30 de outubro de 2015

Dinheiro vem, dinheiro vai, dinheiro entra, dinheiro sai

Em tempos de vacas magérrimas (figurativa e literalmente), estava pensando em nossos hábitos de consumo.
Não se trata de fazer um libelo contra o consumismo desenfreado. Acho que já tentei isso aqui e não sei se convenci alguém. Nem a mim mesmo.
É sobre o dia a dia.
Não tem jeito, só o ar que respiramos é de graça. Por enquanto. E olha que ele vem poluído. Tente ver o preço de uma garrafa de oxigênio.
Então, se não pode com ele, analise-o pelo menos.
Sim. Se quiser gastar menos e ter o melhor, é bom fazer isso: analisar o seu perfil consumidor. Tal importância que dou ao tema é por que tenho certeza que sou péssimo nele.
Gasto mais do que deveria ou poderia. Mas já fui pior.
Andei emparedado por horríveis monstros econômicos que me devoravam noite e dia. Consegui algumas armas para me libertar mas eles continuam à espreita.
Enfim, nossos gastos maiores ou menores se concentram nas opções oferecidas.
Minha TV por assinatura, por exemplo, custa uma fortuna mensalmente. As operadoras costumam oferecer as armadilhas dos pacotes fechados. Você não pode montar sua própria grade de canais.
Querem um exemplo? Esses dias descobri listado na minha fatura um certo "Canal Especial" que me somava R$ 50,00 ao já assustador valor final. Liguei para saber o que era aquilo e a atendente me disse que era o "canal adulto" do meu pacote. Já entenderam né? Canal adulto é canal pornô. Em HD. Não é que eu não goste da coisa, mas nunca pedi um canal pornô na minha assinatura.
Nem sabia, porque ele vem (e continua) bloqueado por senha que nem sei qual é (acreditem!). Solicitei para ela retirar (sem maldade, please). "Impossível senhor, seu pacote é premium e esse canal faz parte, não pode ser retirado". Como assim? Tentei de tudo e não consegui retirar o canal. "A não ser que mude o pacote, senhor". Então muda, senhora! "Mais aí o senhor não terá direito aos pontos adicionais". Desisti. E olhem que eu - confesso - apelei, dizendo que era uma pessoa muito religiosa e que aquilo era um pecado. Acho que ela não acreditou não. Desconfio que não passei sinceridade nos meus apelos...
Estou pensando seriamente em ficar só com a Netflix: filmes e séries à rodo a preço de um combo do Burger King. E com quatro pontos que podem ser acessados simultaneamente em qualquer lugar que esteja. O futuro é o streaming! Basta um bom sinal Wi-Fi. Que não seja caro.
E as roupas? Comprando em grandes magazines você gasta bem menos do que naquela boutique legal, com atendimento diferenciado e roupas de grife com caimento perfeito (huuumm...). Decidi fazer isso! Fui em uma delas e gostei logo de cara da estampa de uma camisa. O problema é que tinham mais 325 (eu contei, juro!)  exatamente iguais nos cabides! Sem falar em algumas denúncias envolvendo pagamento de quantias irrisórias a serviços terceirizados. E a não preocupação com a questão ambiental. Tudo isso me faz pagar menos, mas a que preço?
Voltei então para a boutique. A estratégia é comprar peças boas mas em menor quantidade, de forma bem espaçada. Pelo menos até os grande magazines se enquadrarem.
Ou optar por aquele antigo brechó que agora é chique.
E no bar nosso de cada dia? Gosto de experimentar novos sabores de cerveja, agora que é modismo a tal da cerveja artesanal. Não sou de beber muito mas até hoje não descobri quem é essa pessoa que eles recomendam beber junto, um tal de Moderação. "Beba com Moderação", eles dizem.
O fato é que em um boteco com ar condicionado (não, não era um "pé sujo") pedi uma que me havia sido recomendada. Não me lembro do nome agora. A surpresa veio ao final, na conta: cada garrafinha custava a bagatela de R$ 26,00! Peraí garçom! Essa artesanal é da Bélgica? "Não senhor, é da cidade mesmo". Nem paga transporte aéreo e custa essa fortuna? Ah sim. O lúpulo é importado. Deve ser de Marte. Voltei então para o chopp básico, enquanto vejo na Internet como se produz cerveja em casa. A esse preço vou investir na minha própria cerveja artesanal feita na panela de pressão. Para meu consumo e para venda. A R$ 26,00.
Ah! Sim! Consegui controlar minha compulsão de comprar discos e livros (sim, em tempos de Internet ainda compro discos e livros). Pelo menos nesta semana. Sabe como é companheiro, uma semana de cada vez.
Bem, viram como é bom fazer uma análise? Como assim não cheguei a conclusão razoável nenhuma? Viram então o meu problema né?! E ainda gastei o tempo de vocês. Sorry!

