28 de fevereiro de 2013

Imagem do Dia: Uma Casa para o Papa Emérito

A nova morada de Bento XVI será em um antigo convento nas colinas do Vaticano, com vista para a cúpula da Basílica de São Pedro e para os telhados da Cidade Eterna.
Um belo jardim servirá para seus passeios matinais acompanhado de seus gatos.
Um agradável e traquilo local para a aposentadoria aos 86 anos.

Humor de Quinta: As armadilhas da língua portuguesa falada no Brasil

Com humor, este 'causo' mostra um pouco da riqueza e das confusões de uma língua viva. 
Ainda bem que o recepcionista não falou nada de... 69!
Na recepção dum salão de convenções, em Fortaleza
"- Por favor, gostaria de fazer minha inscrição para o Congresso.
- Pelo seu sotaque vejo que o senhor não é brasileiro. O senhor é de onde?
- Sou de Maputo, Moçambique.
- Da África, né?
- Sim, sim, da África.
- Aqui está cheio de africanos, vindos de toda parte do mundo.
- É verdade. Mas se pensar bem, veremos que todos somos africanos, pois a África é o berço antropológico da humanidade...
- Pronto, tem uma palestra agora na sala meia oito.
- Desculpe, qual sala?
- Meia oito.
- Podes escrever?
- Não sabe o que é meia oito? Sessenta e oito, assim, veja: 68.
- Ah, entendi, *meia* é *seis*.
- Isso mesmo, meia é seis. Mas não vá embora, só mais uma informação: A organização do Congresso está cobrando uma pequena taxa para quem quiser ficar com o material: DVD, apostilas, etc., gostaria de encomendar?
- Quanto tenho que pagar?
- Dez reais. Mas estrangeiros e estudantes pagam *meia*.
- Hmmm! que bom. Ai está: *seis* reais.
- Não, o senhor paga meia. Só cinco, entende?
- Pago meia? Só cinco? *Meia* é *cinco*?
- Isso, meia é cinco.
- Tá bom, *meia* é *cinco*.
- Cuidado para não se atrasar, a palestra começa às nove e meia.
- Então já começou há quinze minutos, são nove e vinte.
- Não, ainda faltam dez minutos. Como falei, só começa às nove e meia.
- Pensei que fosse as 9:05, pois *meia* não é *cinco*? Você pode escrever aqui a hora que  começa?
- Nove e meia, assim, veja: 9:30
- Ah, entendi, *meia* é *trinta*.
- Isso, mesmo, nove e trinta. Mais uma coisa senhor, tenho aqui um folder de um hotel que está fazendo um preço especial para os congressistas, o senhor já está hospedado?
- Sim, já estou na casa de um amigo.
- Em que bairro?
- No Trinta Bocas.
- Trinta bocas? Não existe esse bairro em Fortaleza, não seria no Seis Bocas?
- Isso mesmo, no bairro *Meia* Boca.
- Não é meia boca. Esse é um bairro nobre.
- Então deve ser *cinco* bocas.
- Não, Seis Bocas, entende, Seis Bocas. Chamam assim porque há um encontro de seis ruas, por isso  seis bocas. Entendeu?
*- E há quem possa entender?*"

Jansen Viana - Recanto das Letras

Mensagem da presidenta da República, Dilma Rousseff, a Bento XVI

"Santo Padre,
Ao findar o seu Papado, manifesto o meu respeito pela decisão de Vossa Santidade de renunciar à Cátedra de S. Pedro.
Nesta oportunidade, recordo os gestos de apreço com que o meu país foi distinguido nesses últimos anos. São marcos históricos no relacionamento entre a Santa Sé e o Brasil a escolha de Aparecida do Norte para sediar a V CELAM, que ensejou a sua visita ao país, a canonização do primeiro Santo brasileiro, Dom Antonio Galvão de França, assim como a histórica decisão de realizar a Jornada Mundial da Juventude na cidade do Rio de Janeiro.
Desejo que essa nova fase de recolhimento o encontre com saúde e paz."
Respeitosamente,
Dilma Rousseff
Presidenta da República Federativa do Brasil


27 de fevereiro de 2013

A Despedida do Papa e a Posição da Igreja Católica no Mundo de Hoje

Embora o número de fiéis da Igreja Católica Apostólica Romana tenha diminuído nas últimas décadas, não se pode subestimar a força desta instituição milenar que mantém mais de 1,5 bilhão de praticantes no mundo.
A força é religiosa e é política, seja na ação do Estado do Vaticano em questões internacionais, seja através das Encíclicas emitidas pelo Sumo Pontífice.
Dizem que os tempos são outros e que a Igreja precisa continuar avançando em sua modernização e eu me pergunto se não deveria existir pelo menos alguma coisa no mundo que nos fizesse lembrar como o planeta, as pessoas, as mudanças eram mais lentas.
O fato é que o que era real ontem, não é mais hoje e amanhã será outra coisa. Parece que o virtual invadiu o real. Matrix?
Talvez por isso goste de ver esses Conclaves, as vestes da Idade Média, a chaminé com a fumaça escura e depois branca, enfim toda essa ritualística que parece destoar do mundo atual.
Não vou aqui defender Dogmas do Século X. Aliás muita coisa tem mais de 2000 anos, lembram?  Sou a favor de que o novo Papa defenda um novo Concílio para implementar mudanças, mas que não se exija avanços amplos, gerais e irrestritos à toque de caixa. Seria como fundar uma nova religião, dessas que aparecem aos milhares à cada semana nas esquinas das cidades. E aí seria a derrocada do Igreja Católica. Que as mudanças veiam gradualmente, observando certos limites (mesmo que fiéis os ultrapassem...) de forma que seja mantido o lugar da Igreja no mundo de hoje e do futuro. Se é que vai continuar existindo espaço para a espiritualidade e coletividade em um momento em que cada vez se aposta mais no materialismo e no individualismo.


Multidão se emociona com despedida do papa Bento XVI
"O papa Bento XVI apareceu para o público pela última vez, no Papamóvel, por volta das 10h40 locais (6h40 de Brasília). Durante o trajeto que durou cerca de 15 minutos, ele foi ovacionado com gritos de "Bento! Bento!" e "Viva o Papa!".
O Vaticano distribuiu 50 mil entradas para a audiência, mas havia cerca de 100 mil pessoas na Praça São Pedro para acompanhar o papa um dia antes de sua renúncia.
(...)
Após deixar o Pontificado, o papa Bento XVI irá para a residência de verão dos pontífices, em Castel Gandolfo, nos arredores de Roma. Ele deve ficar no local até seu apartamento, em um antigo mosteiro dentro do Vaticano, ficar pronto. Segundo ele, o resto de seus dias será dedicado à oração."
Leia mais no Jornal do Brasil

