21 de outubro de 2012

Desiderata (para um horário de verão qualquer)


A entrada do horário de verão me fez pensar em duas coisas: mudança e tempo.
Dois conceitos, dois fatos que nos acompanham desde sempre.
O tempo não para e com ele as mudanças.
Talvez pensando sobre isso me veio à lembrança este texto que fez muito sucesso nos anos 1970.
Ele tinha muita relação com a forma de pensar da contracultura, movimento Hippie e depois New Age.
Da mesma forma que personalidades como Gandhi e livros como "O Profeta", de Khalil Gibran.
Talvez hoje coubesse no conceito de "auto-ajuda" mas até esse mais atual já pode ser considerado ultrapassado pelo "tempo".
Melhor explicando através das palavras de outra pessoa: vi uma entrevista esta semana do ator Antonio Fagundes. Ele contou que no ano 2000 escreveu uma peça chamada "Sete Minutos". O motivo do título é que era esse o tempo médio (segundo ele) que uma pessoa conseguia parar tudo e focar a atenção completa em uma determinada coisa (em uma peça ou em si mesmo, por exemplo).
Pois bem, em uma pesquisa recente do MOMA (Museu de Arte Moderna de Nova York) as pessoas ficam paradas em frente a uma obra em média por... 7 segundos!
Em tempos atuais de informações a mil as pessoas não param mais para usufruir e captar mensagens. Não há tempo nem paciência. Nem no horário de verão (ou muito menos).
Talvez nos anos 1970 textos como "Desiderata" fizessem sentido. Agora talvez soem anacrônicos, mas mesmo assim resolvi postar aqui neste primeiro dia do novo horário.
A versão mostrada no vídeo é a que ficou mais conhecida, na  voz do locutor Cid Moreira.
O autor desta prosa-poética é o escritor americano (já li que sua origem é alemã e que era advogado e que o texto ele teria encontrado e registrado, mas não seria o autor) Max Ehrmann (1872–1945) que o teria feito em 1927. 
Desiderata significa "coisas desejadas como essenciais", a partir do plural do original em latim "Desideratum" (também lido como "coisas ocultas").
Bom domingo e boa semana.


3 comentários:

Denise D+ disse...

Mensagens iguais a essa serão atuais sempre, Marcos. Mais do que nunca as pessoas precisam disso.

imnSonia disse...

Acabei de ler o que escreveu e de ver essa linda mensagem.
Acredite, precisamos disso, ainda mais em uma segunda feira de madrugada inicio de horario de verao tendo que encarar o trabalho. Haja Deus.
Obrigada. Bom dia.

Marcos Oliveira disse...

Bom dia!
Denise e (inm)Sonia, obrigado pelos comentários.
É mesmo uma mensagem atemporal, só foquei no ponto de que atualmente parece não existir muito espaço para isso para a maioria das pessoas por conta das exigências diárias e dos rumos da sociedade.

Também acordo muito cedo para trabalhar e esse novo horário exige mais do físico e do ânimo interior. Não é fácil mesmo!

Como alguns pediram via e-mail, segue o texto por escrito para vocês guardarem e/ou repassar.
Abraços e obrigado pela atenção.

Desiderata
“ Siga tranqüilamente, entre a inquietude e a pressa, lembrando-se de que há sempre paz no silêncio. Tanto quanto possível sem se humilhar, mantenha boas relações com todas as pessoas.

Fale a sua verdade mansa e claramente e ouça a dos outros, mesmo a dos insensatos e ignorantes, pois eles também têm sua própria história.

Evite as pessoas escandalosas e agressivas; elas afligem o nosso espírito.

Se você se comparar aos outros você se tornará presunçoso e magoado, pois haverá sempre alguém superior e alguém inferior a você.

Você é filho do Universo, irmãos das estrelas e árvores. Você merece estar aqui. E mesmo sem perceber a Terra e o Universo vão cumprindo o seu destino.

Desfrute das suas realizações, bem como dos seus planos, mantenha-se interessado em sua carreira ainda que humilde, pois ela é o ganho real na fortuna cambiante do tempo, tenha cautela nos negócios, pois o mundo está cheio de astúcia, mas não se torne um céptico, porque a vida sempre existirá muita gente luta por altos ideais e em toda a parte a vida está cheia de heroísmos. Seja você mesmo, principalmente não simule afeição nem seja descrente no amor porque mesmo diante de tanta aridez e desencanto ele é tão perene quanto a relva.

Aceite com carinho o conselho dos mais velhos e seja compreensivo com os arroubos inovadores da juventude. Alimente a força de espírito que o protegerá no infortúnio inesperado mas não se desespere com os perigos imaginários. Muitos temores nascem do cansaço e da solidão e, a despeito de uma disciplina rigorosa seja gentil para consigo mesmo. Portanto, esteja em paz com Deus como quer que você o conceba. E quaisquer sejam os seus trabalhos e aspirações, na fatigante confusão da vida, mantenha-se em paz sua própria alma apesar de todas as falsidades, fadigas e desencantos, o mundo ainda é bonito.

Seja prudente, faça tudo para ser feliz.”