Em tempo: o criador e titular deste blog, Luiz Felipe Muniz, faz aniversário hoje. Parabéns caro amigo! Vida longa com saúde e paz de espírito. Um grande abraço!

Apesar da contenção de gastos, reservei uma garrafa da Carlsberg Jacobsen Vintage ($400/375ml) para o aniversariante do dia: apenas 600 garrafas são produzidas anualmente desta barley wine(*). O problema é que só são consumidas em restaurantes de Copenhagen. Sem problema Felipe, já que a validade é até 2059! Quando chegar lá diga o meu nome que eles trazem a garrafa! :)

(*) "O barleywine (vinho de cevada) normalmente atinge um teor alcoólico de 8 a 12% em volume e é fabricado a partir de mosto de alta densidade até 1.120. O uso da palavra wine (vinho) é devido ao seu teor alcoólico semelhante a um vinho; mas, uma vez que é feito a partir de grãos (malte) em vez de frutas, ele é, de fato, uma cerveja".

23 de outubro de 2015

Em Friburgo, Macaé e Rio das Ostras, a resposta do enigma da capa do disco "Clube da Esquina"

Gosto muito de música. De quase todos os gêneros. Música boa é música que não é ruim. Em qualquer estilo.
E gosto de fotografia. Boas fotografias também.
Se a boa fotografia vier como capa de um ótimo disco, uno duas paixões.
É o que ocorre com o álbum duplo "Clube da Esquina", criação coletiva da turma de Minas com o destaque de Milton Nascimento e Lô Borges.
Lançado em 1972 é um dos melhores discos da história da MPB.
E a capa não fica atrás.
Mostra apenas uma foto, de dois garotos à beira de uma estrada. Não aparece o nome do disco nem dos artistas. Apenas aquela foto interiorana, de uma infância na roça, de dois amigos inseparáveis.
Por muito tempo achei que era uma fotografia de Milton e Lô, uma vez que eram amigos de infância.
Depois vim a saber que foi uma uma imagem registrada quase que por acidente. O fotógrafo viu as crianças na beira da estrada. Parou o carro e bateu a foto sem maiores estudos de luz, ângulo, abertura, etc.
Mas qual seria a história desta icônica capa deste lendário disco? E quem seriam aquelas crianças e onde estariam agora?
Só recentemente tive acesso a uma matéria publicada no "Diário de Pernambuco" em 2012 (na verdade a publicação original foi no jornal "Estado de Minas"). Foi através de uma postagem do amigo Paulo André em anúncio de seu programa "Caiana Radio", que vai ter um especial no domingo sobre o Clube da Esquina.
Trata-se de um trabalho investigativo para descobrir quem eram aqueles dois garotos e onde estariam agora.
Reproduzo a deliciosa matéria para quem, como eu, gosta de boa música, capas de discos, fotografias e boas histórias.

