22 de outubro de 2013

Sobre o Leilão de Libra: bem diferente de privatização

Trabalho na Petrobras há mais de 30 anos. Com muito orgulho.
E sou ultra-nacionalista.
E sempre detonei os leilões da época do "príncipe" FHC.
Respeito a opinião de todos. 
A minha é que o leilão de Libra tinha de ser realizado desde que nos moldes que foi. O porque dessa opinião é uma longa história, uma longa análise, que não tenho tempo agora.
Reproduzo as ótimas palavras de Dilma sobre o leilão e dois artigos a respeito. Eles contem pelo menos parte das minhas conclusões.



Haroldo Lima explica porque o leilão foi um sucesso
Enviado por  on 22/10/2013 – 10:42 am0 comentários
Passado o Leilão, prosseguem alguns debates sobre o resultado. Os que eram contra, naturalmente, continuam contra. Mas os números falam mais alto. Nas reportagens sobre o tema, na imprensa nacional e estrangeira, não se tem conseguido ocultar a forte participação da Petrobrás, e sólido controle do Estado sobre o campo, tanto na forma da operação exclusiva da Petrobrás, quanto na presença da nova estatal criada, PPSA, 100% pública, que irá gerir todos os campos do pré-sal, inclusive Libra.
Nessa entrevista ao Conversa Afiada, Haroldo Lima confirma essas e outras informações fundamentais para se entender o leilão.
Importante esclarecer que o blog respeita as opiniões contrárias. Muitos nacionalistas de boa fé se posicionaram contra. Mas é preciso que estes também respeitem quem não concorde com eles.
A lei da partilha, usada no campo de Libra, foi debatida e aprovada no Congresso Nacional. É injusto dizer que “não houve debate”.
Não teria sentido, porém, continuar debatendo mais dez anos, perdendo a oportunidade para desenvolver a educação do país.
Mais vale 85% na mão, do que 100% enterrado há 3 mil metros de profundidade. Petróleo não mata fome, nem paga professor. Quem paga é o recurso oriundo da venda do petróleo, após este ter sido extraído, processado, transportado, refinado e distribuído.
Leiam a entrevista:
HAROLDO LIMA DÁ UMA AULA SOBRE LIBRA.
Lima: “o objetivo foi preservado. O interesse da União apareceu com força !”
Haroldo Lima dirigia a Agência Nacional de Petróleo no Governo Lula, quando o Brasil descobriu as jazidas do pré-sal e trocou o regime de concessão pelo regime de partilha para explorar os novos gigantescos campos.
Ele tinha sido deputado federal pelo PC do B da Bahia e, nesta segunda-feira, participou da solenidade do leilão de Libra, no Rio.
Pouco depois, ele conversou com Paulo Henrique Amorim, por telefone:
PHA: Deputado, o senhor saiu feliz com o resultado?
Haroldo Lima: Saí, Paulo, saí bastante feliz.
Foi um resultado muito vantajoso. Nós conseguimos pela primeira vez introduzir no Brasil, de forma vitoriosa, o sistema de partilha da produção, que não existia no Brasil, porque o país não tinha nenhuma área de grande produtividade.
Todas eram áreas – algumas expressivas como a Bacia de Campos – que não tinham uma concentração grande de petróleo como tem o pré-sal.
Por esse motivo, nós introduzimos o sistema de partilha no pré-sal.
As pessoas me perguntam se esse sistema é inédito no mundo.
Não, não é inédito no mundo. Ele existe em diversos lugares. No Brasil é que ele é inédito.
No Brasil, nós nunca fizemos isso porque nunca tivemos uma área tão prolífera quanto o pré-sal.
PHA: O senhor ficou decepcionado por haver uma única proposta, ou o senhor acha que o objetivo da União foi preservado?
Haroldo Lima: Foi preservado o objetivo da União.
O nosso objetivo central não é bem que haja diversas propostas. O objetivo é que o interesse da União apareça com força.
Se tiver 150 blocos de menor importância, seguramente, aparecem 40, 50 empresas para disputar esses blocos.
Mas, em blocos dessa magnitude, como o de Libra – que implica em um bônus de assinatura de 15 bilhões de reais – não aparece muita gente.
Aqui no Brasil mesmo, só tem uma empresa que costuma aparecer nesses processos, jogando um papel importante, mas não exclusivo, que é a Petrobras. No mundo tem algumas empresas.
O que aconteceu é que nós tivemos uma espécie de sinergia das grandes.
Nenhuma empresa que apareceu é inferior à décima maior do mundo. Todas as empresas estão entre as dez maiores do mundo.
Foi feita uma sinergia do ponto de vista financeiro e tecnológico.
Nós não podemos também imaginar, como muitas vez se dá em uma visão um pouco ingênua, que nós somos os únicos que temos tecnologia para operar em águas profundos – no caso, super-profundas.
