17 de julho de 2015

O morto-vivo

Havia programado escrever um texto light hoje no blog do amigo Felipe.
Mas, diante do programado pronunciamento de Eduardo Cunha daqui a pouco na TV e diante dos últimos acontecimentos resolvi postar este texto do jornalista Paulo Nogueira do Diário do Centro do Mundo
Não cabe aqui falar do passado de Cunha, nem de suas "convicções".
Hoje ele "rompeu" com o governo. Mas alguma vez o apoiou?
Segundo ele, governo, Ministério Público, STF, Polícia Federal, etc. o estão perseguindo devido à delação que envolveu o nome dele na Lava-Jato.
Até então ele apoiava a Lava-Jato. Enquanto afetasse apenas supostos aliados do governo. Agora ele diz que a operação é uma farsa. E contra-atacou criando CPIs e fazendo ameaças para o segundo semestre.
Só pergunto uma coisa: esse sujeito ainda tem condições de ser o presidente da Câmara? Se os nobres deputados já estão com a popularidade abalada, imaginem onde ela vai chegar depois das acusações de hoje ao presidente que eles elegeram...


Eduardo Cunha está morto e aqui estão as razões

"Sabe aquele lutador que cisca, cisca, cisca até que leva um golpe na pera e desaba?
É Eduardo Cunha.
O golpe foi o depoimento de Júlio Camargo.
A luta acabou para Eduardo Cunha. Ele está tão zonzo que não percebeu. É como se ele, ainda na lona, dissesse ao juiz: “Tá tudo bem. A que horas começa a luta?”
Se preferirem outra imagem, Cunha é um dead man walking, um morto que caminha, como os americanos chamam os detentos do corredor da morte.
Camargo contou, num vídeo eletrizante de uma hora, o que Eduardo Cunha fez para garantir uma propina de alguns milhões de dólares.
Cunha chamou-o depois de mentiroso. Mas quem vê o vídeo sabe muito bem quem é o mentiroso entre os dois.
Todas as peças se encaixam.
O método do achacamento, por exemplo. Cunha ia triturar a empresa devedora na Câmara se o dinheiro não lhe fosse dado.
Isso bate com uma investigação da Procuradoria Geral da República segundo a qual requerimentos na Câmara para investigar a empresa partiram, secretamente, de Cunha.
Funcionaria assim. Se o dinheiro fosse dado, o trabalho da Câmara não daria em nada. Se não fosse, bem, eis aí a arte do achaque e da chantagem.
Outro delator, o doleiro Alberto Youssef, também num vídeo tornado público, contribuiu para o desmascaramento de Cunha.
Youssef contou que um “pau mandado” de Cunha o vinha intimidando para não falar nada sobre o presidente da Câmara em sua delação.
As ameaças do “pau mandado” se dirigiam à família de Youssef.
Camargo também tocou nisso: o medo que sentia de que sua delação levasse a violências contra sua família.
Você ouve Camargo e Youssef e pensa que se trata do submundo da bandidagem, de organizações como o PCC.
Mas é o mundo de Eduardo Cunha.
Desesperado, ele tentou criar uma notícia para neutralizar o conteúdo devastador do depoimento de Camargo.
É aí que apareceu sua “ruptura” com o governo, como se ele em algum momento tivesse jogado a favor.
Alguns jornalistas embarcaram alegremente no blefe de Cunha. Diego Escosteguy, da Época, o Kim Kataguiri das redações, foi um deles.
Em sua conta no Twitter, ele anunciou, triunfal, o “furo” da ruptura. A notícia de fato importante passou a não valer nada: o vídeo histórico de Camargo. Foi o triunfo do rodapé.
Maus editores contribuem mais para o fim de revistas impressas do que a internet.
Qual o poder de Cunha numa guerra contra o governo?
Alguma coisa muito próxima de zero. Não há nada mais liquidado do que um chefe político liquidado.
Que lealdade alguém como ele, cercado do que há de pior em termos de caráter, pode esperar dos deputados que controlava agora que está numa encrenca pesada e já não tem nada a oferecer?
Um sinal disso veio quando o PMDB, em nota, avisou que ele falará em nome dele mesmo, no pronunciamento de rádio e tevê que ele programou para esta sexta.
Para a mídia, ele também já não serve para nada.
A mídia precisa de alguém que pelo menos pareça honesto para contrapor ao PT na campanha demagógica centrada na corrupção.
Depois do depoimento de Camargo, Eduardo Cunha já não serve para isso. Ele é o maior ícone da corrupção no Brasil.
Tudo aconteceu muito rápido para Cunha.
Da obscuridade aos sonhos presidenciais, foram poucos meses.
Agora, devolvido à áspera realidade, resta a ele torcer para escapar da cadeia."
 (Acompanhe as publicações do DCM no Facebook. Curta aqui).
Paulo Nogueira
Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

5 comentários:

Marcos Oliveira disse...

PMDB não embarca na histeria golpista de Cunha

Uma boa notícia, finalmente.

O presidente do PMDB, Michel Temer, acaba de declarar que a decisão de Eduardo Cunha, de virar "oposição" ao governo (como se não tivesse sido algum dia), "não tem respaldo no partido".

Agora é hora do governo federal remover todos os cargos de Eduardo Cunha. Ou melhor, se Cunha quer mesmo ser oposição, tem de pedir a seus indicados para largarem o osso imediatamente.

Várias agências e estatais importantes no Rio de Janeiro foram ocupadas por indicados de Cunha.

***

Saiu no Globo.