Tonho e Cacau, a dupla que estampou a capa do Clube da Esquina, 40 anos depois
"Ainda mais rápidos do que o habitual, os passos do editor de Cultura, João Paulo Cunha, na manhã de terça-feira, só poderiam significar duas coisas: ou algum artista importante tinha morrido ou… “Achamos os meninos!”. João Paulo acabara de saber que a repórter Ana Clara Brant e o fotógrafo Túlio Santos tinham cumprido a missão que lhes foi confiada na semana passada: percorrer os arredores de Nova Friburgo e localizar, 40 anos depois, os dois garotos que aparecem na capa do Clube da Esquina. A única referência eram indicações um tanto imprecisas do autor da imagem, o fotógrafo pernambucano Cafi, que clicara os garotos a caminho da fazenda da família de um dos letristas do disco, Ronaldo Bastos, e jamais havia os reencontrado.

Munida de cartazes com a reprodução da fotografia, a dupla chegou à Região Serrana do Rio de Janeiro e saiu em busca do objetivo. Conversou com mais de 50 moradores da região. Suposições, negativas, dúvidas… até que uma das entrevistadas, Beth, bateu o olho na foto e, sem hesitar, identificou os garotos. Vieram outras confirmações e o trabalho passou a ser não só localizá-los, mas promover o inédito reencontro. Às 16h de quarta-feira, a repórter ligou para a redação e, eufórica, anunciou que a missão estava cumprida. Depois de escutar o relato, temperado por surpreendentes coincidências e lances inusitados, perguntei a Ana Clara se havia ficado emocionada com o desfecho da busca. E a resposta não poderia ser mais mineira: “Nó! Tirei até uma foto com eles, uai!”.

Com vocês, a história de dois meninos brasileiros que partilharam pães e sonhos numa estrada de terra no início dos anos 1970. Lô e Bituca? Não, Tonho e Cacau. Essa é uma história de poeira, espelho, vidro e corte. Mas é, acima de tudo, uma história com gosto de sol.

Nova Friburgo, Macaé e Rio das Ostras

Você já ouviu falar em Tonho e Cacau? Ou quem sabe em José Antônio Rimes e Antônio Carlos Rosa de Oliveira? Provavelmente não, mas certamente já deve ter se deparado com a fotografia deles por aí. Isso porque os dois Antônios ilustram a capa de um dos discos mais importantes da história da música brasileira: o Clube da Esquina. Passados 40 anos que a câmera de Carlos da Silva Assunção Filho, o Cafi, registrou os dois meninos sentados na beira de uma estrada de terra perto de Nova Friburgo, Região Serrana do Rio, o Estado de Minas conseguiu localizá-los depois de uma busca que envolveu dezenas de pessoas e teve histórias saborosas.

Durante bom tempo, muita gente chegou a achar que as duas crianças da capa do LP seriam Milton Nascimento e Lô Borges, mas os próprios artistas sempre desmentiram. “A gente chegou a ir atrás deles, mas era muito difícil localizá-los. Eles devem ter caído no mundo”, declarou Cafi antes de a reportagem botar o pé na estrada rumo a Nova Friburgo. Na verdade, “Lô” e “Milton” praticamente nunca deixaram a região conhecida como Rio Grande de Cima, na zona rural da cidade fluminense, onde nasceram e cresceram.

José Antônio Rimes tem 47 anos e curiosamente exerce o ofício de recompositor, responsável por encaixotar, organizar e distribuir as mercadorias na seção de congelados de um supermercado da cidade. Apesar de a reportagem ter percorrido quilômetros até chegar a Tonho, como é conhecido, ele trabalha a um quarteirão do hotel onde estávamos hospedados. O encontro com o “menino branquinho do disco”, como ficou conhecido, foi cercado de expectativas. Os colegas do supermercado já sabiam da história e quando o recompositor chegou até se assustou: “Que tanto de gente é essa? Por que está todo mundo parado?”, espantou-se. Quando viu a capa do disco, não titubeou: “Oh, sou eu e o Cacau. Como é que vocês conseguiram isso? Quem tirou essa foto? Eu me lembro desse dia”, revelou.

