"Quem tem hoje algo em torno de 20 anos de idade, e portanto nasceu próximo a 1994, era ainda uma criança quando, em 2003, o Brasil empossou na Presidência da República um ex-metalúrgico e líder sindical.
Sua adolescência se passou tendo Lula como figura máxima de poder, muitas vezes sob a simpatia dos pais. Este mesmo Lula, que fora esperança para tantas gerações passadas, havia se tornado o velho para estes meninos e meninas, tão novos que eram.
Como encarnar o novo e, ao mesmo tempo, manejar a complexa arquitetura política brasileira, forjada em 500 anos de relações autoritárias, excludentes, clientelistas e patrimonialistas? Como encarnar o novo tendo que posar para fotos ao lado de figuras como Fernando Collor de Melo, José Sarney e até, mais recentemente, Paulo Maluf? Não seriam todos “farinha do mesmo saco”?
Este é tipo de resposta que, para ser dada, exige um certo distanciamento histórico, uma noção de processo, que permite identificar mais claramente o que realmente está em curso no Brasil.
O País não mudou de uma hora para a outra. Mas mudou muito, muito mesmo, nestes últimos anos. E para muito melhor. Seriam necessárias páginas e páginas de números enfadonhos para demonstrar isso neste texto. Eles teriam a ver com a expressiva elevação no número de universidades e escolas técnicas criadas, o aumento dos cursos de medicina, a ascenção social e do poder de consumo, a melhoria da eficiência da máquina pública, o aumento da transparência dos gastos, entre outras muitas áreas. Mas há um dado, recente, que talvez simbolize bastante esse conjunto de transformações, anunciado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) no final de julho: pela primeira vez, no Brasil, o número de eleitores com ensino superior completo supera o número de eleitores analfabetos. Serão oito milhões de graduados nas urnas, e 7,4 milhões de analfabetos. E este não é um dado cristalizado, é o retrato de momento de uma tendência: o País vem, progressivamente, aumentando o acesso à universidade e reduzindo a sua taxa de analfabetismo.
No entanto, talvez seja frustrante para um jovem viver em uma época em que os mais velhos dizem que a vida está melhor, mas ele mesmo identifica inúmeras mazelas gritantes todos os dias. Não há como não acreditar que toda esta avaliação positiva, ainda que com ressalvas, seja fruto de um certo conformismo de quem viveu tempos piores.
O jovem quer mudança. Sempre. E se tiver sensibilidade social, não vai se conformar com o fato de que ainda existam cerca de 6,5 milhões de miseráveis no Brasil (mais do que o dobro da população do Uruguai). Se estiver preocupado com a sua empregabilidade, não vai se conformar em viver em um País que vive taxas entre 7 e 8% de desemprego.
Assim como, também, falando em termos ideológicos, se for socialista, não estará satisfeito com o fato de o Brasil ser reconhecidamente um País capitalista e a sétima economia do mundo. Se for anarquista, não aceitará o fato de o Brasil possuir um governo central e ser uma República Federativa. Ou até mesmo, se for um liberal no sentido econômico, igualmente não entenderá o atraso que acredita ser a presença forte do Estado na economia e a permanência de “monstros” do passado como a Petrobrás.
Sempre haverá motivos para se indignar, portanto. E a indignação é o saudável motor do mundo.
Mas — sempre há um “mas” —, mudanças também podem ser feitas para o pior. E não faltam no Brasil setores conservadores à espreita, em busca de privilégios de classe e com sede de diferenciação social. Não se conformam com o fato de que as mudanças recentes nos tornam cada vez mais iguais em oportunidades.
É por isso que, desde o editorial da semana passada, o Nascente conversa nesta seção sobre a posição pública do Sindipetro-NF em favor da candidatura de Dilma Rousseff à Presidência da República."
Fonte: Sindipetro-NF
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