16 de junho de 2014

Reações estranhas (e suas respostas) ao feito do cientista brasileiro Miguel Nicolelis

Embora a FIFA (ou quem está por trás) não tenha dado o merecido destaque na abertura da Copa (ficaram menos de 10 segundo no ar), o feito do cientista brasileiro Miguel Nicolelis tem sido festejado por especialistas no mundo todo. Nem tanto no Brasil, como era de se esperar...
Por aqui, pelo contrário, tem gente querendo diminuir a importância só porque tudo teve o apoio do governo Lula. E era para todos nós nos orgulharmos...
Vejam o post do Miguel do Rosário em seu blog, sobre respostas dadas por Nicolelis a Diogo Mainardi e Reinaldo Azevedo, dois conhecidos por sua aversão ao PT (provavelmente também a qualquer outro partido de esquerda que venha conquistar o Poder Executivo).

A chinelada de Nicolelis em Mainardi
Por Miguel do Rosário em seu blog O Cafezinho

"Os gurus da turminha reaça não estão num bom momento. Depois de dar umas chineladas morais em Reinaldo Azevedo, o maior cientista brasileiro vivo, Miguel Nicolelis, agora as distribuiu para Diogo Mainardi.

Importante: as chineladas de Nicolelis foram apenas em legítima defesa. Ele estava quieto em seu canto, e foi atacado covardemente pela turma do protofascismo tupiniquim."

Abaixo, a chinelada em Mainardi:


Para lembrar, a chinelada recente do cientista em Reinaldo:


7 comentários:

Anônimo disse...

'Já fez dois posts me odiando e convocou sua trupe para me xingar', diz Trajano

Jornalista criticou os xingamentos à presidenta Dilma Rousseff (PT) na abertura da Copa e 'deu nome aos bois'; Jean Wyllys também se manifestou duramente sobre as ofensas

São Paulo – Neste sábado (14) à noite, o Twitter do jornalista da ESPN Brasil José Trajano contava: "Só foi dizer que o Reinaldo Azevedo é semeador do ódio que ele já fez dois posts me odiando e convocou sua trupe para me xingar nas redes".

As reações classificadas por Trajano se iniciaram a partir da edição do programa Linha de Passe, da ESPN Brasil, exibido na noite da última quinta-feira (12), quando o jornalista criticou duramente os xingamentos dirigidos por uma parcela elitizada do público presente na Arena Corinthians, em Itaquera, à presidenta Dilma Rousseff (PT), na abertura da Copa do Mundo. Desde então, o debate ganhou forma e conteúdo que se referem diretamente a grupos que atuam tanto na mídia tradicional quanto aos que espalham comentários de ódio nas redes sociais.

Também foi no Linha de Passe, na sexta-feira (13), dia seguinte à abertura do torneio, que Trajano voltou a tocar no assunto das vaias à presidenta e explicou os motivos de ter fechado a conta que tinha no Facebook. E deu nome aos "bois". “Eu fechei minha conta do Facebook para não perder amizades, assustado que estava com o pensamento protofascista de seguidores de Reinaldo Azevedo, Olavo de Carvalho, Augusto Nunes e outros semelhantes”, comentou o jornalista.

Sobre Reinaldo Azevedo — colunista do site de Veja, do jornal Folha de S. Paulo e apresentador da rádio Jovem Pan —, Trajano classificou como “gente que só semeia o ódio, a inveja”, ao falar da repercussão da análise sobre o tratamento dado a presidenta pela “plateia vip” no estádio.

Em uma avaliação da política editorial adotada pela Veja, José Trajano foi contundente a respeito do rebaixamento do debate político praticado na publicação. “As páginas da Veja estão recheadas de insultos voltados a petistas ou esquerdistas: canalha, ignorante, cretino, idiota, apedeuta, safado, cafajeste... E, na falta de mais termos agressivos, inventam-se neologismos, como petralha, para atacar quem está no polo ideológico oposto”, argumentou, além de questionar “o padrão Veja de discussão política”, o que, na opinião dele, "tomou conta de parte da sociedade brasileira".

Não está sozinho

Entre as muitas pessoas que se manifestaram contra os xingamentos a Dilma Rousseff, várias são personalidades publicas, inclusive algumas que se colocam como adversárias do PT no plano político-partidário.

