3 de setembro de 2015

Crise? Que Crise?

Nos últimos tempos tenho postado aqui temas mais políticos, deixando para o blog Impressões as crônicas mais leves, observadoras dos usos e costumes.
Esta semana havia mudado de ideia. Ia escolher para este espaço algo suave, musical, fora do ritmo negativiland que tem predominado em nossas grandes mídias.
Mas não deu. Nem vou tentar explicar. Apenas resolvi fazer um apanhado das negatividades diárias e comentar brevemente.
Respirem fundo.
- TV, Jornais e grande portais da Internet: ao que parece, só apostar em meia dúzia de assuntos negativos priorizando seus interesses é o que os move. Li (não nesses meios de comunicação), que centenas de jornalistas estão sendo demitidos. Caiu vertiginosamente a audiência e a credibilidade. Ao aumentar o tamanho da crise, acabam a tornando real e o monstro volta-se contra o seu criador.
- Crise econômica (1): culpam o governo e situam o Brasil em uma ilha, onde o resto do mundo vai muito bem, obrigado. Fato: a crise vem de 2008, by USA e atinge agora países que bancaram a economia para que o Tsunami não chegasse, como Brasil e China. Não dava para prever que o problema iria se estender por tanto tempo. Além disso o Brasil paga um preço pelo resgate da enorme dívida social de séculos que só este governo teve coragem de enfrentar: no ano passado nosso país foi retirado do vergonhoso, humilhante, "Mapa da Fome" da ONU. Isso foi pouco noticiado (aqui). Um dos maiores feitos sociais da história mundial recente. Sim, até pouco tempo tinha gente morrendo de fome no Brasil. Por incrível que pareça muitos não dão a mínima para isso. E odeiam ver pobre em Shopping ou aeroporto com passagem na mão.
- Crise econômica (2): para resolve-la, o governo não pode embarcar de olhos vendados no princípio "Angela Merkel". Há de se fazer um meio termo entre medidas de contenção de gastos, reaver dinheiro desviado (sobretudo em casos como da Operação Zelote, que envolvem números absurdos que podem chegar a R$ 20 bilhões) e criar impostos em cima de grandes fortunas e dos juros bancários.
- Crise política: uma aberração. Totalmente pré-fabricada em linhas de montagem. Simplesmente é do tipo: "que se dane o país e os trabalhadores, se eu conseguir reaver o poder". Fato: não existiu nos últimos 13 anos nenhum "Engavetador Geral da República". No mais, me recuso a comentar.
- Crise humanitária na Europa: esta semana a foto do menino morto na areia de uma praia abalou o mundo. Tal tragédia talvez sirva para que alguma coisa seja feita. Não são nem imigrantes, são refugiados. A Europa e os EUA tem sim responsabilidade, pelo que vem fazendo na África e Oriente Médio ao longo de séculos. Colhem o que plantaram. Semearam a guerra. Os frutos são esses. Acolham essas pessoas. Não são da África. São do Planeta Terra. E o Brasil pode dar exemplo, sinalizando que está disposto a receber (e cuidar) de parte desses irmãos que sofrem.
Com a palavra, a ONU.

Houve um tempo que se dizia que o Socialismo estava morto. Que o Capitalismo Neo-Liberal venceu e era a única forma viável de economia. Ganhou mas não levou: ou o "Clube do Bilhão" abre mão de um pouco de sua fortuna, ou não terá planeta onde gastar tanta grana.

Mas, para não dizer que não falei de flores (ou quase), o título e a ilustração que abre este post é a capa de um dos álbuns do excelente grupo inglês Supertramp. Achei apropriado.

A música abaixo - "The Logical Song" - é de outro disco da mesma banda, "Breakfast in America" (huummm) mas, de alguma forma, representa também o significado deste mundo em crise.



"(...) Mas então eles me mandaram embora
Para me ensinar como ser sensato
Lógico, responsável, prático
E eles me mostraram um mundo
Onde eu podia ser tão confiável
Clínico, intelectual, cínico."

5 comentários:

Junior disse...

Olá Marquinho!
Mais uma ótima!!
E conexão com o Supertramp é coisa típica sua! Hahaha...
Abração!

Anônimo disse...

Só uma pergunta: se a cena terrível da criança morta afogada, de bruços na praia, fosse de um menino negro teria o mesmo impacto? A mesma comoção?

Anônimo disse...

A guerra na antiga Iugoslávia, com mortos, presos e refugiados brancos gerou um impacto muito maior do que as "eternas" guerras na África.

Luiz Felipe Muniz disse...

Velho amigo, nem tão velho assim, sentimos todos muita falta destas visões e de sua forma singular de expressar o cotidiano em transe. Abs, LF

Marcos Oliveira disse...

Obrigado pelos comentários Junior, Anônimo e grande amigo Felipe, titular plenipotenciário deste espaço. Continuemos em frente, se possível.
Abraços.