6 de setembro de 2014

Delação & Midia: Alavancando Aécio e a resposta do PT

Delação premiada seria para alavancar Aécio e reverter tiro no pé de inflar Marina?

por Antônio de Souza, especial para o Viomundo

"Tudo indica que a delação premiada de Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, é uma operação casada que envolve setores da Polícia Federal, que vazaram as informações, os tucanos e a velha mídia.

Para entender o está acontecendo neste momento é preciso voltar um pouco no tempo.

Com o intuito de detonar a reeleição de Dilma Rousseff, a candidata do PT à Presidência da República, a mídia insuflou exaustivamente a candidatura de Marina Silva, do PSB.

Só que o movimento midiático pró-Marina acabou sendo um tiro no pé da própria mídia. É que fragilizou demais o seu candidato preferencial, Aécio Neves, e o próprio PSDB. Está trazendo danos sérios às campanhas tucanas não apenas em Minas Gerais — lá Aécio está em terceiro lugar – mas também no Brasil. As bancadas do PSDB nas assembleias estaduais e na Câmara dos Deputados correm o risco de minguar muito, transformando a sigla num partido nanico.

Associa-se a isso o fato de Marina apresentar baixa possibilidade de sustentabilidade política e se negar a fazer acordos políticos.

O movimento da mídia está transparente no discurso de Aécio, que fala em PT 1 e PT 2, que seria a candidatura Marina.

A denúncia da Operação Lava Jato atinge o governo, fato, aliás, já sabido. Mas a novidade é que o pai da “nova política” aparece citado: Eduardo Campos.

As relações de Campos com Paulo Roberto Costa são antigas.

Tanto que o ex-diretor da Petrobras pediu e a Justiça autorizou que Campos prestasse depoimento no processo da Operação Lava Jato como sua testemunha de defesa.

Isso é importante porque ajuda a jogar luz na história do avião de Campos.

Reportagem da Folha de S. Paulo dessa sexta-feira mostra que empresas que pagaram o avião do falecido governador de Pernambuco tiveram relação com o esquema do doleiro Alberto Youssef.

Diante dessas revelações, fica no ar que Aécio já sabe que poderá surgir o pedido de cassação da candidatura de Marina a qualquer momento antes das eleições.

Além disso, soma-se a preocupação do governador Geraldo Alckmin, candidato do PSDB à  reeleição, de evitar um segundo turno, especialmente devido ao crescimento natural das candidaturas de  Alexandre Padilha (PT) e Paulo Skaf (PMDB).

Alckmin e a grande imprensa perceberam que o discurso do “vamos mudar tudo” pode ter impacto nas campanhas estaduais e fazer com que o PSDB paulista e o mineiro também sejam varridos nesse movimento.

Esse conjunto de fatores ajuda a compreender por que o tradicional denuncismo da mídia há 15 dias, uma semana antes da eleição, foi antecipado.  Até porque sem fato novo a candidatura de Aécio definhava a olhos vistos. Havia o recado  de que se esse cenário não mudasse 15 dias antes da eleição a candidatura tucana poderia virar pó.

Pior ainda para a direita que com a força de Dilma e do PT ainda preservada, conseguindo eleger bancadas de peso, associada ao possível enfraquecimento tucano, levaria Marina a negociar com o PT para ter governabilidade

Aparentemente, a mídia, ao constatar o tiro que desferir no seu próprio pé, começa a tentar fazer o caminho de volta.

Dessa maneira, o alvo agora também é Marina. Teremos um final de campanha arrepiante.

PS: Curiosamente, a mídia não publicou até o momento a relação completa dos parlamentares delatados talvez para preservar alguns aliados seus.

Lembro aqui as relações entre Luiz Argolo, do partido Solidariedade, que aparecia em negociações com o ex-delegado e deputado federal Fernando Francischini, também do Solidariedade (ex-PSDB). Franchiscini, além de ser um dos canais de vazamento da Operação Lava Jato da Polícia Federal, é citado nela. Argolo, por sua vez, é acusado de ser sócio do doleiro Alberto Yousseff. Ou seja, Francischini, o acusador-mor, pode estar envolvido em todo este esquema."