Antônio Rimes recorda que estava brincando em um morro de terra removida pelos tratores que ficava próximo a um campinho de futebol, quando Cafi e Ronaldo Bastos passaram dentro de um Fusquinha. “Alguém do carro me gritou e eu sorri. Estava comendo um pedaço de pão que alguém tinha me dado, porque eu estava morrendo de fome, e para variar descalço. Até hoje não gosto muito de usar sapato. Mas nunca soube que estava na capa de um disco. A minha mãe vai ficar até emocionada. A gente nunca teve foto de quando era menino”, disse Tonho, que nunca ouviu falar em Milton Nascimento, tampouco em Clube da Esquina. “É aquele moço que foi ministro?”, indagou.

Já Antônio Carlos Rosa de Oliveira, de 48 anos, o Cacau, conta que não se lembra do exato momento da foto, mas que anos depois, quando morava em Macaé, no litoral norte do estado do Rio, se deparou com a capa do Clube da Esquina em uma loja de discos e desconfiou que se tratava dele mesmo. “Coloquei a mão sobre a minha foto e fiquei reparando aquele olhar. Achei que era eu mesmo e acabei comprando o CD, porque o LP não tinha mais. Até queria um para poder guardar”, frisa Cacau, que durante toda a reportagem não se desgrudou do álbum que pertence a um dos jornalistas do Estado de Minas . “Vou roubar este pra mim”, brincou.

Cacau e Tonho nasceram na fazenda da família Mendes de Moraes, na zona rural de Nova Friburgo, onde os pais trabalhavam como lavradores. Não desgrudavam um do outro e aprontavam bastante, segundo o relato de parentes e vizinhos que ajudaram a reconhecê-los. Jogavam futebol, bola de gude, pegavam frutas nas vendas da região, nadavam na prainha do Rio Grande e nas cachoeiras. Ficaram muito próximos até os 20 anos, quando as famílias acabaram se mudando para bairros diferentes de Nova Friburgo. Tonho ainda vive na cidade com a mãe, a esposa e as duas filhas, mas Cacau se mudou recentemente para Rio das Ostras, na Região dos Lagos, onde presta serviços como jardineiro e pintor.

Mesmo morando a 100 quilômetros de Nova Friburgo, topou reviver com o amigo a clássica fotografia da capa do Clube da Esquina. Não foi fácil localizar o exato lugar, já que a região do Rio Grande sofreu muito com os efeitos da tragédia de janeiro do ano passado e com o tempo. “Isto aqui mudou demais, então não dá para precisar. Quarenta anos não são 40 dias”, filosofou Cacau. Apesar do sol escaldante e da posição desconfortável, eles não se importaram de posar para a máquina fotográfica. “Quer que eu tire o sapato pra ficar parecido? Adoro ficar descalço mesmo! Se tiver um pão, também pode me dar”, pediu Tonho, dando gargalhadas.

Surpresa
A princípio, Tonho e Cacau ficaram ressabiados com a história de estamparem a capa de um LP e ao saber que a imprensa estava atrás deles. As famílias também desconfiaram. A mãe de Tonho, dona Aparecida Rimes, de 69 anos, a toda hora ligava para saber do filho, com receio de ele ter sido sequestrado. “A gente nunca viu isso por aqui. Mas agora que vocês chegaram à cidade estão dizendo que meu filho está até no computador. Fico preocupada”, admitiu a aposentada.

Cacau revela que só se deslocou de Rio das Ostras para Nova Friburgo porque achava que tinha alguma pendenga familiar para resolver. “Pensei que era coisa de pensão de ex-mulher. Essas coisas. Não acreditei muito nessa conversa de repórter não”, justificou o jardineiro, que é fã de MPB e conhece a obra de Bituca. “Gosto muito de Canção da América. É muito bonita. Mas o que vai acontecer agora que o povo vai descobrir que esse menino do disco não é o Milton Nascimento? Será que vão achar ruim comigo?”, questionou receoso.