O deputado federal Jean Wyllys (Psol-RJ), no seu perfil no Facebook, publicou texto em que repudia o episódio. “Senti vergonha por conta da vaia e do insulto à presidenta Dilma no jogo de abertura da Copa do Mundo. Sim, a vergonha foi maior porque a gente que puxou a vaia se considera "fina, culta e educada" e vive chamando de "mal-educados, grosseiros e sem-modos" aqueles que não têm a sua cor, a sua renda nem seus privilégios (inclusive o de poder de adquirir o caríssimo ingresso para estar naquela arquibancada)”, ressaltou.

Wyllys fez questão de destacar que não concorda com os gastos realizados na Copa, mas criticou a oposição política que parte para “a baixaria”. “Mal-educada, grosseira e sem-modo é mesmo aquela gente que, pouco acostumada com a civilidade, não tem senso de oportunidade nem sabe fazer oposição política sem resvalar para a baixaria”, pontuou.

“Sim, presidenta Dilma, você tem a minha solidariedade. Sim, coragem grande é poder dizer sim”, finalizou o deputado.

Publicado no RBA

PHA disse...

Miguel Nicolelis dedicou 17 meses de trabalho para entrar pra a história da ciência mundial. O cientista brasileiro permitiu que um paraplégico andasse na abertura da Copa do Mundo, renovou a esperança de milhões de pessoas pelo mundo, mas nem assim recebeu o devido respeito da imprensa brasileira e da FIFA.

“A FIFA deveria responder pela edição das imagens que impediu que a demonstração fosse transmitida na integra”, publicou ele hoje em seu Twitter. “…nenhuma resposta será dada aos manipuladores oficiais de informação e ‘colonistas’ científicos da Falha de SP e do Estadinho. A intenção desses veículos de sabotar o nosso trabalho ficou clara ao longo dos últimos 17 meses”. Segundo ele, esses veículos se prestam “à difamação de tudo de bom que é feito no Brasil”.

De fato, o trabalho, classificado por ele mesmo como “insano”, foi ignorado pela grande imprensa e esquecido pela FIFA, que dedicou não mais que dois segundos da transmissão da abertura ao momento mais aguardado da cerimônia.

Anônimo disse...

Grande coisa o e feedback tátil. Não significa muita coisa. Existem diversos outras BMI com feedbacks por eletroestimulação, visual e auditivo. O projeto apresentado pelo Nicolelis, se confirmar que possui somente o feedback tátil de diferencial em relação aos outros exoesqueletos, não representa inovação. O segundo ponto é que o Nicolelis utilizou o sinal de EEG para o controle do dispositivo, técnica que já foi comprovada suas limitações e no qual se baseiam até mesmo os exoesqueletos comerciais. O terceiro ponto é que o orçamento conseguido pelo projeto SEM edital algum, só se justificaria se Nicolelis utilizasse implantes com microeletrodos no cérebro (o que seria sim uma inovação), mas com essa técnica com EEG, o projeto poderia ser concluído com 10% do valor investido.

Anônimo disse...

Fifa, cadê a íntegra do chute inaugural da Copa do Mundo que ocultou?

por Conceição Lemes

No último sábado 14, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou junto com presidenta Dilma Rousseff da plenária PT de Pernambuco, em Recife.

Em seu discurso, Lula, visivelmente indignado (veja o vídeo abaixo), lamentou que os organizadores da Copa do Mundo não tenham valorizado o chute inaugural do evento dado pelo jovem paraplégico Juliano Pinto, “vestindo” uma roupa robótica (exoesqueleto).

Após salientar ”essa coisa fantástica” que o professor Miguel Nicolelis, líder do Projeto Andar de Novo, conseguiu fazer, Lula, dirigindo-se à presidenta, foi contundente:

Essa coisa, Dilma, era para ser feita no centro do estádio, antes do pontapé do jogo. Eu até imaginava você entrando com o companheiro doente para dar o pontapé. Porque era para mostrar que o Brasil não é um país de segunda categoria. Este país grande e poderoso.

Pois bem, eu falei com o Nicolelis agora por telefone, Dilma. A imagem não foi liberada pela Fifa ainda. E só permitiram filmar 29 segundos. Se fosse uma Copa na Alemanha ou uma Copa na França, isso teria tido mais destaque que o próprio jogo de futebol, porque era para enaltecer o país.

Mas, aqui no Brasil, a gente que tem um cientista que pode estar preparado para ganhar o Prêmio Nobel de Ciência, fez uma coisa extraordinária que é um tetraplégico [na realidade, paraplégico] poder se movimentar com um robô e quase que não foi mostrado.