RESPOSTA DO PT À AÉCIO
"Vitimado pelas lutas internas de seu partido e pelo descrédito junto ao povo brasileiro, o candidato tucano Aécio Neves decidiu partir para a agressão rasteira contra o Partido dos Trabalhadores. Em vídeo gravado na tarde de hoje, em que demonstra descontrole, Aécio faz coro a denúncias sem provas veiculadas pela imprensa a partir de um processo de delação premiada, que, em si, já carrega toda a suspeição comum a esses procedimentos.

Por outro lado, é cômico ouvir alguém do PSDB falar em “dinheiro sujo da corrupção” justamente às vésperas do julgamento do “mensalão mineiro” e quando a imprensa nacional noticia um pesado esquema de corrupção nas obras do Metrô de São Paulo. Sem esquecer, obviamente, do absurdo uso de dinheiro público para construir um aeroporto na fazenda de um parente do candidato.

Ao contrário do que diz o candidato, o PT não precisa de subterfúgios para se manter no poder. Nossa luta é na rua, batalhando voto a voto a preferência dos eleitores. Se quer realmente nos “tirar do poder de forma definitiva”, como afirmou no vídeo, deve seguir o consagrado caminho do debate democrático de alto nível, e não usar acusações chulas e sem fundamento.

A gravidade das acusações do candidato tucano não podem ficar sem a resposta cabível. O vídeo está sendo analisado pelos advogados do nosso partido e as devidas providências jurídicas serão tomadas. O candidato Aécio, até pelo sobrenome que carrega, deveria pelo menos manter a dignidade enquanto caminha para a irrelevância."

Rui Falcão,
presidente nacional do PT

9 comentários:

Marcos Oliveira disse...

A segunda morte de Eduardo Campos
por : Paulo Nogueira no DIÁRIO DO CENTRO DO MUNDO

Mataram de novo Eduardo Campos.

Meus sinceros sentimentos à viúva, aos filhos, à mãe e a todos os amigos.

Você tem noção do absurdo que é a maneira como a mídia destrói reputações ao examinar o caso específico de Campos no chamado escândalo da Petrobras.

Não existe risco nenhum de alguém dizer, num tribunal: provas, por favor.

Então você – falo aqui das companhias de mídia — tem licença para matar.

Em sociedades mais avançadas, publicar acusações gravíssimas com base em palavras de um delator traz um risco sério para empresas de mídia.

No Brasil, não acontece nada.

Gosto de citar o caso exemplar de Paulo Francis, em que estava envolvida, por coincidência, a Petrobras.

Francis, numa campanha contra a Petrossauro, como a chamava, acusou os diretores da empresa de corruptos.

Os diretores, se o processassem no Brasil, não conseguiriam nada. Seriam acusados de conspirar contra a liberdade de imprensa e continuariam a ser massacrados por Francis.

Acontece que uma das calúnias de Francis foi proferida nos Estados Unidos, no Manhattan Connection.

E então os executivos da Petrobras puderam processá-lo pela justiça americana.

Pediram a ele, nos Estados Unidos, uma só coisa: provas. Ele não tinha nada.

Na iminência de uma multa que o quebraria, ele entrou num processo de turbulência mental do qual resultou um enfarto fatal.

Elio Gaspari disse que Joel Rennó, o então presidente da Petrobras, matou Francis. Na verdade, Francis matou Francis.

São conhecidas as pressões que FHC e Serra, então no poder, fizeram para que os homens da Petrobras desistissem do processo.

No Brasil, a sociedade está à mercê da mídia.

Como a justiça é inoperante, jornais e revistas têm o que um premiê britânico chamou, num confronto com um barão da mídia, de “o atributo das prostitutas” – o poder sem responsabilidade.

