27 de setembro de 2014

Eleições: "um tiro de espoleta"

Veja produziu um tiro de espoleta
Jovens, chegou a hora!

por Gilson Caroni Filho, no Viomundo

"Não costumo comentar pesquisas, mas a de ontem, do Datafolha, me obriga a abrir uma exceção. Dilma cresceu nas pesquisas com intenções de voto que migraram de Marina para ela. Os analistas da grande imprensa rapidamente arrumaram uma explicação: “a candidata da Rede perdeu votos nos extratos mais pobres”. É o desejo se confundindo com a análise. É a tentativa de ocultar o mais significativo: parcela da juventude que estava com Marina da Silva entendeu que ela nada mais é que “a velha direita” disfarçada de “nova política”. Mas vocês, jovens que são, sabem o que é velho, mesmo que o disfarce tenha maquiagem da grande mídia.

Tentaram instrumentalizá-los nas suas legítimas manifestações de junho do ano passado. Mas ali, com o apoio inestimável da Mídia Ninja, vocês começaram a entender que queriam transformá-los em massa de manobra para interesses reacionários. Pregavam ódio à política. No primeiro momento, vocês até que se confundiram ao gritar “não à política”. Mas com o tempo, afirmaram, mais uma vez, que só se aprende na ação, se deram conta de que a alternativa que lhes propunham era dizer sim a uma imprensa, que abandonou o jornalismo, para virar panfleto partidário do PSDB.

A opção que lhes ofereciam era deixar tudo com o mercado e ficarem brincando com celulares, aplicativos e joguinhos. E foi aí, mostrando que não se deixariam infantilizar, que se deu o que chamarei de “a grande recusa”: vocês estão começando a vida, mas não são mais crianças. São jovens cidadãos que não estão acorrentados ao cabresto dos fetiches. Conheceram as ruas e entenderam que é nela que se faz a grande política.

Confesso que na minha juventude era muito mais fácil optar por um caminho. As coisas eram claras ou escuras, pois vivíamos sob uma ditadura brutal. Para vocês, foi mais difícil: vivemos uma crise de representação e todos se dizem democratas, velhos corruptos falam de uma indignação que não sentem e escravocratas resolveram posar de vestais da República.

Mostrando discernimento, aprenderam a ler a grande imprensa e passaram a ignorá-la. A edição da revista “Veja” desta semana é um exemplo. Prometeu um “tiro de prata” e produziu uma matéria patética, um tiro de espoleta que evidencia a tarefa dos estudantes jornalismo: recriar a imprensa, pois a que aí está jogou sua credibilidade no ralo.

Por fim, e isso foi maravilhoso, compreenderam que nada é mais novo e revolucionário do que dar continuidade a três governos que reduziram substancialmente as desigualdades com políticas de inclusão. Nada é mais importante do que continuar tirando milhões de pessoas da miséria, dando-lhes condições de frequentar uma escola e, posteriormente, ingressar em uma faculdade. Vocês, mais do que eu, sabem como é rica a convivência, em ambiente acadêmico, de pessoas de classe média alta com jovens oriundos de comunidades carentes. Como o a gente aprende com isso, como vencemos preconceitos. E é isso que faremos juntos: continuaremos vencendo preconceitos e construindo um mundo novo.

Em vários artigos os concitei à reflexão. Hoje é diferente. Venho aqui para externar meu orgulho pelos jovens que não se renderam ao discurso do ressentimento, do ódio de classe reproduzido pela mídia, por algumas escolas, igrejas e alguns professores portadores de discursos pseudomodernos.

Meu orgulho é como pai, avô e professor. Seguiremos unidos até a vitória. Um grande abraço."

7 comentários:

Marcos Oliveira disse...

Porque não servem mais cafezinho a Merval na embaixada dos EUA
Fernando Brito
No Tijolaço

Na eleição passada, certamente no cumprimento de seus deveres jornalísticos, Merval Pereira andou tomando uns cafezinhos na embaixada americana, trocando idéias sobre apenas aquilo que ele próprio já escrevia no jornal, é claro.

Desta vez, porém, parece que não repetiram o convite, talvez por se convencerem que as análises de Merval são não apenas ruins como, em geral, furadas.

Vejam como ele garantia que Marina estava sólida, há apenas três dias:

“Ao contrário do que anunciavam os blogs petistas e seus “trackings” imaginários, a candidata Marina Silva do PSB continua onde sempre esteve nas últimas semanas, na casa dos 30% das intenções de voto, mantendo uma razoável, e diria mesmo quase insuperável, distância do terceiro colocado, o tucano Aécio Neves, que depois de ter dado uma crescida alentadora, estacionou nos 19% dos votos.

