexão dos personagens sobre suas vidas, formando um conjunto muito divertido, mas também com peso crítico.
A encenação em cartaz no Teatro dos Quatro serve muito bem o texto; o bom cenário de Fernando Melo da Costa é funcional, tem por base a convenção teatral e serve bem a mobilidade da ação; e os figurinos de Antonio Medeiros prestam boa colaboração para completar o mundo daquele quarteto. A luz de Daniela Sanchez e a trilha sonora de René Machado são satisfatórias. A direção de João Fonseca é muito boa e sublinha o lado crítico e até cruel do texto sem perder o ritmo e o andamento da comédia, dando o necessário apoio à criação de personalidades reconhecíveis, cujas diferenças são a essência da trama de Labute.
Tudo isso acolhe, na interpretação, um quarteto equilibrado em seu rendimento, com cada elemento dimensionado em sua funcionalidade e comunicação com o público. Se Ingrid Guimarães (inevitavelmente) se destaca, ela cuida para que seja apenas no nível em que o texto pede e compõe deliciosamente sua Steph, que tem em Gustavo Machado um companheiro à altura, para a elaboração de seu difícil relacionamento. Marcelo Faria e Aline Faju estão ambos bem, não só um com o outro, mas também por servirem de contraponto para o outro casal. “Razões para ser bonita”, enfim, é uma comédia inteligente e divertida, com um quarteto de atuações que são um prazer de se curtir e aplaudir.
A Ingrid Guimarães é a melhor atriz de sua geração. Vale a pena assisti-la na série Mulheres Possíveis do GNT e ela está ainda melhor em De Pernas Pro Ar 2.
Adorei o post e a foto da Lagoa que coloquei como wallpaper no meu notebook.
Beijos.
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