Ninguém sabe ainda em que circunstâncias o delator Paulo Roberto Costa falou. O que se tem de concreto é que ele pode incriminar quem quiser, pelo menos neste momento.

Mesmo assim, a imprensa vai divulgando nomes de citados sem a menor cerimônia, como se fosse uma banalidade.

O real objetivo, ninguém se ilude, é eleitoral. Ninguém está interessado em moralizar nada.

Se houvesse um intuito de limpeza ética, o caso do metrô de São Paulo teria sido investigado em profundidade, bem como os 450 quilos de pasta de cocaína encontrados num helicóptero de amigos de Aécio.

A posição absurda desfrutada pela mídia no Brasil foi bem descrita num tuíte do senador Roberto Requião, candidato ao governo do Paraná.

“Até agora o Henrique Alves manteve engavetado meu projeto dfe direito dfe resposta. E agora. Deve ter entendido que sua aprovação é importante?”

Henrique Alves é o presidente da Câmara. Como Eduardo Campos, está na lista de Costa.

No Brasil, sequer o direito de resposta vigora.

Ayres de Britto, ao anular a Lei de Imprensa, jogou fora coisas vitais da defesa da sociedade, como o direito de resposta.

Quando aparentemente ele se movimentava para corrigir o erro, foi apanhado por uma denúncia da Folha que envolvia um genro seu.

Parece ter entendido o recado, e não mexeu mais no assunto.

Virou, no Mensalão, amigo da imprensa, e escreveu o prefácio de um livro de Merval sobre o assunto.

Justiça e mídia deveriam se fiscalizar uma à outra, mas no Brasil acabaram se abraçando e se autoprotegendo.

Um dia as fotos em que Merval e Ayres de Britto se abraçam, sorridentes, no lançamento do livro merecerão o devido repúdio da sociedade. “Como pudemos descer a este ponto?”, as pessoas se perguntarão.

É neste cenário que Eduardo Campos é morto pela segunda vez.

Os assassinos de sua reputação agiram sabendo que gozam de total impunidade.

Mais uma vez, minhas condolências à família e aos amigos de Campos.

Marcos Oliveira disse...

Bandido é quem faz delação premiada, não santo

Por Renato Rovai no BLOG DO ROVAI

Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, fez uma delação premiada. Ou seja, ele foi pego cometendo uma série de crimes e aconselhado por advogados especializados neste tipo de acordo a revelar detalhes de uma história que pode livrá-lo da cadeia. A previsão é que seria condenado por até 50 anos.

O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras fez os depoimentos na Custódia da Polícia Federal em Curitiba. A PF filmou as sessões de depoimentos a procuradores da República. Os depoimentos foram posteriormente criptografados e enviados a ao Procurador Geral da República. Mas hoje, mesmo com todo o cuidado, teria havido vazamento de alguns dos nomes citados.

Chega a ser leviano que esses nomes sejam revelados sem que haja nem sequer uma única fonte ou sequer um pedaço de papel com um texto escrito a lápis para sustentar a denúncia.

Essa é a primeira questão. Veículos de comunicação não deveriam sair acusando pessoas sem que elas tenham como se defender, porque não conhecem a acusação, e sem que haja uma evidência clara de que o que estão publicando não é só alga baseado no ouvir dizer.

Depois, quem faz delação premida é bandido. E como bons bandidos, delatores têm uma estratégia para tentar sair do enrosco em que se meteram.

Ou seja, é evidente que a narrativa que Paulo Roberto Costa vai sustentar irá misturar histórias reais com algumas falsas. Até porque se na primeira fase do depoimento ele não vier a conseguir o perdão que almeja, terá mais o que falar para buscar um prêmio maior.

Há também o fato de que o delator tem suspeitos de o terem acusado e tem inimigos políticos. E esses ele vai dar um jeito de culpabilizar na sua narrativa. Mesmo que sejam absolutamente inocentes.

Em várias outras delações isso ocorreu. Não há porque não ocorra nessa.

Cabe ao jornalista responsável e ao juiz correto esperar que a investigação aconteça de forma ampla para que os acusados não sejam condenados por antecipação.