Chega a ser engraçada, se não patética, a tentativa de institutos de pesquisa ligados ao PT de dar uma esperança ao candidato do PSDB, anunciando um “derretimento” da candidatura de Marina que não aconteceu segundo o Ibope. “

Como atenuante, Merval admite que houve recuperação de Dilma em relação à pesquisa em que Marina surgiu como um foguete, “mas essa recuperação aconteceu logo na pesquisa seguinte, pois há três semanas os números estão parados no mesmo lugar, com alternância de posições entre as duas dentro da margem de erro”

72 horas depois, após uma traulitada de 13 pontos de diferença no Datafolha, Merval se agarra no incrível e não dá o bigode a torcer:

”A propaganda eleitoral pelo rádio e televisão aparentemente não alavancou a candidatura de Dilma, que na semana anterior ao início do horário eleitoral tinha 36% dos votos e hoje chegou aos 40%. Também Aécio Neves continua na mesma situação em que entrou, tinha 20% e hoje tem 18%. Já Marina foi a única que cresceu, de 21% para 27%.”

Mas até Merval, o estóico, acaba por reconhecer que “a única que cresceu” agora, “na reta final da eleição sua trajetória é de queda”.

Dá para ver, com essa capacidade de antevisão e análise, porque os gringos resolveram economizar o café.

E, coitado, a desorientação é tanta que não consegue nem mesmo observar que, ao contrário do que diz, a tendência não é os eleitores tucanos abandonarem Aécio para darem “voto útil” a Marina mas a de Marina perder votos originalmente tucanos à medida em que vai se mostrando mais fraca.

Deviam chamar o feroz acadêmico. Afinal, Merval Pereira de marinista empedernido é um espetáculo que vale um café dos melhores.

Marcos Oliveira disse...

Dilma, blogueiros e beijinho no ombro
Por Renato Rovai, em seu blog:

A presidenta Dilma concedeu na tarde de ontem a sua entrevista mais à vontade e também talvez a mais esclarecedora acerca do seu governo desde que subiu a rampa do Planalto no dia 1º de janeiro de 2011. Para os que não gostam dos denominados blogueiros progressistas (ou sujos) isso pode ser um prato cheio. Permite dizer que os entrevistadores, todos claramente simpáticos à presidenta, foram servis. É um jeito de ver as coisas. Como se muitos dos jornalistas da mídia tradicional quase não pedissem a benção e se ajoelhassem ao entrevistar grandes empresários e banqueiros. O mito da imparcialidade é que tem afundado a mídia tradicional. Leitores e público querem transparência e honestidade, o que não falta aos blogueiros.

Mas retornando à entrevista, elas são boas ou ruins pelo que revelam, não pela forma como são feitas. Um indicador que permite avaliá-las é a quantidade de chamadas e títulos que fornecem. Dilma ofereceu inúmeros e uma delas foi obviamente a escolhida por todos os veículos da mídia corporativa: “a regulação econômica da mídia será um tema do meu segundo governo”.
Mas Dilma também disse que “quando o sapato não cabe mais no pé, é hora de trocar de sapato, porque de pé não dá pra trocar”, referindo-se à reforma política. E defendeu que ela aconteça em plebiscito, porque acha que uma constituinte exclusiva seria eleita a partir dos mesmos vícios que hoje levam a alguns segmentos a ser sub-representados no parlamento.
Também falou que hoje o governo tem um sistema de monitoramento por câmeras de hospitais e que isso lhe permite olhar como estão as coisas em alguns deles. E revelou que recentemente viu uma moça esperando para ser atendida numa cadeira de rodas por um bom tempo num corredor e ligou para a administração da unidade para ver o que estava acontecendo. Isso é algo que mereceria uma investigação jornalística. Será que esse tipo de ação pode vir a melhorar a gestão da saúde no Brasil? Dilma comparou-a ao com o que foi feito no atendimento da Previdência Social, que antes era um caos e melhorou significativamente entre o primeiro e o segundo mandato do presidente Lula.
A presidenta, provocada, também concordou que precisa fazer mais política, mas ao mesmo tempo disse que isso não resolve todo o problema. E lembrou a forma como o seu recente discurso na ONU foi deturpado por boa parte da mídia nacional.
Em resposta a minha pergunta sobre a desmilitarização da polícia, revelou que ainda não conhece a proposta de PEC 51. Mas disse sem nenhuma cerimônia que os autos de resistência são em geral utilizados para mascarar assassinatos realizados por policiais. E sinalizou que pretende, se reeleita, agir em relação ao sistema prisional. Neste tema, aliás, Dilma talvez devesse se sentar com especialistas mais progressistas. Diferentemente dela, eles acham que o governo federal pode ser muito mais atuante na área de segurança do que sinalizou. Ou seja, não é suficiente unificar as ações policiais é preciso ir além e propor uma reforma completa da arquitetura institucional o sistema de segurança pública no Congresso. E essa questão não é cláusula pétrea.
Dilma também falou bastante sobre gargalos de logística do Brasil e de obras que o seu governo vem realizando. Demonstrou um imenso conhecimento do que vem sendo feito para melhorar a infraestrutura no Brasil e, como já desconfiava, esse de fato é o tema preferido da presidenta.