E não foi mostrado para o mundo. Foi mostrado só aqui no Brasil, Dilma, numa demonstração que o complexo de vira-lata ainda domina em muitos setores desse país.

Lula tem razão.

Aliás, se dependesse da Fifa, o chute do Juliano, usando a roupa robótica, não teria acontecido.

A Fifa colocou percalços e mais percalços. Exigiu até exibição exclusiva no Itaquerão no dia 3 de junho, uma semana antes do evento.

Tanto que, após longa batalha, só concedeu 29 segundos para Nicolelis e sua equipe fazerem a demonstração.

Nem a exibição exclusiva e bem-sucedida para os membros da Fifa e do comitê organizador local – entre os quais Jerome Valcke e Joana Havelange – fez com que aumentassem o tempo da apresentação ou a trouxessem para um local de maior visibilidade no campo, dando o protagonismo que a façanha merece.

Anônimo disse...

Será que baixou a ciumeira nos membros da Fifa e do comitê organizador local, que ficaram com medo que o chute do esqueleto-robô tirasse o brilho daquela abertura chinfrim? Qualquer carnavalesco de escola de samba do Rio de Janeiro do grupo especial teria dado de 1.000 a zero na cerimônia.

Ou será que, por motivos ainda não conhecidos, quiseram tirar o protagonismo do Brasil neste avanço da ciência?

Ou, então, por razões políticas, preferiram não prestigiar o feito de Nicolelis, um eleitor de Dilma, Lula e do PT?

Por que aquele manjado globo/palco de cerca de 300 quilos pôde ficar no centro do gramado sem “estragá-lo” e o exoesqueleto/paciente, pesando 130 quilos, não podia?

O fato é que, dos 29 segundos acordados com a Fifa e o comitê organizador local, apenas 8 segundos foram exibidos na transmissão feita pela Globo, a emissora oficial da Copa.

Decisão da Globo?

Qual o papel da Fifa nisso?

Incompetência ou má fé?

Teria aí o dedo de alguém influente do comitê organizador local?

Imediatamente os adversários de Nicolelis interpretaram o êxito como fracasso.

E o que é mais cruel e desumano: “festejaram” o fracasso que não houve, demonstrando desonestidade intelectual e pequenez absoluta.

O ódio deles é tamanho – no Brasil, são apoiadores do “ei, Dilma, VTNC” – que a perspectiva de essa tecnologia ser a esperança de, no futuro, um paraplégico poder andar de novo é o que menos importa.

Politizaram a ciência, ignorando que todas as iniciativas científicas para tentar devolver movimentos ao corpo humano merecem respeito. Afinal, visam ao bem da humanidade.

Nos próximos meses, os resultados da primeira etapa do Projeto Andar de Novo serão publicados em revistas científicas.

Enquanto isso não acontece, sugiro que leiam o artigo que o insuspeito cientista Francis Collins, diretor do National Institutes of Health (NIH), dos EUA, publicou no dia da abertura da Copa.

Está no Blog do Diretor do NIH. Collins tem nas mãos um orçamento de US$ 38 bilhões. É o maior gestor de ciência biomédica do planeta.

No VIOMUNDO

Anônimo disse...

Pesquisa de Neurociências dá chute inicial da Copa do Mundo

Postado em 12 junho de 2014 pelo Dr. Francis Collins, no Blog do Diretor do NIH

Mais de um bilhão de pessoas em todo o mundo pode ver hoje pela primeira vez em ação a pesquisa de vanguarda em neurociência, quando um jovem paraplégico, vestindo um exoesqueleto robótico controlado pelo pensamento, chutou uma bola para o lançamento do Copa Mundial Fifa 2014, na cerimônia de abertura em São Paulo – Brasil.

Ainda que falte muito trabalho para que este ou dispositivos semelhantes se tornem amplamente disponíveis para pessoas com paralisia, o momento de hoje fornece uma visão inspiradora de apenas uma das muitas coisas que podem ser alcançadas quando a ciência recebe suporte financeiro a longo prazo.

De fato, o debut dramático deste exoesqueleto robótico está fundamentado em mais de 20 anos de estudos científicos, incluindo pesquisa básica apoiada pelo NIH e pesquisa clínica financiada pelo governo brasileiro.

O líder da equipe, Miguel Nicolelis, o brasileiro que co-dirige o Centro de Neuroengenharia da Universidade de Duke, em Durham, Carolina do Norte, vem trabalhando na interface cérebro-máquina em vários modelos animais há décadas [1].

