Aos 77 anos, Luiz Fernando Veríssimo é um patrimônio vivo da cultura brasileira.
E bem vivo. Depois de passar por sérios problemas de saúde no ano passado, ele retorna agora com um novo livro inédito.
Talvez o maior cronista da atualidade no Brasil, são leituras obrigatórias aqueles livros que trazem coletâneas de suas sempre bem humoradas observações do cotidiano.
Desta vez, no entanto, seu mais novo "filho" não é de crônicas e sim uma coleção de contos.
Embora já tenha escrito uns dois romances, causa curiosidade o caminho que ele pode ter tomado nestas histórias.
Depois do que passou, seriam temas mais densos ou permanece a fina ironia das crônicas?
De qualquer forma, leitura imperdível nesse período de horário de verão que se inicia no próximo sábado.
Ele fala sobre a carreira e inspirações literárias:
"Na crônica, podemos escrever qualquer bobagem. Romance requer atenção".
Nos textos, a mortalidade aparece como tema em meio ao bom humor típico do escritor.
Pequeno trecho de um dos contos:
“Eu tinha 12 anos e ela tinha 36. Eu tinha o cabelo louro e encaracolado e os olhos verdes, mas fora essa intromissão, talvez holandesa, no meu sangue era um baiano de cartão postal, um mulatinho reluzente, um amor. Pergunte a qualquer um que me conheceu então, se encontrar algum vivo, se eu não era para levar pra casa.
E foi o que Dolores fez. Eu me chamava Zé Maria e dançava na praia para os turistas com minha irmã, Janaína. E a Dolores se encantou comigo. ‘Como te llamas?’, ela perguntou. ‘José”, eu disse e, com medo de que ela não entendesse, repeti: ‘José’ e ela disse ‘Rosé Rosé, que raro!’.
O dinheiro dela venceu a burocracia do Brasil, os papeis da adoção saíram logo...”
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