9 de maio de 2014

O doleiro, o PSDB e a mídia

Viomundo revela ligações de doleiro com estatais do PSDB
Por Miguel do Rosário - 09/05/2014 - em O Cafezinho

"A mídia fez um escarcéu danado para ligar o “doleiro” Alberto Yousseff e suas empresas químicas ao ex-ministro da Saúde, Alexandre Padilha, mas as relações pecuniárias do doleiro são todas com governos tucanos.

A reportagem abaixo, de Conceição Lemes, editora do Viomundo e jornalista que orgulha a blogosfera por sua competência e honestidade, traz os documentos que provam as ligações profundas entre o governo FHC e os governos tucanos de São Paulo, com a Labogen e a Piroquímica, ambas operadas por homens de Yousseff.

Lemes ressalta que a Labogen nunca chegou a firmar contratos com o ministério da Saúde durante a gestão petista, e no entanto, o caso tem aparecido na mídia apenas de forma a “incriminar” o ex-ministro Alexandre Padilha.

Interessante notar que, a partir do momento em que fica patente que as ligações das empresas do “doleiro” eram todas com estatais controladas pelo PSDB, a mídia esquece o assunto e parte para outras batalhas. O estrago já foi feito. Lançaram-se insinuações sem prova. É hora de virar o disco, falar de Petrobrás, Datafolha e das “regalias” de Dirceu."

A matéria:
Contratos das indústrias Labogen com governos tucanos chegam a R$ 164 mi; em São Paulo somam R$ 67 mi
por Conceição Lemes

"Desde o desencadeamento da operação Lava Jato, em março,  as indústrias Medicamentos Labogen e Labogen Química, do doleiro Alberto Youssef, preso na operação, estão na mídia. Ambas foram usadas para lavagem de dinheiro, segundo a denúncia do Ministério Público Federal no (Paraná MPF-PR).

Inicialmente, elas ganharam todos os holofotes, porque o deputado federal paranaense André Vargas (ex-PT, atualmente sem partido), foi flagrado pela Polícia Federal (PF) em troca de mensagens com Youssef.  Ele seria suspeito de fazer lobby a favor das organizações Labogen no Ministério da Saúde na gestão de Alexandre Padilha, pré-candidato do PT ao governo de São Paulo. O ex-ministro nega interferências e está interpelando judicialmente Vargas.

O fato é que:

1) Como a denúncia foi feita pelo MPF-PR, a mídia passou a impressão de que o esquema se restringia ao Paraná, até porque Youssef é de Londrina. Omitiu, assim, que as organizações Labogen estão sediadas em São Paulo.

2) Com base no que se sabe até agora,  elas não têm contratos firmados com o Ministério da Saúde, desde o final do governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Inclusive, balanço de 2001 da Labogen Química mostra que na época ela recebeu financiamento do Banco do Brasil e da Finep.
3) Em 1999, na gestão José Serra (PSDB), a Medicamentos Labogen fechou contratos no valor de R$ 30,8 milhões com o Ministério da Saúde, revelou o Tijolaço.Em valores corrigidos até março deste ano somam R$ 97,4 milhões.

4) Youssef é um dos doleiros envolvidos no maior escândalo do Brasil, o do Banco Estado do Paraná ou Banestado, que atinge fortemente a mídia e o governo FHC. Entre 1996 e 2002, mais de US$ 84 bilhões foram retirados indevidamente do Brasil via contas CC5 do Banestado.

Curiosamente, à medida que se descobrem ligações das indústrias Labogen com os tucanos, o noticiário sobre elas vai minguando. E talvez diminuam ainda mais.

Além de contratos com o Ministério da Saúde na gestão Serra, a Medicamentos Labogen vendeu diretamente para a Fundação Remédio Popular (Furp), do governo do Estado de São Paulo, de 1999 a 2005.

A Furp também firmou vários contratos com a Piroquímica Comercial, oficialmente de Pedro Argese Júnior. Só que ele é testa de ferro do doleiro Alberto Youssef, segundo o MPF-PR. Os contratos foram entre 1999 e 2007, consequentemente nos governos Covas, Alckmin e Serra.

Esses dados foram obtidos em levantamentos feitos no Sistema de Gerenciamento da Execução Orçamentária (Sigeo) e no Tribunal de Contas do Estado de São Paulo.

Até agora, pelo que apuramos, os contratos da Furp com a Medicamentos Labogen somam R$ 14 milhões; em valores corrigidos, aproximadamente R$ 28 milhões.

Os com a Piroquímica atingem R$ 20 milhões; em valores corrigidos, cerca de R$ 39 milhões.

Resultado: os contratos das indústrias Labogen e Piroquímica com os governos tucanos de São Paulo chegam a R$ 67 milhões."
 
Leiam o retante com detalhes no Viomundo.

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