Não é verdade: todas as grandes empresas tem.
E no caso especifico do pré-sal – exploração abaixo da camada de sal – isso pouquíssimas empresas tem. Nós vamos ter que somar nossos esforços tecnológicos aí para poder desenvolver.
Alguns defendem: “por que não deixar a Petrobras sozinha?”
Quando eu era da ANP nós descobrimos dois grandes campos, o de Franco e o de Libra.
O de Franco nós passamos imediatamente e integralmente para a Petrobras capitalizar, e resultou na maior capitalização já feita por uma empresa no planeta Terra [foi realizada em 2010, e a Petrobras capitalizou 102 bilhões em 24 horas].
O de Libra ficou para o governo explorar sob a forma de partilha.
Aí você pergunta: mas o consórcio só apresentou o mínimo de 41,65%.
Mas esse mínimo é o que a gente chama de “excesso em óleo”.
O excesso em óleo é o que sobra quando você paga o custeio – o “custo óleo”.
Por esse “excesso em óleo” o consórcio vai pagar ao governo 41,65%. Mas, esse 41,65% é uma parte – uma parte importante – do que ficará para o Governo.
Repare bem: 41,65% de “excesso em óleo”; 15% de royalties; Imposto de Renda; outros impostos; aluguel de área.
Quando você soma tudo isso vai dar 72%.
E como foi a Petrobras que ganhou o consórcio – e a Petrobras é brasileira – tem a parte da Petrobras no processo.
Como empresa, ela vai ter que pagar à União.
Significa que vamos tirar de Libra para a União brasileira aproximadamente 80% de todo o óleo lá extraído. O que está no limite do máximo do mundo.
(No pronunciamento em rede de televisão, a Presidenta Dilma Rousseff falou em 85%).
PHA: O senhor acredita que será possível também nessa arquitetura montada para a composição do consórcio alguma sinergia financeira, com os chineses financiando a Petrobras ?
Haroldo Lima: Aí são opiniões pessoais que eu tenho.
Como eu acho que a Petrobras estava com certas dificuldades de caixa para bancar, por exemplo, no caso especifico ( do “bônus de assinatura”), 6 bilhões de reais – porque ela entra com 40% de 15 bilhões – então ela tem que bancar 6 bilhões em cash, no ato; à vista, dentro de 60 dias no máximo, ou 30 dias, por aí.
Para ela fazer isso, vai ter que pegar algum dinheiro emprestado.
Eu ouço falar – e pessoalmente acredito nisso – que os chineses vão fazer isso. Porque para eles é uma vantagem.
Os chineses não querem aparecer. Eles apareceram de forma discreta no leilão.
Eles poderiam ter arrematado tudo sozinhos, mas eles preferiram aparecer de forma discreta, apareceram com duas empresas, uma com 10%, outra com 10% e, provavelmente, eles vão emprestar à Petrobras o dinheiro para pagar o bônus de assinatura e vão receber isso da Petrobras em óleo.
PHA: E como o senhor explica o fato de grandes empresas, como a americana Chevron e britânica BP, não terem participado? Por que elas não vieram?
Haroldo Lima: Na verdade são quatro empresas entre as maiores do mundo que não compareceram. A Exxon, a maior de todas; a Chevron, segunda maior americana; a BP, British Petroleum da Inglaterra; e a BG, também da Inglaterra.
Algumas que compareceram não chegaram a apresentar propostas, como a Ecopetrol, colombiana; a ONGC da Índia; a Petrogral de Portugal; a Petronas, da Malásia; e a Repsol espanhola. Fanatec que também não apresentou.
Essas empresas estiveram lá mas não apresentaram proposta.
Mas essas grandes que você citou nem foram lá. Por que razão?
Eu vejo duas razões: uma coisa é que eles acharam que havia uma certa participação muito grande do Estado brasileiro no leilão.
A Petrobras era colocada como operadora exclusiva do campo, a Petrobras tinha participação mínima de 30% entrando ou não no consórcio, e tem a participação da PPSA,Pré-Sal Petróleo S.A, uma empresa 100% estatal que nós criamos para poder acompanhar a execução do projeto.
Essas questões levaram as empresas a acreditar que era uma participação muito grande do Estado brasileiro. Eu pessoalmente acho que não é.
Especialmente, essa questão da PPSA.
Se você não tiver uma empresa 100% estatal pode dar tudo errado. Porque na execução do projeto vai se acumulando um custo muito grande do chamado ”custo óleo”.
Ou seja, de 5 a 6 anos ela investe somas espantosamente grandes, coisa na base 150 bilhões de dólares e quando chegar o petróleo vai ter que pagar o que ela investiu. É o tal do ”custo óleo” e, do ”excedente em óleo”, paga-se o que se investiu e o que sobrar fica para o Governo.
