É verdade que Aécio teve um desempenho surpreendente no primeiro turno.
É fato que ele pode até aparecer na frente (ou em empate técnico) de Dilma nas primeiras pesquisas que serão divulgadas ainda esta semana (talvez já amanhã). Afinal, são as "empresas" de sempre.
O crescimento de Aécio nesta reta final deveu-se quase que exclusivamente à queda 'mostruosa' de Marina em São Paulo, que é o maior colégio eleitoral do país, puxada pela performance de Alckmin (essa vitória merece um estudo à parte, sobre a maneira de votar do paulista).
Ou seja, votos que seriam transferidos de Marina para Aécio no segundo turno já o foram nesse primeiro, naquele importante estado.
Nos outros estados (tirando também o Paraná) essa transferência vai se dar no segundo turno, mas - a meu ver - não da forma expressiva como foi em São Paulo. Muita coisa vai para Dilma, com certeza.
Lembremos que eleitores do PSB e boa parte dos de Marina tem perfil não neoliberal. A própria história de Marina mostra isso.
Uma guinada dela à direita, apoiando o candidato do PSDB, não significa uma transferência de votos automática, por mais que as pesquisas e o PIG tentem vender essa ideia.
No mais, outros itens devem ser considerados:
- Vitória de Dilma na grande maioria dos estados do país.
- Vitória de Dilma por expressiva diferença em quase todos os estados do Nordeste e Norte.
- Conquista de palanques importantes de forma direta, como em Minas, Bahia e Maranhão (PCdoB) e indiretas, como Rio e Rio Grande do Sul.
- Mesmo em Pernambuco, terra de Eduardo Campos, tenho dúvidas se Aécio vai "disparar". Com apenas 6% dos votos válidos que teve, a ajuda de Marina ali vai ser fundamental, mas o Estado tem tradição de ser de esquerda.
- Aécio vai ter dificuldade de explicar a derrota acachapante para o PT do seu candidato em seu estado Minas Gerais. Esse era um dos seus mais importantes trunfos, devido ao discurso de avaliação positiva de seu governo em mais de 90% (é que ele somou o "Regular"; com o resultado a verdade se impôs).
- Por causa da perfomance de Marina no início da campanha do primeiro turno, a "desconstrução" (mostrar a verdade sobre o candidato dos poderosos) de Aécio quase não existiu. Foi poupado. Mas agora o jogo muda. Tem que se falar da privataria tucana, da comparação (para a povão) dos governos FHC x Lula x Dilma, do tremsalão paulista, do mensalão mineiro, da compra de votos para a emenda da reeleição de FHC, dos aecioportos, da verdadeira avaliação de Aécio em Minas, etc.
E do que significa para a população mais pobre a possível volta ao poder das mesmas ideias que estão provocando desemprego em massa na Europa e queda do poder aquisitivo dos aposentados naquela mesma região. E não só ali. O México que reza pela cartilha dos EUA anda muito mal. Sempre os trabalhadores pagando a conta, com seus salários, seus direitos e com o desemprego.
Uma vitória de Aécio pode por na ordem do dia a volta de luta de classes o que pode nesta altura do campeonato acabar com a paz dos próprios eleitores do mineiro.
E do que significa para a população mais pobre a possível volta ao poder das mesmas ideias que estão provocando desemprego em massa na Europa e queda do poder aquisitivo dos aposentados naquela mesma região. E não só ali. O México que reza pela cartilha dos EUA anda muito mal. Sempre os trabalhadores pagando a conta, com seus salários, seus direitos e com o desemprego.
Uma vitória de Aécio pode por na ordem do dia a volta de luta de classes o que pode nesta altura do campeonato acabar com a paz dos próprios eleitores do mineiro.
Enfim, a comemoração dos neoliberais tem a sua razão de ser. Mas agora a etapa é outra e embora ele comece a campanha embalado, as coisas deverão mudar ao longo das próximas semanas.
Já os que sempre estiveram com Aécio (sobretudo classe média alta que tem ódio do trabalhismo do PT, bem como à rede de proteção social construída que tirou o Brasil do mapa da fome da ONU), obviamente vão continuar com ele. Nesta parcela é perda de tempo apostar.
Acredito na vitória de Dilma, mas ela vai ter que continuar seu trabalho incansável de mostrar a verdade para o povo (incluindo eleitores de Marina Silva), com a ajuda de Lula, da militância e dos partidos aliados, sobretudo o PMDB nos estados.
