A política na vizinha Venezuela nunca foi fácil, nem a absurda desigualdade social, muito por conta do petróleo e por conta da aproximação física dos EUA como um cão faminto solto no quintal!
O fato interessante é que com os atuais avanços das tecnologias da informação e da comunicação, tá ficando cada vez mais difícil, até mesmo para as gigantes dominantes das mídias de massa em seus canais fechados como a Globo News, garantir o viés da direita na extrema!
Assistam ao programa do último dia 18 do "Entre Aspas" e tirem as suas conclusões, pois a Mônica Waldvoguel ficou mto atrapalhada em alguns momentos, adorei!
O Igor Fuser dá uma aula sobre a história e os atuais momentos da vizinha.
Mas vejam até o final, são uns 26 minutos.
ASSISTAM AQUI
Deu no Blog Escrevinhador: AQUI
"Igor Fuser dá uma aula sobre Venezuela – e passa pito na Globo, em plena Globo
publicada quarta-feira, 19/02/2014 às 14:48 e atualizada quarta-feira, 19/02/2014 às 15:02
“Nunca vi nem na Globo nem nos jornais brasileiros uma
única notícia positiva sobre a Venezuela. Uma única. Será que em 15
anos de chavismo não aconteceu nada positivo? Cadê o outro lado? Será
que os venezuelanos que votaram no Chávez e no Maduro são tão burros, de
votar em governo que só faz coisa errada?” (Igor Fuser, professor da
UFABC)
por Paulo Donizetti de Souza, na Rede Brasil Atual
O professor de Relações Internacionais da USP José Augusto Guillon e a
apresentadora Mônica Waldvoguel, do programa Entre Aspas, da Globonews,
chegaram ao limite da gagueira, ontem (18), durante debate a respeito
da crise na Venezuela com a participação do jornalista Igor Fuser, do
curso de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC (UFABC).
O debate começa dirigido, ao oferecer como gancho para a discussão a
figura de Leopoldo Lopez, o líder oposicionista acusado de instigar a
violência nos protestos das últimas semanas, e preso ontem.
Diz a narração de abertura: “Ele é acusado de assassinato, vandalismo e de incitar a violência. Mas o verdadeiro crime de Lopez, se podemos chamar isso de crime, foi convocar uma onda de protesto contra o governo de Nicolás Maduro. Protestos seguidos de confrontos que deixaram quatro mortos e dezenas de feridos”. E segue descrevendo que a violência política decorre da imensa crise no país – inflação, falta de produtos nas prateleiras, criminalidade em alta. Ainda no texto de abertura, na voz de Mônica, o governo é acusado de controlar a economia e a Justiça, pressionar a imprensa e lançar milícias chavistas contra dissidentes. E encerra afirmando que Leopoldo Lopez, na linha de frente, reivindica canais de expressão para os venezuelanos, e abrem-se as aspas para Lopez: “Se os meios de expressão calam, que falem as ruas”.
Do início ao fim do debate, com serenidade e domínio sobre o assunto, Igor Fuser leva a apresentadora e o interlocutor às cordas desde o início. Reconhece as dificuldades políticas do presidente Nicolás Maduro e a divisão da sociedade venezuela. Mas corrige os críticos, ao enfatizar que o país vive uma democracia, e opinar que a campanha liderada por Lopez é “golpista”, ao ter como mote a derrubada do governo legitimamente eleito com mandato até 2019.
Fuser informa que em dezembro se cristalizou um processo de diálogo entre governo e oposição, então liderada por Henrique Capriles, derrotado nas duas últimas eleições presidenciais por margem muito pequena de votos. E que a disposição ao diálogo levou a direita mais radical a isolá-lo, permitindo a ascensão de figuras como Leopoldo Lopez. Indagado se não seria legítimo as manifestações da ruas pedirem a saída do governo, como foi no Egito ou está sendo na Ucrânia, o professor da UFABC resume que as manifestações na Ucrânia são conduzidas por nazistas, e no Egito a multidão protestava contra uma ditadura. Lembra que na Venezuela houve quatro eleições nos últimos 15 meses, que o chavismo venceu todas no plano federal, mas que as oposições venceram em cidades e estados importantes, governam normalmente e as instituições funcionam, e que a Constituição é cumprida.
Questionado sobre a legitimidade da Constituição – que teria sido sido aprovada apenas por maioria simples – informou que a Carta, depois de passar pelo Parlamento, foi submetida a referendo popular e aprovada por 80% dos venezuelanos – o que inclui, portanto, mais da metade dos que hoje votam na oposição. E à ironia dos debatedores, de que seria paranoia das esquerdas acusar os Estados Unidos de patrocinar uma suposta tentativa de golpe, esclareceu: os Estados Unidos estiveram por trás de tantos golpes da América Latina – na Guatemala nos anos 1950, no Brasil em 1964, no Chile em 1973, na própria Venezuela em 2002 – que não é nenhum absurdo supor que estejam por trás de mais um. E que também não é absurdo, em nenhum país do mundo, expulsar diplomatas que se reúnem com a oposição como se fossem dela integrantes.
O jornalista desmontou também os argumentos de que o país sofre de ausência de liberdade de expressão. Disse que o governo dispõe, de fato, de jornais, canais de rádio e de televisão importantes, mas que dois terços dos veículos de imprensa da Venezuela são controlados por forças oposicionistas. E que o que existe na Venezuela seria, portanto, a possibilidade de contraponto. E Fuser foi ferino no exemplo dos problemas que a ausência de diversidade nos meios de comunicações causam à qualidade da informação: “Sou jornalista de formação e nunca vi nem na Globo nem nos jornais brasileiros uma única notícia positiva sobre a Venezuela. Uma única. A gente pode ter a opinião que a gente quiser sobre a Venezuela, é um país muito complicado. Agora, será que em 15 anos de chavismo naõ aconteceu nada positivo? Eu nunca vi. Não é possível que só mostrem o que é supostamente ruim. Cadê o outro lado? Será que os venezuelanos que votaram no Chávez e no Maduro são tão burros, de votar em governo que só faz coisa errada?”
Vale a pena assistir aos 26 minutos de programa. Essa crítica à Globo em plena Globo está nos dois minutos finais."
Diz a narração de abertura: “Ele é acusado de assassinato, vandalismo e de incitar a violência. Mas o verdadeiro crime de Lopez, se podemos chamar isso de crime, foi convocar uma onda de protesto contra o governo de Nicolás Maduro. Protestos seguidos de confrontos que deixaram quatro mortos e dezenas de feridos”. E segue descrevendo que a violência política decorre da imensa crise no país – inflação, falta de produtos nas prateleiras, criminalidade em alta. Ainda no texto de abertura, na voz de Mônica, o governo é acusado de controlar a economia e a Justiça, pressionar a imprensa e lançar milícias chavistas contra dissidentes. E encerra afirmando que Leopoldo Lopez, na linha de frente, reivindica canais de expressão para os venezuelanos, e abrem-se as aspas para Lopez: “Se os meios de expressão calam, que falem as ruas”.
Do início ao fim do debate, com serenidade e domínio sobre o assunto, Igor Fuser leva a apresentadora e o interlocutor às cordas desde o início. Reconhece as dificuldades políticas do presidente Nicolás Maduro e a divisão da sociedade venezuela. Mas corrige os críticos, ao enfatizar que o país vive uma democracia, e opinar que a campanha liderada por Lopez é “golpista”, ao ter como mote a derrubada do governo legitimamente eleito com mandato até 2019.
Fuser informa que em dezembro se cristalizou um processo de diálogo entre governo e oposição, então liderada por Henrique Capriles, derrotado nas duas últimas eleições presidenciais por margem muito pequena de votos. E que a disposição ao diálogo levou a direita mais radical a isolá-lo, permitindo a ascensão de figuras como Leopoldo Lopez. Indagado se não seria legítimo as manifestações da ruas pedirem a saída do governo, como foi no Egito ou está sendo na Ucrânia, o professor da UFABC resume que as manifestações na Ucrânia são conduzidas por nazistas, e no Egito a multidão protestava contra uma ditadura. Lembra que na Venezuela houve quatro eleições nos últimos 15 meses, que o chavismo venceu todas no plano federal, mas que as oposições venceram em cidades e estados importantes, governam normalmente e as instituições funcionam, e que a Constituição é cumprida.