Apesar de não compartilharem a intimidade de outrora, vez por outra eles se esbarram por Nova Friburgo e colocam o papo em dia. “A gente não tem tempo, fica nessa correria de trabalho, família. Eu fico no serviço das 6h às 18h, então complica demais encontrar com o pessoal. Cada um tomou o seu rumo, mas sempre que a gente se vê é uma farra. Amigo é amigo, né? Para toda a vida”, destacou Tonho.

Cara do Brasil
Autor da imagem original, o fotógrafo pernambucano Cafi conta como nasceu o clique: “A gente ficava andando com o Fusquinha do Ronaldo (bastos) pelas estradas, tirando foto de nuvens, porque a gente ia criar a nossa empresa, Nuvem Cigana. Uma das nuvens, inclusive, está no encarte do Clube da Esquina”. Ao ver os meninos, decidiu fazer o registro: “Foi como um raio”, lembra Cafi. “ É uma imagem forte. A cara do Brasil. E foi na época em que vários artistas estavam exilados fora daqui. E tinha essa coisa da amizade presente também. O Milton adorou a foto e ela acabou indo para a capa”, relembra Cafi, 61 anos, radicado no Rio de Janeiro.

O clube da busca
Foram necessárias, pelo menos, 53 pessoas para chegar até os dois “garotos”. Porém, algumas tiveram um papel fundamental. O desenrolar do fio da meada se deu quando, a pedido do Estado de Minas, um jornalista de Nova Friburgo, Wanderson Nogueira, anunciou na rádio local sobre a procura. Uma ouvinte da região, a costureira Rogéria dos Santos, de 56 anos, entrou em contato com a reportagem, comunicando que nunca tinha ouvido falar da história do disco, mas conhecia muitos moradores da zona rural que poderiam auxiliar na busca.

Rogéria dos Santos nos levou até a auxiliar de produção Gilcelene Tomaz Ferreira, de 33 anos, pois muitos da cidade desconfiavam que o menino negro do Clube seria alguém da família dela, filho de Severino, um antigo lavrador. Por indicação da mãe de Gilcelene, Helena, chegamos até Erasmo Habata, floricultor da região. Com o LP na mão, assegurou: “Este pretinho não é filho do Severino. Mas este mais branquinho é filho do Laerte Rimes, um lavrador da região. E deve ser o Tonho”, frisou. Outras indicações – pistas falsas – nos levaram a checar várias pessoas, entre elas um paciente internado em clínica psiquiátrica e até um foragido da Justiça.

Na manhã seguinte, partimos atrás de um casal que morou mais de 30 anos na região e conhece todo mundo: a dona de casa Elizabeth Fernandes Silva, de 58 anos, e o pedreiro Fernando da Silva, de 62. “Na época, a dona Querida, que é a mãe do Ronaldo e do Vicente Bastos, lá da Fazenda Soledade, nos mostrou essa foto num pôster. Sempre soube que eram o Tonho e o Cacau. Não temos dúvidas que são eles, porque eles viviam juntos pra cima e pra baixo”, apontou Beth. “Os dois conservam aquele jeitinho. São eles sim e acho que eles vão ficar muito felizes”, opinou Fernando.

E em menos de 24 horas, com a ajuda da população local, finalmente estava desvendado a identidade dos dois meninos da capa do Clube da Esquina. “A gente fica até emocionado. Eles mereciam ser descobertos. É um reconhecimento mesmo com tanto tempo”, resumiu Rogéria dos Santos."
Fontes: Diário de Pernambuco e Estado de Minas



As músicas do álbum duplo:
Lado Um
  1. "Tudo Que Você Podia Ser" (Lô Borges, Márcio Borges) – 2:56
    Interpretação: Milton Nascimento
  2. "Cais" (Milton Nascimento, Ronaldo Bastos) – 2:45
    Interpretação: Milton Nascimento
  3. "O Trem Azul" (Lô Borges, Ronaldo Bastos) – 4:05
    Interpretação: Lô Borges
  4. "Saídas e Bandeiras nº 1" (Milton Nascimento, Fernando Brant) – 0:45
    Interpretação: Beto Guedes e Milton Nascimento
  5. "Nuvem Cigana" (Lô Borges, Ronaldo Bastos) – 3:00
    Interpretação: Milton Nascimento
  6. "Cravo e Canela" (Milton Nascimento, Ronaldo Bastos) – 2:32
    Interpretação: Lô Borges e Milton Nascimento
Lado Dois
  1. "Dos Cruces" (Carmelo Larrea) – 5:22
    Interpretação: Milton Nascimento
  2. "Um Girassol da Cor do Seu Cabelo" (Lô Borges, Márcio Borges) – 4:13
    Interpretação: Lô Borges
  3. "San Vicente" (Milton Nascimento, Fernando Brant) – 2:47
    Interpretação: Milton Nascimento
  4. "Estrelas" (Lô Borges, Márcio Borges) – 0:29
    Interpretação: Lô Borges
  5. "Clube da Esquina nº 2" (Milton Nascimento, Lô Borges, Márcio Borges) – 3:39
    Interpretação: Milton Nascimento
Lado Três
  1. "Paisagem da Janela" (Lô Borges, Fernando Brant) – 2:58
    Interpretação: Lô Borges
  2. "Me Deixa em Paz" (Monsueto, Ayrton Amorim) – 3:06
    Interpretação: Alaíde Costa e Milton Nascimento
  3. "Os Povos" (Milton Nascimento, Márcio Borges) – 4:31
    Interpretação: Milton Nascimento
  4. "Saídas e Bandeiras nº 2" (Milton Nascimento, Fernando Brant) – 1:31
    Interpretação: Beto Guedes e Milton Nascimento
  5. "Um Gosto de Sol" (Milton Nascimento, Fernando Brant) – 4:21
    Interpretação: Milton Nascimento
Lado Quatro
  1. "Pelo Amor de Deus" (Milton Nascimento, Fernando Brant) – 2:06
    Interpretação: Milton Nascimento
  2. "Lilia" (Milton Nascimento) – 2:34
    Interpretação: Milton Nascimento
  3. "Trem de Doido" (Lô Borges, Márcio Borges) – 3:58
    Interpretação: Lô Borges
  4. "Nada Será Como Antes" (Milton Nascimento, Ronaldo Bastos) – 3:24
    Interpretação: Beto Guedes e Milton Nascimento
  5. "Ao Que Vai Nascer" (Milton Nascimento, Fernando Brant) – 3:21
    Interpretação: Milton Nascimento

9 de outubro de 2015

A Cúpula de Paris e o Verão Infernal

No final do próximo mês de novembro começa em Paris a COP21. Também chamada Cúpula de Paris (favor não confundir com 'Cópula em Paris', rs), é o mais importante encontro de mudanças climáticas da década, patrocinado pela ONU.
Em declaração registrada pelo The Guardian, o diretor de clima da União Europeia disse que não há plano B se a cúpula terminar em fracasso.
Esta semana, ministros do meio-ambiente de 53 países fizeram reuniões visando uma preparação prévia para o encontro, para evitar que o resultado seja inócuo.
O objetivo principal é evitar que o planeta continue em seu ritmo acelerado de aquecimento, pelo menos no que depender das ações humanas.
Problemas econômicos e políticos tem tirado o foco da questão ambiental, no entanto todas essas crises regionais e globais serão coisas pequenas diante do que se avizinha em termos de catástrofes se o planeta continuar aquecendo tão rapidamente.
Diante disso, parece que os líderes mundiais começam a se voltar para o tema. É isso que veremos na Cúpula de Paris.
2014 foi o ano mais quente já registrado. Este ano provavelmente baterá o recorde do ano passado (vejam como foi nosso inverno e como está sendo a primavera).
Diante disso, o que esperar de 2016? Com o reforço do El Niño em sua mais forte ação já registrada (aquecimento das águas do Pacífico), a possibilidade de temperaturas infernais no verão com localidades sujeitas a fortes chuvas é o que podemos esperar.
Tomara que não, mas preparem-se para possibilidades de temperaturas acima de 40º, fortes temporais, blackouts temporários e falta d'água em algumas regiões. 
Façam manutenção nos aparelhos de ar condicionado, comprem ventiladores, estoquem água quando possível (e, se estiverem de férias, façam plantão nas praias ou piscinas, se puderem). Paradoxalmente quando mais usarmos esses recursos, maior o risco de ficarmos sem eles - ainda que temporariamente. É aquela história, se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.
Melhor nem pensar nisso e rezar para que o El Niño não faça tanto efeito e que a temperatura média não suba nem mais um grau. E que a Cúpula de Paris seja um sucesso. 