Ora, se esse custo em óleo for artificialmente elevado, você nunca termina de pagar esse negócio.
Razão pela qual a participação da PPSA é fundamental para não deixar que se cresça artificialmente esse ”custo óleo”.
PHA: Quer dizer então que essa decisão das gigantes americana tem o viés de pensarem que a participação do Estado brasileiro é muito grande?
Haroldo Lima: A gente sente no raciocínio deles que talvez tenha sido grande a participação do Estado.
Mas eu acho que teve também uma outra razão: como nós ficamos muito tempo sem fazer leilões no Brasil, essas empresas assumiram enormes compromissos no exterior. Na costa da África; no Golfo do México; no Mar do Norte.
E algumas, especialmente as americanas, se preparam para entrar no México.
Com você sabe, Paulo, o monopólio do petróleo, que foi uma coisa essencial para a construção da nossa Petrobras – hoje a Petrobras não precisa mais do monopólio – o monopólio acabou no mundo inteiro, menos no México, que vai acabar agora, como eles já anunciaram.
Então, com esse anúncio, as empresas americanas que estão ali do lado se preparam para entrar no México com toda a força.
PHA: O senhor podia também nos ajudar a entender, já que o senhor ajudou a criar esse embrião, a função da PPSA na questão da distribuição do Fundo Social.
Haroldo Lima: A função principal dela é a gestão do projeto. Evitar que o custo óleo seja artificialmente elevado ao ponto de ficar custoso demais para o Governo.
Aí, ela defende um ”excedente em óleo” que seja o maior possível. Depois ela só faz a distribuição como manda a Lei.
Por exemplo, a parte dos royalties está prevista em lei que 75% vão para Educação e 25% para a Saúde.
(São 75% e 25% de um montante que poderá chegar em 30 anos à 300 bilhões de reais – PHA).
Quando nós fazíamos essas projeções, o presidente Lula – porque essa ideia de 75% para Educação vem de Lula – dizia: ”nós vamos criar uma educação de primeiro mundo para o Brasil, com muito laboratório, escolas boas, professor ganhando bem”.
Isso é possível, mas isso só seria possível começando a explorar o pré-sal.
Algumas pessoas diziam para suspender o leilão. Por quê? Qual o argumento?
Nós descobrimos o pré-sal há 7 anos, fizemos hoje à tarde o primeiro leilão. Imagina isso, você descobre uma fortuna no seu fundo do seu quintal e passa sete anos sem fazer nada, em um país que precisa arduamente de desenvolvimento.
Falam da espionagem, mas espionagem daqui para frente terá sempre. E nesse caso, a espionagem é totalmente inócua, porque os dados do pré-sal são públicos. ANP apresenta os dados publicamente, se não as pessoas não entram no leilão.
Se nós começarmos a exploração amanhã, são de cinco a sete anos só furando, até chegar ao petróleo. Aí começa a entrar o dinheiro.
Nós não podemos ficar parados como se fôssemos um país rico que não depende desse recurso.
PHA: Uma outra crítica que se faz é que o Brasil não tem infraestrutura industrial para sustentar a exploração do petróleo. Verdade ou mentira?Haroldo Lima: Mentira!
PHA: Por que ?
Haroldo Lima: Quando o Lula começou – olha, eu não estou fazendo propaganda do Lula, não – eu gosto muito dele, mas uma coisa não decorre da outra, quando o Lula resolver fazer navios e plataforma aqui a indústria naval estava acabada.
Perguntavam porque fazer navios aqui se comprar lá fora é muito mais barato. A nossa resposta foi que era mais caro porque esse era o custo de se ter uma indústria naval aqui.
A resposta é a mesma. Essa indústria de equipamentos que nós vamos ter aqui, provavelmente, num determinado instante, essa indústria será mais dispendiosa para o Brasil do que se nós fôssemos comprar lá fora. Mas se comprar tudo lá fora, nós nunca vamos ter aqui.
Eu ainda tenho uma relação muito boa com o pessoal da ANP, encontro com eles e eles me contam: ”Haroldo, o que tem de gente querendo entrar no Brasil”, gente de grandes empresas que querem se instalar aqui no Brasil por causa da nossa política de conteúdo local.
PHA: É o abrasileiramento do parque industrial para poder fornecer para o pré-sal.
Haroldo Lima: Exatamente.
PHA: Quer dizer que esse casamento entre um baiano como o senhor com o Lula, e mais um baiano, o Gabrielli [Sérgio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras], deu um bicho bonito, né?
Haroldo Lima: Deu sim. Foi uma coisa interessante, dois baianos e um pernambucano.
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Dilma fala em 85% do lucro para a União:”Isso é bem diferente de privatização