Isso não significa que tudo que Costa falou deve ser ignorado. A corrupção no Brasil é sistêmica e precisa ser combatida quase como uma epidemia. Mas não é diferente da de outros países e nem é maior no setor público do que no privado. São as empresas que costumam incentivar a corrupção como forma para garantir contratos de forma mais fácil.

Veja e seus derivados midiáticos estão tentando transformar a eleição que se avizinha em mais uma disputa moral. Podem até conseguir. Mas seria um retrocesso imenso. Há programas de governos bastante diferentes em discussão e isso deveria ser o centro da definição do voto.

Com todos os erros cometidos pelos governos do PT nos últimos 12 anos, os órgãos de investigação ampliaram em muito sua autonomia para investigar e combater a corrupção. Isso é o que importa. Fazer com que essa investigação se realize e leve à cadeia os culpados. E que ela não termine como a do helicóptero da família Perrela, cujo pó foi literalmente jogado para baixo do tapete. E cujos envolvidos estão soltinhos da Silva.

Marcos Oliveira disse...

Aécio comemora escândalo da “Veja”: segundo avião a cair sobre a campanha?
Por Rodrigo Viana no blog ESCREVINHADOR

Primeiras impressões sobre o escândalo da Petrobrás: é ruim para a base aliada de Dilma (não necessariamente para a presidenta), mas é também desastroso para a imagem de Marina Silva. A ”nova” política é jogada na lama, ao lado de petistas, peemedebistas (e de tucanos e demos; mas estes serão poupados nas manchetes de Veja, Globo etc).

Eduardo Campos – ex-candidato do PSB, apontado como um “santo” da “nova” política – estaria na lista (aliás, que lista? Não apareceu um documento até agora). Fica claro que se trata de uma operação para trazer Aécio Neves de volta ao jogo da eleição.

Não se conhecem muitos detalhes da denúncia. O que se sabe: Paulo Roberto da Costa (ex-diretor da Petrobras nas gestões Lula e Dilma) teria fornecido - em depoimento “secreto”, que vazou de forma seletiva, e até agora sem provas - detalhes de um esquema criminoso de financiamento político. Delação premiada, arrancada a fórceps. Mais um escândalo de boca de urna.

Atenção: apure os ouvidos e abra bem os olhos, porque nos próximos dias “Veja” e “Globo” tentarão transformar um caso (que se for comprovado é grave, mas que estranhamente “vaza” a 30 dias da eleição) em ferramenta política a favor do PSDB.

Claro que não vou defender aqui ninguém, de partido nenhum, que tenha recebido propina. Nem quem se alie a doleiro e a esquemas criminosos – ainda que o faça em nome da “luta política”. Nada disso. Mas tenho o dever de lembrar: a “Veja” nunca fez (e jamais fará) capa a mostrar os esquemas de financiamento de campanha do PSDB (ainda mais a 30 dias da eleição): a Alstom, os trens em São Paulo, o Robson Marinho, os tucanos de Aécio (parceiros antigos do Mensalão do PSDB – que segue impune em Minas). Nada disso surge nas capas de revista ou nas manchetes do JN da Globo.

As listas da “Veja” (se é que são verdadeiras) indicam um (entre dezenas) de esquemas privados de financiamento de campanha. Por “coincidência”, a maior parte dos parlamentares e governadores citados agora pertence à base aliada do governo. Mas se recorremos à própria Veja, descobrimos que “Fornecedores da Petrobras sob suspeita financiaram campanha de 121 parlamentares em atividade”: nessa lista aqui há também tucanos, demos, gente do PPS e até o vice de Marina, Beto Albuquerque.

Na prática, o escândalo de boca de urna da “Veja” pode ser um segundo avião a desabar sobre a campanha presidencial.

Agora se entende porque Aécio vinha chamando Marina de “PT2″ nos últimos dias. E porque mervais e outros quetais pediam que “ainda” não se abandonasse Aécio (afinal, Marina “poderia ter problemas logo adiante”). Sabiam que a cavalaria Abril/Globo viria para salvar o exército tucano em frangalhos.