Lembrando que vai sofrer ataques incansáveis diários e semanais da Veja, Folha de São Paulo, Jornal Nacional, Estadão, Redes Sociais anti-PT, etc. nas próximas três semanas. Enquanto Aécio - com relação aos meios de comunicação - vai navegar em mar de almirante.
Lembrando que vai sofrer ataques incansáveis diários e semanais da Veja, Folha de São Paulo, Jornal Nacional, Estadão, Redes Sociais anti-PT, etc. nas próximas três semanas. Enquanto Aécio - com relação aos meios de comunicação - vai navegar em mar de almirante.
Enfim é assim que funciona a nossa (quase) democracia.
Aguardemos sem estresse. Mas com trabalho.Esta é a nossa humilde análise, amadores que somos. Mas, sinceramente, melhor que os "analistas isentos" da GN.
4 comentários:
O Nordeste é tão importante quanto SP
Metade do que a Bláblá tinha que dar ao Aecioporto já deu.
A eleição tende para a Dilma.
Os votos da Bláblárina não vão todos para o Aecioporto.
Metade já foi.
É importante analisar a fragmentação da Direita.
(Com essa fragmentação e a multiplicação de partidos, sem uma reforma política o Brasil é ingovernável.)
Veja quantos radicais de Direita, os Bolsonaros, Felicianos, delegados de polícia, radialistas que produzem ódio se elegeram fora do PSDB.
Tiraram o Padilha das “pesquisas” e da Globo com medo de perder São Paulo e a Presidência.
O PT errou de operação em São Paulo.
Quando a Globo tirou o Padilha do noticiário, o PT tinha que fazer manifestação em frente à Globo todo dia: prefeitos, senadores, deputados.
Denunciar à SIP, Repórteres sem Fronteira, ao Diabo !
Criar fatos, criar política.
E por que a Dilma não falou da seca em São Paulo no horário eleitoral dela ?
Tinha que dialogar direto com o morador de São Paulo.
Também não é assim – comparado com a Dilma, o Suplicy foi bem votado.
Dava para manter a aliança PMDB-PT em São Paulo ?
Não, o Skaf não deixaria.
E o PiG só é decisivo em São Paulo, em Brasília e na Zona Sul do Rio.
No resto, esquece: o PiG está desdentado.
Tem que apresentar um discurso para o Estado de São Paulo e chegar, aí, a 35%.
35% bastam.
E tem que fazer uma campanha que misture ideias novas com desconstrução.
O Aecioporto não fica de pé.
Quem não faz o bafômetro não respeita a Constituição, a lei do salário mínimo …
Tem que escalar direito: para onde levar o Lula, para onde ir a Dilma.
O PT tem que planejar, se organizar.
E outra coisa: o Nordeste é tão importante para o PT quanto São Paulo.
O Brasil não é só São Paulo.
Pimentel e Jacques Wagner são os novos comandantes nacionais do PT.
Duas vitórias extraordinárias.
A campanha tem que refletir a vitória deles e sair com eles debaixo do braço.
O que a TV Bahia e o ACM Neto fizeram com o IBOPE na Bahia é capitulo do Direito Penal.
E os Bernardos, zé Cardozo ?
O novo Governo tem que ter a cara da nova eleição.
Esses aí dançam.
Se não fizer um novo Ministério não governa.
Em tempo: essas reflexões nasceram de uma conversa do ansioso blogueiro com o Profeta Tirésias, que reapareceu de dentro dos morros de Minas.
Por Paulo Henrique Amorim no Conversa Afiada.
Agora é esquerda versus direita e não mudança versus continuidade
Agora Aécio e aliados vão dizer que é mudança versus continuidade.
Mas não é.
Agora é esquerda versus direita. Ou centro-esquerda versus centro-direita.
Com Marina no segundo turno, se poderia levar razoavelmente a sério a hipótese da mudança.
Mas com Aécio, não.
O Aécio real, o de Armínio Fraga, tem um programa econômico que é uma réplica do thatcherismo dos anos 1980.
Thatcher, para quem não lembra, foi a real inspiração de FHC — a começar pela fé cega em que privatizações e desregulamentações eram a receita sagrada para dinamizar uma economia.
Na verdade, como o tempo mostrou em todos os países que adotaram o thatcherismo, era uma fórmula para concentrar renda e favorecer uma pequena elite que seria apelidada posteriormente de o “1%”.