21 de outubro de 2013 | 22:43
A presidenta Dilma Rousseff fez agora há pouco um necessário pronunciamento sobre o leilão de Libra.
Devia, inclusive, ter feito outro, antes da realização, para esclarecer o povo brasileiro.
Era importante que tivesse dito, como agora disse, que “o leilão de Libra representa um marco na história do Brasil. Seu sucesso vai se repetir, com certeza, nas futuras licitações do pré-sal. Começamos a transformar uma riqueza finita, que é o petróleo, em um tesouro indestrutível que é a educação de alta qualidade. Estamos transformando o pré-sal no nosso passaporte para uma sociedade futura mais justa e com melhor distribuição de renda”.
Dilma apresentou valores que, segundo disse, representam uma participação total de 85% do Estado Brasileiro e da Petrobras nas receitas do pré-sal.
Não conheço as bases de cálculo usadas pela Presidenta, mas não acho que seja impossível, mesmo tendo apresentado aqui contas que chegam a 76%, aproximadamente, de participação estatal. Uma boa parte desta diferença vem do fato de a Presidenta referir-se à receita pública e à da Petrobras, enquanto, nas nossas contas, apropriamos apenas o que serão os dividendos estatais dos lucros da Petrobras, o que, por si só, representa uns 7% de diferença, se considerado o valor integral,
De uma omissão já me penitencio: não incluí nos cálculos o bônus de assinatura de R$ 15 bilhões, ou US$ 7 bilhões, que, em 10  bilhões de barris já representam um acréscimo de 0,7% naquelas contas.
As demais diferenças não posso afirmar do que sejam, apenas suspeitar que se fundem em dados que não temos. Por exemplo, se a produtividade dos poços for maior que a média de 10 mil barris/dia, cresce a participação estatal. Não é errôneo que se insira no cálculo, também, a receita de impostos obtida com as encomendas obrigatoriamente nacionais, que vão de um mínimo de 37% da fase preliminar até 55% na fase de exploração plena, podendo estes índices serem superados.
Há ainda outros pequenos fatores que não considerei, pela simplicidade necessária na explicação, como o fator de retenção de áreas, que é um valor que se paga, no caso da exploração marítima, à União, pelo uso de suas áreas.
Enfim, os cálculos que apresentamos são conservadores e simplificados para facilitar o entendimento. Nunca foram inflados com detalhes, e nem se usou aqui a mistificação de confundir custo com lucro, para chegar a percentuais “escandalosos”.
É bom lembrar que, no período das concessões de FHC, o Estado brasileiro se apropriava de algo como 50 a 55% dos melhores poços. 30% de diferença são muita coisa, quando estamos tratando de receitas da ordem de um trilhão de dólares.
Seja como for, duas coisas ficam patentes.
A primeira, a necessidade destas decisões, tão vitais para o país, serem explicadas e detalhadas pela mulher que tem em suas mãos os poderes que o povo lhe deu para zelar para que sejam as melhores.
A segunda, a alegria de que, espero eu, o que já considero bom tenha chegado ao ótimo, colocando o Brasil num patamar de receita com a partilha do petróleo nos mais altos índices no mundo, como são estes 85% que nos garante a Presidenta.
Fonte: Tijolaço