Praça São Pedro hoje de manhã (16:30, horário local)
Declarações do Papa hoje, em sua última audiência:
""O Senhor nos deu muitos dias de sol e ligeira brisa, dias nos quais a pesca foi abundante, mas também momentos nos quais as águas estiveram muito agitadas e o vento contrário, como em toda a história da Igreja e o Senhor parecia dormir", disse.
Mas ele afirmou ter fé em que Deus não vai deixar a Igreja "afundar".
"Estou realmente emocionado e vejo uma Igreja viva", disse o Papa, sempre bastante aplaudido pela multidão.
Ele voltou a afirmar que sua renúncia, anunciada em 11 de fevereiro, foi decidida "não para seu bem, mas para o bem da Igreja", e reiterou que sabe "da gravidade e da novidade" da decisão que tomou.
"Amar a Igreja significa também ter a valentia de tomar decisões difíceis, tendo sempre presente o bem da Igreja, e não o de si próprio", disse.
O Pontífice afirmou que "não vai abandonar a Cruz" e que, pela oração, vai continuar a serviço da Igreja.
"Minha decisão de renunciar ao ministério petrino não revoga a decisão que tomei em 19 de abril de 2006 (ao ser eleito Papa)", disse.
"Não abandono a cruz, sigo de uma nova maneira com o Senhor Crucificado, sigo a seu serviço no recinto de São Pedro", completou.
Bento XVI também pediu que os fiéis orem pelos cardeais que, após a renúncia, terão de eleger seu sucessor, em uma tarefa que ele considera difícil.
"Orem pelo meu sucessor! Que Deus os acompanhe",disse o Papa.".

Quinta-feira, último dia
"Na quinta-feira (28), ele deixará o posto e passará a ser chamado de "Papa Emérito".
Na manhã de quinta, no Palácio Papal, o decano do Colégio de Cardeais, Angelo Sodano, fará um pequeno discurso de despedida, e então cada cardeal poderá separadamente se despedir do pontífice.
Durante a tarde, no Tribunal de Saint-Damase, no coração do pequeno Estado, a Guarda Suíça carregará suas bandeiras em saudação.
Em seguida, por volta das 13h (horário de Brasília),  Bento XVI irá para o heliporto do Vaticano para viajar a Castel Gandolfo, 25 quilômetros ao sul de Roma, a residência de verão do Papa, onde passará dois meses, antes de se estabelecer em um mosteiro no Monte do Vaticano.
Bento XVI chegará à residência de verão e saudará os fiéis a partir da varanda. Esta será sua última aparição como chefe da Igreja. Nada de especial está previsto quando o relógio badalar oito horas da noite (hora local), momento em que oficialmente termina o pontificado. Ele provavelmente estará em oração na capela neste momento.
Às 20h, o pequeno destacamento da Guarda Suíça, em frente à residência, fechará a porta e colocará assim um fim ao seu serviço, reservado exclusivamente ao Papa. Mas a polícia vai continuar a garantir a segurança de "Sua Santidade, o Papa Emérito".
No Vaticano, a Guarda Suíça continuará a fazer a proteção, apesar do "trono vacante".

Conclave
No dia seguinte à renúncia, o cardeal Angelo Sodano enviará os convites aos cardeais eleitores -- atualmente 115 -- para as "congregações" que precedem o conclave. Essas reuniões, durante as quais os prelados procuram definir o perfil do futuro Papa, não devem começar antes de segunda-feira.

Papa Emérito
Nesta terça (26), o Vaticano anunciou que  Bento XVI vai manter o nome e o título honorífico de "Sua Santidade"  após a renúncia. Ele será chamado de "Papa Emérito" ou "Pontífice Romano Emérito".O anel papal vai ser destruído, de acordo com a tradição do Vaticano, segundo o porta-voz.
Bento XVI passará a trajar a "batina branca papal clássica", sem mantelete, segundo o padre Federico Lombardi. Ele também não deve mais usar sapatos vermelhos.
O porta-voz afirmou que Bento 16 tinha tomado as decisões sobre seus títulos após consulta com as autoridades do Vaticano.
O Papa alemão, de 85 anos,  disse que vai renunciar por conta de sua frágil saúde. O anúncio, surpreendente, foi feito em 11 de fevereiro. Joseph Ratzinger será o primeiro pontífice a renunciar em mais de seis séculos, o que cria situações praticamente inéditas para a Igreja Católica Apostólica Romana."
Fonte: G1

Paulo Coelho: Milagres e as 24 horas mais importantes da vida

Temos aqui no blog, na coluna do lado direito, diversas indicaçãos de outros blogs interessantes a serem explorados (quando se tiver um tempinho livre, é claro).
Um deles é o do famoso escritor Paulo Coelho. 
Adorado por milhões, ignorado por muitos e rechaçado por alguns, ele traz no seu blog pequenos textos diários que servem como "mensagem do dia".
Em tempos em que tudo parece ser meio que sem sentido, talvez valha a pena dar uma olhadinha diária ali.
Selecionei as duas últimas postagens (de segunda e de ontem) que ele fez, para nossa reflexão.
Não significa concordar sempre 100% com o que diz, mas eventualmente se pode tirar alguma coisa para nos ajudar a enfrentar as lutas diárias, que não são poucas. Mais para uns, menos para outros, dependendo do momento. Tempestades vem e se vão.
As mensagens podem trazer também o que se convencionou chamar de insights, lá pelos anos 1980. 'Intuições' muitas vezes espirituais.
Ele não traz nada de novo - que já não fosse comentado por religiões, filosofias e sábios antigos - mas usa uma linguagem mais atual para repetir coisas que merecem ser repetidas, relidas, ouvidas novamente.

O Dia de Hoje
"As próximas 24 horas vão ser de fundamental importância na sua vida.
Esqueça o que você foi no passado. Isto não conta, porque estes momentos já foram vividos e estão na memória do tempo. Mesmo que você conheça suas outras encarnações, ou tenha descoberto a pista para solucionar traumas infantis, esqueça o passado.
Esqueça o futuro. Primeiro, porque Deus tem sua própria maneira de escrever nossos destinos, e não adianta tentar adivinhar o que passa em Sua cabeça. Segundo, porque – até o dia de amanhã – você só tem 24 horas para viver.
Tenha coragem de aproveitá-las, fazendo coisas que você sempre quis. É para isto que você está no mundo. É para isto que Deus lhe dá, todos os dias, às 24 horas mais importantes de sua vida."


Milagres
"As pessoas podem frequentar a igreja e acreditar em Deus, mas isto não significa uma relação íntima com o Universo Espiritual. Existe uma linguagem que está além das palavras rituais.  Na maior parte do tempo, Deus procura falar diretamente com cada um, através de palavras que só nós podemos entender.
Para isto, é necessário escutar nosso coração. Se acreditamos em milagres, eles acontecem. Se – entretanto – queremos que primeiro a razão nos explique porque os milagres existem, nunca chegaremos a presenciá-los. Os  milagres precisam da força da fé para se tornarem possíveis."