No Brasil, a concentração só não foi maior porque um efeito colateral da estabilização favoreceu os pobres, que não tinham refúgio nos bancos para se proteger da inflação.
Fosse o Brasil, na era FHC, um país estável, como a Inglaterra de Thatcher, hoje provavelmente ele seria amaldiçoado como é, entre os britânicos, a Dama de Ferro.
Enxergar com clareza a oposição entre direita e esquerda vai ajudar muita gente indecisa a tomar uma posição, quer para um lado ou para outro.
A alta votação de Aécio surpreendeu, mas nem tanto assim. Muita gente antipetista se bandeara para Marina por entender que ela era a chance real de bater Dilma.
Quando, às vésperas da eleição, Aécio começou a aparecer na frente de Marina, os marinistas de ocasião voltaram para seu favorito.
Ficaram com ela, essencialmente, as mesmas pessoas que votaram nela em 2010. São eleitores que gostam de sua trajetória, e enxergam nela uma espécie de Lula de saias, com colheradas de sustentabilidade.
É difícil acreditar que a maior parte desses eleitores opte por Aécio, ainda que a própria Marina o apoie.
Também não devem ser subestimados os mais de 2 milhões de votos que tiveram, conjuntamente, Luciana Genro e Eduardo Jorge.
Os que os escolheram — tipicamente jovens idealistas — tenderão a ficar com Dilma diante do bloco de direita que se comporá em torno de Aécio.
Passada a ressaca, fica claro que parte da euforia tucana — e da mídia que apoia o PSDB — é fruto de uma estratégia de marketing destinada a convencer indecisos de que a vitória está próxima e intimidar os adversários.
É o chamado otimismo de conveniência.
Nunca, nos embates entre PT e PSDB, foi tão nítida a diferença entre as visões de mundo que os comandam.
Isso pode ser demonstrado pela opção que terão os simpatizantes de quatro candidatos com propostas opostas, Pastor Everaldo e Levy Fidelix, de um lado, e Luciana Genro e Eduardo Jorge, de outro.
Os eleitores de Everaldo e Fidelix cravarão certamente Aécio. Os de Luciana Genro e Eduardo Jorge, muito provavelmente, Dilma.
Isso conta, se não tudo, muito da escolha que os brasileiros terão que fazer em 26 de outubro.
Diga-me quem apoia você e eu direi quem você é: esta é uma frase que ajuda a entender o que está em jogo agora.
Paulo Nogueira
No DCM
Dos Correios:
Correios decide processar senador Aécio Neves por ofensas à imagem da empresa
Os Correios ingressarão nesta segunda-feira com medidas, na Justiça Comum, contra o candidato à Presidência da República Aécio Neves e a coligação de partidos políticos que o apoiam.
]
Desde o dia 20 de setembro, o senador tem declarado a imprensa que os Correios teriam cometido crime eleitoral por não terem distribuído material de campanha de candidato de sua coligação. Os Correios reafirmam que não existiu qualquer irregularidade na distribuição de objetos postais de seus clientes relacionados aos fatos mencionados pelo candidato.
Todas as reclamações pontuais sobre problemas de entrega passaram pelos procedimentos regulares para sua solução. A empresa já apresentou provas documentais da regularidade de suas atividades, inclusive em entrevista coletiva da Diretoria Executiva dos Correios na quinta-feira (2).
Apesar de todos os esforços da empresa de esclarecer ao cliente específico e a sociedade em geral de que não existiu nenhuma irregularidade na distribuição de objetos postais referente ao citado candidato, este tem insistido em atribuir aos Correios a prática de crime eleitoral, o que não é verdade.
Visando preservar sua boa reputação no mercado, perante seus clientes e a sociedade brasileira, os Correios decidiram processar o senhor Aécio Neves e sua coligação partidária. A empresa espera com essa decisão reparar os danos que sua imagem vem sofrendo e distanciar seus interesses institucionais do debate eleitoral.
Excelente análise!
Acredito que o PT deve dar ênfase ao fato de Aécio nunca ter 92% de aprovação! Ele repetiu isso em todos programas e nos debates! E fácil provar o contrario!
Imagine a chamada:
Aécio mente sobre sua aprovação em MG!
Ele perdeu para governador e presidente em MG!
se quiser sabe r quem é Aécio, pergunte a um mineiro!
Rogério Barreto
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