6 de julho de 2012

As estrelas que não vemos nem ouvimos

Houve um tempo em minha infância que eu olhava muito para as estrelas do céu.
Poucas luzes no subúrbio simples era um fato que ajudava na visualização.
E eu também ouvia as estrelas. Ora direis: "Ouvir estrelas? Certo perdeste o senso!"
E eu vos direi, no entanto: talvez. 
Mas existia o tempo de apreciar as coisas simples e maravilhosas da natureza.
Hoje, mesmo se quiser, as luzes da cidade impedem uma boa visualização das estrelas.
Temos que procurar um local menos iluminado, preferencialmente longe da cidade.
E aí fica difícil. Assim levamos a vida, sem perceber e sem contato com o tempo certo do mundo natural.
Só temos o nosso próprio tempo corrido, urbano, que nem é tempo, pois não percebemos a passagem das horas e dos dias.
Mas quem quer ou precisa admirar estrelas hoje?
É tudo tão rápido. Como este post.
Bom fim de semana.


Ouvir Estrelas 
Olavo Bilac

"Ora (direis) ouvir estrelas!
Certo Perdeste o senso!"
E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda noite, enquanto
A Via Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir o sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizes, quando não estão contigo?"

E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas".

2 comentários:

Maria Inês disse...

Sempre excelente, Marcos.
É muito bem ler seus textos e ver suas seleções de imagens.
Bom fim de semana para vc também.
Bjs.

Marcos Oliveira disse...

Obrigado pelo comentário Maria Inês!