Temer diz que decisão de Cunha é pessoal e não tem respaldo no PMDB

Vice-presidente afirmou que decisão do partido só pode ser tomada após consulta à executiva nacional

POR SIMONE IGLESIAS

BRASÍLIA - O vice-presidente Michel Temer, que é presidente nacional do PMDB, divulgou no início da tarde desta sexta-feira uma nota deixando claro que a posição de rompimento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), com o governo é pessoal e não tem respaldo institucional do PMDB.

"A manifestação de hoje do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, é a expressão de uma posição pessoal, que se respeita pela tradição democrática do PMDB. Entretanto, a presidência do PMDB esclarece que toda e qualquer decisão partidária só pode ser tomada após consulta às instâncias decisórias do partido: comissão executiva nacional, conselho político e diretório nacional", diz a nota.

Cunha anunciou nesta sexta-feira que a partir de agora é oposição e que defenderá que o seu partido faça o mesmo.

Miguel do Rosário em
http://www.ocafezinho.com/2015/07/17/pmdb-nao-embarca-na-histeria-golpista-de-cunha/

Marcos Oliveira disse...

Agito nas redes: #QuemTemCunhaTemMedo

por Altamiro Borges, em seu blog

No dia do seu inusitado pronunciamento em rede nacional de rádio e tevê, o lobista Eduardo Cunha conseguiu agitar as redes sociais. Ele bombou em várias hashtags. Um das mais criativas, #QuemTemCunhaTemMedo, expressa um temor bem verdadeiro.

O atual presidente da Câmara Federal é famoso pelos seus métodos truculentos e vingativos. Na “delação premiada” em que afirmou ter repassado US$ 5 milhões ao deputado carioca, o empresário Júlio Camargo não escondeu o seu medo diante das retaliações: “Eduardo Cunha é conhecido como uma pessoa agressiva… O maior receio é a família, porque quem age dessa maneira perfeitamente pode agir não contra você, mas contra terceiros. Às vezes, machucar um ente querido é muito pior do que machucar você mesmo”.

Até o doleiro Alberto Youssef, que vive no submundo do crime, já admitiu aos investigadores da midiática Operação Lava-Jato que teme pela sua família. “Eu venho sofrendo intimidação perante as minhas filhas e a minha ex-esposa por uma CPI coordenada por alguns políticos”, disse nesta quinta-feira (16). “Como réu colaborador, quero deixar claro que estou sendo intimidado pela CPI da Petrobras por um deputado pau-mandado do senhor Eduardo Cunha”.

Ele não citou o nome do parlamentar. No mês passado, porém, o deputado Celso Pansera (PMDB-RJ), fiel aliado do presidente da Câmara, pediu a quebra de sigilos bancário, fiscal e telefônico da ex-mulher e das duas filhas do doleiro. O Supremo Tribunal Federal (STF) negou o pedido, mas o recado foi dado!

A postura truculenta de Eduardo Cunha, porém, já não silencia todo mundo. Nesta semana, até um aliado de primeira hora, o deputado Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), subiu a tribuna para condenar seus métodos autoritários. Ele criticou as manobras regimentais e os golpes rasteiros para acelerar a aprovação de projetos de interesse do parlamentar carioca. “Estamos trabalhando de forma precipitada e desordenada, atropelando discussões. O açodamento, a pressa e a desorganização passaram a marcar o dia a dia da Câmara. Não é correto trabalhar de forma medíocre e confusa, como foi feito neste semestre. Estamos vivendo um momento de ditadura absoluta. Ele faz o que quer… A gente não pode deixar ele ir à televisão para contar mentiras. Temos que enfrentá-lo”.

Acuado pelas graves denúncias de corrupção, a tendência é que Eduardo Cunha fique ainda mais agressivo. Ela fará de tudo para desviar a atenção. Segundo o jornalista-jagunço Diego Escosteguy, da Época, “o presidente da Câmara irá romper imediatamente com o governo Dilma. A radical decisão será anunciada na sexta-feira (17) numa coletiva em Brasília. ‘Não há mais volta. A partir de hoje, minhas relações com o governo estão rompidas’… A fúria de Cunha deve-se ao novo depoimento, em delação premiada, do empresário Júlio Camargo, que acusou o presidente da Câmara de receber propina no petrolão… ‘Se Dilma e o governo me querem como inimigo, conseguiram. Não haverá mais trégua. Não serei intimidado’, disse Cunha. Mesmo no recesso da Câmara, que começa agora, o governo Dilma não terá mais sossego”.

Como diz a hashtag, #QuemTemCunhaTemMedo. O cenário político brasileiro ficará ainda mais inflamável nos próximos dias. É preciso enfrentar com coragem e determinação o lobista neste momento de maior fragilidade – em que sua máscara caiu!

http://www.viomundo.com.br/politica/altamiro-borges-quemtemcunhatemmedo.html

Anônimo disse...

O delator atirou num adversário do Governo, o Cu-Cunha. Neste caso, o delator falou a verdade. Mas, as delações anteriores apontavam para fraudes/corrupções/superfaturamento em estatais e obras federais, além das doações para as eleições. Neste caso o que eu ouvia e lia do Planalto e nos blogs era que o delator está mentindo. Da mesma forma que a Globo e o Pig são seletivos, só divulgam notícias negativas do Governo e potencializam a crise, como se o país estivesse a beira do caos, os defensores da Dilma tem comportamento semelhante em relação as delações premiadas.

Anônimo disse...

O importante é que tudo seja provado e ponto final. Tem muita mistura nesse caso e em outros. Nem tudo poderá ser provado e há um ambiente político exacerbado.

Márcio disse...

O Malafaia quer o dízimo dos 5 milhões de dolares