Aécio estava emparedado pela polarização Dilma/Marina, desde a queda do avião de Eduardo Campos. Começava a se consolidar um debate sobre dois projetos para o Brasil: PT/Lula/Dilma x Marina/PSB/Rede (com nacos do tucanato migrando para essa segunda turma). Nesse momento, a heróica e destemida “Veja” aparece para colocar Aécio de novo no páreo. E tenta trazer de volta a pauta da escandalização (sem provas, por enquanto).

De novo, repito: isso não quer dizer que as gravíssimas denúncias não devam ser investigadas. Mas é evidente que, como acontece desde 2006, a “Veja” vai jogar em tabelinha com a “Globo”. Aguardem 10 minutos diários de “repercussão” do caso no JN: hoje, segunda, terça… e até o dia 5.

Marcos Oliveira disse...

Aécio comemora escândalo da “Veja”: segundo avião a cair sobre a campanha? (Parte 2)
Por Rodrigo Viana no blog ESCREVINHADOR

A Dilma agora vai-se arrepender de ter ido preparar omeletes com Ana Maria Braga. Ah, a falta de apetite petista para o confronto. Ah, que saudades de Brizola…

Em 2006, eu trabalhava na Globo (era repórter especial), e vi de perto o moralismo seletivo praticado pela emissora. Ao lado de outros colegas jornalistas, me insurgi internamente quando a Globo (a duas semanas do primeiro turno) botou todo seu peso na investigação dos “aloprados petistas” (claro, deviam ser investigados), mas recusou-se a investigar as denúncias contra Serra contidas no dossiê de um lobista chamado Vedoim.

Quando saí da emissora, poucos meses depois, publiquei uma carta em que contava detalhes do episódio. E questionava a direção de Jornalismo, sob comando de Ali Kamel.

A CartaCapital também publicou uma capa mostrando como a Globo manipulou o noticiário às vésperas do primeiro turno em 2006… Vale a pena ler – aqui.

Em 2014, mais uma vez, a turma do moralismo seletivo não está preocupada com o Brasil. O moralismo de ocasião é só uma ferramenta daqueles setores desesperados com uma eleição que transformava PSDB/Globo/Veja em coadjuvantes absolutos.

Mas o escândalo mostra também a necessidade de uma Reforma Política urgente. PSDB, PT, PSB, PMDB: todos (ou pelo menos partes importantes dos principais partidos) parecem usar meios ilegítimos de financiar suas candidaturas. Muitas vezes, o poder econômico banca as campanhas e se transforma em dono dos mandatos.

Mais um argumento para se defender a necessidade de uma Reforma Politica para proibir doações privadas em campanhas.

Constituinte já!

É preciso proibir as doações de empresas a campanhas (como pede a OAB, em ação bloqueada no STF, por um pedido de vistas de Gilmar Mendes - sempre ele).

Abaixo o moralismo seletivo de Veja/Globo e dos tucanos!

Investiguemos todos os escândalos, inclusive os que atingem amigos da velha mídia: Serra/PSDB de São Paulo, Aécio/PSDB de Minas (o aeroporto de Cláudio é fichinha perto do que há por lá), Marina/PSB/Rede.

E que o PT explique como quer “reformar” o Brasil pedindo dinheiro (legal ou ilegalmente) de gente que quer qualquer coisa, menos reformas no Brasil…

Marcos Oliveira disse...

