16 de setembro de 2011

Rita Lee e a minha idade


Ontem fiz um post sobre “Música Estranha”. A canção escolhida foi uma dos Mutantes. Não cheguei a falar dos irmãos Arnaldo e Sérgio Dias Baptista, nem da Rita. Fica pra próxima.

Mas – já no momento dos chopps & vinhos do fim de semana - vou citar a cantora agora.


Dizia Rita Lee, sempre uma ‘ovelha-negra’, “tô no colo da mãe natureza, ela toma conta da minha cabeça”. Não sei se nessa música ela colocou um duplo sentido, referindo-se também à cannabis, além da mensagem ecológica e da questão psicológica. Isso era comum naquela época.


O diabo é que eu venho falando muito “naquela época”. Sinal de tempos jurássicos que eu ‘teria’ vivido. E um reconhecimento tácito que já passei dos 50 (mas só um pouquinho).

É que a música citada – “Mamãe Natureza” - é de 1974, mas precisamente do ótimo LP “Atrás do Porto Tem Uma Cidade”, da Rita já fora dos Mutantes e na época formando o também excelente Tutti-Frutti.


Eu falei LP?

Tenho ouvido alguns discos dos Mutantes e dos Novos Baianos. Obras-primas atemporais. Bons tempos.


Eu falei atemporais e bons tempos?
Serei atemporal?

Assim não dá! Ou eu procuro um Psicólogo ou paro de escrever sobre música.
É que sempre vou lá para as décadas de 60 e 70, o que me faz refletir sobre... o tempo que já passou!

A Rita Lee está com 64 anos e continua com seus ótimos shows. Mas vi numa entrevista que ela gosta mesmo é de ficar quietinha em casa. Acho que ela não foi sempre assim. Também nunca teve 64 anos antes. Legalmente já está entrando na “terceira idade”.

Já diria alguém, que não me lembro (será isso um mal sinal referente à memória?), que a idade é uma m...


Mas não estamos tão ruins. Não a nossa geração. A do Rock’n’Roll.


Acho que ainda não vou procurar um Psicólogo. Melhor ir à academia e ao hortifruti. E não deixar de ouvir Rock!


Discordo do conselho de que agora é cuidar da alma, pois o corpo ‘já era’. Ainda não estamos nessa, concordam? Além do mais, cuidar da alma é tarefa para qualquer idade. E do corpo também!


Quanto a não mais escrever sobre música... é fato que os tempos são outros. Quem sabe consiga desenvolver um texto sobre a Lady Gaga, Beyoncé e Katy Perry ao invés de Rita Lee. Prometo tentar.

Enquanto isso vamos ouvindo a vovó Ritinha, exatamente em uma música em que ela fala dessas coisas da vida: “Depois que eu envelhecer, ninguém precisa mais me dizer, como é estranho ser humano nessas horas...”.


Ótimo fim de semana - ensolarado e com temperaturas amenas à noite - a todos, sem maiores preocupações com a idade, ok? Afinal, “depois da estrada começa uma grande avenida”.



Coisas da Vida
Quando a lua apareceu

Ninguém sonhava mais do que eu

Já era tarde

Mas a noite é uma criança distraída

Depois que eu envelhecer

Ninguém precisa mais me dizer

Como é estranho ser humano

Nessas horas de partida

É o fim da picada

Depois da estrada
Começa
uma grande avenida
No fim da avenida
Existe uma chance, uma sorte
Uma nova saída
São coisas da vida
E a gente se olha, e não sabe

Se vai ou se fica
Qual é a moral?
Qual vai ser o final
Dessa história?
Eu não tenho nada pra dizer
Por isso eu digo
Que eu não tenho muito o que perder

Por isso jogo
Eu não tenho hora pra morrer
Por isso sonho

3 comentários:

Josi disse...

Seus textos são sempre uma ótima leitura, Marcos. Agradável.
Muito legal essa tese em conexão com a música da Rita Lee.
Bom fim de semana!

Junior disse...

Essa música é muito interessante e tem tudo a ver com o que vc escreveu com muito humor.
Abraço.

Anônimo disse...

Excelente post. Parabéns!