29 de outubro de 2013

O Ridículo Debate Sobre Biografias (não) Autorizadas


Sou fã do Roberto. E de Chico, Caetano, Gil, Milton e Djavan. De Paula Lavigne não. Esses são os nomes da linha de frente do grupo ou movimento - sei lá o que - "Procure Saber", que são contra o projeto de lei que visa liberar de forma expressa a publicação sem autorização prévia de biografias de pessoas públicas.

Existe também uma ação no Supremo movida pela Associação Nacional dos Editores para liberar as biografias sem necessidade de autorização prévia dos biografados ou dos parentes deste mas só deverá ir a julgamento em 2014. Parece que a tendência do STF é  de maioria a favor das biografias não autorizadas. Mas caso o Congresso conclua a tramitação antes do julgamento, a ação pode perder o sentido. Assim sendo vai caber aos artistas contrários à nova lei contestá-la no Supremo, isso se ela passar no Congresso.

Parece que só três países no mundo tem lei semelhante de "proteção" ao possível biografado. Brasil, Irã e algum outro da antiga União Soviética.

Voltando ao primeiro parágrafo, os artistas perderam uma excelente oportunidade de ficar de boca fechada. Mas cedo ou mais tarde as biografias serão liberadas e eles vão ficar com fama de censores. Roberto já está tentando se corrigir. Que libere então a biografia dele, que mandou recolher por força jurídica. Ainda bem que muitos artistas são a favor da queda dessa lei.

A lei atual é uma aberração que poda o registro da história do país. Soube que existe biografia de Carmem Miranda publicada na França (lá não tem essa lei) mas aqui não porque os parentes não permitiram.

Ficar famoso pode. Notícia boa pode. Figura pública pode porque viabiliza venda de discos, shows, espetáculos teatrais, etc. Mas a contrapartida disso, uma possível biografia que interessa aos fãs ou ao registro da história social do país naquele momento não pode. 

Ninguém pode ficar sabendo da vida privada (êta palavra!) do ser público? E não me venham com nhém-nhém-nhém de separar as coisas, o que vale é a arte, ganhar dinheiro às custas da fama dos outros, etc. E injúria e difamação é outro campo.

No final das contas eu quero saber, "procuro saber", mas só se tiver biografia publicada.

Ou então é melhor essas figuras públicas fazerem concurso público e abandonar a carreira artística. Ninguém se interessa em me biografar, por exemplo. Mesmo que eu afirme categoricamente que tenho fatos desabonadores de minha conduta, o que é sempre um ponto de atração para os leitores! Só iria querer uma pequena participação nas vendas. : )

2 comentários:

Anônimo disse...

Excelente!

Mello disse...

O acidente que lhe teria decepado parte da perna não é a causa da proibição por Roberto Carlos de qualquer um que queira fazer sua biografia. Esse é o segredo mais conhecido do Brasil. O problema de Roberto Carlos é outro: as inúmeras acusações de plágio na Justiça.

Uma delas recebeu decisão definitiva, sem possibilidade de apelação: foi impetrada pelo compositor Sebastião Braga, que provou na Justiça que a composição O Careta, assinada pela dupla Roberto-Erasmo era plágio de uma canção de sua autoria.

Sebastião Braga não é o único. Uma consulta ao Google juntando Roberto Carlos e plágio apresenta mais de 100 mil resultados. Há o caso da professora de ensino municipal Erli Cabral Ribeiro Antunes, que afirma que a canção de Roberto Carlos "Traumas" é plágio da sua “Aquele amor tão grande”. Ela contratou o advogado Nehemias Gueiros para defendê-la e afirma que Traumas copiou 16 compassos e 64 notas de sua composição.

Numa entrevista, o advogado deu detalhes da estratégia de defesa de Roberto Carlos [grifo meu]:

Nehemias Gueiros Jr: Se considerarmos que o primeiro processo de plágio contra Roberto Carlos levou 11 anos para ser concluído podemos contar com um tempo razoável de andamento da ação. Entretanto, já fomos procurados pelos advogados do Rei, que ofereceram um acordo de apenas R$ 150.000,00 para a desistência da ação, imediatamente rejeitada por minha cliente. Devemos estar citando Roberto e Erasmo nos próximos 30 dias. [Fonte]
Sebastião Braga também falou desse tipo de negociação de Roberto Carlos, numa reportagem da IstoÉ:

“Ele [Roberto Carlos] colocava a mão no peito, dizia que era cristão e não havia plagiado minha música”, conta Sebastião. Roberto, segundo o advogado e compositor, chegou a sugerir uma indenização num valor bem menor, de R$ 300 mil. “Esta proposta foi absurda. Só a multa do processo foi calculada em R$ 380 mil”, diz ele.

Para seu azar, Sebastião Braga parece ter ficado muito empolgado com a vitória na Justiça, que poderia lhe render algo em torno de R$ 5 milhões. Disse que pretendia lançar um livro contando tudo o que ficou sabendo sobre plágios de Roberto Carlos durante seu processo e, numa entrevista, deu até o título do futuro livro: “O rei do plágio: detalhes e emoções da queda de um mito”.

Roberto Carlos entrou com ação contra ele. E ganhou. No frigir dos ovos, uma ação contra outra, Roberto Carlos pagou apenas R$ 200 mil a Braga pelo plágio. Mas, na real confissão e aceitação do plágio cometido, retirou a música "O careta" de seus discos e ela não é citada nem em sua página.

Sebastião Braga morreu quatro meses após esse acordo.

http://blogdomello.blogspot.com.br/2013/11/problema-roberto-carlos-biografia-plagio.html