Delação de Costa é batata “quentíssima” para o PSB, para Marina e para a mídia
Por Fernando Brito no TIJOLAÇO

Os jornais estão cheios de dedos diante deste escândalo provocado pela estranhíssima “delação premiada” de Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras.
Porque a ninguém mais ela atinge em cheio que a Eduardo Campos, tão próximo e devedor de Costa que este chegou a arrolá-lo como testemunha de defesa, do que só desistiu após complexas negociações – imagine-se quais – entre os advogados de ambos, segundo testemunha o insuspeito Lauro Jardim, na Veja.
Não é delírio imaginar que Costa, ao ver que não seria defendido pelo governo Dilma, tenha se voltado para pressionar Campos, tanto que o juiz do caso, Sérgio Moro, estranhou seu arrolamento como testemunha de defesa e tentou bloquear sua convocação, da qual o ex-diretor “desistiu” provisoriamente.
Muito menos que tenha sido a morte de Campos – e, com isso, o desaparecimento daquele que Costa havia apontado como seu defensor – que tenha levado o ex-diretor a negociar o possível em sua situação desesperadora.
Além das relações pessoais entre ambos, há as com o PSB – o candidato a senador em Pernambuco, Fernando Bezerra, tem um irmão, cunhada e sobrinho na lista de Alberto Youseff – e com o dirigentes do PP e com Sérgio Cabral, aliados de Aécio.
De todos, inclusive os petistas, é Dilma Roussef quem tem uma prova, fornecida por seus próprios adversários, como se lê na revista Época na edição da penúltima semana de março: A presidente Dilma Rousseff, que não gostava de Costa, tentava derrubá-lo desde o começo de seu governo. Encontrava resistências de todos os políticos, mesmo indiretamente, de Lula. Conseguiu apeá-lo apenas em 2012, para desespero da base aliada.”
É muito difícil tratar de política quando as coisas começam a se inscrever no Código Penal, porque tudo toma a forma do que não é.
E você passa a contar apenas com raciocínio e intuição, para ver sinais estranhos no ar, como o que este blog destacou aqui, há uma semana, quando começavam os depoimentos de Costa: “Merval pede que não abandonem Aécio. Avisa que algo pode “abalar Marina”.
Será Paulo Roberto Costa o segundo jatinho de Campos, do qual a providência – como ela própria diz – não terá como desembarcar?
Isso pode destruir a ascensão de Marina sem, porém, ter força para ressuscitar Aécio, e este temor fica claro no “conselho” que o mesmo Merval dá a Aécio hoje, com uma comparação – será? – entre a lista de Costa e o caso Lunus, que derrubou Roseana Sarney:
Aécio estaria fazendo o mesmo esforço inútil que o tucano José Serra fez em 2002, destruindo, com sucesso, as candidaturas de Roseana Sarney e Ciro Gomes para depois ser derrotado por Lula no segundo turno. Há no entorno do PSDB quem defenda uma “renúncia branca” de Aécio, que deveria se dedicar mais à eleição de Minas para garantir seu cacife político.

Maria Inês disse...

Olá! Acho ótimos esses resumos que você traz com análises bem atualizadas e que mostram os bastidores. Só aqui leio sobre política! Bjs.

Paulo Moreira Leite disse...

O perigo dos escândalos de última hora

A prudência recomenda cautela contra denúncias divulgadas em véspera de eleição. O risco é óbvio: escândalos de última hora causam sensação na mesma medida em que prejudicam uma apuração serena. Hipóteses que não foram provadas ganham a fisionomia de fatos reais. Suspeitos — ou nem isso — logo são apontados como culpados.

Escândalos dessa natureza são mais difíceis de apurar e, muitas vezes, não há o interesse de esclarecer. O que se quer é o barulho.

É claro que estou falando da delação premiada de Paulo Roberto da Costa, o diretor da Petrobrás que está nos jornais e revistas — em breve estará na TV — fazendo uma delação premiada contra o PT e o governo Dilma.

Não custa lembrar que a suspeita mais consistente, até o momento, aponta para o próprio Paulo Roberto. Ameaçado de cumprir 30 anos de prisão por corrupção, ele tem todo interesse em diminuir a própria acusação em troca de denúncias que possam envolver políticos e autoridades.

Li num jornal que, se fizer o serviço direitinho, Paulo Roberto poderá, dentro de poucos dias!, voltar para casa com um chip no tornozelo.

