O fato é que o perdão proferido pelo Papa - em sua última visita a Madri - às mulheres "cristãs", que confessaram a prática do aborto em confessionários instalados em praça pública, soou mesmo como uma façanha do mercado global da fé, atrás do espaço e dos fiéis perdidos nos últimos tempos, além, é claro, de uma ofensa sem tamanho à inteligência feminina!
Este episódio papal pitoresco suscitou alarmes por todo o canto do mundo e aqui no Brasil a bandeira foi levantada por vários movimentos feministas e por antigos conhecedores das histórias de perseguições praticadas pelo Sr. Ratzinger junto ao Vaticano.
O próprio Leonardo Boff, que foi afastado da Igreja Católica pelo empenho obtuso do atual Papa - na época Cardial Joseph Alois Ratzinger - não poderia deixar de comentar este estranho comportamento do Papa Bento XVI:
quarta-feira 24 de agosto de 2011, por Ivone Gebara
Este episódio papal pitoresco suscitou alarmes por todo o canto do mundo e aqui no Brasil a bandeira foi levantada por vários movimentos feministas e por antigos conhecedores das histórias de perseguições praticadas pelo Sr. Ratzinger junto ao Vaticano.
O próprio Leonardo Boff, que foi afastado da Igreja Católica pelo empenho obtuso do atual Papa - na época Cardial Joseph Alois Ratzinger - não poderia deixar de comentar este estranho comportamento do Papa Bento XVI:
"Absolvição do aborto entrou no mercado em Madri
30/08/2011
Um Papa não pode perder dignidade nem colocar os serviços da Igreja à disposição do mercado. Pois foi o que ocorreu em Madri por ocasião do encontro internacional do Papa com os jovens. Mulheres que cometeram aborto,presentes no encontro, ganhavam o perdão e de lambuja ainda uma indulgência plenária. Bastava estar lá e se confessar nos 200 confessionarios na Praça do Retiro. As coisas deixaram de ser sérias e voltamos ao tempo medieval em que se vendiam perdões e indulgências a quem podia pagar, como estas mulheres que puderam pagar suas passagens e estar em Madri. E as demais milhões de mulheres do mundo inteiro? Ivone Gebara é teóloga,tempos atrás também submetida como eu “ao silêncio obsequioso”, por criticar a insensibilidade da moral católica face ao sofrimento humano, especialmente em questões de sexualidade e agora contra os dois pesos e as duas medidas face à questão do aborto. Trabalha no Recife em meios populares pobres e sabe dos padecimentos das mulheres, além de escrever teologia com rigor e em tom de profecia. Aqui vai o artigo-protesto dela com a qual me solidarizo. LB
DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS:O PAPA PERDOA ABORTO EM MADRI
fonte: http://www.ciranda.net/fsm-dacar-2011/article/dois-pesos-e-duas-medidas-o-abortoquarta-feira 24 de agosto de 2011, por Ivone Gebara
É com muito constrangimento que muitas mulheres católicas leram a notícia publicada em vários jornais nesse último final de semana de que a Arquidiocese de Madri com aprovação papal autorizou a concessão do perdão e indulgência plenária às mulheres que confessarem o aborto por ocasião da visita do papa. A impressão que tivemos é que o papa, o Vaticano e alguns bispos gostam de brincadeiras de mau gosto com as mul heres. Não sabemos em que mundo esses homens vivem, quem pensam que são e quem pensam que somos!
Primeiro, concedem o perdão a quem pode viajar para assistir a missa do papa e passar pelo “confessionódromo” ou pelo conjunto de duzentos confessionários brancos instalados numa grande Praça pública de Madri chamada “Parque do Retiro”. O perdão deste “pecado” tem local, dia e hora marcada. Custa apenas uma viagem a Madri para estar diante do papa! Quem não faria o esforço para tão grande privilégio? Basta ter dinheiro para viajar e pagar a estadia em algum hotel de Madri que o perdão poderá ser alcançado. Por isso nos perguntamos: que alianças a prática do perdão na Igreja tem com o capitalismo atual? Como se pode viver tal reducionismo teológico e existencial? Quem está tirando benefícios com esse comportamento? LEIA MAIS
Um comentário:
A Igreja vai ter que tomar um posição oficial depois dessa.
Se ficar calada vai ser mais uma bola fora a se somar.
Independe disso, para muitos essa já foi uma tomada de posição. Ou, no mínimo, um aviso: "não dêem importancia ao que eu falo, vou mudar mesmo, de acordo com a conveniência".
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