25 de março de 2014

Sobre a "Arte de Ser Leve" - Crônica, Livro e Palestra

Tive a oportunidade nessa manhã de terça-feira de assistir a uma ótima palestra da jornalista e escritora Leila Ferreira.
O nome não me era estranho nem o título da palestra.
Na saída a cumprimentei e agradeci pelo que tinha aprendido (ou relembrado) naqueles minutos.
Não falei que já tinha copiado e colocado um texto seu aqui no blog, não que não quisesse comentar isso, mas tinha algumas pessoas também querendo cumprimentá-la e eu não queria tomar o seu tempo.
O diferencial da palestra para o texto é que ela contou muito de sua vida desde a infância, de suas lutas, dificuldades, problemas, vitórias...
Basicamente a "arte de ser leve" é um estado de espírito e forma de ação onde retomamos a gentiliza com os outros e a empatia; fugimos do mau-humor que afeta não só nós mesmos mas a todos que nos rodeiam; deixamos de lado aquela máscara "estilo famosos do Projac" onde mostramos parecer o que não somos, ter o que não temos, ser o que não somos e só nos afundamos em dívidas psicológicas e financeiras; "a arte de ser leve" é também não se deixar dominar pela pressa e reservarmos uma pausa para nós mesmos; viver o momento, o próprio ser. 
É fácil? Não. Mas é o melhor para a nossa sobrevivência neste mundo tão conturbado. Fora disso até a saúde física e mental vão embora e não voltam mais.


"A Arte de Ser Leve" - Editora Globo
Sinopse do livro:
"Tem gente que anda com um enorme bacalhau nas costas. A imagem é usada pela jornalista Leila Ferreira pra descrever aqueles que não conseguem se livrar da carga do mau humor e vão estragando o dia de quem tem o azar de topar-lhes o caminho. A autora de 'A arte de ser leve' se inspirou no rótulo de um tônico, a Emulsão de Scott, que continha o intragável óleo de fígado, e trazia estampado um marinheiro arcado sob o peso do peixe às suas costas. O livro visa ser um antídoto contra os 'bacalhaus' que muitas vezes as pessoas arrastam pela vida afora. A autora não pretende ser a 'dona da verdade', usar de didatismo em receitas fáceis e tampouco quer apresentar complicações acadêmicas. As histórias e impressões vão sendo aos poucos tiradas do cotidiano, da memória, das entrevistas acumuladas em sua carreira com pessoas importantes e dos bate-papos com anônimos. Dessa maneira, costurando informações científicas, divagando, conversando, a autora propõe uma pequena revolução num mundo abarrotado de e-mails e telefones celulares, de pouca cortesia e muitas dietas, cheio de ambição e consumismo transformar os gestos do cotidiano, aqueles que prendem e sobrecarregam as pessoas sem sequer dar a elas a chance de percebê-los."

A Arte de Ser Leve (crônica)
"Costumo dizer que, depois de passar alguns anos correndo atrás da felicidade, hoje prefiro andar sem pressa em busca da leveza. Não a leveza que nos aliena ou nos condena à superfície, mas aquela que nos inspira a manter uma espécie de elegância existencial mesmo diante das adversidades – e adversidade é coisa que nunca falta pelos caminhos. Todos nós temos problemas, todos nós convivemos com frustrações e perdas. Mas nenhuma carga de insatisfação pessoal justifica nos transformarmos em seres de espírito obeso, criaturas permanentemente estressadas e insatisfeitas que parecem carregar nas costas (e na alma) o peso do universo. Não há nada mais penoso do que conviver com pessoas desagradáveis – seja na casa, no trabalho, no prédio onde moramos ou na fila do cinema. E a recíproca, claro, é verdadeira: compartilhar um espaço, uma atividade ou uma vida com alguém leve é um dos grandes prazeres da existência.
Quando penso nessa leveza que acrescenta qualidade ao cotidiano, penso antes de mais nada, em bom humor e gentileza. Pessoas indelicadas, incapazes de dizer “obrigado” ou “por favor”, aquele colega da empresa que nunca dá um “Bom dia”, o chefe que maltrata os funcionários, o motorista que sai dando fechadas no trânsito, a vendedora que não cumprimenta os clientes: quem é que gosta de dividir seu cotidiano com pessoas assim? E aquele médico que não dá um sorriso sequer, o marido que não abre a cara por nada deste mundo, a amiga que reclama de tudo e de todos, a colega de trabalho que parece estar brigada com todos e com tudo: alguém merece conviver com criaturas assim?
Quando se abre a mão da gentileza, a qualidade de vida cai drasticamente. Não há como manter bons relacionamentos – sejam eles na esfera profissional, social ou familiar – quando se é descortês ou grosseiro. E quando nossos relacionamentos deixam a desejar, nossa qualidade de vida é expressivamente reduzida. Com o humor ocorre o mesmo. Pessoas bem humoradas ou com senso de humor convivem melhor com o mundo e com elas mesmas. Não criam dramas desnecessários e, com isso, reduzem o impacto das circunstâncias desfavoráveis que inevitavelmente fazem parte do nosso dia a dia.
Antigamente, valorizava-se muito a simpatia. Hoje, no mundo das aparências e do consumismo, valem o corpo malhado, o carro do ano, o rosto sem rugas, a roupa de grife. Aos poucos, vamos nos esquecendo de sermos agradáveis – é como se a simpatia fosse uma virtude bobinha do passado, uma prima pobre esquecida diante de tantos modismos. Apressados, estressados e esgotados pelo esforço permanente do “ter que fazer”, “ter que correr”, “ter que se dar bem” e “ter que competir”, vamos aumentando, sem perceber, o peso que carregamos na alma. É como se a cada dia acrescentássemos alguns quilos a nossa bagagem e o percurso vai ficando cada vez mais arrastado e mais difícil.
Para quem não teve a sorte de nascer leve, leveza é algo que se aprende, garante um casal de psicólogos portugueses que entrevistei para o meu livro sobre esse tema. Helena Marujo e Luís Miguel Neto dão treinamentos em empresas, escolas e hospitais para ensinar as pessoas a serem mais bem humoradas, mais agradáveis, mais otimistas. Fácil não é elas admitem. Mas é possível. São escolhas diárias que fazemos, pequenas e grandes escolhas: como vou tratar este colega? Vou respeitar ou não meus funcionários? Vou passar duas horas reclamando da vida para os meus filhos? Esta minha cara fechada é algo que alguém merece ter por perto? Até quando vou impor meu azedume a quem me cerca? Quando foi a última vez que tentei ser uma pessoa melhor, mais generosa e delicada, menos amarga ou agressiva? São perguntas que podemos, ou devemos, nos fazer cotidianamente – pequenos exercícios em prol da leveza e da tão falada qualidade de vida.
Mestres na arte de cortar carboidratos e contar calorias, talvez seja hora de colocarmos a alma na balança, aparar as arestas e reduzir as gorduras do espírito. “Travel light”, costumam recomendar os guias de viagem: “viaje leve”, ou seja, quanto menos bagagem, maior a chance de desfrutarmos o que aparece no caminho. Quando a alma pesa pouco, viaja-se, ou vive-se melhor. E, claro quem convive conosco agradece."
Leila Ferreira

2 comentários:

Maria Inês disse...

Show!
Já li este livro e adorei. Lições que carrego comigo.
Infelizmente nunca estive em uma palestra dela. Que bom que você teve a oportunidade e não perdeu. E ainda a conheceu pessoalmente. Ela é fantástica.
Bjs.

Marcos Oliveira disse...

Quando puder não perca a palestra dela.Você vai adorar.
Bj.