Outro aspecto é que ninguém sabe o que ele disse — oficialmente. Sabemos de acusações que lhe são atribuídas pelos jornalistas mas não há denúncias entre aspas, assinadas, que poderiam ter um valor maior do que palavras impressas que tanto podem virar coisa séria como apenas embrulhar peixe na feira do dia seguinte.

O fato de que o depoimento de Paulo Roberto foi criptografado e se encontra guardado num computador que não pode ser acessado via internet torna o conteúdo da denúncia — e seu vazamento — ainda mais misterioso.

As informações são verdadeiras? Não se sabe — até porque não tivemos uma investigação com base em provas e outros indícios para atestar sua consistencia, ou não.

As informações estão sendo divulgadas com isenção, ou de forma seletiva, de acordo com a preferência politica de quem publica a história? Também não podemos saber antes de ter acesso ao conteúdo integral dos depoimentos.

O que sabemos é que entre as personalidades acusadas, nenhuma denúncia foi confirmada, por mais vaga que fosse. Os envolvidos desmentiram mas não receberam o devido crédito por suas palavras.

Você não precisa acreditar neles e achar que têm todo interesse em falar mentiras. Mas se é assim, por que acreditar que o delator sempre fala a verdade?

Estamos falando de reportagens que querem construir um pré-julgamento quando faltam quatro semanas até a eleição, o que torna a comparação com o mensalão de 2005, ensaiada por vários veículos, particularmente irônica.

Não custa lembrar que a suposta compra de votos do esquema Delúbio-Marcos Valério nunca foi demonstrada e o desvio de milhões de reais do Banco do Brasil é desmentido por todas as auditorias realizadas na instituição.

Restaram, é claro, as reportagens sobre o assunto e, graças a elas, um dos mais perversos exercícios de criminalização da atividade política.

Por que achar que dessa vez tudo está sendo feito corretamente? Temos uma “nova” midia, para fazer companhia a uma “nova” política?

Impossível saber. A experiência ensina que não se deve julgar aquilo que não se conhece, certo?

Já vimos este filme, que tem sempre o mesmo personagem. Em 1989, a campanha de Collor trouxe Lurian para o horário político, usando um depoimento comprado para acusar Lula.

Em 2006, a denúncia da AP 470 parecia sob encomenda para impedir a reeleição — mas não funcionou. Em 2012, o julgamento deveria atingir os candidatos do PT mas eleições municipais. Também não funcionou.

Paulo Moreira Leite

Marcos Oliveira disse...

