A morte de Campos e os urubus em busca de carniça
por : Kiko Nogueira
"Ninguém nunca perdeu dinheiro por subestimar a inteligência das pessoas, mas a tragédia com Eduardo Campos trouxe do lixo manifestações que ultrapassam qualquer limite, se limite houvesse.
Na sexta, Dilma sancionou uma lei que protege o sigilo de dados das caixas-pretas de aviões, bem como as informações voluntárias de testemunhas de investigações. A legislação foi proposta pela Aeronáutica em 2007, após a crise aérea desencadeada pelos acidentes da Gol e da Tam.
Confirmada a morte do candidato, a turma que bate em golpe comunista, bolivarianismo e boitatá juntou os pontos e viu uma ligação entre a sanção presidencial e a queda da aeronave.
Enquanto a teoria conspiratória vicejava, a corja aproveitava para chafurdar mais fundo no oportunismo.
Um pastor chamado Daniel Vieira, de um certo Congresso dos Gideões Missionários da Última Hora, ligado a Silas Malafaia, cravou: “Morre Eduardo Campos, candidato a presidente. Hoje são 13 [sic], numero do PT. Deveria ter levado a DILMA!”, escreveu nas redes sociais. Apagou em seguida, com um pedido de desculpas ignóbil.
Mas poucos conseguem superar Daniela Schwery, eterna “candidata” a qualquer cargo no PSDB em São Paulo (atualmente, a deputada federal). Troladora oficial do partido, uma espécie de Tiririca fascista, sua única bandeira e missão de vida é ser antipetralha, “antiesquerdopata” e quejandos. Entre suas propostas, listadas em seu site oficial, está a de transformar o Instituto Lula em abrigo para mendigos.
Ela habita um terreno pantanoso entre o deboche e a psicopatia. Schwery conseguiu forjar um meme da Dilma Bolada (“Pra descer todo santos ajuda”) e então se pôs a despejar uma série de acusações. “PT em festa”; “Celso Daniel eliminado; Toninho do PT eliminado…”.
Nenhuma mísera mensagem de condolência à família, um insight, qualquer coisa humana.
Quando não se esperava mais nada, Roger, do Ultraje conseguiu novamente se superar, horas depois de chamar Marcelo Rubens Paiva de bosta e declarar que o pai do escritor, Rubens Paiva, morreu “defendendo o comunismo” (numa resposta a uma menção que Marcelo lhe fez numa palestra na Flip).
Desta vez, Roger foi profético: “Pronto, vai virar santo. E herói”. Têm sido — continuarão sendo — dias ricos em estupidez, maldade, paranóia e desumanidade."
Fonte: Diário do Cento do Mundo
Eduardo morre e urubus fazem contas: a excitação mórbida dos “analistas”
por Rodrigo Vianna
"Os corpos ainda não haviam sido localizados. Os bombeiros ainda procuravam as caixas pretas do avião em que viajavam Eduardo Campos e mais seis pessoas. Mas o “mercado” e a gloriosa mídia brasileira já faziam suas contas.
O Blog da Maria Frô captou bem essa onda que foi invadindo a internet durante esse trágico 13 de agosto. A “Veja” especula com números da Bolsa. A “Folha” adianta-se e faz pesquisas, já perguntando: “ontem, o candidato Eduardo Campos morreu em um acidente de avião; na sua opinião o PSB deveria: 1 lançar Marina Silva como candidata a presidente, 2 lançar outro candidato…”
Começo da tarde: comentaristas da “GloboNews” tentavam estabelecer o “novo quadro político”. No rádio, uma “analista de mercado” dizia que a morte de Eduardo (os outros seis mortos nem são levados em conta) cria “um fato novo” na campanha eleitoral. A analista chegou a dizer que isso poderia ser “positivo para o Brasil”.
Há certa excitação no ar. Excitação mórbida. Comentaristas gagos, acadêmicos globais e outros quetais animam-se com a possibilidade de que Marina seja candidata e ajude a levar a eleição ao segundo turno. É a torcida da revista “Veja”. Torcida que se exalta, sem respeitar os mortos, nem as famílias, nem nada mais.
Não me espanta. Tenho ouvido coisas incríveis pelas ruas. O Brasil está envenenado.
Sim, Marina pode ser candidata. O DataFolha já registrou até pesquisa eleitoral com o nome de Marina Silva na corrida.
A elite brasileira tem pressa. É preciso definir o que fazer. Qual será o canto de sereia a convencer Marina? É preciso sondar humores.
FHC, numa rádio, respondia que a entrada de Marina muda tudo. “Não sei se ganha, mas aumenta a chance de segundo turno”.
Esse é o papel (falta combinar com a ex-ministra) reservado a Marina, nos sonhos de colunistas, comentaristas gagos e urubus de toda ordem: levar a eleição pro segundo turno, carregando o cadáver de Eduardo se preciso. Desde que no segundo turno esteja Aécio, e não a própria Marina.
Mas o quadro se complica. O eleitor nordestino de Eduardo é muito sensível ao que indicar Lula. O ex-presidente guarda um silêncio respeitoso, enquanto revistas da marginal e marginais de revistas fazem cálculos, contas e insuflam a onda de ódio no Brasil.
Tudo isso por cima dos cadáveres de Eduardo e das outras vítimas do acidente.
Marina é útil? Ótimo. Falta combinar com o eleitor."
Fonte: Escrevinhador
3 comentários:
Muito triste isso. Esses espalhadores de odio desumanos é que depois tem a cara de pau de chamar socialistas de petralhas. A sociedade está mesmo envenenada.
Olavo de Carvalho e candidata tucana culpam Dilma por acidente de Campos
Olavo de Carvalho, que é considerado filósofo por “gênios” do estilo de Roger, o ex-cantor e pretenso humorista, postou a seguinte mensagem no seu Facebook, às 14h de hoje:
“O governo torna sigilosas as investigações de acidentes aéreos e poucos dias depois já vem um acidente aéreo politicamente relevante. Ou o Acaso está gozando da nossa cara, ou não é acaso.”
A bizarra insinuação tinha quase 3 mil curtir e um pouco mais de quatro mil compartilhamentos à meia noite.
Entre outros que tiveram a atitude de fazê-lo, está a candidata a deputada estadual pelo PSDB paulista, Dany Schwery, que já foi motivo de dois pots aqui (http://www.revistaforum.com.br/blogdorovai/2012/08/08/dani-shwey-candidata-a-vereadora-em-sp-traduz-o-que-pensam-serra-e-o-psdb/) e aqui(http://www.revistaforum.com.br/blogdorovai/2012/08/18/a-candidata-a-vereadora-do-serra-e-o-fim-do-psdb/) neste blogue quando candidata a vereadora, em 2012.
Dany tentou ser mais direta e engraçada do que Carvalho e publicou o meme que ilustra este post.
Depois de ser contatada por, segundo ela, pessoas do partido, retirou-o da página. Mas não sem antes ameaçar petistas e dizer que nunca faria isso não fosse a possibilidade de que a atitude respingasse no seu candidato, Aécio Neves.
Dany teve uma votação ridícula em 2012, apenas 507 votos. O que permite dizer que não será eleita novamente. Mas o PSDB paulista não abre mão de ter gente como ela na sua chapa. O que diz mais sobre o tucanato paulista do que sobre Dany.
Vi também gente que se afirma do PT e de outros partidos de esquerda fazendo comentários lamentáveis sobre o acidente que vitimou Campos, mas nenhum deles pleiteava cargos políticos ou tem qualquer nível de representação partidária.
O mínimo que um partido decente faria com uma candidata que formula este tipo de aberração é cassar a sua candidatura. Para que não venha a ser confundido com ela. Com a palavra os candidatos a presidente pelo partido, Aécio Neves, e a governador, Geraldo Alckmin. E claro, o sempre atento, José Serra, que disputa o Senado pelo PSDB, e é apontado como a liderança política de Dany.
http://www.revistaforum.com.br/blogdorovai/2014/08/14/olavo-de-carvalho-e-candidata-tucana-culpam-dilma-por-acidente-de-campos/
A abjeta pesquisa Datafolha sobre o espólio de Eduardo Campos. A Folha é um lixo moral.
O acidente que vitimou Eduardo Campos ocorreu por volta de dez horas. Sua morte foi, infelizmente, confirmada por volta do meio-dia.
Pouco depois, a alta direção do Datafolha, numa atitude abjeta e desprovida de qualquer valor moral e humano preparava, com esmero, as perguntas para registrar uma pesquisa, às pressas, para ver com quem ficaria o espólio eleitoral do morto, para ser colocada nas ruas amanhã.
Li sobre a pesquisa no blog da Maria Frô e fui conferir. O documento está lá, registrado no TSE, com suas perguntas cheias de morbidez.
Total abjeção moral e um estupidez científica, porque é óbvio que, no dia seguinte a uma tragédia que repercutiu todo o dia nos meios de comunicação, praticamente sem intervalos, nenhum resultado retrataria o cenário real, que os dias se encarregarão de trazer à normalidade, serenadas as compreensíveis e humanas comoções.
Humanas, claro, para quem é capaz de as ter, o que não parece ser o caso do board do Datafolha e da própria Folha, contratante da pesquisa por R$ 226 mil.
O objetivo deste gesto imundo, desqualificado do ponto de vista ético e do ponto de vista estatístico, é um só: tirar “cascas” da tragédia humana para mudar um processo eleitoral que as próprias pesquisas indicam como estável e relativamente sólido.
Paro, como prometi antes, por aqui com as considerações políticas.
Fico no desrespeito aos sentimentos da família, dos amigos e da sociedade brasileira, que se comoveu com a morte acidental de um homem em plena campanha presidencial.
Não esperaram sequer ser recuperado e sepultado o corpo do candidato morto.
A atitude do Datafolha, como a dos colunistas que imploram por uma candidatura Marina montada sobre a desgraça, é uma desonra para qualquer pessoa.
Não que Marina não possa ser candidata. Mas porque em tudo na vida há ritos e processos dignos para algo acontecer.
Ou não, como nos mostra a pesquisa-abutre do Datafolha.
É gente com este caráter que não admite contestação às “verdades” que diz.
Fernando Brito
No Tijolaço
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