No mais, que "Papai do Céu" tenha pena de nós.

Leiam também:  Brasil se prepara para um verão de extremos


2 de outubro de 2015

Não consegui entender ainda qual é melhor: se é isto ou aquilo

Ou se tem chuva e não se tem sol ou se tem sol e não se tem chuva!

Hoje - não sei bem porque - me lembrei de uma poesia da Cecília Meireles.
A princípio destinada à crianças por sua simplicidade, pode trazer algumas releituras adultas acerca de opções que fazemos ao longo da vida.
Mas eu iria além, na maioria das vezes nem são opções, são fatos, acontecimentos inesperados ou simplesmente mudanças que vão acontecendo e transformando as nossas rotinas, as nossas opiniões e a nossa visão do que é a vida. Se é que algum dia teremos essa visão.

Quem sobe nos ares não fica no chão, quem fica no chão não sobe nos ares.

De repente estou doente. No outro dia viajando. E passo a me preocupar com a saúde e valorizar viagens. E um respeitado autor me diz que querer estar viajando sempre é porque se está buscando em algum lugar algo que não se consegue achar dentro de si: o bem estar. Seria uma versão mais chique do comprar aquela última versão da TV de LED, do carro mais bonito ou daquela decoração da casa com objetos assinados por artistas mais valorizado$ do mercado. Esse autor se preocupa com sua saúde? Gosta de viajar? O que será que ele gosta de comprar para se satisfazer? CDs, roupas, objetos decorativos? Ou é um monge budista?

Cecília Meireles
Ou guardo o dinheiro e não compro o doce, ou compro o doce e gasto o dinheiro.

De repente tenho que cuidar de um doente da família e os planos explodem. Ou, abandono o parente para que outro cuide e sigo na minha merecida zona de conforto. 
Trabalho até mais tarde para não deixar nada pendente para amanhã ou me desligo e busco a minha "liberdade, ainda que à tardinha"?
 As contas não fecham. Eu me estresso e busco soluções que parecem não existir. Por outro lado posso achar que isso é problema de quem está esperando receber as minhas dívidas e vou para a praia tomar uma cerveja, me endividando um pouco mais. Ou para a serra, tomar um bom vinho. Vinho caro ou barato?

É uma grande pena que não se possa estar ao mesmo tempo em dois lugares!

E vou fazer atividade física para cuidar da saúde e distendo o músculo da panturrilha. E ganho tempo assistindo aquela série maravilhosa de uma vez só. E perco tempo assistindo aquela série maravilhosa de uma vez só. E o ano passa rápido. Que bom, já estamos chegando em dezembro! E o ano passa rápido. Meu Deus, não vi este ano passar, o que eu fiz até agora?

Não sei se brinco, não sei se estudo, se saio correndo ou fico tranquilo.

E sigo pensando, me desgastando, tentando entender a vida, às opções e as ocorrências inesperadas. E tento fazer planos. Ou não. "Deixa a vida me levar, vida leva eu".

Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo . . . e vivo escolhendo o dia inteiro!
Mas não consegui entender ainda qual é melhor: se é isto ou aquilo.