15 de junho de 2014

Geração Canguru

Acho que isso não é novidade para boa parte das famílias brasileiras (parece que mundiais), por isso resolvi reproduzir aqui parte deste excelente artigo.
Se desejarem ler o restante (e vale a pena), o link está no final.
Adivinhem quem é a mãe e quem é a filha (sem levar em conta a idade)

A geração canguru
O ninho está cheio… mas eles não querem sair

A psicoterapeuta paulista Tereza Kawall examina o fenômeno da assim chamada “geração canguru”: aquela formada por jovens que, apesar de formados e prontos para se lançar no mundo, preferem permanecer na casa paterna adiando sine die a sua declaração de independência

"O fenômeno já é preocupante nos países desenvolvidos da Europa, e vem aumentando gradativamente no Brasil, notadamente na região sudeste, sobretudo nas famílias de alta renda. Em 2013, foi publicado pelo IBGE um estudo apontando essa tendência de comportamento na qual jovens na faixa etária entre 25 a 35 anos, podendo chegar até os 40, relutam em sair da casa de seus pais. Uma combinação de vários fatores marca esse fenômeno.  Em 2000, 20% dos jovens viviam com seus pais; em 2012 esse percentual subiu para 24%, sendo que 60% dele é constituído por homens.

A respeito, diz Wasmalia Bivar, presidente do IBGE: “A geração canguru é um fenômeno mundial, não necessariamente por falta de condições dos filhos saírem de casa, mas por livre escolha tanto deles quanto dos pais. Preferem fazer graduação, mestrado ou doutorado permanecendo na casa paterna, retardam a formação de uma nova família e também buscam mais comodidade”.

Cangurus
Sair da casa dos pais, conquistar seu próprio espaço e autonomia, abrir as asas e alçar voo rumo à liberdade e a auto-realização – tudo aquilo que seria o movimento natural de uma pessoa jovem -, vem perdendo força e sendo postergado ad infinitum pelos integrantes da “geração canguru”. Eles são jovens na faixa etária entre 25 a 35 anos que relutam em sair da casa de seus pais, configurando uma situação de eternos adolescentes que parecem não ter interesse em chegar à vida adulta.

Parte desses jovens que recusam se lançar no mundo de forma mais independente estão desempregados e sem perspectivas favoráveis de encontrar trabalho. Mas muitos já estão formados, diplomados e com profissão definida. Alguns já têm seu próprio negócio e desfrutam, potencialmente, de independência financeira. Outros, ainda, estão empregados e recebendo os seus salários. Mas todos esperam o “momento oportuno” ou “a pessoa certa” para se casar e ter, finalmente, sua própria casa.

As combinações desse xadrez sociológico são inúmeras, mas existe, em todos os casos, um fator comum: a resistência em perder a proteção e a segurança  do “lar doce lar” que mamãe e papai oferecem. Embalados por facilidades, conforto, proteção financeira e/ou emocional, essa  geração parece não estar disposta a enfrentar e assumir os riscos e responsabilidades da vida adulta.

Como sabemos todos, na vida real não existem “scripts” perfeitos, roteiros planos e lineares, irretocáveis, sem desvios. Cada indivíduo fará a sua rota de forma particular, de acordo com a sua natureza, seus recursos internos e externos, com suas motivações pessoais  ou a falta delas. É inegável, no entanto, que existem fases e ciclos que são mais adequados ou indicados  para certas atividades ou funções a serem exercidas. Tais fases podem ser ligadas à procriação, podem ser intelectuais, sentimentais, criativas, profissionais, espirituais. Não por acaso nossa existência é marcada por ciclos. Queiramos ou não, tudo o que nasce, cresce e se desenvolve, depois decai e chega ao seu fim. O que essa síndrome da geração canguru está sinalizando em nosso caótico aqui e agora?"

Por: Tereza Kawall.
Blog: www.blissnow.com.br
E-mail: tekav@uol.com.br

Leiam o restante em: Vortex Mundi - Homem e Planeta em Mutação

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