Imaginem um americano, comentarista de futebol da ESPN americana, chegando ao Brasil para fazer a cobertura da Copa do Mundo.
Imaginem como ele - com todas as 'pré-informações' negativas espalhadas por nossa mídia mundo afora - poderia detonar o nosso país e tecer comentários comparativos entre a organização da Copa de 1994 (que foi lá e ele jogou) e a de 2014. Favoráveis aos EUA...
Pois vem acontecendo exatamente o contráro, para decepção de "coxinhas", complexados e espertalhões em geral que visam as eleições de outubro e torcem contra o Brasil.
Alexi Lalas, o americano tranquilo, e sua percepção do Brasil da Copa
Por Kiko Nogueira no Diário do Centro do Mundo
"Alexi Lalas marcou presença na Copa de 1994, nos EUA, menos pelo futebol e mais pela figura, com seu cabelo e longa barba ruivos e uma enorme força de vontade que mitigava o talento relativo.
Ex-zagueiro, o carismático Lalas tornou-se comentarista da ESPN — e virou, sem querer, símbolo do fla-flu estúpido em torno do Mundial no Brasil e da falsa questão entre torcer, fingir indiferença ou esperar uma catástrofe.
Ele está fazendo uma espécie de “diário de viagem”. Ao desembarcar no Galeão, postou no Twitter: “O aeroporto do Rio foi mais rápido e fácil que nos Estados Unidos. Aterrissamos, passamos pela alfândega e pegamos nossas malas em um total de 32 minutos”.
Com mil demônios, mas não era para dar tudo errado? O que cazzo aconteceu?
Logo depois, fez uma piada. E aí prometia surgir o personagem esperado: o gringo que chega ao país, se dá mal por causa da falta de infra-estrutura/corrupção/PT/ariranha/tudo isso que está aí e mostra como somos um lixo. “Dia 1 no Rio. Ainda não fui roubado nem tive meus órgãos internos colhidos”.
Foi criticado. Retratou-se: “Desculpe. Eu estava apenas tentando mostrar como as percepções nem sempre correspondem à realidade. E uma Copa do Mundo pode ajudar a mudar isto”.
Em seguida, mostrou o que viu.
“Há bares a cada 100m na Praia de Copacabana. Enquanto eu corro, eu posso vê-los brilhando como sirenes luminosas me guiando para casa”.
“Me desculpem por tantos posts. A Copa do Mundo me deixa empolgado. A Copa do Mundo no Brasil me deixa mais empolgado ainda”.
“O trânsito no Rio é como nos Estados Unidos, mas pensei que fosse mais bonito, rítmico e criativo”.
“Bonita corrida na praia de Copacabana. Muita gente, segurança visível e clima perfeito”.
Lalas, o americano tranquilo, vai curtir a Copa e torcer por seu time. Podia — por que não? — tecer comparações entre a organização do evento nos Estados Unidos e no Brasil. Foi preciso na seguinte observação: “Eu estava apenas tentando mostrar como as percepções nem sempre correspondem à realidade”.
É simples, mas Nelson Rodrigues estava certo quando disse que só os profetas enxergam o óbvio."
"Pessoas do Brasil: Percepção nem sempre é a realidade. A Copa do Mundo pode ajudar a mostrar a realidade". (Twitter de Alexis Lalas)
Sobre o Autor
Diretor-adjunto do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário