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12 de outubro de 2012
De Merval à Nossa Senhora Aparecida (ao som de Charles Mingus e Lyle Mays)
Título estranho deste post, né não?
Primeiramente é bom frisar que o articulista político Merval Pereira entra aqui simbolizando mídias do tipo Globo, Veja, Folha de São Paulo e Estado de São Paulo. Que representam os detentores da grana. Que odeiam o PT e o trabalhador que chegou ao Planalto e mudou o país (ouçam depoimento no post anterior de Leonardo Boff).
Pois bem, ontem no Jornal das Dez (GloboNews) o senhor Merval veio com o papo de que as absolvições de ontem calariam os críticos das decisões da semana passada, onde todos foram condenados.
Segundo ele, quando o STF tem dúvidas, ele absolve. Se condenou é porque não tinha dúvidas.
Quer enganar quem, cara-pálida? Primeiro que a força-tarefa do mensalão em seu objetivo político já terminou na sexta-feira passada quando condenou José Dirceu e José Genoino às vésperas das eleições de domingo.
Segundo é que as discussões de ontem sobre 'lavagem de dinheiro', que geraram as absolvições, eram porque existiam temores da abertura de precedentes que poderiam até mesmo atingir advogados, do tipo: receber honorários de bandidos seria 'lavagem de dinheiro'?
Curioso é que neste caso eles não aplicaram a 'presunção de culpa' e sim o que estava nos autos...
Para nossa alegria e desânimo dos Mervais, ontem saiu mais uma pesquisa de São Paulo. Haddad com 11 pontos na frente! Sorry, região dos Jardins.
Mas chega de política neste feriadão. Espero que quem tenha viajado possa aproveitar, pois no Sudeste o panorama é de nuvens e chuva. Eu fiquei em casa por questão de saúde e o clima está bom para ver alguns filmes e livros selecionados.
Aliás com a chuva e queda da temperatura me bandeio para os lados jazzísticos e fusion. Enquanto escrevo essas péssimas traçadas linhas, no toca-discos de vinil (isso mesmo, aqueles LPs antigos que estão voltando para deleite dos colecionadores) está tocando o álbum solo do tecladista Lyle Mays que pertence ao Pat Metheny Group. Delicioso e tranquilho trabalho para embalar escritos (mesmo que sejam ruins...). LP de 1985 que conta com a participação do genial percussionista brasileiro Nana Vasconcelos. Antes ouvi "Mingus Ah Um", do lendário contrabaixista Charles Mingus. Obra-prima de 1959 em vinil remasterizado e reeditado em 1983 pela CBS.
O toca-discos Sony eu liguei em um pré-amplificador Cygnus (ambos com mais de 30 anos) que conectei ao home theater Panasonic. Uma estratégia que funcionou bem.
Mas preciso fechar este confuso texto que mistura alhos com bugalhos (qual a origem disso?) com o título do post. E se hoje não preciso mais comprar presentes para filhos, tem alguns sobrinhos que não posso esquecer. Mas o feriado - é bom lembrar - é da Padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida, aquela cuja imagem é negra ou mestiça, neste caso da cor deste país. Feito Gabrilela, Cravo e Canela (sem incorrer em desrespeito) do Jorge Amado.
Que ela nos abençoe a todos (Nossa Senhora, não Gabriela), independente de credos e religiões.
Um presentinho: Lyle Mays e Alex Alcuña no vídeo abaixo. Ouçam preferencialmente com fones.
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6 comentários:
Oi Marcos!
Agradável texto para um feriado nublado. Adorei o Lyle Mays.
Bom fim de semana e melhoras.
Bjs.
MAURO SANTAYANA: O STF E OS PRECEDENTES PERIGOSOS (1ª parte)
(JB) - Nunca tivemos, no Brasil e alhures, uma justiça perfeita. A esse respeito permanece como paradigma da dúvida do julgamento político a condenação de Sócrates. A acusação que lhe fizeram foi de impiedade, o que, no léxico de então, mais do que hoje, significava heresia diante dos deuses: Sócrates estaria pervertendo os jovens com seus ensinamentos, tidos também como antidemocráticos. As lições de Sócrates sempre foram da dúvida, da incessante busca do conhecimento, mesmo que o conhecimento fosse, em sua inteligência, inalcançável. Ele dizia saber que nada sabia.
Nesse pensamento negativo radical, recriado e elaborado por Platão, estaria, em ultima ratio - à qual não se atreveu Platão - a suprema heresia de duvidar da existência dos deuses. Os deuses eram os fiadores da democracia, e quando esse contrato com o mito, em que se fundava a sociedade, rompeu-se, ao ser sua existência posta em dúvida, Atenas perdeu o seu ponto de gravidade e entrou em irrecorrível declínio político.