26 de fevereiro de 2013

Lua Cheia: Adágio da Sonata ao Luar - Beethoven

Se olharem no horizonte agora, por volta das 17:45h, neste 26 de fevereiro de 2013, vão ver o sempre belo espetáculo do nascimento de mais uma lua cheia ao cair da noite.
É a segunda do ano mas a primeira foi de madrugada, pouca gente viu.
Sempre que tenho a oportunidade de presenciar isso, me vem à mente a presença de Deus, acompanhado da lembrança de alguma música.
Desta vez foi a "Moonlight Sonata" - "Sonata ao Luar" - um adágio que o gênio Beethoven compôs no início dos anos 1800. Uma das mais emocionantes em homenagem à Lua e às sensações que ela pode despertar.
Emotiva melodia que atravessa gerações em diferentes arranjos.
É bem verdade que, com tantos prédios atrapalhando a visão do horizonte nas grandes cidades, é cada vez mais difícil contemplar e sentir essa beleza. E quase ninguém tem mais tempo para isso. Uma pena.
O vídeo a seguir mostra a interpretação da música em um clip que traz de brinde o visual de Zagreb na Croácia e uma perfomance de dança sensual cuja bailarina é a própria celista Ana Rucner.

Tempos Modernos no Facebook: "Eu quero minha vida de volta!"

Em complemento ao post que contém o texto de Leonardo Boff (abaixo) que cita a "pós-modernidade", achei este curta-metragem que mostra mais outro ângulo da questão.
Ouçam com fone e vejam em tela cheia.
Qualquer coincidência é mera semelhança.



"Este curto filme filosófico explora o isolamento e manipulação 'auto-consciente' de que nós, os seres humanos, enfrentamos na era digital. Com um senso de ironia cuidadosamente afinados, "Tempos Modernos" mistura desespero com humor para criar uma pequena e simpática história ambígua".

25 de fevereiro de 2013

Historietas Assombradas (para crianças malcriadas)

Já comentamos aqui sobre o trabalho do Leonardo Finocchi, já registrado em pelo menos dois livros: "Maurício de Souza por 50 novos Artistas" e "Nem Morto".
Filho do amigo Fabio, ele avança ainda mais ao participar do que eu chamaria de uma vanguarda brasileira: animação de qualidade na TV!
Acostumados que fomos ao longo de mais de 50 anos com desenhos animados feitos pelo Tio Sam, agora começamos a ver obras feitas cem por cento por brasileiros, com nível de exportação.
Parabéns ao Léo por participar do projeto "Historietas Assombradas (para crianças malcriadas)" que estréia na próxima segunda (4 de março, 19:30h) no Cartoon Network!

Um Sentido Coerente Para A Vida

Já faz tempo que não colocamos aqui um texto do Leonardo Boff, que são sempre excelentes.
Quem normalmente selecionava algo dele era o Luiz Felipe, que anda assoberbado nos últimos tempos.
Quase acidentalmente me deparei com trecho do artigo que reproduzimos a seguir e saí procurando a íntegra para que pudesse abrilhantar o blog.
Seguem alguns pontos que destaquei para que vocês verifiquem se vale a pena ler.
Eu acho que sim.
- A excessiva centralização na acumulação e no desfrute de bens materiais acaba por produzir grande vazio e decepção.
- É nesta dimensão que se coloca a questão do  sentido da vida. É uma necessidade humana encontrar um sentido coerente. O vazio e o absurdo produzem angústia e  sentimento de estar só e desenraizado.
- Agora funciona o o vale tudo dos vários tipos de racionalidade, de posturas e de leituras da realidade.
- A isso se chamou de pós-modernidade que para mim representa a fase mais avançada e decadente da burguesia rica mundial. Não satisfeita de destruir o presente, quer destruir também o futuro.
- Estas crises só são superadas quando se fizer uma nova experiência do Ser essencial de onde se deriva uma espiritualidade viva.

A erosão das fontes de sentido

25/02/2013
Já foi dito, com verdade, que o  ser humano é devorado por duas fomes: de pão e de espiritualidade. A fome de pão é saciável. A fome de espiritualidade, no entanto, é insaciável. É feita de valores intangíveis e não materiais como a comunhão, a solidariedade, o amor, a compaixão, a abertura a tudo o que é digno e sagrado, o diálogo e a prece ao Criador.
Esses valores, secretamente ansiados pelos seres  humanos, não conhecem limites em seu crescimento. Há um apelo  infinito que lateja dentro de nós. Somente um infinito real pode nos fazer repousar. A excessiva centralização na acumulação e no desfrute de bens materiais acaba por produzir grande vazio e decepção. Foi o que concluiram analistas da universidade Lausane. Algo em nós grita por algo maior e mais humanizador.
É nesta dimensão que se coloca a questão do  sentido da vida. É uma necessidade humana encontrar um sentido coerente. O vazio e o absurdo produzem angústia e  sentimento de estar só e desenraizado. Ora,  a sociedade industrialista e consumista, montada sobre a razão funcional, colocou no centro o indivíduo e seus interesses particulares. Com isso, fragmentou a realidade, dissolveu qualquer cânon social, carnavalizou as coisas mais sagradas e ironizou ancestrais convições, chamadas de “grandes narrativas”, consideradas metafísicas essencialistas, próprias de sociedades   de outro tempo. Agora funciona o “anything goes”, o vale tudo dos vários tipos de racionalidade, de posturas e de leituras da realidade.  Criou-se o relativismo que afirma que nada conta definitivamente.
A isso se chamou de pós-modernidade que para mim representa a fase mais avançada e decadente da burguesia rica mundial. Não satisfeita de destruir o presente, quer destruir também o futuro. Ela se caracteriza por um completo descompromisso de transformação e de um professado desinteresse por uma humanidade melhor. Tal postura se traduz por uma ausência declarada de solidariedade para com o destino trágico de milhões que lutam por terem uma vida minimamente digna, de poderem morar melhor do que os animais, de terem acesso aos bens culturais que lhes enriqueçam a visão do mundo. Nenhuma cultura sobrevive sem uma narrativa coletiva que confira dignidade, coesão, ânimo e sentido à caminhada coletiva de um povo. A pós-modernidade nega irracionalmente esta dado originário.
No entanto, por todas as partes do mundo, as pessoas  estão elaborando significados para suas vidas e padecimentos, buscando  estrelas-guias que lhes dêem   um norte e lhes abram um porvir esperançador. Podemos viver sem fé, mas não sem esperança. Sem ela se esta está a um passo da violência, da banalização da morte e, no limite, do suicídio.
Ora as instâncias que historicamente representavam a construção permanente do sentido, entraram modernamente em erosão. Ninguém, nem o Papa, nem Sua Santidade o Dalai Lama podem dizer seguramente o que é bom ou mau para esta quadra planetária da história humana.
As filosofias e outros caminhos espirituais respondiam por esta demanda fundamental do humano. Mas elas, em grande parte, se fossilizaram e perderam o impulso criador. Sofisticam-se cada vez mais sobre o já conhecido, sempre de novo repensado e redito mas desfibradas de coragem para projetar novas visões, sonhos promissores e utopias mobilizadoras. Vivemos um “mal-estar da civilização”, semelhante àquele do ocaso do império romano, descrito por Santo Agostinho em “A Cidade de Deus”.  Nossos  “deuses”  como os deles já não são mais críveis. Os novos “deuses” que estão despontando não são vigorosos o bastante para serem reconhecidos, venerados e lentamente ganharem os altares.
Estas crises só são superadas quando se fizer uma nova experiência do Ser essencial de onde se deriva uma espiritualidade viva. Vejamos alguns lugares onde os “novos deuses” se anunciam  e uma nova percepção do Ser aparece.
Por mais críticas que lhe devemos fazer no seu aspecto econômico e político, a globalização é, antes de tudo, um fenômeno antropológico que se expressaria melhor por planetização: a humanidade se descobre uma espécie, habitando uma única Casa Comum, o planeta Terra, com um destino comum. Tal fenômeno vai exigir uma governança global para gestionar os problemas coletivos. É algo novo.
Os Fórums Sociais Mundiais que a partir do ano 2000 começaram a se realizar a partir de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, revelam uma particularíssima irrupção de sentido. Pela primeira vez na história moderna, os pobres do mundo inteiro, fazendo contraponto às reuniões dos super-ricos na cidade suiça de Davos, conseguiram acumular tanta força e capacidade de articulação que acabaram aos milhares se encontrando primeiro em Porto Alegre, depois em outras cidades do mundo, para apresentar suas experiência de resistência e de libertação, para trocar experiências de como  criam microalternativas ao  sistema de dominação imperante, como alimentam um sonho coletivo para gritar:um outro mundo é possível, um outro mundo é necessário. É algo novo.
Nas várias edições dos Fóruns Sociais Mundiais, em níveis regional e internacional, se notam os brotos do novo paradigma de humanidade, capaz de organizar de forma diferente a produção, o consumo, a preservação da natureza e a inclusão de toda a humanidade num projeto coletivo que garanta um futuro de vida e de esperança para todos. Dai a sua importância: do fundo do desamparo humano está emergindo uma fumaça que remete a um fogo interior do lixo ao qual foram condenadas as grandes maiorias da humandiade. Esse fogo é inapagável. Ele se transformará numa brasa e num clarão a iluminar um novo sentido para humanidade. Oxalá.
*Leonardo Boff teólogo e filósofo é autor de Tempo de transcendência, Vozes 2010.
Leonardo Boff . com

