10 de fevereiro de 2014

Os guarás-vermelhos, o erro e o sucesso...

Este blog sempre tenta primar pela beleza acima de tudo e em todas as dimensões. E os guarás-vermelhos são aves fantasticamente belas e as fotos são encantadoras, merecem a nossa atenção e destaque. Estas aves desde sempre foram caçadas e cobiçadas pelos humanos e já foram extintas em vastas áreas do litoral brasileiro, particularmente nos manguezais, onde junto com estes eram e são vítimas da ocupação irresponsável e incansável dos homens e mulheres que estão pensando o futuro e traçando a tragédia já anunciada faz tempo!

Mas quando vi este artigo do pesquisador biólogo Fabio Olmos logo lembrei da Ecologia da Ação de Edgar Morin, ou seja, as ações nem sempre dão naquilo que imaginávamos ou até dão e vão além de nossas expectativas.

Lembrei-me ainda dos tempos que militava dia e noite a questão ambiental do Norte Noroeste Fluminense e ficava aflito e atônito com os diversos animais silvestres (tamanduás de colete, micos, preguisas, chauás, jaguatiricas...) que capturávamos em jaulas particulares ou mesmo que surgiam em áreas urbanas afugentados pela pressão dos empreendimentos agrícolas e da pecuária em franca expansão adentro dos remanescentes de florestas de Mata Atlântica..., além, é claro da expansão urbana descarrilhada em tempos de super população humana e corrupções em todos os níveis dos poderes de estado...

Bem, o destaque mesmo que gostaria é para a beleza dos guarás-vermelhos e o sonho possível da salvação da espécie:


Os guarás-vermelhos de São Paulo: quando o errado dá certo
Fábio Olmos - 04/02/14 

 O guará-vermelho (Eudocimus ruber) é uma espécie vistosa e bandos com centenas destas aves vermelhas, especialmente durante a temporada reprodutiva, quando suas cores estão mais vivas, são uma visão memorável. É uma ave dos manguezais, onde forma ninhais, uma estratégia que pode funcionar contra predadores naturais, mas torna as aves vulneráveis à ação humana. 

Eu tenho uma afeição especial por esta espécie porque estudei sua ecologia e biologia reprodutiva como parte de meu doutorado (quem tiver interesse pode ver os resultados aqui, aqui e aqui), projeto que foi apoiado pela Fundação Grupo Boticário.

Quando os europeus chegaram os guarás habitavam a costa do sudeste-sul do Brasil entre o Rio de Janeiro e Santa Catarina, o limite sul de sua distribuição chegando aos arredores de Florianópolis. Nessa época, os ninhais dessas aves eram pilhados pelos índios que utilizavam as penas das aves abatidas para sua arte plumária e colhiam ovos para consumo. Um desses grupos era o dos extintos Tupinambá que viviam em São Paulo e Rio de Janeiro (os Guarani que se dizem nativos da mesma região só chegaram ali recentemente) e fabricavam mantos com as penas vermelhas dos guarás.

Os Tupinambás se tornaram famosos não só por se aliarem aos franceses na luta contra os portugueses durante o século XVI mas também por terem sequestrado um artilheiro alemão chamado Hans Staden que legou um dos melhores relatos sobre esta cultura. E menciona um ninhal de guarás em uma ilha costeira fora do atual Guarujá.


Como foi feito com os povos nativos, os guarás da Mata Atlântica foram gradualmente extintos pela caça e perturbação de seus ninhais. Os últimos guarás foram vistos em Santa Catarina em 1858 e o último ninhal paranaense registrado em 1820. Em São Paulo, após os registros feitos entre 1550 e 1560 por Hans Staden e o padre José de Anchieta, guarás só são mencionados no final do século XIX como ocorrendo sazonalmente no extremo sul do estado, parte do Lagamar de Iguape-Cananéia-Paranaguá. É possível que uma pequena população tenha restado na região por mais tempo, já que três guarás foram observados em 1977 na Baía de Antonina. Também é possível que estes fossem aves escapadas de cativeiro.

LEIA MAIS

Nenhum comentário: