23 de novembro de 2012

Os jornalistas que serão citados na CPMI do Cachoeira

Quem são e o que fazem os ‘jornalistas de Cachoeira’

Por Najla Passos, na Carta Maior

"Desde que o relator da CPMI do Cachoeira, deputado Odair Costa (PT-MG), confirmou, nesta quarta (21), que irá pedir o indiciamento de cinco jornalistas no seu relatório final, imprensa e oposição passaram a atacar a medida, em uníssono, alegando ora afronto à liberdade de expressão, ora o desejo de vingança do PT contra seus algozes no “mensalão”. Uma leitura do relatório revela uma outra realidade. E uma realidade estarrecedora sobre os meandros da imprensa brasileira. Os documentos falam de jornalistas vendendo sua força de trabalho ou o espaço dos veículos em que trabalham para beneficiarem uma reconhecida organização criminosa na prática de crimes. Ou então, associando-se a ela para destruir desafetos comuns dos criminosos e dos seus veículos.

O diretor da sucursal de Veja em Brasília, Policarpo Junior, é a face mais conhecida deste time. Mas o grupo é muito maior. O relatório da CPMI cita nominalmente doze jornalistas que teriam contribuído periodicamente com o esquema criminoso, e acabaram flagrados em atitudes, no mínimo, suspeitas, por meio das quebras de sigilos telefônicos, ficais e bancários dos membros da quadrilha e das empresas, de fachada ou não, que operavam em nome dela. Desses doze, pede o indiciamento de cinco, contra os quais as provas são robustas. Sugere ao Ministério Público Federal (MPF) o prosseguimento das investigações contra os outros sete, com base nos indícios já levantados pela Comissão.

Saiba quem são os jornalistas que, no entendimento da CPMI, devem ser indiciados:
Policarpo Junior
É diretor da sucursal da Veja em Brasília. Segundo o relatório da CPMI, colaborou com os interesses da organização criminosa promovendo suas atividades ilícitas, eliminando ou inviabilizando a concorrência e desconstruindo imagens e biografias de adversários comuns da máfia e da publicação. O relacionamento entre Cachoeira e Policarpo começou em 2004. Apesar de atualmente mídia e oposição considerarem um acinte à liberdade de imprensa sua convocação para prestar esclareimentos na CPMI do Cachoeira, ele depôs na CPI dos Bingos, em 2005, para defender o contraventor, como Carta Maior revelou na reportagem Jornalista da Veja favoreceu Cachoeira em depoimento de 2005, em 28/5. Suas relações com Cachoeira foram fartamente documentadas, como mostram, por exemplo, as reportagens Os encontros entre Policarpo, da Veja, e os homens de Cachoeira, de 10/5, e Cachoeira: “O Policarpo, ele confia muito em mim, viu?”, de 15/5. A CPMI pediu seu indiciamento por formação de quadrilha."

Leiam o restante em: Escrevinhador

2 comentários:

Anônimo disse...

A reação ao relatório da CPI do Cachoeira

Enviado por luisnassif, sex, 23/11/2012 - 12:10
Por zanuja castelo branco
Miguel do Rosário

Os capangas entraram em ação.

O relatório da CPI do Cachoeira, apresentado esta semana por seu relator, o deputado federal Odair Cunha (PT-MG), enfureceu os barões da mídia, que não perderam tempo. Seus leões de chácara travestidos de colunistas vociferaram pesadamente contra a audácia do parlamentar petista de tocar nos intocáveis.

Todos, todos, todos os capangas gritaram em uníssono. Noblat, Merval, Dora Kramer, Cantanhede, editoriais, manchetes.

Não vou me estender muito sobre o assunto, nem linkar ninguém. Todos dizem a mesma coisa, fazem as mesmas distorções. Vamos elencar as mentiras mais gritantes:

1. Que a CPI indiciou o tucano Perillo e “poupou” Agnelo. Ora, os próprios jornais onde estes colunistas escrevem publicaram dezenas de denúncias gravíssimas contra o governador de Goiás. Contra Agnelo, não apareceu nada consistente. O Cachoeira foi preso na casa do Perillo, ora bolas!

