1 de julho de 2009

Dois Posts em Um

Da nossa série artística sobre as mais interessantes capas de discos que trazem um visual legal ao Blog - além da curiosidade - trazemos hoje a capa de um dos álbuns da série "Silk Road" do tecladista japonês Kitaro, que foi trilha sonora de um documentário sobre a Rota da Seda, no antigo oriente. Belíssimo e relaxante trabalho New Age.
Aproveito para postar também um artigo que eu tinha guardado há muito tempo. Não é de minha autoria, quem escreveu foi o músico Amyr Cantúsio, aquele do Alpha III, de São Paulo (para quem conhece). Também especialista em Rock Progressivo (sobretudo música eletrônica - não a "dance" de hoje, mas aquele conceito original de criação musical) e New Age Music. Antes de encerrar as atividades do Metamúsica eu ia convidá-lo para ser um dos colaboradores, mas o jornal acabou antes disso. Uma pena...
Sobre o texto, acho que o tempo hoje é de correria e não dá para impor à novas gerações alguns sons que gostávamos de ouvir: Passou o nosso tempo? O mundo evoluiu? O artigo é "viajante" mesmo, como um "cinema transcendental". Não sei se isso significa alguma coisa hoje... Eu gosto. Aproveito para colocar outra imagem ilustrativa (de Roger Dean para o Yes), que tem a ver com o texto.


Zona do Silêncio - Por Amyr Cantúsio Jr.
Para todos aqueles que tenham atravessado as fronteiras da Zona do Silêncio na área norte do deserto de Sonora no México, as experiências são incríveis e impressionantes.
Em meio à solidão absoluta, onde não se vê vestígios humanos em quilômetros ao redor, pousado sobre areias que foram um mar, anterior a um período de 90 milhões de anos, estas guardam antigos túmulos de fósseis que atestam a evolução e o passar das eras sob um sol escarlate no horizonte purpúreo.
Impressionantes noites sem Lua de onde milhões de estrelas brilham no Cosmos Infinito, chuvas de meteoritos brilhantes são vistas submergirem nas areias quentes.
Invisíveis ondas eletromagnéticas de alta freqüência entre ondas de radiações cósmicas impedem em absoluto a propagação das ondas de rádio, onde, humanos sensíveis podem atestar altos estados alterados de consciência.
Este é um dos lugares mais insólitos do Planeta, com fórmas hostis de vida insecta, onde impera o Silêncio Absoluto e aterrador. A emoção e a espiritualidade abrangente dos que atravessaram esta área rara é única.
Uma experiência insólita, de estar flutuando nas frestas do tempo com um silêncio atordoante e profundo, que leva ao viajante a ponderar sobre sua estadia nesta terra estranha, misteriosa e terrífica ao mesmo tempo.
Ainda há os relatos das pedras magnéticas que lançam faíscas contastes ou brilham durante as noites estranhas e monótonas. Formações diferentes, coloridas de plantas e animais assolam toda a área mística.
Um Vórtex Abissal, o vôo derradeiro para as profundezas misteriosas do ser humano entregue a sua própria sorte na busca pelo desconhecido e das respostas que procura para sua existência.
Eis o requisito mais maravilhoso do rock metafísico eletrônico dos anos 70!! Quem não se lembra do Pink Floyd gravando em Pompéia em meio aos vulcões e geisers em erupção???
O silencio na parte central da faixa Echoes do LP Meddle, com a viajeira absoluta quântica sonora até as entranhas absolutas de nossa alma? E Phaedra ou Alpha Centauri do Tangerine Dream, ou o The Garden of Pharaos de um Popol Vuh??? Vangelis com seu Spiral e Heaven and Hell, Yes com Tales from the Topographic Oceans, Kitaro com Astral Voyage, Jean Michel Jarre com Equinoxe e Kraftwerk com Radioactivity ou Autobhan??
Mas a Zona do Silêncio vai pegar mesmo nos anos 80 com a onda profunda da ramificação da música eletrônica transformada em New Age Moviment!!
Aparecem e acontecem maravilhosos trabalhos de introspecção absoluta com artistas que marcaram época como Aeoliah, Deuter, Steven Halpern, Sanctus, Constance Demby, Peter Michael Hamel, Steve Roach,etc....
Um dos últimos momentos e respiros do retorno às práticas da meditação, do ocultismo, das longas e maravilhosas palestras regadas a comida vegetariana e varetas fumegantes de incensos, em meio aos verdes vales restantes de sítios e fazendas isoladas!
Noites perdidas sob a Lua, com estrelas cadentes e conversas acaloradas ao pé de uma fogueira.
A necessidade da pausa de silêncio musical é a própria música, pela auto necessidade de se existir!!!
Ou o vôo constante de uma nota só,eterna como o Universo que se reflete no espelho da mente Zen, levando o individuo a experimentar a sutil viagem sonora...
Pode ser Sonora (o deserto do México) até a Zona do Silêncio interna, nas profundezas da alma!! Experimentem...

2 comentários:

Luiz Felipe Muniz disse...

Marcos,
as imagens e a leitura do seu texto são um convite fabuloso à reflexão.

Lembro-me sempre de Kitaro em algumas de suas performances mais transcedentes...inspirei-me muito nos sons produzidos por ele para traçar algumas boas propostas do antigo Curso de Capacitação de Professores para Educação Ambiental anos atrás...penso que o resultado ficou além do que eu esperava...

A maioria de nós ainda não se deu conta dos poderes ocultos na dimensão "new age" e "word music"; penso ainda que os novos sons que andam encantando os jovens atuais, andaram bebendo muito nesta fonte, ela não se esgota e nem envelhece! Grande artigo, meu amigo!!

Marcos Oliveira disse...

Valeu Felipe. A boa música (e a análise necessária dela) com certeza pode trazer efeitos positivos na mente, na alma e nas ações de cada um. Esperamos estar contribuindo para isso. Vamos em frente com o nosso Blog.
Abraços.
P.S.: Em breve vou postar um video legal do Kitaro aqui.