3 comentários:

Jefferson disse...

Muito boa. Concordo plenamente Marcos. O leilão foi bom para a Petrobras e para o Brasil. Precisamos sempre repensar nossas opiniões de acordo com o momento, afinal não estamos na Rússia dos Czares que gerou a revolução proletária.

Anônimo disse...

As polêmicas em torno do leilão de Libra
Enviado por Miguel do Rosário on 22/10/2013 – 9:03 pm 0 comentários
Quis o destino que o primeiro grande campo de petróleo das reservas recém-descobertas do pré-sal brasileiro tivesse o nome de Libra, o signo do zodíaco representado por uma balança, símbolo universal da justiça e do equilíbrio. Tenhamos isto em mente e, baixando as armas por um instante, consideremos objetivamente os resultados do leilão ocorrido nesta segunda-feira, dia 21 de outubro.

Em primeiro lugar, vamos à questão fundamental. Quanto o Brasil e os brasileiros ganharão com a exploração e venda do petróleo do Campo de Libra. Segundo o Ministério de Minas e Energia (MME), o Brasil ficará com 85% de toda a renda gerada. Sendo que 75% na forma de impostos, royalties e óleo-governo, e mais 10% via Petrobrás.

O cálculo do MME é feito assim:

1. à soma do Bônus de assinatura, que deverá ser de R$ 15 bilhões, pagos na assinatura do contrato;
2. aos royalties a serem pagos pelas empresas por conta da produção de óleo e de gás, que, conforme já mencionado deverão totalizar R$ 270 bilhões;
3. ao excedente em óleo devido à União, que será de 41,65%, ou seja, aproximadamente R$ 736 bilhões, e
4. ao imposto de renda a ser pago pelas empresas petroleiras, correspondente a 34% do lucro que auferirem com essa produção.
5. Até aqui, temos 75% da renda.
6. A Petrobras deterá 40% do consórcio a ser estabelecido. 40% de 25% destinado às empresas corresponde a 10% do total.
7. Total de 85% destinado ao Brasil.

Como a Petrobrás, embora controlada pelo Estado, não pertence apenas ao Estado (que tem 48% da empresa), pode-se dizer que o percentual destinado efetivamente aos cofres públicos deverá ficar entre 75% e 80%. Mas sejamos prudentes e vamos ficar com o menor número, 75%.

Além desse percentual generoso, há outros fatores que apontam as vantagens do leilão. Desta vez, o Brasil elaborou um complexo e inteligente marco legal para defender a nossa riqueza. Os recursos serão usados, em sua maior parte, em educação e saúde. A Petrobrás será a operadora única e exclusiva. E 55% dos equipamentos usados terão de ser produzidos no Brasil.

E agora abordemos a questão propriamente política. A comparação que alguns críticos fazem à privataria tucana não tem sentido. Libra não é a Petrobrás. É um monte de petróleo escondido a milhares de quilometros abaixo do fundo do mar, em águas ultra-profundas do oceano Atlântico. O custo para explorar Libra, segundo dados oficiais, deve ficar em mais de R$ 400 bilhões.

Não é verdade que a Petrobrás arrumaria “fácil” esse dinheiro. A nossa querida estatal já é uma das empresas não-financeiras mais endividadas do planeta. E o mundo não é tão “bonzinho” assim. Há outros grandes projetos disputando os recursos financeiros disponíveis.

Temos que pensar o seguinte. Em primeiro lugar, a Petrobrás não é mais inteiramente pública. Embora o governo tenha o comando, ele tem 48% das ações. Entregando 100% de Libra à Petrobrás, portanto, estaríamos dando recursos, da mesma forma, a agentes privados, e financiando tudo com dinheiro público, visto que qualquer empréstimo externo teria que ser segurado pelo Tesouro Nacional. A grande vantagem do modelo de partilha é que o Tesouro não precisará contribuir para os investimentos de exploração. Ou seja, o Estado não precisará reduzir gastos sociais para investir no fundo do mar.

Não se pode confundir o slogan “o petróleo é nosso” e “tem de ser nosso” com um apego tolo àquele óleo mal cheiroso e tóxico. O petróleo é nosso, mas não para bebê-lo, ou tomar banho com ele. É nosso para o vendermos, e usar o dinheiro em educação. Ponto.

Anônimo disse...

Claro, tem a questão da soberania e do controle da superfície. Isso foi resolvido com a criação de uma estatal 100% pública, a PPSA, que terá o controle sobre toda a exploração do pre-sal. Sem contar que toda a área do pre-sal, e todo petróleo sob ela, permanece propriedade da União. O Brasil permite às empresas parceiras que nos ajudem a explorar o recurso. Para isso, elas entram com dinheiro, além da engenharia financeira e administrativa, além de garantirem a compra.

A crítica de que à China interessa preços baixos igualmente não tem sentido. Ter interesse é uma coisa, poder é outra. O preço do petróleo depende de uma relação entre oferta e demanda em escala global, e até que uma fonte alternativa se torne viavel economicamente, ainda vai demorar, com certeza, mais algumas décadas. De qualquer forma, o petróleo não é usado apenas como combustível. Ele é um dos produtos mais nobres e versáteis da indústria. É usado na fabricação de plásticos, fertilizantes, e milhares de outras coisas. Mesmo que a humanidade encontre outra fonte de energia, o petróleo continuará valioso.

Entretanto, como o Brasil também é um grande consumidor de petróleo, também não nos interessa preços muito altos. A economia brasileira não gira em torno do petróleo, e mesmo com o pré-sal, o setor não será hegemônico, em função da diversidade brasileira, o que é um ponto muito positivo.

As energias nacionalistas e desenvolvimentistas devem ser direciondas para que a produção de equipamentos, serviços e tecnologias para o pré-sal seja planejada de maneira tal que possa se espraiar para outros setores da indústria brasileira.

Seja como for, Libra vai gerar milhões de empregos, injetar bilhões de dólares em nossa economia e nos fazer dar um salto tecnológico. Se somarmos esses ganhos ao dinheiro que será investido em educação e saúde, não há como deixar de ver o leilão de Libra como um marco importante na história econômica do país.

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