Questionado sobre a legitimidade da Constituição – que teria sido sido aprovada apenas por maioria simples – informou que a Carta, depois de passar pelo Parlamento, foi submetida a referendo popular e aprovada por 80% dos venezuelanos – o que inclui, portanto, mais da metade dos que hoje votam na oposição. E à ironia dos debatedores, de que seria paranoia das esquerdas acusar os Estados Unidos de patrocinar uma suposta tentativa de golpe, esclareceu: os Estados Unidos estiveram por trás de tantos golpes da América Latina – na Guatemala nos anos 1950, no Brasil em 1964, no Chile em 1973, na própria Venezuela em 2002 – que não é nenhum absurdo supor que estejam por trás de mais um. E que também não é absurdo, em nenhum país do mundo, expulsar diplomatas que se reúnem com a oposição como se fossem dela integrantes.
O jornalista desmontou também os argumentos de que o país sofre de ausência de liberdade de expressão. Disse que o governo dispõe, de fato, de jornais, canais de rádio e de televisão importantes, mas que dois terços dos veículos de imprensa da Venezuela são controlados por forças oposicionistas. E que o que existe na Venezuela seria, portanto, a possibilidade de contraponto. E Fuser foi ferino no exemplo dos problemas que a ausência de diversidade nos meios de comunicações causam à qualidade da informação: “Sou jornalista de formação e nunca vi nem na Globo nem nos jornais brasileiros uma única notícia positiva sobre a Venezuela. Uma única. A gente pode ter a opinião que a gente quiser sobre a Venezuela, é um país muito complicado. Agora, será que em 15 anos de chavismo naõ aconteceu nada positivo? Eu nunca vi. Não é possível que só mostrem o que é supostamente ruim. Cadê o outro lado? Será que os venezuelanos que votaram no Chávez e no Maduro são tão burros, de votar em governo que só faz coisa errada?”
Vale a pena assistir aos 26 minutos de programa. Essa crítica à Globo em plena Globo está nos dois minutos finais."
Um comentário:
Oi Felipe.
Eu assisti ao programa ao vivo e ia postar algo aqui no blog mas já era um pouco tarde da noite.
A fórmula do programa "Entre Aspas" é sempre a mesma. Um tema político que coloca direita x esquerda com um convidado de cada lado. O problema é que a jornalista obviamente toma partido de quem está a sua direita. Aí ficam dois contra um, às vezes três pois eventualmente tem um convidado de Brasília ou mesmo São Paulo. Mas a tendenciosidade é descarada. O que mais irrita não é a tentativa de derrubar o convidado progressista é a tentativa de manipulação da informação, tomando o telespectador como otário. Um Manhatan Conection volume 2. A sorte é que muitas vezes os convidados não neoliberais muitas vezes derrubam de maneira quase hilária os outros dois, pois ele tem a verdade. Aí é uma questão de capacidade de se expressar bem pois não é fácil sair da armadilha.
Esse jornalista pelo menos por duas vezes deixou os outros dois de "saia justa". Só acho que ele não volta mais: cometeu o sacrilégio de citar Globo, Folha e Estadão como manipuladoras de informações: pediu que ela procurasse nos arquivos desses veículos se em 15 anos tinham dado alguma notícia positiva da Venezuela.
E faltou enfatizar que o Chavismo não é uma causa: é na verdade um efeito, o resultado do que foi a Venezuela ao longo de décadas, com uma pequena classe média altíssima vivendo na ponte aérea Caracas-Miami sob auspícios dos EUA por causa do interesse no petróleo ao lado de uma pobreza extrema da maioria da população. Não foi à toa que esses mesmos pobres deram fim ao golpe americano de 2002 e colocaram o Chaves outra vez no poder (antes que ele fosse morto). Assista no You Tube ao documentário "A revolução não será televisionada". Onde houve "participação clara da midia privada, empresários e militares oposicionistas no golpe, além de declarações do governo americano de apoio ao golpe na Venezuela".
Abraço.
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