Marcos Oliveira disse...

Dilma parecia se divertir quando ficava, ao falar, viajando o Brasil citando cidades onde vem sendo realizadas melhorias estruturais. Isso ficou claro antes mesmo da entrevista começar e do áudio ser aberto para o público. A conversa começou pelo calor que fazia em Brasília, passou pela São Paulo sem água de Alckmin e foi para as obras do São Francisco. Os olhos de Dilma brilhavam ao falar da grandiosidade da ação que vem sendo feita que no semi-árido nordestino. Ela contou com entusiasmo, por exemplo, como a água desliza por gravidade em imensos deslocamentos. E mostrou, comparando com o tamanho da sala onde estávamos, o tamanho das tubulações. Dilma é apaixonada por infraestrutura.
A presidenta, porém, também mostrou muito mais conhecimento da área de comunicação do que boa parte dos blogueiros imaginava que ela tinha. Discorreu de forma clara sobre os problemas do setor no Brasil e defendeu a tese de que é necessário uma regulamentação econômica do setor oferecendo vários exemplos internacionais.
Na sua última resposta, Dilma concordou que o avanço da cidadania cultural na classe C não ocorreu no mesmo ritmo do acesso ao consumo e disse que isso é comum num país como o Brasil que “tem que resolver problemas do século XIX e ao mesmo tempo atuar em questões do século XXI”.
Enfim, Dilma falou como poucas vezes na entrevista que concedeu para os blogueiros. E falou de fato de forma amigável. Isso significa o quê? Só jornalistas com carteirinhas de veículos que recebem muito mais financiamento do governo do que todos os blogues do mundo juntos têm o direito de fazer perguntas? Autoridades que se abrem ao diálogo para além da mídia tradicional cometem algum crime de lesa pátria?
A presidenta, aliás, deveria passar a fazer rodas de conversas ao vivo pela internet não apenas com blogueiros, mas com representantes de diversos outros setores. Não há porque se manter refém apenas das versões das organizações midiáticas. O momento permite ignorar os mediadores. E da forma como Dilma se mostrou tranquila e preparada, suas conversas fariam grande sucesso.
Ontem a blogosfera escreveu mais um parágrafo neste episódio da democratização das comunicações no Brasil. E Dilma também. Ao abrir as portas do Alvorada para receber seis blogueiros e duas blogueiras do chamado grupo progressista, mostrou que está disposta a iniciar uma nova fase neste campo. Tomara que esse tipo de iniciativa ganhe corpo e influencie outros governantes Brasil afora.

E para aqueles que não gostam disso, fica o nosso carinhoso beijinho no ombro.

Marcos Oliveira disse...

Fernando Meirelles X João Santana
por : Jura Passos no DCM

O publicitário Fernando Meirelles chamou o marqueteiro João Santana de Goebbels. Ou seja: mentiroso.

Goebbels, para quem não lembra, foi o marqueteiro e publicitário do nazismo, para quem uma mentira repetida milhares de vezes vira uma verdade.

Eis aí uma briga interessante.

Ela tem tudo pra revelar de uma vez por todas, para quem ainda não percebeu, o que é e para que serve o marketing político.

Antes, porém, é preciso revelar o publicitário que se esconde por detrás do cineasta Fernando Meirelles.

Como muitos bons cineastas brasileiros, Meirelles começou como publicitário.

Isso é normal, todo mundo tem contas para pagar, o cinema nacional já passou por uma crise atrás da outra mas a publicidade brasileira sempre foi de vento em popa.

E Fernando se deu bem nos dois negócios. Ele tem talento de sobra para ambos.

Lógico que com a vida financeira encaminhada, a produtora crescendo e dando lucro, ele pode se dedicar cada vez mais ao cinema e às séries de TV.

