24 de janeiro de 2014

O Apartamento no Rio (3)

Para quem chega agora, os dois posts anteriores com este mesmo título foram publicados em agosto de 2011 e em julho de 2012. Cliquem nos links caso sejam de interesse.
O motivo de ter retornado ao assunto é que através de uma referência no Facebook cheguei à curiosa página Rio $urreal - Não Pague.
Carioca da gema (suburbano coração) de tempos imemoriais, falava em um dia, quem sabe, retornar às origens pelo andar de cima: 'Rio (Zona Sul) 40º'. O clássico filme do Cinema Novo, anos 1960, do Nelson Pereira dos Santos nem tem mais sentido: agora é Rio 50º. Em temperatura e nas outras sensações.
O fato: no início do mês, como de hábito, estive hospedado no mesmo hotel de sempre. Há algum tempo o prato individual mais barato rondava os R$ 30,00. Pois agora está lá: R$ 44,00. Com menos comida. Um Cheesburguer bonitinho - daqueles que vem no prato, com batatas fritas e salada - de R$ 17,00 foi para R$ 34,00. Dobrou. O valor, não o tamanho.
É o Rio internacional. Do Cristo, da Copa, das Olimpíadas, da moda. E dos preços absurdos.
Ao final, tudo isso será bom para o país, mas os brasileiros tinham de ter um "cartão brasileiro" para ter direito a preços diferenciados.
O governo federal tem pressionado hotéis e companhias aéreas, mas não dá para controlar tudo. Fala mais alto a ganância capitalista. Até em Davos, na Suíça.
Esta semana li no jornal que um executivo do Citibank pediu um Hamburguer no hotel (acho que era outro hotel). Os mesmos R$ 34,00. Se recusou a pagar. Saiu para procurar comida mais barata.
Entenderam o porque da criação daquela página no Facebook?
Vamos ao apartamento. 
Encontrei, também esta semana, com um velho amigo ('velho' mais jovem que eu) que a muito custo comprou e está pagando um imóvel no Recreio. É perto de onde vão se realizar a maioria dos jogos olímpicos. Entregou: dezenas de lançamentos foram 100% adquiridos por investidores (provavelmente paulistas, segundo ele) que deixam os apartamentos fechados só esperando a valorização máxima (entre 2014 e 2016). É a velha "especulação imobiliária" que joga os preços nas alturas.
Com isso já até desisti do velho sonho que aliás nem sei se compensa mais.
Dá até vontade de torcer para estourar alguma bolha... Aviso (antes que me crucifiquem): isto é uma ironia.
Fora isso, tudo no Rio parece estar ainda mais caro do que sempre foi. 
Rio dos meus sonhos, agora de turistas asiáticos cheios da grana. 
Eles que aproveitem. 
Acho que vou para Taiwan. 
Ou ficar escondido em um pequeno balneário nos arredores da Região dos Lagos. 
Que também anda assustando o meu cartão de crédito.

2 comentários:

Alice in Wonderland disse...

Olá Marquinhos!
Que bom voltar a ler esse tipo de escrita no estilo de crônica do cotidiano que vc faz tão bem!!
E o Rio realmente está caríssimo!
Bj!!

Anônimo disse...

Isso. Pura realidade. Preços astronômicos no Rio. Ninguém aguenta!