Da mesma forma que milhões de outras pessoas mundo afora, tanto eu como o Luiz Felipe e familiares e amigos, utilizamos as "redes sociais". Falando mais diretamente, utilizamos o Facebook que é o que está na moda depois da queda do Orkut.
Mas tem também o g+, Instagram, Twitter, Linkedin e outras menos famosas.
Embora tenha apreço por aquele mesmo desejo do Roberto Carlos nos anos 1970 - "eu quero ter um milhão de amigos..." - confesso que fico com um pé atrás com relação aos amigos facebookianos que só vão aumentando a cada dia.
Eu nunca tive mais de vinte amigos, como é que agora tenho duzentos, ou dois mil ou dois milhões (ultrapassei o Roberto) tão fácil-fácil?
Não sei não mas ando percebendo que esses relacionamentos estão dando voltas e voltas em volta de si mesmo e não vão a lugar algum.
O resultado é que venho utilizando cada vez menos as tais redes e aproveitando o (sempre pouco) tempo livre em música, filmes, livros e nos contatos reais.
Só faço esse comentário devido a uma matéria que saiu na revista Carta Capital na semana passada e que recomendo a leitura. Nela a informação (segundo pesquisas) é de que as redes sociais alimentam a inveja, a intolerância e a depressão.
E eu acrescento: sem falar no fim da privacidade, preconizada por Aldous Huxley em "Admirável Mundo Novo" nos anos 1940. Bem, no meu tempo privacidade era uma coisa importante. Ok, o meu tempo é sempre o agora e não o passado ou o futuro, mas não dá para deixar de vivenciar uma certa estranheza nessa mega-exposição pessoal que se tornou normal de dez ou vinte anos para cá. Não consigo me sentir à vontade com isso. Como provavelmente diria o Arthur Xexéo, estou ficando velho. E ponto.
O texto abaixo é sobre a mesma pesquisa e serve para reflexão. Nem que seja enquanto vais postando alguma coisa no Face!
Quanto mais você usa o Facebook, mais infeliz você fica
Este é o resultado de uma pesquisa inédita, que traz também uma boa notícia: os voluntários que tiveram mais contato real (e não virtual) com outras pessoas, foram mais felizes
por Lino Bocchini
"Sim, é isso mesmo. Quanto mais você usa o Facebook, mais você fica infeliz. Pior: fica também mais solitário(a). E isso não é papo de boteco ou conclusão da cabeça do autor deste texto. Trata-se do resultado de uma pesquisa de fôlego recente conduzida pelo Laboratório de Estudos de Emoção e Autocontrole da Escola de Psicologia da Universidade de Michigan.
O resultado foi publicado pela Public Library of Science agora na segunda quinzena de agosto e é um dos destaques da reportagem "Brucutus da Timeline", dos repórteres Edu Graça e Rodrigo Martins, de CartaCapital.
O levantamento que chegou à conclusão dolorosa do título deste artigo foi conduzido pelo professor Ethan Kross, do Instituto de Pesquisas Sociais da Universidade de Michigan, em parceria com Phillipe Verduyn, da Universidade de Leuven, na Bélgica. Destacou-se por ser o primeiro a acompanhar com um método claro a rotina de dezenas de usuários da rede social.
Foram recrutados 82 jovens com menos de 30 anos para o experimento, e as perguntas foram enviadas diariamente 5 vezes, das 10 da manhã à meia noite, por meio de sms (mensagem de texto por celular). "Com isso fomos capazes de mostrar como o ânimo dos usuários mudava de acordo com o uso que cada um fazia do Facebook", explica Kross.
Independentemente da quantidade de amigos, das condições psicológicas dos pesquisados e da motivação para o uso da internet, a cada passagem pelo Facebook aumentavam a preocupação e a sensação de isolamento e infelicidade dos jovens. "Em princípio, o Facebook parece oferecer recursos inestimáveis para satisfazer a necessidade humana de conexão social. Em vez de incrementar a sensação de bem estar, nossa pesquisa sugere, no entanto, que o Facebook diminui a percepção de felicidade do usuário", analisa o acadêmico.
Os 82 voluntários foram também instados a dar uma nota de satisfação obtida consigo mesmo no começo e no fim da pesquisa. A exposição ao Facebook apareceu diretamente ligada à sensação de infelicidade: quem passava mais tempo no site, mais infeliz havia ficado duas semanas depois. Por outro lado, quanto maior o contato social direto, com amigos de carne e osso, sem mediação digital, maior a sensação de felicidade.
O cientista levanta uma possibilidade para este fato: o Facebook ativaria um poderoso processo de comparação social. "Os indivíduos tendem a postar informação, fotos e anúncios que fazem com que suas vidas pareçam sensacionais. Exposição frequente a esse tipo de informação pode levar o outro a sentir que sua vida é, em comparação, pior. Essa é uma das possíveis explicações. Outro fator pode ser a falta de interação direta com outras pessoas.""
Fonte: Blog do Lino - Carta Capital
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