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23 de novembro de 2014
Assédio, que assédio? (Gostosa!)
Uma boa do Artur Xexéo sobre um viral de uma garota de Nova York que filmou supostos assédios enquanto andava (durante 10 horas!) pelas ruas da cidade.
Não sei não. Como cita o Xexéo ela agora comanda uma campanha para arrecadar fundos. Será para que? Mover ações na justiça contra todos que chegarem perto dela?
É verdade que o assédio em qualquer lugar pode ser extremamente desagradável (e preocupante) para qualquer mulher.
Por outro lado, muitas "cantadas" bem feitas, no momento certo e da forma certa, resultaram em felizes matrimônios.
Assim, nem tanto ao céu, nem tanto à terra (ou ao inferno).
Existe a questão cultural, a falta de bons modos e de respeito, mas também pode existir um saudável elogio que agrada a muitas mulheres.
Sobre a situação citada ao final pelo colunista em relação ao Rio (e eu diria à muitas outras cidades no Brasil), faz sentido.
Em tempo 1: sobre o nome da ONG americana, pronunciando-se a parte inicial e traduzindo a parte final, dá uma piada pronta. Ok, de mau gosto, mas eu não resisti. Pronto! :)
Em tempo 2: procurei o vídeo e achei um resumo de menos de dois minutos. Ao menos que vocês queiram ficar vendo as dez horas de filmagem! (Bom, pelo menos é um passeio por Nova York). Inseri ao final.
Gostosa!
Por Artur Xexéo em seu blog
"A última manifestação de machismo urbano está com os dias contados. Isso mesmo: a cantada nas ruas, aquelas que fazem os operários de obra gritarem “Gostosa!” diante da aparição de qualquer mulher na cercania de seus domínios, a cena do malandro pedindo o telefone do cachorrinho, a fala batida do conquistador dizendo que aquela, sim, aquela é a nora que mamãe pediu a Deus, pois está tudo caminhando para a extinção. Este é, pelo menos, o desejo da ONG americana Hollaback, que se define como “um movimento internacional para acabar com o assédio nas ruas”, que expôs para o mundo, na semana passada, o constrangimento por que passa uma mulher que passeia sozinha pelas calçadas de Nova York.
A denúncia foi feita em forma de vídeo. Uma atriz foi filmada, por uma câmera escondida, durante dez hora seguidas, caminhando pelas ruas da cidade. Neste período, foi assediada uma centena de vezes. A experiência pode ser vista no YouTube em um vídeo de dois minutos, o que sobrou da edição das tais dez horas de filmagem. Virou viral. Mais de 14 milhões de acessos foram registrados.
Alguma situações mostradas são mesmo constrangedoras. Um homem acompanha a mulher por cinco minutos seguidos sem dizer uma só palavra. Mas é intimidador. Outro tenta puxar conversa. “Não quer falar comigo?”, “É por que eu sou feio?”, “Não podemos ser amigos?”, “Se eu te der meu telefone, você me liga?”. Mas, na maioria das vezes, os homens a cumprimentam _ “Bom dia” , “Boa noite”, “Tá tudo bem?”, “Sorria!” _, o que, sinceramente, não é necessariamente uma agressão ou um assédio.
No final do vídeo, a Hollaback pede contribuições financeiras, sem explicar no que elas serão usadas. Será para fazer novos vídeos? Se não for, outros já estão tratando disso. Na Nova Zelãndia, a mesma experiência foi realizada em Aukland, a maior cidade do país. Uma atriz local, com vestimentas semelhantes à da nova-iorquina (jeans e camiseta) andou dez horas seguidas enquanto era filmada discretamente. Um fracasso. Só foi abordada duas vezes. Na primeira, recebeu uma cantada, parecida com as do vídeo da Hollaback. Na segunda, era um turista pedindo informações sobre um endereço que procurava.
Alguns gaiatos repetiram a experiência mas com um homem. Também em Nova York, também de jeans e camiseta, e com um corpo forjado em academia, o tal homem andou por três horas pelas ruas da cidade. A reação das mulheres nas calçadas é muito semelhante à dos homens no vídeo original. Uma chega a se aproximar e dizer “minha amiga te achou sexy. Você me daria o teu telefone pra eu dar pra ela? “ Diante da indiferença do modelo, ela reage: “Acho que não, né?”. Alguns gays também o abordam: “Tá indo pra onde?” Em resumo: em três horas, o homem foi “assediado verbalmente” 30 vezes. Às vezes, dá para desconfiar que a reação em volta do modelo é armada. Mas, se for, as reações em volta da atriz da Hollaback também podem ser. Uma acusação de situações armadas era só o que faltava para o vídeo que, surpreendentemente, só mostra negros e latinos assediando a atriz. Brancos nova-iorquinos não assediam mulheres nas ruas?
Fico pensando o que aconteceria se o vídeo fosse feito no Rio. Bem, a mulher que se dispusesse a andar dez horas seguidas pelas ruas da cidade certamente não se preocuparia com as cantadas. Ela teria que esconder as joias, camuflar o celular, desviar de balas perdidas, fugir dos arrastões... Assédio? Que assédio?"
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