Atualmente ele está produzindo e dirigindo para a TV Globo a série Felizes para Sempre, que está sendo rodada em Brasília.

É por isso que ele está apenas ajudando os marqueteiros de Marina, pois está ocupado com a série da Globo.

Ao mesmo tempo, sua produtora de cinema, TV e publicidade O2 continua produzindo isso tudo.

Meirelles, portanto, continua sendo publicitário mesmo sendo cineasta.

Ora, se ele é publicitário, por que acusaria um colega marqueteiro – que é um diretor de publicitários – de mentiroso?

Só pode ser por propaganda enganosa.

Santana diria mentiras sobre os produtos que vende ou sobre os produtos da concorrência.

No caso da briga deles, seria sobre as críticas de Dilma a Marina.

As críticas da cliente dele seriam todas verdadeiras.

Somos obrigados a acreditar também que a produtora de propagandas de Meirelles só vende produtos perfeitos.

Nada do que produzem tem qualquer intenção de iludir o consumidor.

Os produtos que eles vendem há duas décadas – muitos para crianças – são absolutamente confiáveis e as mensagens publicitárias gravadas por eles não devem conter qualquer dose de ficção.

Talvez as modelos dos anúncios da O2 sequer sejam maquiadas.

A voz das crianças não é dublada.

Os jingles são mais sinceros e verdadeiros do que os conselhos da vovó.

Como você – assim como lorde Wellington – não acredita em nada disso, talvez também não acredite em outras mentiras, sejam elas de qual marqueteiro ou publicitário forem.

Ou de qual candidato forem.

Ao reclamar da mentiras do filme da concorrência, Meirelles está querendo esconder as próprias.

Tanto da sua candidata quanto do seu negócio.

Na mesmo entrevista a Morris Kachani da Folha em que fala mal do seu colega marqueteiro, Meirelles fala mal dos partidos no Brasil.

“No Brasil os partidos não significam nada”.

Ou seja, ele está reclamando só dos produtos que os outros vendem.

Não ele.

Sem querer, o marqueteiro cineasta ou cineasta marqueteiro – um mistério de Tostines – um dos maiores problemas de partidos e candidatos no Brasil é exatamente o de terem se tornado produtos.

O marketing substituiu a política.

É por isso que ele deixou de ser atraente e o eleitor – como o consumidor – fica cada vez mais desiludido com tanta ilusão.

Não é à toa que até intelectuais como o cineasta estejam entre eles.

O mais inacreditável é que nem eles percebam as ilusões que criam.

[Ao invés de xingar os colegas, Fernando Meirelles deveria produzir um documentário sobre o marketing político e suas consequências.]

[O DCM faria até campanha no Catarse para financiá-lo!]

Marcos Oliveira disse...

Melancólico fim da revista “Veja”, de Mino a Barbosa

Por Ricardo Kotscho, em seu blog
27/09/2014

Uma das histórias mais tristes e patéticas da história da imprensa brasileira está sendo protagonizada neste momento pela revista semanal “Veja”, carro-chefe da Editora Abril, que já foi uma das maiores publicações semanais do mundo.

Criada e comandada nos primeiros dos seus 47 anos de vida, pelo grande jornalista Mino Carta, hoje ela agoniza nas mãos de dois herdeiros de Victor Civita, que não são do ramo, e de um banqueiro incompetente, que vão acabar quebrando a “Veja” e a Editora Abril inteira do alto de sua onipotência, que é do tamanho de sua incompetência.

Para se ter uma ideia da política editorial que levou a esta derrocada, vou contar uma história que ouvi de Eduardo Campos, em 2012, quando ele foi convidado por Roberto Civita, então dono da Abril, para conhecer a editora.

Os dois nunca tinham se visto. Ao entrar no monumental gabinete de Civita no prédio idem da Marginal Pinheiros, Eduardo ficou perplexo com o que ouviu dele. “Você está vendo estas capas aqui? Esta é a única oposição de verdade que ainda existe ao PT no Brasil. O resto é bobagem. Só nós podemos acabar com esta gente e vamos até o fim”.

É bem provável que a Abril acabe antes de se realizar a profecia de Roberto Civita. O certo é que a editora, que já foi a maior e mais importante do país, conseguiu produzir uma “Veja” muito pior e mais irresponsável depois da morte dele, o que parecia impossível.

Marcos Oliveira disse...