Não estamos em Atenas daquele tempo emblemático, e seria, isso, sim, impiedosa heresia comparar o julgamento atual do STF ao de Sócrates. Em certo aspecto, no entanto, os dois episódios se semelham: o do espetáculo. Como tudo em Atenas, o julgamento de Sócrates foi público, com 501 juízes. Os acusadores e Sócrates, em sua apologia, foram ouvidos por uma assembléia numerosa, de acordo com os relatos, mas os que acompanham a Ação 470 vão muito além: chegam a dezenas de milhões.
A transparência é salutar, mas não seria essa exposição demorada e ampla, vista pelo outro lado da razão, contaminada pela vaidade de alguns magistrados e, dela decorrente, pela influência de jurados estranhos e ilegítimos, mediante os meios de comunicação?
Todos os condenados já se encontravam, mesmo sem que se conhecessem devidamente os fatos, julgados por apresentadores de programas de televisão e políticos, sem falar nos que se identificavam como “cientistas políticos” e “juristas”, iluminados pelos holofotes, que supriam de argumentos interessados os mediadores das emissoras. Assim se desenvolveu um julgamento paralelo, que antecipava votos e açulava os telespectadores contra os réus. Por isso mesmo, e de acordo com alguns observadores, também em outros aspectos foi um julgamento que desprezou as cautelas da lei no que se refere ao direito de defesa dos acusados.
Se isso realmente ocorreu, abriu-se precedente perigoso, que poderá servir, no futuro, contra qualquer um. Ainda que os acusados fossem realmente culpados, a violação de alguns princípios, entre eles o da robustez das provas, macula o processo e o julgamento. Como dizia Maquiavel, “quando se violam as leis por uma boa causa, autoriza-se a sua violação por uma causa qualquer”, ainda que nociva ao Estado.
O que os observadores de bom senso temem é que o inconveniente espetáculo, em que se transformou o julgamento da Ação 470, excite os golpistas de sempre. Ainda que a sugestão não passe de tolice insana, há os que pretendem aproveitar-se do julgamento para promover um processo contra o presidente Lula e seu governo.
Se isso viesse a ocorrer, os juízes do Supremo teriam que admitir novos processos contra outros chefes de Estado, pelo menos no exame dos atos de governo dos últimos vinte anos. Como diz o provérbio rural, o risco que corre o pau, corre o machado.
MAURO SANTAYANA: O STF E OS PRECEDENTES PERIGOSOS (2ª parte)
A história nos mostra – e 1964 é alguma coisa recente na vida nacional – que uma das primeiras vítimas institucionais dos golpes é exatamente a imprensa. O “Correio da Manhã”, que se excedeu no entusiasmo conspiratório, e publicou o célebre editorial de primeira página em favor da deposição de Jango pela força, sob o título de “Basta, e Fora!”, foi o primeiro a se arrepender – tardiamente – e o primeiro a ser sufocado pela arbitrariedade da Ditadura.
Os outros vieram depois, amordaçados pela censura, e obrigados a beber do fel que queriam que fosse servido aos competidores. Os açodados editores dos jornais e diretores dos meios eletrônicos, como são as emissoras de rádio e televisão, devem consultar seus arquivos e meditar essas lições do passado.
Com todo o respeito pelo STF e a sua autonomia republicana, não nos parece conveniente a transmissão ao vivo dos julgamentos. Os juízes devem ser protegidos pelos ritos da discrição. Seria ideal, também, para a respeitabilidade da Justiça, que os juízes só recebessem as partes e seus advogados em audiências regulares, das quais já participam oficialmente os representantes do Ministério Público.
O ato de julgar, em todas as suas fases, deve ser visto como alguma coisa sagrada. Essa era a razão dos ainda mais antigos do que os gregos, que só escolhiam os anciãos para a difícil missão de ministrar a justiça. Os julgamentos não podem transformar-se em entretenimento ou em competição oratória.
Muito bem mandado, Marquinhos! Acordei tarde nesta sexta também chuvosa aqui pelo Rio. Em Copa uma chuva fina chama mais para o vinho do que para as tradicionais caminhadas e corridas...
Quanto aos Mervais de sempre, espero que recebam das urnas em SP o devido ajuste, já que o nosso STF foi contaminado pelos egos inflados dos semi-deuses que, parece, pouco sabem deste povo e sua história mais recente. Para aqueles que conhecem um pouco das malícias jurídicas, a vida por lá anda e rola ungida pelas vaidades e competição de teses, pouco compromisso há com os clamores sociais mais genuínos!
Tb adorei Lyle Mays...a beça Nossa Senhora!!
Como sempre ótimo texto Marcos! Estamos precisando muito das bençãos de Nossa Senhora Aparecida.Amém!
Maria Inês, obrigado pelas palavras e pelos votos de melhoras. Já estou bem melhor mesmo!
Anônimo: ótima inserção do texto do genial Mauro Santayana. O STF já perdeu pelo menos 90% do "encantamento".
Felipe: estamos juntos nesta luta! Valeu!
Dácia: Thanks! Nossa Senhora Aparecida nos abençoa com certeza. Bjs.
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