Hoje não ia postar nada aqui no Blog.
Como diz o Nassif, ia aplicar a velha máxima: "Fora de Pauta".
É que parece que o fim de semana passa rápido demais e aí não tenho tempo de fazer muitas das coisas programadas.
Surpreendentemente o domingo amanheceu nublado, em contraste com o sol e calor de ontem. Ia apanhar meu filho, que no momento está fazendo o vestibular da UFRJ (muitas provas...), e íamos ao clube com a família.
Esse plano já foi abandonado pois a chuva já está dando sinais.
Assim, estou aproveitando para fazer algumas coisas ao mesmo tempo: reorganizando alguns (dos milhares) de CDs na estante, baixando discos raros provenientes de vinis (daquele blog da Russia: achei Carole King, 1971; Smokey Robinson, 1966; Steely Dan, 1973; Buffalo Springfield, 1967; etc. ).
Enquanto um Brownie (chocolatíssimo com nozes e castanhas) assa no forno resolvi dar uma olhada no blog e não resisti.
É que entre as coisas que tenho em disco de vinil mas nunca consegui em CD é o "Ambient 1: Music For Airports" de 1978. E achei hoje em digital!
O artista é multi-instrumentista e produtor inglês Brian Eno que começou a carreira no ótimo grupo Roxy Music.
Na verdade o nome dele é o mais longo da história musical, parece que ele tem sangue nobre: Brian Peter George St. Jean le Baptiste de la Salle Eno.
Nesse disco ele criou o termo "música ambiente", uma espécie de fundo musical para ambientes públicos. Neste caso, aeroportos.
Embora seja essa uma versão recorrente, a verdade é que a proposta (a meu ver) é mais ambiciosa.
Acho que ele procura seguir a trilha "minimalista" do Philip Glass, um gênio do nosso tempo.
Glass em suas composições (a partir dos anos 60) trabalha com células sonoras repetitivas em que vai acrescentando "micro" detalhes a cada momento.
Talvez o objetivo seja dar uma "acalmada" na mente, uma espécie de hipnose que possa facilitar estágios de desenvolvimento mental ou simplesmente relaxar o espírito.
Não soa estranho falar disso na música de Philip Glass (que influenciou Eno), pois ele procura construir suas obras de acordo com suas idéias sobre a vida, que incluem a filosofia budista (filosofia, não necessariamente religião), justiça social, educação para a paz, ecologia, etc.
Tanto Eno como Glass merecem ser conhecidos por um público mais amplo.
Uma pena que dificilmente nesses tempos corridos isso vá acontecer.
Mesmo que se tente divulgar, a maioria das pessoas não iria querer parar para ouvir isso.
São sons que vão muito além de uma audição: uma verdadeira experiência mental positiva.
8 comentários:
Como você disse: Belos sons e acordes repetidos, natureza, silêncio, o retorno a imagens já vistas, sentidas assim combinadas,
enfim... música que relaxa, acalma.
Nessa correria louca da vida faz um bem enorme pausas assim.
Obrigada, Marcos Oliveira por nos por em contato com algo tão bom.
E melhor: saber que a vida sempre vale a pena,porque existem pessoas como Brian Eno, Philip Glass e você que se preocupam
com o bem estar das outras pessoas.
Veja só como são as coisas.
Marcos eu vi mais cedo esse post sobre o Eno e o Philip Glass e imedatamente fui lá na minha coleção de LPs catar alguma coisa deles.
Eu tenho o Music for airports do Eno e o Dance Pieces do Glass.
Ouvi ainda agora os dois pois ainda tenho o meu velho toca discos e os sons me encheram de paz.
Durante a audição fiquei pensando que esse tipo de música é realmente para uma minoria. Uma pessoa não iniciada vai achar um saco.
Aí eu mais uma vez ia insistir para que você criasse um blog (Metamúsica) para falar sobre suas teses musicais. Vc poderia continuar neste, mas no outro é que você colocaria esses temas não convencionais.
Só que aí eu vi o comentário da Luisa e me lembrei que uma de suas preocupações no Jornal Metamúsica era justamente de divulgar para quem não conhecia aqueles diversos sons maravilhosos. Vejo que você encara isso quase como uma missão, aí entendo que deve, mesmo aqui (um blog genérico, sem tom pejorativo), falar para todos, mesmo os leigos, ao invés de se dirigir apenas para os iniciados em um blog especializado (que seria um sucesso, sem dúvida).
Parabéns e agradeço da mesma forma que a Luísa.
Abraço.
Long Live Metamúsica (imortal).
Belas colocações, Luísa e Jefferson!
Ouso apenas algum acréscimo para destacar que acredito o Marcos Cardozo como um achado de sí mesmo, um indivíduo múltiplo e incansável buscador, que orbita, meio impaciente, em profunda paz, este mundo dos comuns, numa atmosfera pouquíssimo visitada pela maioria dos mortais de carteirinha! Não vejo como rotular, moldurar...
Nunca será simples para os generalistas a busca de convergências possíveis no turbilhão indomável que se tornou a vida e os saberes humanos, suas magníficas formas de expressão e de repressão. Mas sem sombra de dúvidas, são eles, os generalistas, os atuais responsáveis por tentar fazer surgir uma nova linguagem entre os bons, os ruins e os "marvados"!
Pensar caminhos de dialógica, ou seja, caminhos que vão além e não se bastam nas forças da dialética, é inaugurar uma maneira vanguardista de ser, de ver, de opinar, de convergir, de pensar as coisas neste momento tão arriscado de nossa evolução coletiva, imerso que estamos todos, irremediavelmente, no mundão hipercomplexo da biosfera... todos nós por demais, ainda, tão ingênuos, intolerantes e frágeis!
Um Viva à música, um viva aos sábios dos sons e àqueles que embarcam radiantes no expresso rumo ao futuro próximo!
Continuem por aqui...
Luísa, que bom que gostou!
Agradeço as palavras e a sua sempre importante participação.
Jefferson, não dá para acrescentar nada às suas palavras. É isso mesmo.
Vamos continuar por aqui...
Abraços e boa semana!
Felipe, estamos mesmo conectados. Você comentou às 17:53 e eu às 17:54h!
Embarcamos nesse caminho multi e transdisciplinar e estamos juntos nessa, amigo!
Abraço fraterno.
Muito bom mesmo.
Curioso o video do Philip Glass. Aquilo é uma câmera de trânsito onde se adicionou trilha-sonora?
Lucas não é não.
O autor do video filmou com câmera fixa do alto da janela do seu apartamento em uma tarde chuvosa na cidade de Los Angeles, adicionando a música.
Ele deve ter tomado como base a idéia da música circular (células musicais repetitivas) do Philip Glass.
O fluir do trânsito, o cenário único, tenta ser uma representação visual da música de Glass.
Para entender melhor veja a trilogia de documentários (disponível em DVD) do diretor Godfrey Reggio: "Koyaanisqatsi: Life out of Balance", "Powaqqatsi: Life in Transformation" e "Naqoyqatsi: Life as War". Nesses filmes não há diálogos, apenas imagens e a música de Plilip Glass.
Abraço.
Esqueci: para uma melhor experiência, maximize a imagem (tela cheia).
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