Melancólico fim da revista “Veja”, de Mino a Barbosa (2)

Por Ricardo Kotscho, em seu blog
27/09/2014

A edição 2.393 da revista, que foi às bancas neste sábado, é uma prova do que estou dizendo. Sem coragem de dedicar a capa inteira à “bala de prata” que vinham preparando para acabar com a candidatura de Dilma Rousseff, a uma semana das eleições presidenciais, os herdeiros Civita, que não têm nome nem história próprios, e o banqueiro Barbosa, deram no alto apenas uma chamada: ” EXCLUSIVO – O NÚCLEO ATÔMICO DA DELAÇÃO _ Paulo Roberto Costa diz à Polícia Federal que em 2010 a campanha de Dilma Rousseff pediu dinheiro ao esquema de corrupção da Petrobras”. Parece coisa de boletim de grêmio estudantil.

O pedido teria sido feito pelo ex-ministro Antonio Palocci, um dos coordenadores da campanha da então candidata Dilma Rousseff, ao ex-diretor da Petrobras, para negociar uma ajuda de R$ 2 milhões junto a um doleiro que intermediaria negócios de empreiteiras fornecedoras da empresa.

A reportagem não informa se há provas deste pedido e se a verba foi ou não entregue à campanha de Dilma, mas isso não tem a menor importância para a revista, como se o ex-todo poderoso ministro de Lula e de Dilma precisasse de intermediários para pedir contribuições de grandes empresas. Faz tempo que o negócio da “Veja” não é informar, mas apenas jogar suspeitas contra os líderes e os governos do PT, os grandes inimigos da família.

E se os leitores quiserem saber a causa desta bronca, posso contar, porque fui testemunha: no início do primeiro governo Lula, o presidente resolveu redistribuir verbas de publicidade, antes apenas reservadas a meia dúzia de famílias da grande mídia, e a compra de livros didáticos comprados pelo governo federal para destinar a esc0las públicas.

Ambas as medidas abalaram os cofres da Editora Abril, de tal forma que Roberto Civita saiu dos seus cuidados de grande homem da imprensa para pedir uma audiência ao presidente Lula. Por razões que desconheço, o presidente se recusava a recebe-lo.

Depois do dono da Abril percorrer os mais altos escalões do poder, em busca de ajuda, certa vez, quando era Secretário de Imprensa e Divulgação da Presidência da República, encontrei Roberto Civita e outros donos da mídia na ante-sala do gabinete de Lula, no terceiro andar do Palácio do Planalto.”

“Agora vem até você me encher o saco por causa deste cara?”, reagiu o presidente, quando lhe transmiti o pedido de Civita para um encontro, que acabou acontecendo, num jantar privado dos dois no Palácio da Alvorada, mesmo contra a vontade de Lula.

No dia seguinte, na reunião das nove, o presidente queria me matar, junto com os outros ministros que tinham lhe feito o mesmo pedido para conversar com Civita. “Pô, o cara ficou o tempo todo me falando que o Brasil estava melhorando. Quando perguntei pra ele porque a “Veja” sempre dizia exatamente o contrário, esculhambando com tudo, ele me falou: `Não sei, presidente, vou ver com os meninos da redação o que está acontecendo´. É muita cara de pau. Nunca mais me peçam pra falar com este cara”.

A partir deste momento, como Roberto Civita contou a Eduardo Campos, a Abril passou a liderar a oposição midiática reunida no Instituto Millenium, que ele ajudou a criar junto com outros donos da imprensa familiar que controla os meios de comunicação do país.

Marcos Oliveira disse...

Melancólico fim da revista “Veja”, de Mino a Barbosa (3)

Por Ricardo Kotscho, em seu blog
27/09/2014

Resolvi escrever este texto, no meio da minha folga de final de semana, sem consultar ninguém, nem a minha mulher, depois de ler um texto absolutamente asqueroso publicado na página 38 da revista que recebi neste final de semana, sob o título “Em busca do templo perdido”. Insatisfeitos com o trabalho dos seus pistoleiros de aluguel, os herdeiros e o banqueiro da “Veja” resolveram entregar a encomenda a um pseudônimo nominado “Agamenon Mendes Pedreira”.

Como os caros leitores sabem, trabalho faz mais de três anos aqui no portal R7 e no canal de notícias Record News, empresas do grupo Record. Nunca me pediram para escrever nem me proibiram de escrever nada. Tenho aqui plena autonomia editorial, garantida em contrato, e respeitada pelos acionistas da empresa.

Escrevi hoje apenas porque acho que os leitores, internautas e telespectadores, que formam o eleitorado brasileiro, têm o direito de saber neste momento com quem estão lidando quando acessam nossos meios de comunicação.