24 de fevereiro de 2013

O Lado Bom da Vida


Um filme que fala de derrotas no trabalho, afastamento familiar, psicoterapia, ansiolíticos, andidepressivos, etc. não deveria se chamar "O Lado Bom da Vida", certo? Mas é esse o título da "comédia romântica" que entra como azarão na corrida ao Oscar de melhor filme.
Está entre aspas por que, dependendo do olhar, pode ser tratado como drama nefasto ou - se tiver final feliz - até uma espécie de filme de auto-ajuda para quem passa por certas dificuldades.
É baseado em um livro que vendeu milhôes mundo afora. Quem leu diz que o livro é melhor.
Eu não vi o livro nem li o filme (acho que é o contrário). Faço esse breve comentário como curiosidade, tendo como base o que pesquisei a respeito. Inclusive o prêmio de melhor filme concedido ontem no Spirit Awards, mais importante premiação do cinema independente. O que significa que a adaptação não foi bancada pelos grandes estúdios. Para mim um bom sinal.
Aguardemos o resultado daqui a pouco enfatizando que para mim o lado bom da vida é estar em paz consigo mesmo e com os outros, mantendo a saúde e a alegria de viver.
Ajuda se tiver uma boa conta bancária, férias no Caribe e casa de frente para o mar.
No mais... boa semana a todos nós!

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23 de fevereiro de 2013

Oscar: os filmes que não vi e uma dica especial

Quem gosta de cinema não teve escapatória nos últimos 50 anos: somos todos 'formados' pelos
filmes e seriados americanos.
O Império (também de Guerra nas Estrelas) não precisou nem contra-atacar, dominou as telonas e telinhas desde a década de 1950.
Nada a reclamar mas é bom lembrar que boas coisas produzidas ao longo desde tempo foram de diretores e roteiristas que migraram para os EUA.
Foi assim na música também. A melhor coisa que fizeram veio dos descendentes dos africanos: Jazz e Blues (de onde veio o Rock).
Tivemos a nossa Atlântida entre outras iniciativas brilhantes que não se mantiveram. Poderíamos ter uma Bollywood auto-sustentável como na Índia sem contar as ótimas produções asiáticas e européias. Mas isso outra história.
O fato do post é comentar sobre os filmes indicados para o Oscar. E aí está o problema: quando vi a lista levei um susto. Provavelmente pela primeira vez na história desta vidinha não vi nenhum, eu disse nenhum, dos indicados ainda.
Ou estou indo menos ao cinema ou estou escolhendo os filmes errados. Epa! Talvez não. Pode ser que os indicados é que não sejam mesmo as melhores opções para o meu gosto momentâneo. Exceto aquele do Ang Lee, baseado no livro plagiado do brasileiro Moacir Scliar. E o "Django" do Tarantino.
Há de se considerar também as poucas opções que temos nos atuais cinemas de Shoppings.
Por causa disso vejo cada vez mais as gravações que faço de filmes fora do circuitão que procuro em canais de filmes na TV fechada.
Esta semana, por exemplo, vi com meu filho "2010, o ano que faremos contato" (acho que da década de 1980), que se não foi dirigido por Kubrick (como em "2001, um Odisséia no Espaço") pelo menos se manteve fiel ao livro de Arthur C. Clarke que fez a continuação da saga a partir da idéia de um brasileiro (ele cita isso no livro).
Voltando ao tema principal, lendo a sinopse dos filmes indicados e alertado por miha filha (de 16 anos) e pelo amigo Jarbas, percebe-se que a maioria dos filmes indicados são voltados para o próprio umbigo. Fazer o que... Os filmes são deles e a festa do Oscar é deles.
Gostaria que "Skyfall" (esse eu vi e é inglês) entrasse na lista até como merecida homenagem pelos 50 anos da série 007 (e porque é bom mesmo). Vai concorrer em fotografia e canção original. Leva as duas estatuetas em minha opinião. Aliás a musa Adele fez essa linda canção em menos de 24 horas, segundo ela.
Para quem gosta da festa (que completa 85 anos) vale a pena sintonizar o canal TNT a partir das 20:30h de amanhã.
Já na série "procurando bons filmes que não vi" a dica é ver (ou gravar) neste sábado no Telecine Premium "A Invenção de Hugo Cabret" de Martin Scorsese, que teve 11 indicações ao Oscar em 2012.
Na sequencia, a música "Skyfall" da Adele traduzida.