Ato falho de Merval joga “delator” no colo de Aécio

Por Miguel do Rosário no TIJOLAÇO e no CAFEZINHO

É difícil especular o impacto que as “denúncias” de Veja terão sobre o eleitorado. Pode ser até nenhum. Denúncia em época de eleição sempre parece um tanto armada, e a fonte desta última, a revista Veja, não ajuda a lhe dar credibilidade.
Os jornalões amanheceram cheio de manchetes garrafais e análises apocalípticas, mas sem nenhuma informação nova. Só se lê “segundo a Veja” aqui, “segundo a Veja” acolá.
Há um cheiro de farsa no ar. A denúncia oferece barulho demais sem mostrar a bomba.
A Veja, como sempre, não traz prova de nada. Apenas vaza supostos trechos de uma delação que não foi analisada nem pela PF, nem pelo Ministério Público, muito menos aceita pela Justiça.
Interessante ainda que Merval Pereira, do Globo, num ato falho, tenha acusado Aécio Neves, de ser o operador oculto da denúncia da Veja
Em sua coluna de ontem, Merval diz que “Aécio estaria fazendo o mesmo esforço inútil que o tucano José Serra fez em 2002, destruindo, com sucesso, as candidaturas de Roseana Sarney e Ciro Gomes para depois ser derrotado por Lula no segundo turno.”
Ora, a informação de Merval é nova para leitores de Globo e Veja, essa classe de cidadãos que, se continuarem a beber apenas dessas fontes, caminham para se tornar mutantes morais e políticos, se é que já não se tornaram.
A operação que detonou a candidatura de Roseana Sarney veio da Polícia Federal. Quer dizer que a Globo admite agora que o PSDB aparelhou e usou politicamente a PF para fins eleitorais?
Quer dizer que o PSDB usou, deliberadamente, seus quadros na Polícia Federal para destruir as candidaturas de Roseana Sarney e Ciro Gomes?
Quer dizer que o PSDB hoje, mesmo fora do governo, volta a usar sua influência dentro da PF e do MP, para tentar prejudicar as candidaturas adversárias?
Os leitores de publicações como Carta Capital já sabiam que Serra era o principal responsável pelo caso Lunus, que detonou a filha do Sarney. Matéria de Leandro Fortes, de 2010, rebatia uma ridícula reportagem de Veja, que tentava pespegar no PT a responsabilidade do flagrante, pela PF, de R$ 1,2 milhão no escritório do marido de Roseana Sarney.
Obrigado pela informação, Merval. Mais alguns atos falhos assim e você pode até ir trabalhar na Carta Capital.
A declaração do principal colunista político da Globo devolve a “bomba” da Veja para o colo de Aécio Neves.
Trata-se de um novo caso Lunus?
De uma nova operação midiático-policial lançada com objetivos puramente eleitorais?
O fato de a denúncia vazar seletiva e exclusivamente para a Veja, a mais fina flor do esgoto jornalístico brasileiro, ajuda a validar essa teoria.

Marcos Oliveira disse...

Merval: Morra Marina; (re)Viva, Aécio!
Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Merval Pereira, sem qualquer pudor, confirma sua própria previsão, há uma semana, que foi devidamente registrada por este blog, seu leitor – com alto consumo de Sonrisal – diário.

Chegou o “fato novo” que ele antevia, capaz de fazer Marina Silva ter sua “candidatura abalada nesses últimos 30 dias de campanha”.

Ele próprio sapateia de prazer, em sua coluna de hoje, diante da ideia de que, entre os eleitores, “muitos que foram para ela em busca de um refúgio poderão se convencer de que Aécio Neves é a melhor oposição, e muitos outros podem desistir mais uma vez de votar, convencidos pelos fatos de que são todos farinha do mesmo saco.”

E não tem dúvida em tascar a informação de que, o pacote das traquinagens campistas que atingem Marina, inclui “o jato que veio junto, ao que tudo indica, nesse mesmo pacote.”

Mesmo que ela não tenha qualquer envolvimento pessoal, senão o fingir que não sabia, está “apanhada em uma armadilha montada pela “velha política” de que Eduardo Campos se utilizava antes de romper com o governo petista”, diz Merval, apontando o rompimento do pernambucano como uma espécie de “conversão” à honradez pessoal.

Recorde-se que Merval é muitíssimo bem informado, senão sobre os fatos, certamente sobre as versões que sobre eles se vai dar.

E é com essa autoridade que ele afirma:

Quem poderá se beneficiar da situação é o candidato do PSDB Aécio Neves, que precisava de um fato novo para turbinar sua campanha, e ele chegou pela delação premiada do ex-diretor da Petrobras. Não é possível dizer agora se mais essa denúncia de roubalheira institucional será suficiente para recolocá-lo na disputa, mas ele tem a vantagem no momento de poder atacar tanto Marina como Dilma, reforçando a ideia central de sua campanha de que ele é a mudança segura.

Porque, afinal, a imprensa brasileira é como o jatinho do PSB, mesmo, não depende de papéis, documentos, nada.

Depois de passadas as eleições, estimam-se as ”horas voadas” do noticiário e manda-se a conta.

Mas o partido da mídia ainda não está fechado, porque alguns estão convencidos de que nem Jesus ressuscita o Lázaro Aécio.

Nem matando, como diz Marina, Eduardo Campos uma segunda vez.

O que, claro, politicamente, a leva junto.

Só uma coisa, no Brasil, consegue ser mais bandida que a política.

A mídia.