Ou: Roqueiro velho de Direita é uma merda, se me permitem a expressão, (quase) roqueiro que sou... não tão 'velho' e de Esquerda! : )
Já abordamos este 'curioso' tema aqui.
Só voltamos a ele porque o texto do Sociólogo Wagner Iglecias - publicado no Luis Nassif Online - é muito bom.
O título poderia ser também "O vazio deixado pela oposição".
Eu já desisti de ouvir esse pessoal, tanto as suas declarações como sua música. Tenho bebido na fonte dos originais ingleses e alemães dos anos 60 e 70. Ou os contemporâneos lançamentos da ECM Records. Mas aí é outra história...
Os destaques em negrito são meus.
Decadance avec elegance?
Por Wagner Iglecias
"Um dos principais bastiões de crítica ao
petismo, que está há 10 anos no poder, tem sido um grupo de senhores
cinquentões, que surgiram na cena musical brasileira na década de 1980
através do chamado Rock Brasil: Lobão, Roger, Dinho Ouro Preto e outros.
Há tempos eles vêm se manifestando, em diversos meios, com críticas ao
governo: discursos durante seus shows, tuítes, entrevistas etc. De todos
o mais crítico e de maior visibilidade é Lobão. Autor de livro, tem
sido festejado pelos setores de direita por sua mira sempre apontada
para a esquerda em geral e para o governo petista em particular. Acaba
de estrear como colunista de Veja, batendo duro no que identifica como
setores chapa-branca. É pau puro pra cima de tanta gente
identificada, em maior ou menor grau, com o que se chama de esquerda.
Mais ou menos aos moldes do que fez há pouco Demétrio Magnoli em sua
coluna de estréia na Folha de São Paulo. A impressão que fica, tanto num
caso quanto no outro, é que tendo lido a coluna de estréia já lemos
todas as demais que virão no futuro.
Outros roqueiros dos anos oitenta, como
Tony Belloto, Léo Jaime e João Barone, também já criticaram o petismo em
algumas oportunidades. Belloto chegou a ser colunista da mesma Veja,
onde batia no petismo muitas vezes. No geral faziam coro, em seus textos
e tuítes, à grita da classe média anti-petista em temas como o
mensalão. O mais recente a entrar no clube foi Paulo Ricardo, o menino
prodígio que revolucionou o show business brasileiro com o seu RPM, ali
por volta de 1985. Segundo post de hoje, na página oficial do grupo no
Facebook, Paulo teria dito o seguinte, em show realizado em 08/11/2013
em Piracicaba (SP): “O Brasil precisa entender uma coisa: ditadura é
algo terrível, de que lado for. Não podemos viver uma ditadura de
esquerda. Precisamos de um rodízio. O Brasil precisa urgentemente de
alternância no poder”.
Por “ditadura de esquerda” entenda-se:
um sistema político onde o Congresso Nacional legisla, o Judiciário
julga, a imprensa (de direita ou de esquerda) é livre, os sindicatos
atuam, há liberdade de fé religiosa, os direitos civis e sociais são
garantidos em lei, há eleições livres a cada dois anos, existem 32
partidos políticos (e outros 90 na fila esperando oficialização), um
mesmo partido (PT) foi eleito 3 vezes consecutivas para comandar o país e
seu principal adversário (PSDB) foi eleito 5 vezes consecutivas para
comandar o principal estado da federação. Eis a nossa ditadura, segundo
Paulo Ricardo do RPM. Aliás, sobre os 20 anos do principal partido de
oposição no comando do mais importante estado brasileiro, nenhuma
palavra.
Muitas são as hipóteses para tentar
entender essa guinada à direita daqueles que foram jovens rebeldes e
progressistas trinta anos atrás. Há muita gente que vê na origem social
deles, todos ou quase todos bem-nascidos, a lógica de um percurso
natural, da esquerda à direita, da rebeldia ao conservadorismo, à medida
em que envelheceram. De garotos rebeldes teriam se tornado vetustos
senhores. Uma segunda hipótese seria a de que essa geração, que cresceu
durante a ditadura militar e pegou o finzinho da censura, tem e sempre
terá o pé atrás com o governo, com qualquer governo. Há ainda quem ache
que nestes tempos de internet, de frivolidades, consumo e descarte quase
imediatos, só mesmo dando declarações bombásticas e causando polêmicas,
só mesmo apostando no marketing neocon, para se manter vivo nessa
máquina de moer gente que é a midia. Uma quarta hipótese tem a ver com o
fato de que, por serem roqueiros, e não outro tipo de músico, todos
eles estariam submetidos a uma eterna camisa-de-força. Diferentemente de
um velho sambista ou de um violeiro veterano, roqueiros precisam
cultivar a juventude eterna. E a polêmica, que é o motor da juventude.
Em recente entrevista ao The Guardian, Lou Reed, falecido há
pouco, disse que para manter a energia criativa se masturbava
diariamente, aos 70 anos de idade. Pode até ser verdade. Ou pode ser
sarcasmo. O que não é comum é um homem de 70 anos dizer isso numa
entrevista. A não ser que ele seja um roqueiro.
Mas voltando aos roqueiros brazucas dos
anos 80, quem sabe a proeminência deles no debate sobre o país nos
mostre duas coisas: a quantas anda o debate sobre o país e o quanto eles
só estão aí, botando seus narizes de palhaço nos shows, como Dinho, ou
detonando qualquer coisa que identifique como esquerda, como Lobão,
porque falte à direita brasileira, a seus partidos e a seus
intelectuais, a capacidade de produzir ideias alternativas ao projeto
que governa o país hoje."
3 comentários:
Marcos, tem mais um motivo. Agradar a Globo pra participar do Faustāo e outros programas. Puxa-saquismo pra agradar a mídia conservadora. Nem de longe mantiveram a veia social dos primordios do rock. Mancharam a biografia se é que algum dia tiveram alguma digna de nota
Além desta turminha que está chegando, ou já chegou aos 50, temos um conservador da terceira idade : Caetano Veloso. É fã de FHC, escreve no Globo aos domingos e é muito arrogante. Ou não?
Caetano apesar de bom compositor nos antigos tempos hoje é insuportááááável!!!!
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