9 de outubro de 2014

Eleições 2014: vazamentos seletivos, delações sem provas, interferência no processo eleitoral

A JUSTIÇA EM CAMPANHA
Inacreditável o papel a que a Justiça Brasileira está se prestando
Por Fernando Brito no Tijolaço

"UM VÍDEO (sem imagens, apenas o teto de uma sala) onde o o ex-diretor ladrão da Petrobras – que aliás, admite ter sido enfiado na companhia a contragosto de Lula, por pressão de outros partidos –  diz, sem apresentar um mísero dado concreto, o que dirá uma prova, que “o comentário que pautava dentro da companhia” é que a diretoria das áreas de Gás e Energia, Serviços e Exploração e Produção, “os três por cento ficavam diretamente para o PT”

Vejam bem, os jornais afirmam que havia este desvio com base na declaração de Paulo Roberto Costa de que “o comentário que pautava dentro da companhia”.

Será que existe um lugar no mundo, repartição ou empresa, onde não haja “comentários”?

Conheço dois dos diretores mencionados e quem os conhece não pode deixar de achar um absurdo. Na diretoria de Gás e Energia, então, o diretor era Ildo Sauer, um professor universitário (da USP) E HOJE UM COLABORADOR DE MARINA SILVA. Na de Exploração e Produção, Guilherme Estrella, um geólogo de carreira da empresa, aposentado, que voltou à Petrobras e liderou a equipe que descobriu o pré-sal. Voltou à aposentadoria e cuida do jardim de sua casa, em Nova Friburgo, com a mesma simplicidade que cuidava antes.

Pois estes dois homens de quem nunca ouvi falar um ai contra a honradez de suas condutas, sem um fato, um papel, um depósito, um e-mail que seja estão expostos hoje no que só se pode definir como um comportamento indigno da Justiça e do jornalismo.

Na FOLHA, com base em uma suposta gravação do depoimento de Alberto Yousseff, doleiro já condenado, figura manjada que voltou às falcatruas depois de outra “delação premiada”,  no caso Banestado, diz o seguinte:

“Tinha uma outra pessoa que operava a área de serviços (da Petrobras), que se eu não me engano era o senhor João Vaccari”.

Como assim “se não me engano”? É “acho que era”? Qual é o valor disso para acusar uma pessoa, em letras garrafais e um partido político?

Eu também poderia achar que o finado Sergio Motta, tesoureiro do PSDB “operava” para os tucanos, mas eu achar e nada é a mesma coisa, salvo se eu tiver provas. E se não as tenho, como é que vou dar uma manchete destas?

É inexplicável o papel do Juiz Sérgio Moro, sobretudo depois de ver que surgiram versões clandestinas de outros depoimentos de Paulo Roberto Costa à Polícia, de permitir gravações editadas, com trechos do teor que citei, num processo que, pelos valores e gravidade que envolve, está sob sigilo, ou deveria estar.

O seu tribunal é uma “peneira” de furos seletivos.

Seria melhor que o juiz chamasse logo toda a imprensa para assistir e perguntar, pois talvez – só talvez – saísse alguma indagação sobre “que provas os senhores têm disso”?

A delação premiada, para ser válida, tem de ser acompanhada da produção de provas, não pode ser apenas concedida pela disposição de alguém, que ia gramar anos de xilindró e agora vai ser solto, sair atirando acusações para todo lado na base do “o que se comentava na companhia” ou do “se eu não me engano”.

Que Paulo Roberto Costa metia a mão na bufunfa para se beneficiar e aos seus padrinhos políticos – que não eram do PT, como ele próprio admite – está claro. Mas que um imoral destes possa sair acusando sem qualquer prova todo mundo e isso, também sem critério algum, seja publicado e transformado em matéria prima eleitoral, sob o patrocínio do Judiciário, é um escândalo.

Reflitam: não foi a “cavação” de um repórter furão que obteve o teor das declarações: elas foram feitas e divulgadas, quase que numa “coletiva”, nas barbas do juiz que sustenta que aquilo corre sob sigilo.

E, com mais de 30 anos de profissão, garanto a vocês, estes “furos coletivos” só acontecem quando acontece, também, uma armação inconfessável, embora evidente a qualquer pessoa decente."

Nota oficial do Partido dos Trabalhadores

"O PT repudia com veemência e indignação as declarações caluniosas do réu Paulo Roberto Costa, proferidas em audiência perante o mesmo juiz que, anteriormente, acolhera seu depoimento, sob sigilo de Justiça, no curso de um processo de delação premiada.

O PT desmente a totalidade das ilações de que o partido teria recebido repasses financeiros originados de contratos com a Petrobras.

Todas as doações para o Partido dos Trabalhadores seguem as normas legais e são registradas na Justiça Eleitoral.

A Direção Nacional do PT estranha a repetição de vazamentos de depoimentos no Judiciário, tanto mais quando se trata de acusações sem provas.

Lamentamos que estejam sendo valorizadas as palavras do investigado, em detrimento de qualquer indício ou evidência comprovada.

A Direção Nacional do PT, por intermédio de seus advogados, analisa a adoção de medidas judiciais cabíveis."

Rui Falcão
Presidente Nacional do PT

Mídia faz o jogo dos bandidos
Por Miguel do Rosário em O Cafezinho
"Eis que a Globo, finalmente, libera os áudios vazados de Paulo Roberto Costa e Alberto Yousseff.
Denunciando a intenção, a Globo recorta somente a parte em que Costa fala do PT.
Yousseff, por sua vez, fala que os partidos “pressionaram” Lula a nomear Costa.
Ou seja, praticamente inocenta Lula e o PT de qualquer relação mais direta com o executivo.
Paulo Roberto Costa, no entanto, quando fala do PT, se limita a fazer acusações levianas, do tipo “todos sabiam”, “o que se rezava dentro da companhia”.
Em nenhum momento fala que ouviu alguma coisa concreta, que possui algum documento, que presenciou alguma coisa.
A propina que ele mesmo levou, e confessou, era para o PP, partido que o indicou.
É a única coisa que ele admite ter presenciado e participado.
O resto é golpe.
O áudio de Alberto Yousseff segue a mesma linha.
É óbvio que Yousseff e Costa armaram uma delação por encomenda, feita para o período eleitoral.
Uma combinação entre dois acusados e a Globo.  Ainda não sei se a mídia faz o jogo dos bandidos, ou se os bandidos fazem o jogo da mídia.
O vazamento das delações é triplamente criminoso.
Primeiro porque são sigilosos, ou deveriam ser, para permitir que as investigações se aprofundem e para não dar cartaz às mentiras de um bandido em desespero.
Segundo porque, não valendo nada juridicamente (só valem com provas), incriminam pessoas e instituições, cuja única culpa é terem seus nomes citados por um criminoso.
Terceiro, porque interferem no processo eleitoral.
Ao invés de estarmos discutindo propostas, as eleições no país com a quinta população do mundo, o sexto ou sétimo PIB, ficam penduradas nas delações ardilosas de dois bandidos."

3 comentários:

Anônimo disse...

SE OS DEPOIMENTOS CORREM EM SEGREDO DE JUSTIÇA COMO A GLOBO TEM ASSIM ACESSO FÁCIL?

Anônimo disse...

ISSO FAZ PARTE DA CAMPANHA PARA ELEGER AECIO.

Marcos Oliveira disse...

Cafezinho e Mídia Ninja, ao vivo, às 21 horas
Por Miguel do Rosário

Amigos, amigas, a partir de agora, vou participar mais intensamente do Mega TV, junto com o amigo Alexandre Teixeira, do blog Megacidadania, que vem fazendo um programa diário, sempre às 21 horas.
Ele vem fazendo programas diários, que estão bombando.
Hoje, estarei junto com o Filipe Peçanha, do Mídia Ninja, para conversamos um pouco sobre política, mídia e eleições.
O link para assistir ao programa é este:

http://us.twitcasting.tv/f:207724439358814

Ajudem a espalhar.

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