8 de junho de 2009

Entrevista

Trata-se de uma entrevista com Stênio Mattos, mentor do Rio das Ostras Jazz & Blues Festival. Foi publicada originalmente no Blog JazzMen.

Por Leonardo Alcântara (JazzMan!)
"Todos os anos, quando se aproxima o feriado de Corpus Christi, é impossível não ficar ansioso com a chegada do Rio das Ostras Jazz & Blues Festival. O evento é data circulada no calendário dos amantes de jazz e blues, e neste ano, em sua sétima edição, acontecerá entre os dias 10 e 14 de junho. Os shows acontecerão nos palcos montados na Cidade do Jazz & Blues, em Costazul, na Praia da Tartaruga e na Lagoa do Iriry.O festival é o maior do país no segmento e surpreende por sua organização e estrutura. Para termos uma noção da importância do evento, a respeitada revista Down Beat qualificou o Rio das Ostras Jazz & Blues Festival como o maior festival do gênero no país e um dos 50 maiores do mundo. O mais surpreendente disso tudo: o público prestigia os melhores músicos de jazz e blues da atualidade com conforto e segurança, sem pagar um centavo por isso. Isso mesmo: o festival é de graça, e, acima de tudo, democrático.Por essas e outras, o Rio das Ostras Jazz & Blues Festival só poderia ser um sucesso de público e crítica. Mas qual é o segredo para tal? Talvez não haja, mas nada melhor do que conversar com Stenio Mattos, o produtor que está à frente da organização do festival para esclarecermos essas dúvidas. Nesta entrevista exclusiva, Stenio fala sobre como surgiu o festival, como é a organização, as dificuldades para montar um evento deste porte e comenta sobre as atrações deste ano. Confira!

JazzMan!: Como surgiu a idéia do festival e por que em Rio das Ostras?
Stenio Mattos: Surgiu a partir do Rio das Ostras Instrumental, que era um projeto no qual trazíamos para a cidade os melhores músicos da cena instrumental brasileira para se apresentarem uma vez por mês na praia de Costazul aos sábados, de graça, ao cair da tarde. Passaram por lá Wagner Tiso, Toninho Horta, Cama de Gato, Azimuti, Paulo Moura, Aquarela carioca, Nó em Pingo D'água, Robertinho Silva, Mauro Senise, Gilson Peranzetta, dentre muitos outros. E antes de tocar, eles faziam um workshop na escola de música da cidade. Depois de dois anos deste projeto nós propusemos à Prefeitura de Rio das Ostras realizar um festival de Jazz e Blues. Aí em 2004 demos o start. Por que em Rio das Ostras? Porque é uma cidade que acreditou na cultura e na música de boa qualidade, nos dando total liberdade para fazermos um projeto qualificado, sério e de formação de público sem interferências. Isto foi fundamental.

JM: O festival existe há sete anos, com grande sucesso de público e é considerado pela crítica da revista DownBeat como um dos 50 melhores festivais do mundo. A quais fatores você poderia atribuir este sucesso?
SM: A seriedade e o profissionalismo de como é encarado este projeto tanto do lado da Prefeitura como da produção. Quando acaba uma edição, damos um descanso de dois meses e começamos nossas viagens pelos grandes festivais do mundo (são pelos menos dois ao ano) como convidados da produção destes eventos (importante: não é com o dinheiro da Prefeitura, é a convite) e de lá tiramos idéias, nomes e, principalmente, contatos com os organizadores destes festivais. O que tem nos impressionado muito é que Rio das Ostras já é admirado por todos. Quando chegamos, nos tratam com muito carinho, nos chamam de Pretty Baby e depois nos enchem de perguntas sobre a cidade, estrutura etc... Realmente tratamos este projeto como o projeto de nossas vidas.

JM: Quando estamos no Festival, nos deparamos com muita organização e qualidade técnica. Isso surpreende muitas pessoas, sobretudo os artistas, que se perguntam como um festival desta qualidade pode ser de graça. Esta será uma proposta contínua de vocês? A idéia é sempre propor um evento acessível ao público?
SM: Com certeza, a idéia sempre foi esta: levar música de qualidade a todos. É como Milton dizia. Graças a Deus estamos conseguindo e a resposta do público não poderia ser melhor: prestigia, participa, se interessa, na maioria das vezes sem nunca ter ouvido falar daqueles músicos. É impressionante como respeitam e vibram com os shows. Isto impressiona os músicos, que saem fascinados pelo festival, também com a ajuda da nossa organização e qualidade técnica (que procura sempre se atualizar com o que há de melhor).

JM: Estamos vivendo uma onda crescente de festivais no país. Você acredita que público, prefeituras, produtoras e empresários estão descobrindo o poder do jazz?
SM: Com certeza e, sem falsa modéstia, Rio das Ostras tem dado uma contribuição muito grande para este crescimento do jazz no Brasil. As Prefeituras sabem do sucesso do projeto e nos procuram com frequência para saber mais detalhes e, sinceramente, espero que cresça cada vez mais e que tenhamos um maior número de projetos como este, que realmente tragam benefícios para as cidades como hotéis, restaurantes, comércio e façam toda a comunidade local feliz e orgulhosa de seu projeto.

JM: Quais são as maiores dificuldades para montar um festival deste porte?
SM: A grande dificuldade inicial, na realidade, é conseguir fazer com que as pessoas responsáveis acreditem no projeto. Isto já conseguimos: a Prefeitura de Rio das Ostras acredita e sabe que é um projeto turístico local, honesto e profissional e que a longo prazo coloca a cidade no mapa mundial. Além disso, hoje já é um projeto que se paga. A cidade não deixa de investir em prioridades como saneamento, educação, saúde...

JM: A crise econômica mundial atrapalhou nas negociações deste ano?
SM: Sem dúvida, tivemos que fazer cortes e nos adequar à realidade, mas felizmente, como prova de que o festival é importante para a cidade, teremos a sétima edição e com excelente qualidade.

JM: Para finalizar, fale-nos um pouco sobre o festival deste ano. O que o público pode esperar?
SM: Pode esperar um festival tão bom como os anteriores. Temos boas surpresas como o The Bad Plus e Rudder (a nova sensação dos EUA), além do ícone do jazz-pop Spyro Gira (que influenciou toda uma geração de músicos da cena instrumental). No blues, temos o lendário John Hammond e Coco Montoya e, do Brasil, o Pau Brasil com Nelson Aryes. Podem esperar muito som e muito divertimento, com certeza."
Site Oficial: http://www.riodasostrasjazzeblues.com/pt/index.php
Fonte: http://www.jazzmanbrasil.com/2009/05/rio-das-ostras-jazz-blues-festival-2009.html

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