Segue texto publicado no G1 a partir de entrevista feita neste fim de semana.
As propostas em discussão pelos países na Rio+20 não garantem um desenvolvimento mais sustentável e podem levar a um “cataclisma social e ambiental”. A opinião é do teólogo e escritor Leonardo Boff.
“As propostas em discussão não garantem o futuro e podem, inclusive, provocar um grande cataclisma social e ambiental”, disse em entrevista ao G1, após participar de uma mesa de debates no Fórum de Sustentabilidade Empresarial da Rio+20, organizado pelo Pacto Global das Nações Unidas, que acontece no Windsor Barra Hotel.
Para o teólogo, sem uma mudança profunda do modelo econômico adotado pelos países – classificado por ele de “pacto de suicídio global”, pouco pode se esperar do documento final da conferência.
“Os chefes de estado são reféns de um tipo de economia e de desenvolvimento que já não está dando certo há muito tempo. Eles querem mais do mesmo, daí não vamos esperar soluções”, afirmou Boff.
Segundo ele, nem a chamada economia verde permite superar a manutenção de profundas desigualdades e criação de crises permanentes.
“Somos vítimas de um fetiche que domina praticamente todos os documentos oficiais, que é o tipo de crescimento econômico que queremos que seja sustentável, mas que degrada a natureza e cria grandes desigualdades sociais”, disse em sua participação no fórum, citando que o número de pessoas que passavam fome no mundo passou de 860 milhões em 2007 para 1,4 milhão.
Para Boff, a esperança em torno da Rio+20 deve estar depositada nos debates envolvendo a sociedade civil. “As soluções têm de vir da humanidade e das empresas que entendem que o processo de mudança é importante”, afirmou.
Na opinião dele, “para evitar uma catástrofe anunciada” é preciso revisar não só o modelo econômico como também promover e resgatar um modo de convivência mais solidária e cooperativa.
“Esses valores têm de ser reconhecidos e incluídos no nosso projeto e, com eles, temos que ter as sinergias suficientes para transformarmos uma catástrofe anunciada numa crise de passagem rumo a uma sociedade onde é menos difícil o amor e mais fácil convivermos juntos”, completou.
Boff elogiou ainda o trabalho de cooperação desenvolvido pelo Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis, que participou da mesma sessão de debates. "Os pobres têm soluções para ajudar a superar a crise porque têm um grande capital social em termos de valores, sabem fazer a leitura do mundo e são os portadores dos novos sonhos e novas utopias", disse."
2 comentários:
"Só se fala de economia verde. Mas o que eles querem é apenas uma economia pintada de verde. Temos que ter uma ruptura com o sistema atual"
Em meio ao burburinho da Cúpula dos Povos, no Aterro do Flamengo, Zona Sul do Rio de Janeiro, ao som das máquinas que montavam as tendas ainda inacabadas e dos helicópteros que sobrevoavam o local, nesta sexta-feira (16), missionários da técnica japonesa Surkyo Mahikari realizavam a prática da energização em quem passava pelo espaço montado e se interessava.
A cena era inusitada. Os visitantes, sentados de frente para os praticantes da Mahikari, ficam de olhos fechados, enquanto os missionários transmitem a energia através da palma da mão. A diferença para a técnica do Johrei, que é mais conhecida e difundida, é que a Mahikari não é uma religião.
“A Mahikari trabalha com profissionais de Saúde, Educação, jovens voluntários. O objetivo é que as pessoas tenham uma vida centrada em Deus, independentemente da religião”, explicou a missionária Tuanne Cruz.
O G1 resolveu testar. São de cinco a dez minutos de uma espécie de meditação. O início e o fim são marcados com palmas. Um mantra é falado no começo, mas depois é só silêncio. A sensação da maioria que experimentava era de relaxamento.
A fisioterapeuta Fernanda Maia se dedica voluntariamente à divulgação dessa prática. “O objetivo principal é melhorar a sua capacidade profissional. Se você é médico, por exemplo, melhorar a qualidade da sua cirurgia. É uma energia que mexe com sua essência, com a sua alma. Ela potencializa sua capacidade como ser humano”, explicou ela, que é católica. “Não deixo de ter minha origem católica, não há distinção de religiões”, completou.
A Sukyo Mahikari visa um mundo melhor, com uma qualidade de vida elevada e digna a todos os seres. Os seguidores afirmam que a prática pode contribuir ativamente na melhoria da sociedade e do meio ambiente. A técnica, fundada no Japão em 1959, não é exclusivista para praticantes, qualquer um pode fazer.
A Cúpula dos Povos, evento paralelo à Rio+20 onde organizações da sociedade civil vão discutir temas relacionados à Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável, começou nesta sexta e promete reunir 18 mil pessoas nas 50 tendas do evento. O público esperado para essa edição do evento é quase o dobro do que compareceu à Cúpula dos Povos em 1992, durante a Rio-92.
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