Por esta época do ano (final do período anual e início do próximo) temos o costume no blog de fazer uma breve seleção de alguns posts já publicados e 'repostá-los', em uma espécie de mini-retrospectiva.
Este ano, por causa da falta de tempo, nem isso pudemos fazer. Pelo menos por enquanto.
Aliás esse corre-corre e as outras demandas que nos envolvem já dão sinais de que é cada vez mais difícil arranjar tempo para escrever textos próprios - como as breves e simples crônicas urbanas que gosto de escrever sobre assuntos corriqueiros.
Confesso que não gosto muito do simples "selecionar, copiar e colar". E quando isso é feito é bom que completemos com nossa própria análise. Sem isso o blog fica meio que sem sentido, a não ser como veículo multiplicador de boas ideias alheias, o que não é pouca coisa mas não é o ideal.
Apesar dos sinais de cansaço, seria bom que conseguíssemos manter este espaço funcionando, pelo menos até o final de 2014, pois será um ano especial, de eleições cruciais para o destino do país. Além de ser o ano da Copa.
Me saiu essa introdução porque embora fora da "retrospectiva" achei acidentamente este "Humor de Quinta" que publicamos ano passado e aí resolvi repeti-lo. O tema "continuidade do blog" saiu meio que no automático e resolvi deixar assim mesmo, embora não tenha nada a ver com o assunto deste "Humor de Quinta". Ou não?!
Uma análise semântica filosófica/psicológica (Agamenon diria 'Psicoproctológica') do sentido do uso dos palavrões em nossa língua pátria.
Texto atribuído a Millor Fernandes e acho que é dele mesmo.
Com muito humor. E cheio de palavrões.
Aviso: Incomoda-se com isso? Tem menos de 16 anos? Então melhor não ler...
O nível de stress de uma pessoa é inversamente proporcional a quantidade de foda-se! e outros palavrões que ela fala.
"Existe algo mais libertário do que o conceito do foda-se!?
O foda-se! aumenta minha auto-estima, me torna uma pessoa melhor.
Reorganiza as coisas. Me liberta.
- Não quer sair comigo? Então foda-se!
- Vai querer decidir essa merda sozinho(a) mesmo? Então foda-se!.
O direito ao foda-se! deveria estar assegurado na Constituição Federal.
Os palavrões não nasceram por acaso. São recursos extremamente válidos e criativos para prover nosso vocabulário de expressões que traduzem com a maior fidelidade nossos mais fortes e genuínos
sentimentos.
É o povo fazendo sua língua. Como o Latim Vulgar, será esse Português Vulgar que vingará plenamente um dia.
Prá caralho, por exemplo. Qual expressão traduz melhor a idéia de muita quantidade do que Prá caralho?
Prá caralho tende ao infinito, é quase uma expressão matemática.
- A Via-Láctea tem estrelas prá caralho, o Sol é quente prá caralho, o universo é antigo prá caralho, eu gosto de cerveja prá caralho, entende?
No gênero do Prá caralho, mas, no caso, expressando a mais absoluta negação, está o famoso Nem fodendo!.
O Não, não e não! e tampouco o nada eficaz e já sem nenhuma credibilidade Não, absolutamente não! o substituem.
O Nem fodendo é irretorquível, e liquida o assunto.
Te libera, com a consciência tranqüila, para outras atividades de maior interesse em sua vida. Aquele filho pentelho de 17 anos te atormenta pedindo o carro pra ir surfar no litoral? Não perca tempo nem paciência. Solte logo um definitivo: Joãozinho presta atenção, filho querido, NEM FODENDO!.
O impertinente se manca na hora!
Por sua vez, o porranenhuma! atendeu tão plenamente as situações onde nosso ego exigia não só a definição de uma negação, mas também o justo escárnio contra descarados blefes, que hoje é totalmente impossível imaginar que possamos viver sem ele em nosso cotidiano profissional: ele redigiu aquele relatório sozinho porra nenhuma!.
O porra nenhuma, como vocês podem ver, nos provê sensações de incrível bem estar interior. É como se estivéssemos fazendo a tardia e justa denúncia pública de um canalha.
São dessa mesma gênese os clássicos aspone, chepone, repone e mais recentemente, o prepone - presidente de porra nenhuma.
Há outros palavrões igualmente clássicos.
Pense na sonoridade de um Puta-que-pariu!,ou seu correlato Puta-que-o-pariu !, falado assim, cadenciadamente, sílaba por sílaba...
Diante de uma notícia irritante qualquer puta-que-o-pariu! dito assim te coloca outra vez em seu eixo. Seus neurônios têm o devido tempo e clima para se reorganizar e sacar a atitude que lhe permitirá dar um merecido troco ou o safar de maiores dores de cabeça.
E o que dizer de nosso famoso vai tomar no cu!? E sua maravilhosa e reforçadora derivação vai tomar no olho do seu cu!.
Você já imaginou o bem que alguém faz a si próprio e aos seus quando, passado o limite do suportável, se dirige ao canalha de seu interlocutor e solta:
- Chega! Vai tomar no olho do seu cu!. Pronto, você retomou as rédeas de sua vida, sua auto-estima. Desabotoa a camisa e sai a rua, vento batendo na face, olhar firme, cabeça erguida, um delicioso sorriso de vitória e renovado amor íntimo nos lábios.
E seria tremendamente injusto não registrar aqui a expressão de maior poder de definição do Português Vulgar: Fodeu!. E sua derivação mais avassaladora ainda: Fodeu de vez!.Você conhece definição mais exata, pungente e arrasadora para uma situação que atingiu o grau máximo imaginável de ameaçadora complicação? Expressão, inclusive, que uma vez proferida insere seu autor em todo um providencial contexto interior de alerta e autodefesa. Algo assim como quando você está dirigindo bêbado, sem documentos do carro e sem carteira de habilitação e ouve uma sirene de polícia atrás de você mandando você parar: O que você fala? Fodeu de vez!.
Liberdade, igualdade, fraternidade e foda-se!!!"
2 comentários:
Ótima essa. Valeu o repeteco. E espero que o blog nunca deixe de existir.
Agradecemos, Alice.
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