25 de outubro de 2013

O enigmático disco de um paraibano

Vocês conhecem o primeiro disco (oficial) do Zé Ramalho? É um dos que mais gosto da MPB, tanto que tenho ele nos três formatos: LP (vinil), CD e mp3.
Escuto desde que foi lançado em 1978 e nunca enjoei de ouvir.
Com excelentes arranjos, ótimas melodias, músicos incríveis (tem até a participação do lendário tecladista franco-suíço-apátrida Patrick Moraz, ex-Yes, que naqueles tempos estava casado com uma brasileira e não saía do Rio) é um álbum clássico.
Para quem não se lembra é o que traz as músicas "Avohai", "Vila do Sossego", "Dança das Borboletas" e "Chão de Giz", entre outras.
Me lembrei dele agora por conta do retorno de um "concurso" que o Arthur Xexéo voltou a promover alguns anos depois da primeira edição.
É o troféu "Zum de Besouro" (daquela música do Djavan). O objetivo é eleger aquelas músicas que tem letras que ninguém sabe muito bem o que significam.
Não me lembro qual foi o resultado do primeiro embate nem saiu o do segundo, mas acho que este disco do Zé deve ser considerado hors concours, isso porque todas as letras de todas as músicas são enigmáticas. E são ótimas! Não me perguntem porque acho isso. 
E são talvez esses enigmas das canções que venham a se somar na adoração que tenho pela obra do cantor e compositor paraibano. Que, aliás, se apresentou recentemente no Rock in Rio com o Sepultura(!?). Mais um enigma.







Os primeiros enigmas

"Já chegaram à redação os primeiros votos para a eleição dos vencedores da segunda edição do Troféu Zum de Besouro. Como todo mundo sabe, o Zum de Besouro premia, sem muita constância, os versos mais enigmáticos da música brasileira. E, nesta primeira fornada de votos, é importante que se repare uma injustiça. A maioria dos leitores se surpreendeu ao saber que a obra de Luiz Melodia não estava entre os mais votados da primeira edição. Como diz o leitor Pedro Jorge Caldas Pereira: “Pode escolher qualquer verso de ‘Fadas’.”
Fico com o primeiro:
“Devo de ir... fadas/ Inseto voa em cego sem direção
Eu bem te vi... nada/ Ou fada borboleta ou fada canção
As ilusões... fartas/ Fada com varinha virei condão.”
Nunca entendi uma só palavra desta canção. Mas esse negócio de “fada com varinha virei condão” sempre me cheirou a algum apelo sexual.
Mas a mais lembrada é “Juventude transviada” com seu início inesquecível: “Lava roupa todo dia, que agonia!,/ na quebrada da soleira, que chovia/ Até sonhar de madrugada/ Uma moça sem mancada/ Uma mulher não deve vacilar.”
Sempre vi algo de feminista na canção. Afinal, “uma mulher não deve vacilar”. Mas o mais difícil sempre foi tentar entender como é que uma quebrada da soleira pode chover. Ou não?
Nesta primeira contagem de votos do Zum de Besouro, vamos abrir um espaço para a dupla Fernando Brant e Toninho Horta, autores de “Durango Kid”: “Propriamente eu sou/ Durango Kid/ Eu vim trazer, eu vim mostrar/ Novo jornal, novo sorriso...”
Põe enigmático nisso."
Fonte: Blog do Xexéo

Um comentário:

Anônimo disse...

Agradeço pela escolha de Zé Ranalho. Ele é excelente. Avohai.