2. Que um policial disse que não encontrara nada de ilegal nas conversas entre Policarpo e Cachoeira. Ora, a função da CPI é justamente investigar aspectos políticos, o que não compete a um policial comum. O relatório diz, com abundâncias de provas (não há nenhum domínio de fato aqui), que a organização criminosa utilizava a mídia para chantagear políticos e autoridades, visando facilitar seus negócios escusos.

3. Que a CPI fracassou ou acabará em pizza. Uai. A CPI indicia um montão de gente, governador, prefeitos, jornalistas importantes, policiais, altos servidores públicos, e um dos homens mais ricos do país, o proprietário da Delta, Fernando Cavendish. Que pizza é essa?

4. Que a CPI não acrescentou nada ao trabalho da Polícia Federal. Mentira. A CPI vai entregar à PF e ao Ministério Públicos centenas ou milhares de sigilos bancários, telefônicos, fiscais, eletrônicos. A começar do próprio Marconi Perillo. Como assim não acrescentou nada?

5. Que o relatório da CPI representou uma vingança política contra o julgamento do mensalão. Ué, cadê a curiosidade, a sede por justiça, o espírito ético? A mídia e seus colunistas não estão indignados com o esquema montado por Cachoeira, mafioso goiano, e Demóstenes Torres, senador do DEM, o mosqueteiro da ética?

6. Condenaram Dirceu porque uma de suas ex-mulheres conseguiu um empréstimo para comprar o apartamento onde mora. Um empréstimo! Enquanto isso Perillo ofereceu sua própria casa ao maior bandido de seu estado, e ninguém fica indignado?

7. Quanto a Roberto Gurgel, o Jornal Nacional o entrevistou nesta quinta-feira. Vimos um homem debochado, a responder com um sorriso cínio, sem demonstrar nenhum respeito pelo Congresso Nacional e pelo trabalho dos parlamentares que dirigem a CPI.

8. Disseram que a CPI é instrumento de minoria. Balela. CPI é para investigar corruptos, e a CPI interrogou e investigou Perillo, Cachoeira e Cavendish.

9. Que a CPI blindou a Delta. Caramba! A Delta foi declarada inidônea pela CPI, perdeu bilhões em contratos, está sendo processada por diversas instâncias do governo, e não pode mais participar de nenhuma licitação pública. Logo nos primeiros dias da CPI, a presidente Dilma mandou a Casa Civil publicar na internet todos os contratos da Delta com o Executivo. A notícia de que ela ainda é uma das companhias que mais recebe recursos do governo falseia a realidade. Ela recebe por obras já contratadas, em andamento ou já realizadas.

Anônimo disse...

Não cabe à CPI do Cachoeira, à nenhuma CPI, resolver todos os problemas do país. CPI tem de ter foco, e ir fundo nele, e entregar um relatório ao final, que deverá ser encaminhado ao Ministério Público para que este, ajudado pela polícia, faça o seu trabalho, que é investigar.

Agora, é claro que o PT usou a CPI como forma de revidar politicamente ao tratamento que recebeu no mensalão. É do jogo democrático. É a razão de ser da democracia: o povo elege seus representantes também para que estes façam o bom combate político. O sujeito não vota num deputado do PT para vê-lo apanhar de colunistas tucanos. Essa é uma equação simples que a mídia não parece entender. Quando a mídia ataca Lula e o PT, ataca milhões de brasileiros que admiram o ex-presidente e seu partido, e estes mesmos brasileiros, quando votam, quando transferem seu poder para um representante político, o fazem para que este os defendam.

Pelo menos o PT fez o dever de casa e suas acusações são munidas de áudios, vídeos, documentos. Não nenhuma ilação, nenhum domínio do fato.

http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/a-reacao-ao-relatorio-da-cpi-do-cachoeira