1. Os miseráveis: melhor filme, ator, atriz coadjuvante, canção original, mixagem de som, figurino, design de produção, maquiagem e cabelo 2. "O lado bom da vida": melhor filme, diretor (David O. Russell), atriz (Jennifer Lawrence), ator coadjuvante(Robert De Niro), atriz coadjuvante (Jacki Weaver), edição. 3. "Lincoln": melhor filme, diretor (Steven Spielberg), ator coadjuvante (Tommy Lee Jones), atriz coadjuvante (Sally Field), roteiro adaptado, fotografia, edição, trilha sonora original, mixagem de som, figurino, design de produção. 4.Indomável sonhadora: melhor filme, melhor diretor, melhor Atriz 5. "As aventuras de Pi": melhor filme, diretor (Ang Lee), roteiro adaptado, fotografia, edição, trilha sonora original, canção original, efeitos visuais, edição de som, mixagem de som, design de produção. 6. "Amor": melhor filme, diretor (Michael Haneke), atriz (Emmanuelle Riva), filme estrangeiro, roteiro original, roteiro adaptado 7. "Django livre": melhor filme, ator coadjuvante (Christoph Waltz), roteiro original (Quentin Tarantino), edição de som. 8. "Argo": melhor filme, ator coadjuvante (Alan Arkin), roteiro adaptado, trilha sonora original, edição de som, mixagem de som. 9. "A hora mais escura": melhor filme, atriz, roteiro original, edição e edição de som.

Do Povo, Para o Povo, Pelo Povo: Lula fala sobre os 10 anos de governo petista

E aí tucanada? E aí Millenium?

22 de fevereiro de 2013

A beleza de uma "Big City" à noite

Dias atrás, em um post, citei a necessidade de uma casa no campo, ao modo de Zé Rodrix: "onde eu possa plantar meus amigos, meus discos e livros e nada mais".
Mas é claro que as cidades grandes tem seus atrativos - e muitos - para nós.
Até mesmo uma beleza artística de prédios, avenidas e monumentos.
A cidade em movimento à noite, como nesta bela produção mostrando Los Angeles, USA.
Música "Orchestral Inspiration" by Akashic Records.
Vejam em tela cheia (cliquem nas setinhas ao lado de "HD").

Frase da Semana

Em mais de meia hora de discurso, em nenhum momento Vossa Excelência citou a palavra povo, emprego, miséria, inclusão social”.

Frase dita pelo Senador Lindberg Farias em aparte ao discurso proferido pelo Senador Aécio Neves que tentava 'detonar' os dez anos do PT no poder.

Essa frase e outros comentários (a seguir) estão sendo considerados um nocaute no discurso do Aécio.

Lindberg defendendo o Governo Petista:
"A pauta real, tem relação com emprego, salário, inclusão. O senador citou diversos avanços que só foram alcançados a partir do governo Lula. Nesses 10 anos, mais de 40 milhões de brasileiros foram à classe média. E até março vamos chegar perto da erradicação da miséria no nosso país. E a desigualdade no nosso país caiu 14%”.

“Quando o Banco Central começou a baixar as taxas de juros, subiram à Tribuna (a oposição) dizendo que o governo estava interferindo no BC. Ficaram ao lado dos banqueiros. Quando a presidenta Dilma faz um grande esforço para reduzir os preços da energia elétrica, invés de ficar ao lado do povo, ficaram ao lado dos fundos privados que lucravam com isso tudo”.

"Ontem, a presidenta Dilma fez o lançamento do seu programa sobre a erradicação da miséria e lá estava escrito: a erradicação da miséria é apenas o começo. Vamos lutar para continuar construindo uma grande democracia popular e fazer esse País crescer com inclusão social”.

Nocaute final: "Acho que vossa excelência não constrói um discurso competitivo para quem é candidato a presidente da República".

21 de fevereiro de 2013

Suave Chuva, Temperaturas Amenas

Já devo ter dito aqui que no sol sinto saudades da chuva, na chuva, do sol. Na praia, saudade da serra, etc.
E se já disse e repito, provavelmente li isso algum dia em algum poema.
Bem, que dá uma poesia, dá.
O fato: estou com saudades da chuva e do frio. Não de um frio siberiano, nem de tempestades que alagam cidades, óbvio.
O calor infernal dos últimos dias ajudou neste, digamos, sentimento nostálgico.
O céu azul é lindo, sobretudo quando você está de férias à beira mar ou a mais de mil metros de altitude.
Mas se tem que rodar a cidade cheia de prédios e asfalto, com poucas árvores e uma sensação térmica de 50 graus, aí a coisa muda.
Nesta semana os paulistanos não devem pensar assim, com aquelas fortes chuvas vespertinas diárias. Mas nós aqui do Estado do Rio estamos precisando de pelo menos uma leve queda de temperatura de uns 10º!
O mesmo lá no Nordeste, que continua precisando de água.
Sempre lembrando que o bom é o budista "caminho do meio": nem seca, nem enchentes, nem quintos dos infernos nem temperatura polar.
Mas atenção: quando chover cuidado redobrado com os mosquitos. Já está em andamento - e vai piorar - uma epidemia de dengue por essas bandas.
E aí, em uma rápida navegada na rede, achei esse video mostrando uma primeira chuva de primavera (por aqui aguardamos o outono). O sujeito, relaxando em frente à chuva que cai, dá uma certa inveja, não acham? Mas não necessariamente com o cachimbo.
A música chama-se "Places In Between" de Rhian Sheehan.



20 de fevereiro de 2013

Uma Década de Avanços Sociais

"Hoje é dia de comemorar os 10 anos de governo democrático e popular. 
Conheça o material que a Fundação Perseu Abramo produziu sobre o decênio que mudou o Brasil!
 http://bit.ly/WQSINd"

A Viagem da Blogueira Cubana


Reproduzimos texto da Carta Capital e do Escrevinhador.
Era exatamente isso o que vínhamos observando. Portanto vale o 'copia e colar'.


Yoani: quem paga a viagem?

publicada terça-feira, 19/02/2013 às 12:31 e atualizada terça-feira, 19/02/2013 às 12:31

Yoani reloaded
Por Leandro Fortes, na CartaCapital
Primeiro de tudo: foi um erro dos manifestantes baianos impedir a exibição do documentário, ou seja lá o que for aquilo, do tal cineasta de Jequié, Dado Galvão, em Feira de Santana. Não que eu ache que dessa película poderia vir alguma coisa que preste, mas porque praticar sua arte – seja genial, banal ou medíocre – é um direito inalienável de qualquer cidadão brasileiro.
Ao impedir o documentário, os manifestantes estão ajudando a consolidar a tese adotada pela mídia de que os que são contra a blogueira Yoani Sánchez são, apenas, a favor da ditadura cubana. Fortalece, pois, esse reducionismo barato ao qual a direita latinoamericana sempre lança mão para discutir as circunstâncias de Cuba.
Minha crítica aos manifestantes, contudo, se encerra por aqui.
De minha parte, acho ótimo que tenha gente disposta a se manifestar contra Yoani Sánchez, uma oportunista que transformou dissidência em marketing pessoal.  Não vi ainda nenhuma matéria que informe ao distinto público quem está pagando a turnê de Yoani por 12 (!) países – passagens aéreas, hospedagens, traslados, alimentação, lazer, banda larga e direito a dois acompanhantes, o marido e o filho.
Nem a Folha de S.Paulo, que até em batizado de boneca do PT pergunta quem pagou o vestido da Barbie, parece interessada nesse assunto.  E eu desconfio por quê.
Yoani Sánchez é a mais nova porta-bandeira da liberdade de expressão em nome das grandes corporações de mídia e do capital rentista internacional. É a direita com cara de santa, candidata a mártir da intolerância dos defensores da cruel ditadura cubana, a pobre coitada que tentou, vejam vocês, 20 vezes sair de Cuba para ganhar o mundo, mas só agora, que a lei de migração foi reformada na ilha, pode viver esse sonho dourado. Mas continuo intrigado. Quem está pagando?
A mídia brasileira, horrorizada com as manifestações antidemocráticas em Pernambuco e na Bahia, não gosta de lembrar que a atormentada blogueira morou na Suíça, apesar de ter tentado sair de Cuba vinte vezes, nos últimos cinco anos. Vinte vezes!
Façamos as contas: Yoani pediu para sair de Cuba, portanto, quatro vezes por ano, de 2006 para cá. Uma vez a cada três meses. Mas, antes, conseguiu ir MORAR na Suíça. Essa ditadura cubana é muito louca mesmo.
Mas, por que então a blogueira dissidente e perseguida abandonou a civilizada terra dos chocolates finos e paisagens lúdicas de vaquinhas malhadas pastando em colinas verdejantes? Fácil: nos Alpes suíços, Yoani Sánchez poderia blogar a vontade, denunciar a polícia secreta dos Castros e contar ao mundo como é difícil comprar papel higiênico de qualidade em Havana – mas de nada serviria a seus financiadores na mídia, seja a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), que lhe paga uma mesada, ou o Instituto Millenium, no Brasil, que a tem como “especialista”.
Então, é preciso fazer Yoani Sánchez andar pelo mundo. Fazê-la a frágil peregrina da liberdade de expressão, curiosamente, financiada pelos oligopólios de mídia que representam, sobretudo na América Latina, a interdição das opiniões, quando não a manipulação grosseira, antidemocrática e criminosa da atividade jornalística, em todos os aspectos.
É preciso vendê-la como produto “pró-Cuba”, nem de direita, nem de esquerda – aliás, velha lenga-lenga mais que manjada de direitistas envergonhados. Pena Yoani ter se atrasado nessa missa: Gilberto Kassab, com o PSD, e Marina Silva, com a Rede (Globo?), já se apropriaram, por aqui, dessa fantasia não-tem-direita-nem-esquerda-depois-da-queda-do-muro-de-Berlim.
No mais, se a antenada blogueira cubana tivesse ao menos feito um Google antes de embarcar para o Brasil, iria descobrir:
1)   Dado Galvão, apesar de “colunista convidado” do Instituto Millenium, não é ninguém. Ela deveria ter colado em Arnaldo Jabor;
2)   Eduardo Suplicy é a Yoani do PT;
3)   Em Pernambuco não tem só frevo;
4)   E na Bahia não tem só axé.
Leia outros textos de Outras Palavras

Os Móveis Modulados, os Cupins e a Casa no Campo

Ainda naquele processo de relembrar algumas abordagens de temas diversos (muitos não tão usuais) aqui no blog, fazemos 'repost' de um texto sobre... cupins, móveis, livros, discos, coisas que guardamos. Uma mistureba que talvez tenha dado certo.
Escrevemos em pleno carnaval de 2011.


O Carnaval, Os Móveis Planejados e a Casa no Campo
O carnaval está fervendo. A chuva que cai (em parte do Sudeste) não atrapalha os foliões mais animados. Sobretudo os flex (aceitam álcool sem problema).
Para quem não é tão chegado aos festejos tá até bom pra descansar. Mas um pouquinho de sol ajudaria na caminhada da praia. Acho que ele sai amanhã.
Por aqui chegou até fazer um friozinho em alguns momentos.
E eu resolvi fazer um post sobre... móveis planejados!
Já vão entender. Embora não tenha nada a ver com o carnaval.
Não sei se vocês já repararam. Em muitas revistas tem anúncios desses móveis projetados especialmente para cada espaço. Diversas marcas e padrões.
Aqueles móveis fabricados exatamente de acordo com o que você quer e de acordo com o espaço disponível.
Estantes, home-theaters, cozinhas, closets, enfim tudo pode ser feito para sua casa.
Práticos. Bonitos. E caros.
Estão substituindo aqueles profissionais autônomos chamados marceneiros. Artífices que procurávamos para realizar os nossos próprios projetos.
Tente achar um bom marceneiro hoje em dia. Difícil.
Mas não percamos o foco.
Voltemos aos anúncios dos móveis.
Neles é tudo minimalista. Não os belos modulados. Mas o que eles contém.
Pelo menos o que está exposto. Não sei nas gavetas. Mas não tem muitas gavetas.
De forma mais clara: nas estantes, por exemplo, onde estão os livros, os discos, as revistas?
Só vejo potes. Eu acho legal potes. Excelentes objetos de decoração. Mas tente colocar um deles no aparelho de DVD. É difícil tocar.
Sei que a decoração "clean" é uma tendência que resiste há uns 20 anos, mas...
Ok, estamos falando de anúncios, a realidade é diferente...
Bem, falando a verdade, acho que o problema é comigo.
Ao longo da vida acumulei muitos 'bens' que eu já citei: livros, discos...
Mas os espaços estão cada vez menores e os filhos, cada vez maiores, querem o seu espaço.
2/3 de minha coleção de discos de vinil foi destruída por alienígenas que o mundo conhece como cupins. Não são deste planeta, tenham certeza.
É que eu guardava os meus LPs fora da casa, em outra construção.
Mas ainda restaram umas mil raridades.
Acho que aqueles seres odiosos talvez tenham sido enviados por inteligências superiores para me ensinar que não adianta mais ter e guardar tanta coisa. Pelo menos tantos discos. Não poderei levá-los para as instâncias superiores (ou inferiores?) de além vida.
E também não tinha mais onde guardá-los. E tem os CDs, ainda imunes (imunizados?) aos micro-ETs. E livros, revistas, DVDs, raras garrafas de Whisky (da época que eu degustava tais escocidades), etc.
E aí eu vejo aquelas estantes com alguns potes e mais nada.
Quem tem uma estante daquelas não precisa organizar nada, limpar nada.
Não precisa se preocupar com milhares de itens de colecionador que precisam ser preservados. Nem com aqueles horríveis, embora pequenos, alienígenas. A não ser que eles ataquem os próprios móveis imunizados, o que não é tão raro.
Acho que no fundo eu não sinto tanta raiva daquela aparente falta de itens culturais e de lazer. Pelo contrário. Sinto é inveja.
Com tanta coisa pra fazer e se preocupar e tão pouco tempo, talvez eu precise mesmo é de uma casa no campo - como dizia o saudoso Zé Rodrix - do tamanho ideal, onde eu possa plantar meus amigos, meus (poucos) discos e livros e nada mais.
Só não tenho certeza se ela teria móveis planejados, com potes decorativos.
Mas é uma boa ideia.

18 de fevereiro de 2013

O Folk no Século XXI

Por esses dias estarei um tanto o quanto distanciado do blog mas na medida do possível postarei uma ou outra coisa interessante.
E música é sempre interessante.
Ainda mais quando nos deparamos com coisas novíssimas que trazem em seu DNA sonoridades tradicionais, atemporais. Que eu conheci lá pelos anos 70.
Digo isso porque tenho percebido um retorno às origens da música folclórica celta irlandesa (que de resto influenciou toda a música Pop que ouvimos hoje) por parte de grupos britânicos e americanos.
É esse o caso dos ingleses do Mumford & Sons e dos americanos The Lumineers, premiados no mais recente Grammy.
De um lado os referenciais Folk Rock (que serviu de referência a muitos Progressivos e New 'Agers') e do outro o Country Rock - combustível para gerações que nem sabem direito o que é isso.
Para mim é ótimo ver jovens fazendo esse som, sinal que não estou nada velho!




16 de fevereiro de 2013

'Ocean of Dreams' e 'Celestial Lights'

 Bom final de sábado, ótimo domingo e boa semana (já no 'horário normal') a todos!



E acabaram as férias e o horário de verão

É isso. Mais um período de férias de verão terminou, junto com o horário de verão 2013.
De volta à cidade, ao trabalho (para quem pôde descansar nesse período), ao calor, aos estudos, enfim... a vida continua.
É aproveitar agora o resto do ano, no dia a dia, tentando fazer de cada momento um bom instante, como nas férias, afinal, o tempo não pára.
E se é verdade que, no Brasil, o ano só começa mesmo depois do carnaval, então... Feliz 2013!

Manguinhos

Rio Maravilha

Búzios

Nas férias, vale investir um pouquinho em momentos 'gourmet'

Céu azul no anoitecer de Costazul, Rio das Ostras
Campos, RJ, região da Pelinca - Foto de Roberto Moraes

15 de fevereiro de 2013

Facebook: Superestimando a 'felicidade' dos outros e subestimando a nossa própria vida

Birth of a Divinity - Salvador Dali
Há algum tempo li uma crônica onde a autora (desconfio que seja a Martha Medeiros, mas minha memória pré-Alzheimer não está nada confiável) discorria sobre o quesito "vida boa das celebridades".
O fato é que ao lermos notícias e vermos fotos destas "celebridades" - do tipo "Caras" - só tem coisa positiva: festas, alegria, fotos incríveis, lugares maravilhosos, grana, iates... Enfim, felicidade constante, ininterrupta. Nada de problemas, tensões, ansiedades, etc.
O que isso provoca em quem está vendo e lendo? Provavelmente algo bem próxima daquele sentimento chamado inveja.
De qualquer forma eles são "celebridades" (sempre entre aspas, ok?!), então são aquela meia dúzia de - teoricamente - priveligiados. Não nos ocorre que aquilo tudo pode não ser bem a realidade 24 horas por dia, 365 dias por ano (com trocadilho ou cacófato).
Mas e se essa coisa toda estiver bem mais próxima de você? Não nas revistas e TV, mas na tela do celular, tablet e notebook, entre seus amigos de Facebook e adicionados do Instagram? Fica mais difícil aceitar a felicidade maior de seus conhecidos enquanto você tem uma vida "normal", não é mesmo? Creia, isso é um problema. Talvez nem tanto para pessoas já mais rodadas como este escriba, mas os mais jovens...
Achei interessante artigo sobre este tema na página da Revista TPM, de autoria das jornalistas Bruna Bopp e Letícia González.
Reproduzo a seguir parte dele. O restante vocês podem conferir aqui. Os destaques em vermelho foram feitos aqui por nosso blog.

Vida perfeita só existe no Facebook
Como as redes sociais mudaram a relação que você tem com a sua própria imagem – e com o resto do mundo

"No último fim de semana, é provável que você tenha visto postadas aos montes no Instagram fotos de festas incríveis, piqueniques no parque, drinks na praia, pés na areia, crianças fofas e cachorros mais fofos ainda. E pode ter caído na armadilha de acreditar que seus amigos – e os amigos dos amigos – estavam se divertindo muito mais do que você.
Não é de hoje que se espelhar nos outros para avaliar a sua própria vida é um comportamento comum. Mas é fato que as redes sociais conseguem deixar a felicidade alheia mais sedutora, transformando pessoas e situações em ideais. Imagens de “vida perfeita” sempre estiveram por aí, carregando a mensagem inquietadora: “Você poderia ser melhor”.
Ao ver amigos questionarem a própria vida depois de navegar pelo Facebook, o psicólogo Alexander Jordan, da Universidade de Stanford, na Califórnia, foi pesquisar o assunto a fundo. Em 2011, publicou uma série de estudos sobre como universitários avaliavam as emoções dos seus amigos. Concluiu que a maioria superestima a felicidade dos outros e subestima sentimentos negativos. Ao mesmo tempo, quanto menos os estudantes enxergavam experiências negativas na vida dos outros, mais reportavam solidão e tristeza na sua. Na apresentação do estudo, citou o filósofo iluminista Montesquieu: “Se quiséssemos apenas ser felizes, seria fácil. Mas queremos ser mais felizes que os outros, o que quase sempre é difícil, já que pensamos que eles são mais felizes do que realmente são”.
Um dos erros mais comuns nessa busca é ignorar que, por trás de cada imagem de perfeição, existe a vida real. A headhunter Josiane Menna, 30 anos, cai nesse engano quando acompanha as fotos de viagens alheias. “Instagram de quem viaja muito é o que mais mexe comigo. Eu queria estar ali”, confessa. Embora duas vezes por ano faça viagens para fora do Brasil, não consegue evitar a inveja quando as paisagens estrangeiras invadem o seu celular.
E Josi sabe que, claro, os viajantes mostram só os melhores ângulos. Ela faz o mesmo. “Fui para Nice [na região de Côte d’Azur, na França] e postei uma foto do mar azul, calmo, lindo. Só eu sabia que a minha perna estava toda marcada porque a praia é cheia de pedregulhos, e que paguei seis euros numa garrafinha de água”, ri. Mas esse é o jogo do aplicativo de fotos, acredita. “É a rede social dos momentos felizes.”
Para o teórico britânico Tom Chatfield, autor de Como viver na era digital, lançado pela editora Objetiva com o selo da The School of Life (do escritor e filósofo suíço Alain de Botton), “tentar mostrar ao mundo a melhor imagem de si mesmo é um pouco como se dedicar a um trabalho: você desenvolve habilidades, escolhe melhor as palavras e aparências que vai usar e obtém satisfação quando vê que seu produto teve sucesso”. O produto, no caso, é você mesma. “Vender-se como um objeto é uma espécie de busca pela perfeição. Mas ela pode te levar para longe do que você é, e para longe da felicidade e das relações honestas”, afirma Chatfield à Tpm. Faz-se muito isso na internet, diz ele, ainda que a rede não seja a responsável pela busca da perfeição – apenas oferece novas ferramentas para isso."
(...)
"Essa discrição, no entanto, não é o comportamento mais comum nas redes. Ser visto, reconhecido e curtido a todo custo é uma necessidade real para muitas pessoas. E não estamos falando daquelas com perfis antissociais, mas de gente comum, sem dificuldade para fazer amigos ou paquerar. “Por mais soltas que sejam socialmente, muitas pessoas não têm uma sedimentação daquilo que são. Falta maturidade, confiança, autoestima. Pacientes dizem que, se ninguém curte algo que postaram, deletam o post. É como se eles se nutrissem da valorização que vem de fora. E isso é fugaz”, explica Nabuco.
Além do risco de se viciar nas redes, outro efeito da busca desenfreada por um curtir é a desconexão da realidade. Para Luli Radfahrer, um dos principais estudiosos de mídia eletrônica no Brasil, a perda de espontaneidade faz crescer uma bola de neve. “O Instagram foi feito para mostrar as coisas legais que você achou. O erro é ficar carente do “curti”. Se dependo do aplauso dos outros, começo a fazer qualquer coisa para garantir isso.” Como consequência, Radfahrer vê as pessoas tratando a própria vida como uma mídia. “A vida não é cinza nem colorida. Mas, quando vira entretenimento, o indivíduo se sente obrigado a fazer uma programação florida todos os dias. É um Show de Truman voluntário”, diz.

Keep calm
Curiosamente, a visão do especialista em novas mídias se aproxima do olhar milenar do budismo. “O trânsito não é bom nem ruim, tudo depende de como encaramos. A gente projeta a felicidade nos prazeres sensoriais, nos bens materiais e na nossa imagem”, afirma o monge Daniel, do centro Dharma da Paz, em São Paulo. Para o budismo, os fatos concretos importam menos que a maneira como os encaramos. “É na sua relação com as coisas que você define sua vida. E ela pode ser muito mais harmoniosa”, garante.
Segundo Daniel, falta educação espiritual para encarar o dia a dia. “Principalmente no mundo ocidental, vivemos à mercê das emoções. E elas nos levam para uma montanha-russa: gira, vira de ponta-cabeça, endireita de novo. Isso cansa, porque exige muita energia.” Um desgaste que chega não só aos templos, mas também aos consultórios. “As pessoas vêm perdidas, sem saber mais do que gostam”, diz a psicanalista Maria Lucia. Para ela, as cenas de perfeição compartilhadas à exaustão têm a ver com isso.
É o caso de se afastar das redes sociais? Não necessariamente. Mas vale colar um post it no computador para lembrar que, ali, se trata mais da vida como a gente gostaria que fosse do que da vida como ela é de fato."

Musa da Semana: Andressa Urach (2)

De  vez em quando somem imagens aqui do blog.
A Andressa Urach, que já foi uma de nossas Musas, foi uma das vítimas.
Não desistimos e repitimos a dose, com outras fotos.
Ela merece!
Sabemos que muitas de nossas leitoras não gostam muito desta seção do blog.
Mas seguimos pedindo paciência e lembrando que, através de uma a cada semana, homenageamos todas as outras musas. Pois todas as mulheres, cada uma ao seu estilo e tomando o termo de uma forma abrangente, são também musas inspiradoras.
Feita a nossa defesa, passemos a selecionada da semana.
A modelo gaúcha Andressa Urach (24 anos) surgiu para a mídia a partir de sua candidatura à "Musa do Brasileirão", defendendo as cores do seu clube, o Internacional de Porto Alegre.
Com o destaque obtido foi convidada a fazer parte do time que acompanha o cantor Latino em suas apresentações.
Não sou muito ligado na música(?) feita pelo Latino mas convenhamos que ele sabe selecionar bem as suas dançarinas.
Boa sorte para ela.


  







14 de fevereiro de 2013

A Armadilha do Progresso: Como Sobreviver

Imperdível!
Essa dica eu vi no blog Doc.Verdade.
Trata-se de um documentário da BBC (2011), com excelentes imagens e idéias melhores ainda.
As questões estão na linha de tentar definir o que é o Progresso, se ele é bom ou mal e como sobreviver a ele. Bem, a ideia de "sobreviver" demonstra que tem algo errado na "evolução humana".
Tem legendas em português e aproximadamente uma hora e meia de duração. Mas vale cada minuto gasto. No mínimo porque é interessante e curioso. No máximo por trazer fatos cruciais para nossa reflexão, para nossa vida.

"A ascensão da Humanidade é geralmente medida pela velocidade do progresso. Mas e se o atual progresso estiver nos prejudicando, em direção ao colapso? Ronald Wright, autor do best-seller "A Short History Of Progress" (A Breve História do Progresso), que inspirou este documentário, mostra como as civilizações do passado foram destruídas pelas "armadilhas do progresso" - tecnologias fascinantes e sistemas de crença que atendem a necessidades imediatas, mas comprometem o futuro.
Com a pressão sobre os recursos mundiais aumentando e as elites financeiras levando nações ao fundo do poço, poderá nossa civilização globalizada escapar da catástrofe - a "armadilha do progresso" final?
Através de imagens marcantes e insights iluminadores, de pensadores que investigaram nossos genes, cérebros e comportamento social, este réquiem do modelo de progresso usual também propõe um desafio: provar que tornar macacos mais inteligentes não é um beco sem saída evolucionário."

Imagem do Dia: Um céu para não esquecer

Já bem próximo do fim do horário de verão 2013, registrei agora há pouco - por volta das 06:30h - este lindo céu anunciando a chegada do sol de fevereiro por trás das ilhas e de um mar tranquilo.
A fotografia foi tirada com um celular simples e a imagem não passou por nenhum filtro ou tratamento digital.
É só a beleza da natureza que infelizmente quase não notamos mais.
Cliquem na imagem para ver em tamanho maior.


Humor de Quinta: Churrasco!

Para quem não trabalha hoje (que sorte!) ainda dá para fazer mais um "churrasco de carnaval" (carnaval acabou, ok?!)
Carnaval é época de churrasco pois facilita a vida das cozinheiras que estão com a casa cheia e é sempre uma chance de confraternização familiar e entre amigos. E uma boa desculpa para consumir cerveja o dia todo!
Mas tem uma guerrinha entre homens e mulheres com relação ao assunto...