30 de outubro de 2013

O melhor som, junto ao silêncio

Pense seus ouvidos como se fossem seus olhos, feche-os e ouça os sons da ECM (Edition of Contemporary Music) Records, singular companhia alemã fundada em 1969 por Manfred Eicher que até hoje dirige a empresa.
Já comentamos sobre ela aqui no blog e é uma pena que só consigamos seus CDs importando da Europa.
Nos tempos dos vinis tinha uma editora que lançava os discos da ECM aqui no Brasil. Hoje não mais.
"O mais belo som, junto ao silêncio" é um dos lemas da gravadora.
Atualmente ocorre em Seul na Coreia, um festival dedicado à ECM, com exposição de capas de discos e fotos em uma galeria de arte e apresentações musicais em teatros.
É difícil (ou impossível) descrever o estilo musical dos contratados da gravadora de uma forma generalista. Isso porque, dependendo do músico, o ênfase pode ser folclórico, jazzístico, clássico, new age, etc. E os próprios artistas (de diversas partes do mundo) costumam gravar álbuns bem diferentes uns dos outros.
Há no entanto uma característica que parece perpassar as obras. Um tom intimista, às vezes minimalista, talvez uma busca de transcendência.
Manfred Eicher: "A música é como uma alma. Quero fornecer a música através de várias sessões e métodos de gravação. Um produtor precisa aprender a ouvir música com paciência. Ao ouvir, podemos aprender sobre a civilização do outro. Eu acredito que o meu papel é fazer com que as pessoas aprendam a escutar a música e dar-lhes motivação em todos os níveis ".
Para quem não está acostumado, as músicas (obras de arte contemporâneas) da ECM podem soar estranhas. Mas os estranhos talvez sejamos nós.
Manfred Eicher, fundador e CEO da ECM


Music video for Anouar Brahem: "Kashf", from the album "Thimar".
With John Surman (clarinet) and Dave Holland (double-bass).
Director: Pierre-Yves Borgeaud.
ECM Records, momentum production, 1998.

Não resisti em complementar este post com esta apresentação do Cluster.
Não se trata de contratados da ECM Records. Mas vejo uma conexão indireta com a sonoridade.
O duo alemão Cluster é um dos pioneiros da experiência "Ambient". Depois veio o Brian Eno. Talvez vocês não entendam a música. Ou mesmo achem que isso não é música. Essa sensação é normal em muitas produções alemães do início da década de 1970.
Essa apresentação é mais legal por ser bem recente (2008) com o Moebius e o Roedelius já em uma idade fora dos padrões de "experimentação". Mas tem de ser eles mesmos. Jovens não se interessam mais por isso.
Cluster live (Sonic Acts XII, 2008) from Sonic Acts on Vimeo.

Nenhum comentário: