E, no ano em que comemoramos os cinco anos de existência do blog, seguimos relembrando alguns posts que registraram ao longo deste tempo uma de nossas principais peculiaridades: a multidisciplinaridade temática.
Este foi postado pelo Luiz Felipe Muniz no já distante ano de 2011. Vale pena ler de novo. E não deixem de ver o vídeo inserido.
Tempo de Transcendência
Por Luiz Felipe Muniz
Eu havia planejado um retorno triunfante (ahh...na verdade esse negócio de triunfante...de retorno...ahh, isso são coisas do meu grande amigo e blogueiro deste espaço, o Marquinhos...) ao blog na última quinta-feira, depois de uma semana intensa de novos desafios pessoais - com o tempo veremos um pouco mais sb isso, mas não deu certo...naquela manhã de quinta todos fomos surpreendidos com mais uma tragédia brutal, grotesca, algo impensado no nosso Brasil varonil, envolvendo justo o que temos de mais brilhante e fantástico nestas terras tropicais: nossas meninas e meninos! Em um súbito de terror...num rompante a morte ronda em Realengo no Rio... fiquei passado... a brecha, o portal, novamente se fechou e só agora, nesta tarde carioca de sábado, tento nova investida.
A intensidade dos dias atuais tem feito de nós gotas d'agua em turbulentas torrentes de cataratas selvagens... em meio a sabedoria dos bons e a demência dos incertos, todos eles, todos nós, "sapiens&demens" - lembro-me aqui do magnífico Morin - alguém que me tirou do transe urbano-cultural-social e amansou para sempre as minhas angústias mais abissais. Nem por isso sinto-me curado.
Em tempos de tantas frentes, tantos fatos, tantos horrores sondando e apertando a nossa mais elementar condição de seres, pensantes, mamíferos, bípedes, terráqueos, energívoros...e frágeis vermes da biosfera, o que nos resta não é grande coisa, não é coisa alguma, mas é tudo que temos: a transcendência!
Transcendemos quando deixamos o antropocentrismo ir embora - não é simples, não é fácil, é sutil, é vital- e anunciamos para nós mesmos uma outra dimensão do existir na totalidade. Transcender é visitar o sentido do "eu" que co-habita a sua - a nossa - mente, alma, coração; é mais do que isso, é saber - e saber que sabe - e sentir todos os sentidos possíveis neste mundo de universos tão dispares, como tão ocultos aos sábios...transcendemos quando dialogamos com os mistérios das coisas sem acrescentar tantos "porquês"! Não aceitamos o inexplicável como a casa eterna de nossas angústias, nossos desejos incontroláveis (inauditos) e eternos; cobramos uma resposta para tudo, uma posição deve ser firmada, qualquer que ela seja, sempre irá confortar a minha e a posição do outro perante vida; não, não, a transcendência é uma dimensão peculiar aos humanos, mentira! As religiões acharam que iam dar conta dela, tanto fizeram, tanto fizeram, tantas guerras arrumaram - e arrumam - que nos tornaram isso (intranscendentes), que nos transformaram em massas acéfalas, ééé...nos tornaram isso que nem sabemos bem o que é e do que se trata...quando apontamos para nós mesmos, nos aquietamos na ignorância bárbara ou na transcendência iluminada, este é o fato!
Hoje, para a maioria, para a grande maioria de nós, sobrou de nós um nada. Uma atmosfera de rigores, afrouxamentos e monólogos débeis nos envolvem, nos tornamos incapazes de traçarmos um norte viável, nos bastamos com visões desarrumadas, mas desejamos o acerto das contas...a civilização de agora é uma avalanche destruidora! Na verdade um caos plasmado na figura imprópria de um ser "criado" por nós, sentido por todos e cada um, mas só explicado pelos especialistas incapazes de trilhar a totalidade do mundo das coisas, dos seres e do universo. Criaturas inférteis! Viajei, fala a verdade?! Ligue não, eu estava na descendente de uma transcendência! Não pensem bobagens, jamais aceitei míseros cigarros!
Continuaremos juntos e misturados nesta de angústias e prazeres neste blog que está indo para Seis dígitos com vocês!
Abaixo um breve ensaio na voz e sabedoria do Leonardo Boff, um gigante da sabedoria humana de nosso tempo!
"A Transcendência é fazer um caminho ou percurso para o mais além do meu
eu humano; é viajar pelo saber das outras realidades que nunca tinha
passado pela mente do próprio sujeito em estudo, mas para o seu objeto,
isto é, a realidade do que está a ser estudada; é descobrir aquilo que
era o desconhecido; é largar-se do meu egocêntrismo para conviver com os
outros; é ir além das restrições do 'ser' humano."
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