"A presidenta Dilma Rousseff participa nesta quinta-feira (14), às 12h, da solenidade de honra ao ex-presidente João Marques Belchior Goulart, o Jango. Ele receberá honras de chefe de Estado. A cerimônia será na Base Aérea brasileira e todos os ex-presidentes foram convidados. Essa será uma forma de homenagear o ex-presidente que, na época, não contou com esse ritual concedido aos chefes da Nação. Jango receberá as honras militares que compreendem, entre outros aspectos, salva de 21 tiros, execução do hino nacional e condução do esquife com os restos mortais por militares até o local onde será prestada a homenagem.
O corpo de Jango permanece na capital federal até 6 de dezembro. A exumação dos restos mortais do ex-presidente, que teve início nesta quarta-feira (13), no Cemitério Jardim da Paz, na cidade de São Borja (RS), foi concluída com êxito após pouco mais de 18 horas de trabalho. Concluída às 2h desta quinta, a exumação envolveu 12 profissionais do Brasil, Argentina, Cuba e Uruguai. O médico João Marcelo Goulart, neto do ex-presidente, teve participação efetiva em todo o procedimento.
Exilado pela ditadura militar na década de 60, Jango morou no Uruguai e depois na Argentina, onde veio a falecer em 6 de dezembro de 1976. A causa oficial da morte, um ataque cardíaco, nunca convenceu a família, que acusa o governo militar da época, de Ernesto Geisel, de ter envenenando o ex-presidente. Com a análise pericial dos restos mortais de Jango, a expectativa é de que os laudos periciais sejam somados às demais investigações, incluindo as documentais e testemunhais, na busca de um esclarecimento sobre as causas que levaram ao óbito do ex-presidente.
O processo de exumação teve início em 2007, por iniciativa de familiares. Com a instalação da Comissão Nacional da Verdade (CNV), em maio de 2012, foi criado um grupo de trabalho que vem coordenando as investigações em torno da morte de João Goulart. O trabalho é feito, de forma conjunta, pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR) e pela CNV."
Do Blog do Planalto
3 comentários:
A presidenta Dilma Rousseff afirmou nesta quinta-feira (14), em sua conta no Twitter, que a solenidade de honra ao ex-presidente João Goulart é uma afirmação da democracia no Brasil, que se consolida com este gesto histórico. Jango receberá honras de chefe de Estado durante cerimônia na Base Aérea brasileira. Essa será uma forma de homenagear o ex-presidente que, na época, não contou com esse ritual concedido aos chefes da Nação.
“Hoje é um dia de encontro do Brasil com a sua história. Como chefe de Estado da República Federativa do Brasil participo da recepção aos restos mortais de João Goulart, único presidente a morrer no exílio, em circunstância ainda a serem esclarecidas por exames periciais. Junto comigo estarão ex-presidentes da República, o presidente do Senado e políticos de todas as vertentes. Este é um gesto do Estado brasileiro para homenagear o ex-presidente João Goulart e sua memória. Essa cerimônia que o Estado brasileiro promove hoje com a memória de João Goulart é uma afirmação da nossa democracia. Uma democracia que se consolida com este gesto histórico”, disse.
PUBLICADO NO VIOMUNDO:
Banditismo
Editorial publicado na Folha de S. Paulo, em 22 de setembro de 1971
Por Octavio Frias de Oliveira
A sanha assassina do terrorismo voltou-se contra nós.
Dois carros deste jornal, quando procediam ontem à rotineira entrega de nossas edições, foram assaltados, incendiados e parcialmente destruídos por um bando de criminosos, que afirmaram estar assim agindo em “represália” a noticias e comentários estampados em nossas paginas.
Que noticias e que comentários? Os relativos ao desbaratamento das organizações terroristas, e especialmente à morte recente de um de seus mais notórios cabeças, o ex-capitão Lamarca.
Nada temos a acrescentar ou a tirar ao que publicamos.
Não distinguimos o terrorismo do banditismo. Não há causa que justifique assaltos, assassínios e seqüestros, muitos deles praticados com requintes de crueldade.
Quanto aos terroristas, não podemos deixar de caracterizá-los como marginais. O pior tipo de marginais: os que se marginalizam por vontade própria. Os que procuram disfarçar sua marginalidade sob o rotulo de idealismo político. Os que não hesitaram, pelo exemplo e pelo aliciamento, em lançar na perdição muitos jovens, iludidos, estes sim, na sua ingenuidade ou no seu idealismo.
Desmoralizadas e desarticuladas, as organizações subversivas encontram-se nos estertores da agonia.
Da opinião pública, o terror só recebe repudio. É tão visceralmente contrario às nossas tradições, à nossa formação e à nossa índole, que suas ações são energicamente repelidas pelos brasileiros e por todos quantos vivem neste país.
As ameaças e os ataques do terrorismo não alterarão a nossa linha de conduta.
Como o pior cego é o que não quer ver, o pior do terrorismo é não compreender que no Brasil não há lugar para ele. Nunca houve.
E de maneira especial não há hoje, quando um governo sério, responsável, respeitável e com indiscutível apoio popular, está levando o Brasil pelos seguros caminhos do desenvolvimento com justiça social — realidade que nenhum brasileiro lúcido pode negar, e que o mundo todo reconhece e proclama.
O Brasil de nossos dias é um país que deseja e precisa permanecer em paz, para que possa continuar a progredir. Um país onde o ódio não viceja, nem há condições para que a violência crie raízes.
Um país, enfim, de onde a subversão – que se alimenta do ódio e cultiva a violência – está sendo definitivamente erradicada, com o decidido apoio do povo e da Imprensa, que reflete os sentimentos deste. Essa mesma Imprensa que os remanescentes do terror querem golpear.
Porque, na verdade, procurando atingir-nos, a subversão visa atingir não apenas este jornal, mas toda a Imprensa deste país, que a desmascara e denuncia seus crimes.
IMPORTANTE PARA ENTENDER:
PS do Viomundo: O que a Folha não disse é que os “terroristas” protestavam contra o fato do jornal emprestar seus carros de entrega para as tocaias da ditadura.
Hoje voltamos todos a Brasília
Com os despojos do nosso eterno presidente
Seremos recebidos todos com as honras e as cicatrizes de um futuro que não houve
E de um passado que não passa
Hoje voltamos todos a Brasília
Para cantarmos tudo o que não cantamos
Arrebanhar as almas penadas que ficaram dentro de nós
A dos que se foram antes do tempo
E a nossa que aos pedaços com eles também se foi
Hoje voltamos todos a Brasília
Levamos em nossos olhos
Os olhares dos que ficaram para trás
Mas deixaram suas marcas em nossas retinas
E levamos junto os olhos de nossos filhos, de nossos netos
Com a esperança de que eles não vejam o que vimos
O futuro ser roubado de gerações inteiras
Hoje voltamos todos a Brasília
Com o peso do que perdemos no coração
E as asas
E as asas
E as asas
Batendo nas vidraças
Passando pelas grades
Ruflando na escuridão
Entre as estrelas
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