Em um experimento pioneiro que envolve um macaco equipado com sensores cerebrais que enviaram comandos em tempo real associados com movimentos da perna, Nicolelis mostrou que o animal poderia estimular um robô controlado por computador localizado a milhares de quilômetros de distância a andar, simplesmente pensando em andar [2].

Agora, Nicolelis mostrou que uma façanha similar é possível com seres humanos, usando um sistema de exoesqueleto robótico construído em conjunto com colegas alemães que fazem parte da organização sem fins lucrativos, o Projeto Andar de Novo.

A pessoa paralisada usa um boné especial que contém eletrodos que leem as suas ondas cerebrais.

Para mover o exoesqueleto de plástico e alumínio, a pessoa precisa imaginar que está fazendo realmente cada fase de seus movimentos desejados. Por exemplo, “começar a andar”, “vire à direita”, “chutar a bola”, “sentar-se”, e assim por diante.

Esses sinais cerebrais são enviados a um computador – fica dentro de uma mochila usada pela pessoa –, onde são convertidos para comandos que controlam o exoesqueleto.

Para ajudar os usuários a manter o equilíbrio, o exoesqueleto é equipado com giroscópios internos de estabilização.

Anônimo disse...

Além disso, para ajustar os seus movimentos, o exoesqueleto apresenta sensores de “pele artificial” em seus pés que captam várias sensações que são transmitidas como vibrações para os braços da pessoa.

Isso cria um ciclo de feedback que as pessoas com paraplegia relatam que a fazem sentir como se estivessem andando, ao invés de serem movidas por uma máquina.

(Nota: Embora as pessoas com paraplegia não possam mover as pernas, elas podem mover os seus braços. Tetraplégicos sofrem de lesões ainda maiores na medula espinhal, e não têm a capacidade de mover os braços e as pernas).

No sistema de interface cérebro-máquina usado na cerimônia de Copa do Mundo, a mochila contém equipamentos hidráulicos com baterias suficientes para abastecer o exoesqueleto durante um par de horas. Ao computador, acrescenta-se um equipamento colossal de 60 libras (aproximadamente 30 kg). Mas isso não é tão ruim quanto parece, porque o peso é suportado pela estrutura do exoesqueleto, e não pela pessoa que o usa.

Este desenvolvimento dramático deve servir de encorajamento para as pessoas que vivem com paralisia, estimadas em 6 milhões só nos Estados Unidos.

Ainda assim, temos de ser realistas em nossas expectativas. Tão convincente quanto a demonstração de hoje possa ter sido, ela foi apenas uma prova de conceito.

Os exoesqueletos robóticos estão nos primeiros estágios de desenvolvimento. Os cientistas precisam aperfeiçoar seus projetos e testá-los em mais pessoas, e eles precisam analisar e publicar a enorme quantidade de dados que eles já se reuniram.

Eu me encontrei com Nicolelis e sua equipe e visitei o laboratório de Projeto Andar de Novo em São Paulo há apenas duas semanas.

Eu assisti dois paraplégicos em fase final de treinamento para o grande dia. A atmosfera (e a tecnologia) foi eletrizante!

Nicolelis, vencedor do prêmio NIH Director’s Pioneer de 2010, referiu-se ao pontapé inicial da Copa do Mundo como seu “moonshot” (vôo à lua).

Nós dois, porém, concordamos que para os futuros avanços da investigação nesta área será necessário um entendimento ainda mais rico de como os circuitos no cérebro realizam a sua notável variedade de atividades sofisticadas.

E, desde a semana passada, nós temos um novo modelo para esse esforço — um Grupo de Trabalho distinto do meu Comitê Assessor entregou um ousado e inspirador plano de dez anos para o componente do NIH da Iniciativa BRAIN (Brain Research through Advancing Innovative Neurotechnologies – Pesquisa no Cérebro através do Avanço de Neurotecnologias Inovadoras).

Eu vou ter mais a dizer sobre isso em futuros posts, mas você pode dar já agora dar uma olhada no relatório.

Referências:

[1] Learning to control a brain-machine interface for reaching and grasping by primates. Carmena JM, Lebedev MA, Crist RE, O’Doherty JE, Santucci DM, Dimitrov DF, Patil PG, Henriquez CS, Nicolelis MA. PLoS Biol. 2003 Nov;1(2):E42. Epub 2003 Oct 13.

[2] Mind Control Monkey Moves Robot in Japan. (YouTube video)